Utilize o conteúdo da aula, designado por "Subsídio para o Evangelizador", para desenvolver palestras espíritas para jovens e adultos.

Aula 49 - A lei divina e a lei humana

Ciclo 1 - História: A necessidade das leis - Atividade: PH - Paulo de Tarso - 9 - Lei de Deus.

Ciclo 2 - História: Onde está escrita as leis de Deus? -  Atividade:  LE - L3 - Cap. 1 - 2 - Conhecimento da lei natural ou/e 4 - Divisão da lei natural.

Ciclo 3 - História: Presença divina -  AtividadeLE - L3 - Cap. 8 - 5. Progresso da legislação humana ou/e LE - L4 - Cap. 2 - 3 - Intervenção de Deus nas penas e recompensas.

Mocidade - História:  A lei e as frutas - Atividade: 2 - Dinâmica de grupo: Melhoria das leis civis para combater a corrupção.


Dinâmica: Lei de Deus e lei humana;     Regras de conduta; Diferenciar as leis divinas das leis humanas.

Mensagens Espíritas: Lei divina.

Sugestão de vídeo: - História Espírita: Presença divina. Pai Nosso. Meimei (Dica: Pesquise no Youtube).

Sugestão de livro infantil:  Coleção pequenas lições. O valor da ética. Legrand.  Editora Soler.

 

Leitura da Bíblia:  Jeremias - Capítulo 31


31.33   Mas este é o concerto que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o SENHOR: porei a minha lei no seu interior e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.


 

Salmos - Capítulo 37


37.30   A boca do justo profere a sabedoria, e a sua língua fala o que é justo.


37.31   No coração, tem ele a lei do seu Deus; os seus passos não vacilarão.


 

Mateus - Capítulo 5 e 10


5.17   Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir.


5.18   Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra.


10.29   Não se vendem dois passarinhos por um ceitil? E nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai.


10.30   E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados.


10.31   Não temais, pois; mais valeis vós do que muitos passarinhos.


 

1 João - Capítulo 3


3.4   Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei.


 

Romanos - Capítulo 13


13.10   O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor.


13.9   Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás, e, se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.


13.8   A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei.


 

Tópicos a serem abordados:

- Lei é um conjunto de normas (regras) que devem ser seguidas. Existe a lei divina ou natural que é a lei de Deus e a lei humana, criada pelos homens.

-  A lei de Deus é a única verdadeira para a felicidade do homem. Indica-lhe o que deve fazer ou deixar de fazer. Ela é eterna e imutável como o próprio Deus, ou seja, não se modifica. Entretanto, a lei humana é imperfeita, apropriada aos costumes e ao caráter do povo e se modifica com o tempo. Por exemplo, antigamente era permitido a escravidão no Brasil, negros e índios eram aprisionados, maltratados e forçados a trabalhar, mas com a Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel, em 13 de maio de 1888, a escravidão foi abolida (extinta).

- A lei humana, como todas as coisas, está submetida ao progresso; progresso lento, mas constante. Quanto mais se aproximam da verdadeira justiça, menos se alteram, isto é, mais estáveis  vão tornando a medida que se aproximam das leis divinas.

- Entre as leis divinas, existe as leis físicas que estabelecem o movimento e as relações da matéria, cujo o estudo é feito pela ciência. Por exemplo, a lei da gravitação é responsável por prender objetos à superfície de planetas e, as leis do movimento, investigadas por Newton, é responsável por manter objetos em órbita em torno uns dos outros (1).  As outras são as leis morais, que dizem respeito especialmente ao homem em si mesmo e em suas relações com Deus e com seus semelhantes.

-  Jesus disse: Devemos amar a Deus acima de todas as coisas; amar o próximo como a si mesmo; fazer pelos outros o que quereríamos que os outros fizessem por nós. Através destas palavras, resume todos os deveres morais do homem para com o próximo, sendo a expressão mais completa da caridade.

- A lei humana atinge certas faltas e as pune através de prisões, multas ou prestações de serviços comunitários. Se um motorista, avança o sinal vermelho com o carro, não usa cinto de segurança ou ultrapassa o limite de velocidade, poderá ser punido pela lei.  Mas a lei humana não atinge, nem pode atingir todas as faltas. Pessoas que agem com orgulho, egoísmo, falsidade, ganância, entre outros vícios,  muitas vezes, não são punidas pelas leis dos homens,  mas sofreram as consequências por violarem as leis de Deus. O nosso pai divino não deixa impune qualquer desvio do caminho reto, pois quer que todas as suas criaturas progridam.

- As leis de Deus estão escritas na nossa consciência (ou seja, na nossa mente), porém nós as esquecemos e menosprezamos. Para que a suas leis fossem relembradas, Deus enviou em todos os tempos homens com a missão de revelá-las.

- Todas as religiões tiveram seus reveladores, e estes, embora longe estivessem de conhecer toda a verdade, revelavam a verdade de acordo com o seu grau de entendimento do povo da sua época.

- Pode-se considerar que a humanidade recebeu três grandes revelações: 1º Moisés revelou os dez mandamentos e trouxe a missão da justiça; 2º Jesus trouxe o Evangelho, revelação insuperável do amor; 3º e o Espiritismo trouxe a sublime tarefa da verdade e nos esclarece, de maneira bem clara, as palavras ensinadas por nosso divino mestre.

 -   Deus revela suas leis, gradualmente, a medida que a humanidade está madura para recebê-las.  Pois todo ensinamento deve ser proporcional à inteligência daquele a quem é dirigido. Não é possível ensinar matemática a um bebê.

- Jesus ensinava por parábolas ou alegorias (símbolos), pois nem todos estavam em condições de compreender. O Espiritismo vem hoje nos explicar e desenvolver as leis ensinadas pelo mestre Jesus ,  para que ninguém possa justificar ignorância e todos possam julgar com a razão.

- Aqueles que se afastam  das leis de Deus têm como consequência o sofrimento. Para conquistar  a felicidade, é necessário fazer a vontade do nosso criador, ou seja, exercitar a lei de justiça, amor e caridade para com o próximo.

 

Comentário (1): https://pt.wikipedia.org/wiki/Gravidade. Data da consulta: 26/02/15.       

 

Perguntas para fixação:

1. O que é a lei?

2. A lei de Deus se modifica?

3. E a lei dos homens pode se alterar?

4. Dê um exemplo de lei física.

5. Dê um exemplo de lei moral.  

6. Onde estão escritas as leis de Deus?

7. Por que Deus nos enviou homens com a missão de revelar as suas leis?

8. Qual foi a primeira, a segunda e a terceira grande revelação?

9. Por que é necessário a revelação dos Espíritos?

10. Qual lei aplica a sua justiça em todas as faltas?


Subsídio para o Evangelizador:

            Lei é a regra de direito ditada pela autoridade estatal e tornada obrigatória para manter, numa comunidade, a ordem e o desenvolvimento. É, também, uma norma ou conjunto de normas elaboradas e votadas pelo poder legislativo. (https://www.tre-se.jus.br/legislacao-e-jurisprudencia/leis).

            Que se deve entender por lei natural?

            A lei natural é a lei de Deus. É a única verdadeira para a felicidade do homem. Indica-lhe o que deve fazer ou deixar de fazer e ele só é infeliz quando dela se afasta. ( O Livro dos Espíritos. Questão 614. Allan Kardec).

             É eterna a lei de Deus?

            Eterna e imutável como o próprio Deus. (O Livro dos Espíritos. Questão 615. Allan Kardec)

            Será possível que Deus em certa época haja prescrito aos homens o que noutra época lhes proibiu?

            Deus não se engana. Os homens é que são obrigados a modificar suas leis, por imperfeitas. As de Deus, essas são perfeitas. A harmonia que reina no universo material, como no universo moral, se funda em leis estabelecidas por Deus desde toda a eternidade. (O Livro dos Espíritos. Questão 616. Allan Kardec).

            As leis divinas, que é o que compreendem no seu âmbito? Concernem a alguma outra coisa, que não somente ao procedimento moral?

            Todas as da Natureza são leis divinas, pois que Deus é o autor de tudo. O sábio estuda as leis da matéria, o homem de bem estuda e pratica as da alma.

            Dado é ao homem aprofundar umas e outras?

            É, mas em uma única existência não lhe basta para isso.

            Efetivamente, que são alguns anos para a aquisição de tudo o de que precisa o ser, a fim de se considerar perfeito, embora apenas se tenha em conta a distância que vai do selvagem ao homem civilizado? Insuficiente seria, para tanto, a existência mais longa que se possa imaginar. Ainda com mais forte razão o será quando curta, como é para a maior parte dos homens.

            Entre as leis divinas, umas regulam o movimento e as relações da matéria bruta: as leis físicas, cujo estudo pertence ao domínio da Ciência. As outras dizem respeito especialmente ao homem considerado em si mesmo e nas suas relações com Deus e com seus semelhantes. Contém as regras da vida do corpo, bem como as da vida da alma: são as leis morais. ( O Livro dos Espíritos. Questão 617 e 617-a. Allan Kardec).

            São as mesmas, para todos os mundos, as leis divinas?

            A razão está a dizer que devem ser apropriadas à natureza de cada mundo e adequadas ao grau de progresso dos seres que os habitam. (O Livro dos Espíritos. Questão 618. Allan Kardec).

            A todos os homens facultou Deus os meios de conhecerem Sua lei?

            Todos podem conhecê-la, mas nem todos a compreendem. Os homens de bem e os que se decidem a investigá-la são os que melhor a compreendem. Todos, entretanto, a compreenderão um dia, porquanto forçoso é que o progresso se efetue. (O Livro dos Espíritos. Questão 619. Allan Kardec).

            A justiça das diversas encarnações do homem é uma conseqüência deste princípio, pois que, em cada nova existência, sua inteligência se acha mais desenvolvida e ele compreende melhor o que é bem e o que é mal. Se numa só existência tudo lhe devesse ficar ultimado, qual seria a sorte de tantos milhões de seres que morrem todos os dias no embrutecimento da selvageria, ou nas trevas da ignorância, sem que deles tenha dependido o se instruírem?

            Antes de se unir ao corpo, a alma compreende melhor a lei de Deus do que depois de encarnada?

            Compreende-a de acordo com o grau de perfeição que tenha atingido e dela guarda a intuição quando unida ao corpo. Os maus instintos, porém, fazem ordinariamente que o homem a esqueça.(O Livro dos Espíritos. Questão 620. Allan Kardec)

            Onde está escrita a lei de Deus?

            Na consciência. (O Livro dos Espíritos. Questão 621. Allan Kardec).

            Segundo o profeta Jeremias, “ (...) Diz o Senhor:  Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração’’ (Jeremias 31:33).

             Visto que o homem traz em sua consciência a lei de Deus, que necessidade havia de lhe ser ela revelada?

            Ele a esquecera e desprezara. Quis então Deus lhe fosse lembrada.

            Confiou Deus a certos homens a missão de revelarem a Sua lei?

            Indubitavelmente. Em todos os tempos houve homens que tiveram essa missão. São Espíritos superiores, que encarnam com o fim de fazer progredir a Humanidade. (O Livro dos Espíritos. Questão 622. Allan Kardec)

            Os que hão pretendido instruir os homens na lei de Deus não se têm enganado algumas vezes, fazendo-os transviar-se por meio de falsos princípios?

            Certamente hão dado causa a que os homens se transviassem aqueles que não eram inspirados por Deus e que, por ambição, tomaram sobre si um encargo que lhes não fora cometido. Todavia, como eram, afinal, homens de gênios, mesmo entre os erros que ensinaram, grandes verdades muitas vezes se encontram. (O Livro dos Espíritos. Questão 623. Allan Kardec).

            Só por Jesus foram reveladas as leis divinas e naturais? Antes do seu aparecimento, o conhecimento dessas leis só por intuição os homens o tiveram?

            Já não dissemos que elas estão escritas por toda parte? Desde os séculos mais longínquos, todos os que meditaram sobre a sabedoria hão podido compreendê-las e ensiná-las. Pelos ensinos, mesmo incompletos, que espalharam, prepararam o terreno para receber a semente. Estando as leis divinas escritas no livro da Natureza, possível foi ao homem conhecê-las, logo que as quis procurar. Por isso é que os preceitos que consagram foram, desde todos os tempos, proclamados pelos homens de bem; e também por isso é que elementos delas se encontram, se bem que incompletos ou adulterados pela ignorância, na doutrina moral de todos os povos saídos da barbárie. (O Livro dos Espíritos. Questão 626. Allan Kardec).

            O profeta de Israel (Moisés) deu à Terra as bases da Lei divina e imutável, mas não toda a Lei, integral e definitiva. Moisés trouxe a missão da Justiça (O Consolador. Questão 271. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier).

            Na lei moisaica, há duas partes distintas: a lei de Deus, promulgada no monte Sinai, e a lei civil ou disciplinar, decretada por Moisés. Uma é invariável; a outra, apropriada aos costumes e ao caráter do povo, se modifica com o tempo (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 1. Item 2. Allan Kardec).

            Fo-Hi, os compiladores dos Vedas, Confúcio, Hermes, Pitágoras, Gautama, os seguidores dos mestres da antiguidade, todos foram mensageiros de sabedoria que, encarnando em ambientes diversos, trouxeram ao mundo a idéia de Deus e das leis morais a que os homens se devem submeter para a obtenção de todos os primores da evolução espiritual. Todos foram mensageiros dAquele que era o Verbo do Princípio, emissários da sua doutrina de amor. Em afinidade com as características da civilização e dos costumes de cada povo, cada um deles foi portador de uma expressão do “amai-vos uns aos outros”. Compelidos, em razão do obscurantismo dos tempos, a revestir seus pensamentos com os véus misteriosos dos símbolos, como os que se conheciam dentro dos rigores iniciáticos, foram os missionários do Cristo preparadores dos seus gloriosos caminhos. (Livro: Emmanuel. Cap. 2. Os missionários do Cristo.  Espírito Emmanuel. Psicografada por Chico Xavier).

            A lei de Deus se acha contida toda no preceito do amor ao próximo, ensinado por Jesus?

            Certamente esse preceito encerra todos os deveres dos homens uns para com os outros. Cumpre, porém, se lhes mostre a aplicação que comporta, do contrário deixarão de cumpri-lo, como o fazem presentemente. Demais, a lei natural abrange todas as circunstâncias da vida e esse preceito compreende só uma parte da lei. Aos homens são necessárias regras precisas; os preceitos gerais e muito vagos deixam grande número de portas abertas à interpretação. ( O Livro dos Espíritos. Questão 647. Allan Kardec)

            Uma vez que Jesus ensinou as verdadeiras leis de Deus, qual a utilidade do ensino que os Espíritos dão? Terão que nos ensinar mais alguma coisa?

            Jesus empregava amiúde, na sua linguagem, alegorias e parábolas, porque falava de conformidade com os tempos e os lugares. Faz-se mister agora que a verdade se torne inteligível para todo mundo. Muito necessário é que aquelas leis sejam explicadas e desenvolvidas, tão poucos são os que as compreendem e ainda menos os que as praticam. A nossa missão consiste em abrir os olhos e os ouvidos a todos, confundindo os orgulhosos e desmascarando os hipócritas: os que vestem a capa da virtude e da religião, a fim de ocultarem suas torpezas. O ensino dos Espíritos tem que ser claro e sem equívocos, para que ninguém possa pretextar ignorância e para que todos o possam julgar e apreciar com a razão. Estamos incumbidos de preparar o reino do bem que Jesus anunciou. Daí a necessidade de que a ninguém seja possível interpretar a lei de Deus ao sabor de suas paixões, nem falsear o sentido de uma lei toda de amor e de caridade. (O Livro dos Espíritos. Questão 627. Allan Kardec).

            Que pensais da divisão da lei natural em dez partes, compreendendo as leis de adoração, trabalho, reprodução, conservação, destruição, sociedade, progresso, igualdade, liberdade e, por fim, a de justiça, amor e caridade?

            Essa divisão da lei de Deus em dez partes é a de Moisés e de natureza a abranger todas as circunstâncias da vida, o que é essencial. Podes, pois, adotá-la, sem que, por isso, tenha qualquer coisa de absoluta, como não o tem nenhum dos outros sistemas de classificação, que todos dependem do prisma pelo qual se considere o que quer que seja. A última lei é a mais importante, por ser a que faculta ao homem adiantar-se mais na vida espiritual, visto que resume todas as outras. (O Livro dos Espíritos. Questão 648. Allan Kardec).

            Por que a verdade não foi sempre posta ao alcance de toda gente?

            Importa que cada coisa venha a seu tempo. A verdade é como a luz: o homem precisa habituar-se a ela, pouco a pouco; do contrário, fica deslumbrado.

            Jamais permitiu Deus que o homem recebesse comunicações tão completas e instrutivas como as que hoje lhe são dadas. Havia, como sabeis, na antigüidade alguns indivíduos possuidores do que eles próprios consideravam uma ciência sagrada e da qual faziam mistério para os que, aos seus olhos, eram tidos por profanos. Pelo que conheceis das leis que regem estes fenômenos, deveis compreender que esses indivíduos apenas recebiam algumas verdades esparsas, dentro de um conjunto equívoco e, na maioria dos casos, emblemático. Entretanto, para o estudioso, não há nenhum sistema antigo de filosofia, nenhuma tradição, nenhuma religião, que seja desprezível, pois em tudo há germens de grandes verdades que, se bem pareçam contraditórias entre si, dispersas que se acham em meio de acessórios sem fundamento, facilmente coordenáveis se vos apresentam, graças à explicação que o Espiritismo dá de uma imensidade de coisas que até agora se vos afiguraram sem razão alguma e cuja realidade está hoje irrecusavelmente demonstrada. Não desprezeis, portanto, os objetos de estudo que esses materiais oferecem. Ricos eles são de tais objetos e podem contribuir grandemente para vossa instrução. (O Livro dos Espíritos. Questão 628. Allan Kardec).

            Poderia a sociedade reger-se unicamente pelas leis naturais, sem o concurso das leis humanas?

            Poderia, se todos as compreendessem bem. Se os homens as quisessem praticar, elas bastariam. A sociedade, porém, tem suas exigências. São-lhe necessárias leis especiais. (O Livro dos Espíritos. Questão 794. Allan Kardec).

            Qual a causa da instabilidade das leis humanas?

            Nas épocas de barbaria, são os mais fortes, que fazem as leis e eles as fizeram para si. À proporção que os homens foram compreendendo melhor a justiça, indispensável se tornou a modificação delas. Quanto mais se aproximam da verdadeira justiça, tanto menos instáveis são as leis humanas, isto é, tanto mais estáveis se vão tornando, conforme vão sendo feitas para todos e se identificam com a lei natural.

            A civilização criou necessidades novas para o homem, necessidades relativas à posição social que ele ocupe. Tem-se então que regular, por meio de leis humanas, os direitos e deveres dessa posição. Mas, influenciado pelas suas paixões, ele não raro há criado direitos e deveres imaginários, que a lei natural condena e que os povos riscam de seus códigos à medida que progridem. A lei natural é imutável e a mesma para todos; a lei humana é variável e progressiva. Na infância das sociedades, só esta pode consagrar o direito do mais forte. (O Livro dos Espíritos. Questão 795. Allan Kardec)

            No estado atual da sociedade, a severidade das leis penais não constitui uma necessidade?

            Uma sociedade depravada certamente precisa de leis severas. Infelizmente, essas leis mais se destinam a punir o mal depois de feito, do que a lhe secar a fonte. Só a educação poderá reformar os homens, que, então, não precisarão mais de leis tão rigorosas. (O Livro dos Espíritos. Questão 796. Allan Kardec).

            Reconhecendo-se o Estado como aparelhamento de leis convencionais, é justificável a sua existência, bem como a das classes armadas, que sustentam no mundo?

            Na situação (ou condição) atual do mundo e considerando a heterogeneidade dos caracteres e das expressões evolutivas das criaturas, examinadas isoladamente, justifica-se a necessidade dos aparelhos estatais nas convenções políticas, bem como das classes armadas que os mantém no orbe, como institutos de ordem para a execução das provas individuais, nas contingências humanas, até que o homem perceba o sentido de concórdia e fraternidade dentro das leis do Criador; prescindindo então da obrigatoriedade de certas determinações das leis humanas, convencionais e transitórias. (O Consolador. Questão 58. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier).

             Como poderá o homem ser levado a reformar suas leis?

            Isso ocorre naturalmente, pela força mesma das coisas e da influência das pessoas que o guiam na senda do progresso. Muitas já ele reformou e muitas outras reformará. Espera! (O Livro dos Espíritos. Questão 797. Allan Kardec).

            A lei humana, como todas as coisas, está submetida ao progresso; progresso lento, insensível, mas constante.

            (...) Na Idade Média e desde a era cristã, a legislação recebe do princípio religioso uma influência cada vez mais notável. Ela perde pouco de sua crueldade, mas seus móveis, ainda absolutos e cruéis, mudaram completamente de direção.

            Assim como a ciência, a filosofia e a política, a jurisprudência tem suas revoluções, que não se devem operar senão lentamente, para serem aceitas pela generalidade dos seres a quem interessam. (Revista Espírita. Março de 1866. A lei humana. Allan Kardec).     

            A lei humana atinge certas faltas e as pune. Pode, então, o condenado reconhecer que sofre a conseqüência do que fez. Mas a lei não atinge, nem pode atingir todas as faltas; incide especialmente sobre as que trazem prejuízo à sociedade e não sobre as que só prejudicam os que as cometem, Deus, porém, quer que todas as suas criaturas progridam e, portanto, não deixa impune qualquer desvio do caminho reto. Não há falta alguma, por mais leve que seja, nenhuma infração da sua lei, que não acarrete forçosas e inevitáveis conseqüências, mais ou menos deploráveis. Daí se segue que, nas pequenas coisas, como nas grandes, o homem é sempre punido por aquilo em que pecou. Os sofrimentos que decorrem do pecado são-lhe uma advertência de que procedeu mal. Dão-lhe experiência, fazem-lhe sentir a diferença existente entre o bem e o mal e a necessidade de se melhorar para, de futuro, evitar o que lhe originou uma fonte de amarguras; sem o que, motivo não haveria para que se emendasse. Confiante na impunidade, retardaria seu avanço e, conseqüentemente, a sua felicidade futura. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 5. Item 5. Allan Kardec).

            Mas, será necessário que Deus atente em cada um dos nossos atos, para nos recompensar ou punir? Esses atos não são, na sua maioria, insignificantes para Ele?

            Deus tem Suas leis a regerem todas as vossas ações. Se as violais, vossa é a culpa. Indubitavelmente, quando um homem comete um excesso qualquer, Deus não profere contra ele um julgamento, dizendo-lhe, por exemplo: Foste guloso, vou punir-te. Ele traçou um limite; as enfermidades e muitas vezes a morte são a conseqüência dos excessos. Eis aí a punição; é o resultado da infração da lei. Assim em tudo.

            Todas as nossas ações estão submetidas às leis de Deus. Nenhuma há, por mais insignificante que nos pareça, que não possa ser uma violação daquelas leis. Se sofremos as conseqüências dessa violação, só nos devemos queixar de nós mesmos, que desse modo nos fazemos os causadores da nossa felicidade, ou da nossa infelicidade futuras.

            (...) Na velhice, portanto, o filho será ditoso, ou desgraçado, conforme haja seguido ou não a regra que seu pai lhe traçou. Deus ainda é mais previdente, pois que nos adverte, a cada instante, de que estamos fazendo bem ou mal. Envia-nos os Espíritos para nos inspirarem, porém não os escutamos. Há mais esta diferença: Deus faculta sempre ao homem, concedendo-lhe novas existências, recursos para reparar seus erros passados, enquanto ao filho de quem falamos, se empregou mal o seu tempo, nenhum recurso resta. (O Livro dos Espíritos. Questão 964. Allan Kardec).  

            No livro '' O Céu e o inferno '', relata um caso de sofrimento de um Espírito, chamada Claire, por ter infringido a lei de Deus. Ela descreve o seu sofrimento da seguinte maneira:

            (...)A minha desgraça aumenta dia a dia, proporcionalmente ao conhecimento da eternidade. Ó miséria! Malditas sejam as horas de egoísmo e inércia, nas quais, esquecida de toda a caridade, de todo o afeto, eu só pensava no meu bem-estar! Malditos interesses humanos, preocupações materiais que me cegaram e perderam! Agora o remorso do tempo perdido. Que te direi a ti, que me ouves?

            (...)Acreditas que preces isoladas e a simples pronúncia do meu nome bastarão ao apaziguamento das minhas penas? Não, cem vezes não. Eu urro de dor, errante, sem repouso, sem asilo, sem esperança, sentindo o aguilhão eterno do castigo a enterrar-se-me na alma revoltada.

            O Espírito S. Luís esclarece:  — Este quadro é de todo verdadeiro e em nada exagerado. Perguntar-se-á talvez o que fez essa mulher para ser assim tão miserável. Cometeu ela algum crime horrível? roubou? assassinou? Não; ela nada fez que afrontasse a justiça dos homens. Ao contrário, divertia-se com o que chamais felicidade terrena; beleza, gozos, adulações, tudo lhe sorria, nada lhe faltava, a ponto de dizerem os que a viam: — Que mulher feliz! E invejavam-lhe a sorte. Mas, quereis saber?

            Foi egoísta; possuía tudo, exceto um bom coração. Não violou a lei dos homens, mas a de Deus, visto como esqueceu a primeira das virtudes — a caridade. Não tendo amado senão a si mesma, agora não encontra ninguém que a ame e vê-se insulada, abandonada, ao desamparo no Espaço, onde ninguém pensa nela nem dela se ocupa.

            Eis o que constitui o seu tormento. Tendo apenas procurado os gozos mundanos que hoje não mais existem, o vácuo se lhe fez em torno, e como vê apenas o nada, este lhe parece eterno. Ela não sofre torturas físicas; não vêm atormentá-la os demônios, o que é aliás desnecessário, uma vez que se atormenta a si mesma, e isso lhe é mais doloroso, porquanto, se tal acontecesse, os demônios seriam seres a ocuparem-se dela. O egoísmo foi a sua alegria na Terra; pois bem, é ainda ele que a persegue — verme a corroer-lhe o coração, seu verdadeiro demônio.( O Céu e o Inferno. 2ª parte. Cap. 4. Claire. Allan Kardec).

           
Bibliografia:

- O Livro dos Espíritos. Questão 614, 615, 616, 617, 617-a, 618, 619, 620, 621, 622, 623, 626, 627, 628, 647, 648, 794, 795, 796 , 797 e 964 . Allan Kardec.

- O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 5. Item 5. Allan Kardec.

- O Céu e o Inferno. 2ª parte. Cap. 4. Claire. Allan Kardec.

- Revista Espírita. Março de 1866. A lei humana. Allan Kardec.

- O Consolador. Questões 58 e 271. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.

- Livro: Emmanuel. Cap. 2. Os missionários do Cristo.  Espírito Emmanuel. Psicografada por Chico Xavier.

- Site: https://www.tre-se.jus.br/legislacao-e-jurisprudencia/leis. Data da consulta: 26/02/15.

- Bíblia: Jeremias 31:33.

Passatempo Espírita © 2013 - 2024. Todos os direitos reservados.

Desenvolvido por Webnode