Utilize o conteúdo da aula, designado por "Subsídio para o Evangelizador", para desenvolver palestras espíritas para jovens e adultos.

Aula 130 – O céu e o inferno – Parábola do rico e Lázaro *

Ciclo 2 - História: A dúvida de Rique - Atividade: ESE – Cap. 16 – 5 – Parábola do mau rico.   

Ciclo 3 - História: O céu e infernos íntimos - Atividade: LE- L4 – Cap. 2 – 5. Penas temporais.

Mocidade - História: Proteção e realidade  -  Atividade: 2 - Dinâmica de grupo:  Céu e inferno: verdadeiro ou falso.

 

Dinâmicas: O céu e o infernoTempestade mental.

Mensagens espíritas: CéuInferno.

Sugestão de vídeo: Desenhos bíblicos - A parábola do rico e de Lázaro (Dica: pesquise no Youtube).

 

Leitura da Bíblia: Lucas - Capítulo 16


16.9 Havia um homem rico que se vestia de púrpura e de linho fino e vivia no luxo todos os dias.


16.20 Diante do seu portão fora deixado um mendigo chamado Lázaro, coberto de chagas;


16.21 este ansiava comer o que caía da mesa do rico. Até os cães vinham lamber suas feridas.


16.22 Chegou o dia em que o mendigo morreu, e os anjos o levaram para junto de Abraão. O rico também morreu e foi sepultado.


16.23 No Hades (*), onde estava sendo atormentado, ele olhou para cima e viu Abraão de longe, com Lázaro ao seu lado.


16.24 Então, chamou-o: "Pai Abraão, tem misericórdia de mim e manda que Lázaro molhe a ponta do dedo na água e refresque a minha língua, porque estou sofrendo muito neste fogo".


16.25 Mas Abraão respondeu: "Filho, lembre-se de que durante a sua vida você recebeu coisas boas, enquanto que Lázaro recebeu coisas más. Agora, porém, ele está sendo consolado aqui e você está em sofrimento.


16.26 E além disso, entre vocês e nós há um grande abismo, de forma que os que desejam passar do nosso lado para o seu, ou do seu lado para o nosso, não conseguem".


16.27 Ele respondeu: "Então eu te suplico, pai: manda Lázaro ir à casa de meu pai,


16.28 pois tenho cinco irmãos. Deixa que ele os avise, a fim de que eles não venham também para este lugar de tormento".


16.29 Abraão respondeu: "Eles têm Moisés e os Profetas; que os ouçam".


16.30 "Não, pai Abraão, disse ele, mas se alguém dentre os mortos fosse até eles, eles se arrependeriam."


Obs.(*): O Reino de  Hades , ou mundo inferior na mitologia grega, é a terra dos mortos, o local para onde a alma das pessoas se dirigiria após a morte. Nesse local as almas passariam por um julgamento, onde seu destino seria decidido.(https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Hades_(reino))

 

Tópicos a serem abordados:

- Existem dois mundos que são paralelos, o material (corporal) composto de espíritos encarnados e o espiritual formado pelos espíritos desencarnados.

- O Céu, segundo  o Espiritismo, não seria  um local determinado, mas o espaço universal; são os planetas, as estrelas e todos os mundos superiores, onde os Espíritos podem utilizar plenamente a sua inteligência , sem as dificuldades da vida material e os sofrimentos relativos à sua inferioridade. No entanto, a felicidade dos Espíritos bem-aventurados, como Jesus, por exemplo, não consiste na ociosidade contemplativa , ou seja, eles não ficam sem fazer nada, pois colaboram continuamente com a obra de Deus, ajudam os homens nos seus sofrimentos e na sua evolução.

- O Espiritismo ensina que o Inferno também não seria um local fixo,  não existem lugares para sofrimentos que sejam eternos, destinados aos Espíritos que erraram. Os Espíritos que se entregaram à prática do mal sofrem as suas conseqüências, mas é também verdade que o seu sofrimento dura apenas até o momento em que se arrependam e se disponham à necessária reparação. Sabemos que Deus dá novas oportunidades para os Espíritos se corrigirem, por meio da reencarnação.

- O céu e inferno devem ser considerados como estados da alma, resultantes, na verdade, do comportamento íntimo de cada um (1).

- Assim, sente-se no "céu", em qualquer local onde se encontre, o Espírito que tem a consciência tranqüila do dever cumprido, de ter empenhado seus esforços no sentido de praticar todo o bem que esteve ao seu alcance, de ter procurado sempre aprimorar-se espiritualmente. Esse Espírito, além da paz vivida intimamente, constrói verdadeiros núcleos de felicidade, de alegria, de trabalho e de progresso, juntamente com outros que pensam, sentem e agem do mesmo modo, reunidos que são pela lei de afinidade (1).

- Igualmente, sente-se no "inferno" o Espírito que agiu contrariamente às Leis Divinas: aquele que viveu o egoísmo, a brutalidade, a ganância, o ódio, a inveja, o ciúme, a perseguição, a maledicência e tantas outras situações contrárias ao que ensina o Evangelho. Aonde quer que vá, mesmo ainda encarnado, essa criatura estará vivendo verdadeiros tormentos íntimos, decorrentes do mal praticado e ainda não resolvido. O seu estado de sofrimento independe do local onde se encontre, pois carrega o inferno dentro de si mesmo. Ao desencarnar, a lei de afinidade faz com que as criaturas voltadas ao mal se reúnam, criando, elas próprias, essas regiões de sofrimento (1).

-  Muitas pessoas, depois da sua desencarnação, permanecem aqui mesmo no planeta Terra, nos ambientes onde viveram. Outras são conduzidas ou atraídas para regiões espirituais compatíveis com sua evolução e merecimento. Dessa forma, enquanto alguns seguem para regiões ou faixas vibratórias mais elevadas, tais como as colônias espirituais (zonas de transição) ou planos superiores, outros ficam na Terra ou vão para as zonas inferiores, tais como o umbral ou regiões de sofrimento mais doloroso.

- Nas colônias espirituais, como "Nosso lar", por exemplo,  existem coisas semelhantes que aqui existem; continuamos nos alimentando, vestindo, trabalhando, estudando, brincando... Existem escolas, moradias, hospitais, etc...

- Na parábola contada por Jesus, o Rico utilizou de forma egoística todas as suas riquezas, desprezou os pobres, não cumprindo as leis divinas  e sofreu no plano espiritual; o Lázaro sofreu no mundo físico suas provas e expiações e aceitou com resignação a vontade de Deus e como recompensa foi bem recebido no plano espiritual e consolado. Jesus disse: ‘’A cada um será dado de acordo com suas obras’’.

Observação (1): Apostila AME – Juiz de fora – III - Ciclo B.

 

Perguntas para fixação:

1. O céu e o inferno são locais fixos e fechados?

2. Existem diversos locais no espaço onde podem se agrupar espíritos de acordo com seu grau de evolução? Cite dois exemplos.

3. Existem penas ou sofrimentos eternos?

4. Quem criou as regiões de sofrimento ou de felicidade no plano espiritual?

5. O que é preciso um espírito fazer para ser resgatado do umbral ou das trevas?

6. Porque pode-se dizer que o céu e o inferno começam aqui na Terra?

7. Para quais locais podem ir os espíritos que fizeram o bem aqui na Terra?

8. Para quais locais podem ir os espíritos que fizeram o mal aqui na Terra?

9. Por que na parábola o rico foi para um local de sofrimento?

10. Por que na parábola Lázaro foi bem recebido no plano espiritual?

 

Subsídio para o Evangelizador:

            Todas as religiões admitiram igualmente o princípio da felicidade ou infelicidade da alma após a morte, ou, por outra, as penas e gozos futuros, que se resumem na doutrina do céu e do inferno encontrada em toda parte.

            No que elas diferem essencialmente, é quanto à natureza dessas penas e gozos, principalmente sobre as condições determinantes de umas e de outras.

            Daí os pontos de fé contraditórios dando origem a cultos diferentes, e os deveres impostos por estes, consecutivamente, para honrar a Deus e alcançar por esse meio o céu, evitando o inferno. (O Céu e o Inferno. Cap. 1. Item 11. Allan Kardec).

            Para onde vai a alma, depois de sua separação do corpo?

            Não se perde na imensidão do infinito, como geralmente se acredita. Fica errante no espaço e, as mais das vezes, junto àqueles que conheceu e sobretudo que amou. Mas apesar disso não deixa de poder transportar-se, instantaneamente, a distâncias imensas. (O que é o Espiritismo.  Cap. 3. Questão 150. Allan Kardec).

            A alma encontra, no mundo dos Espíritos, os parentes e amigos que a precederam?

            Não somente reencontra esses, mas outros muitos que conheceu em vidas passadas. Geralmente aqueles que mais a amam vêm ao seu encontro, recebendo-a quando chega ao mundo espiritual e auxiliando-a a se desprender dos laços terrenos. Mas a privação do encontro com as almas mais queridas é, às vezes, um castigo para as almas culpadas. (O que é o Espiritismo. Cap. 3. Questão 153. Allan Kardec).

            São em reduzido número os que podem, logo após a libertação do corpo, comunicar-se com os amigos que reencontram. É necessário ter merecido, e somente os que cumpriram gloriosamente suas últimas migrações se acham, desde o primeiro momento, bastante desmaterializados para gozar desse favor que Deus concede como recompensa. (Revista Espírita. Fevereiro de 1861. Comentário sobre o ditado publicado sob o título de “O despertar do espírito”. Allan Kardec)

            O Rico e o pobre Lázaro personificam a Humanidade, sempre rebelde aos ditames da Luz e da Verdade.

            O Rico gozou no mundo e sofreu no Espaço; o Lázaro sofreu no mundo e gozou no Espaço.

            (...) O rico passou toda a sua vida a se fartar esplendidamente, a desprezar os pobres, a desprezar Deus, a não curar da sua Lei, a dar as costas à Religião, a gozar e a folgar, mas, quando morreu, não pode continuar a viver como vivia, vestindo-se de púrpura, comendo manjares, bebendo licores, porque no mundo dos Espíritos não há púrpuras, não há manjares, não há licores. Ele já se havia fartado com os prazeres da Terra, não podia fartar-se depois com os prazeres do Céu, porque não os havia buscado, nem havia adquirido o tesouro com que se conquista as glórias celestes.

            Os Lázaros não são esses pobres orgulhosos do mundo , que não têm muitas vezes o que comer e o que vestir, mas estão cobertos com a púrpura do orgulho; não é essa gente que não tem dinheiro mas tem vaidade; não tem palácios, mas tem egoísmo; não tem jantares opíparos, mas tem prazeres nefastos; não, os pobres, de que Lázaro serviu de símbolo na parábola, são os que sofrem com resignação, são os que desprezam os bens da Terra, porque buscam as coisas de Deus; são aqueles que se vêem usurpados daquilo que por direito lhes pertence no mundo, mas, pacientes e resignados, não se revoltam, porque crêem no futuro e esperam as dádivas que lhes estão reservadas por Deus.

            (...) Seio de Abraão é a liberdade do Espírito no Espaço Infinito; Seio de Abraão é o Mundo Invisível, onde os Espíritos, com os seus corpos imponderáveis, caminham livres de todas as peias, realizando sempre novas conquistas, fazendo novas descobertas, aprendendo novas verdades que os elevam em conhecimentos, que os elevam em felicidade.

            (...) Para ai é que foi Lázaro, com inteira liberdade de locomoção nos ares. Ele havia sofrido na Terra, aguilhoado pela dor, na miséria, privado das delícias do mundo, mas cria num Deus Supremo, que lhe concedera aquela existência de expiação e de provas, para que reparasse os males de suas vidas passadas, em que havia também descurado das coisas divinas e só tratado dos gozos efêmeros do mundo; Lázaro saldara a sua conta; ao sair da prisão corpórea, tinha pago o último ceitil de sua dívida, e reconquistara o Reino da Liberdade e da Luz, que Deus concede a todos os que se submetem à sua Lei, aos seus santos desígnios. (Parábolas e Ensinos de Jesus. Parábola do rico e Lázaro. Cairbar Schutel)          

            Haverá no Universo lugares circunscritos para as penas e gozos dos Espíritos, segundo seus merecimentos?

            “Já respondemos a esta pergunta. As penas e os gozos são inerentes ao grau de perfeição dos Espíritos. Cada um tira de si mesmo o princípio de sua felicidade ou de sua desgraça. E como eles estão por toda parte, nenhum lugar circunscrito ou fechado existe especialmente destinado a uma ou outra coisa. Quanto aos encarnados, esses são mais ou menos felizes ou desgraçados, conforme é mais ou menos adiantado o mundo em que habitam.

            De acordo, então, com o que vindes de dizer, o inferno e o paraíso não existem, tais como o homem os imagina?

            “São simples alegorias: por toda parte há Espíritos ditosos e inditosos. Entretanto, conforme também já dissemos, os Espíritos de uma mesma ordem se reúnem por simpatia; mas podem reunir-se onde queiram, quando são perfeitos.”

            A localização absoluta das regiões das penas e das recompensas só na imaginação do homem existe. Provém da sua tendência a materializar e circunscrever as coisas, cuja essência infinita não lhe é possível compreender. (O Livro dos Espíritos. Questão 1012. Allan Kardec).

            Dependente o sofrimento da imperfeição, como o gozo da perfeição, a alma traz consigo o próprio castigo ou prêmio, onde quer que se encontre, sem necessidade de lugar circunscrito.

            O inferno está por toda parte em que haja almas sofredoras, e o Céu igualmente onde houver almas felizes. (O céu e o inferno. Primeira parte. Cap. 7. Allan Kardec)

            Por toda parte, a vida e o movimento: nenhum canto do infinito despovoado, nenhuma região que não seja incessantemente percorrida por legiões inumeráveis de Espíritos radiantes, invisíveis aos sentidos grosseiros dos encarnados, mas cuja vista deslumbra de alegria e admiração as almas libertas da matéria. Por toda parte, enfim, há uma felicidade relativa a todos os progressos, a todos os deveres cumpridos, trazendo cada um consigo os elementos de sua felicidade, decorrente da categoria em que se coloca pelo seu adiantamento.

            Das qualidades do indivíduo depende-lhe a felicidade, e não do estado material do meio em que se encontra, podendo a felicidade, portanto, existir em qualquer parte onde haja Espíritos capazes de a gozar. Nenhum lugar lhe é circunscrito e assinalado no Universo. Onde quer que se encontrem, os Espíritos podem contemplar a majestade divina, porque Deus está em toda parte. (O Céu e o Inferno. Cap. 3. Item 15. Allan Kardec).

            Que se deve entender por purgatório?

            “Dores físicas e morais: o tempo da expiação. Quase sempre, na Terra é que fazeis o vosso purgatório e que Deus vos obriga a expiar as vossas faltas.

            O que o homem chama purgatório é igualmente uma alegoria, devendo-se entender como tal, não um lugar determinado, porém o estado dos Espíritos imperfeitos, que se acham em expiação até alcançarem a purificação completa, que os elevará à categoria dos Espíritos bem-aventurados. Operando-se essa purificação por meio das diversas encarnações, o purgatório consiste nas provas da vida corporal. (O Livro dos Espíritos. Questão 1013. Allan Kardec).

            Que se deve entender por uma alma a penar?

            “Uma alma errante e sofredora, incerta de seu futuro e à qual podeis proporcionar o alívio, que muitas vezes solicita, vindo comunicar-se convosco.” (O Livro dos Espíritos. Questão 1015. Allan Kardec).  

            Em que sentido se deve entender a palavra céu?

            “Julgas que seja um lugar, como os campos Elíseos dos antigos, onde todos os bons Espíritos estão promiscuamente aglomerados, sem outra preocupação que a de gozar, pela eternidade toda, de uma felicidade passiva? Não; é o espaço universal; são os planetas, as estrelas e todos os mundos superiores, onde os Espíritos gozam plenamente de suas faculdades, sem as tribulações da vida material, nem as angústias peculiares à inferioridade.” (O Livro dos Espíritos. Questão 1016. Allan Kardec).  

            Em geral, a palavra céu designa o espaço indefinido que circunda a Terra, e mais particularmente a parte que está acima do nosso horizonte. Vem do latim coelum, formada do grego coilos, côncavo, porque o céu parece uma imensa concavidade. Os Antigos acreditavam na existência de muitos céus superpostos, de matéria sólida e transparente, formando esferas concêntricas e tendo a Terra por centro. Girando essas esferas em torno da Terra, arrastavam consigo os astros que se achavam em seu circuito.

            Essa idéia, provinda da deficiência de conhecimentos astronômicos, foi a de todas as teogonias, que fizeram dos céus, assim escalados, os diversos degraus da bem-aventurança: o último deles era abrigo da suprema felicidade. Segundo a opinião mais comum, havia sete céus e daí a expressão – estar no sétimo céu – para exprimir perfeita felicidade. (Revista Espírita. Março de 1865. Allan Kardec).

            Alguns Espíritos disseram estar habitando o quarto, o quinto céus, etc. Que querem dizer com isso?

            “Perguntando-lhes que céu habitam, é que formais idéia de muitos céus dispostos como os andares de uma casa. Eles, então, respondem de acordo com a vossa linguagem. Mas, por estas palavras - quarto e quinto céus - exprimem diferentes graus de purificação e, por conseguinte, de felicidade. É exatamente como quando se pergunta a um Espírito se está no inferno. Se for desgraçado, dirá - sim, porque, para ele, inferno é sinônimo de sofrimento. Sabe, porém, muito bem que não é uma fornalha. Um pagão diria estar no Tártaro.” (O Livro dos Espíritos. Questão 1017. Allan Kardec).  

            No livro "Nosso lar" o Espírito André Luiz relata a inesquecível experiência vivida numa esfera espiritual superior para onde foi conduzido, durante o sono, enquanto o seu perispírito repousava no leito, na colônia espiritual de transição "Nosso Lar", dizendo:

            "Daí a instantes, sensações de leveza invadiram-me a alma toda e tive a impressão de ser arrebatado em pequenino barco, rumando a regiões desconhecidas. Para onde me dirigia? Impossível responder. A meu lado, um homem silencioso sustinha o leme.

            E qual criança que não pode enumerar nem definir as belezas do caminho, deixava-me conduzir sem exclamações de qualquer natureza, extasiado embora com as magnificências da paisagem.

            Parecia-me que a embarcação seguia célere, não obstante os movimentos de ascensão.

            Decorridos minutos, vi-me à frente de um porto maravilhoso, onde alguém me chamou com especial carinho:

            – André!... André!...

            Desembarquei com precipitação verdadeiramente infantil.

            Reconheceria aquela voz entre milhares. Num momento, abraçava minha mãe em transbordamentos de júbilo.

            Fui conduzido, então, por ela, a prodigioso bosque, onde as flores eram dotadas de singular propriedade - a de reter a luz, revelando a festa permanente do perfume e da cor. Tapetes dourados e luminosos estendiam-se, dessa maneira, sob as grandes árvores sussurrantes ao vento. Minhas impressões de felicidade e paz eram inexcedíveis." ( Nosso Lar. Cap. 36. Espírito André Luiz.  Psicografado por Chico Xavier )

            Em que consistem os sofrimentos da alma depois da morte? Irão as almas criminosas ser torturadas em chamas materiais?

            A Igreja reconhece perfeitamente, hoje, que o fogo do inferno é todo moral, e não material; porém, não define a natureza dos sofrimentos. As comunicações espíritas colocam os sofrimentos sob os nossos olhos, e, por esse meio, podemos apreciá-los e convencer-nos de que, apesar de não serem o resultado de um fogo material, que efetivamente não poderia queimar almas imateriais, eles, nem por isso, deixam de ser mais terríveis, em certos casos.

            Essas penas não são uniformes: variam infinitamente, segundo a natureza e o grau das faltas cometidas, sendo quase sempre essas mesmas faltas o instrumento do seu castigo; é assim que certos assassinos são obrigados a conservarem-se no próprio lugar do crime e a contemplar suas vítimas incessantemente; que o homem de gostos sensuais e materiais conserva esses pendores juntamente com a impossibilidade de satisfazê-los, o que lhe é uma tortura; que certos avarentos julgam sofrer o frio e as privações que suportaram na vida por sua avareza; outros se conservam junto aos tesouros que enterraram, em transes perpétuos, com medo que os roubem; em uma palavra, não há um defeito, uma imperfeição moral, um ato mau, que não tenha, no mundo espiritual, seu reverso e suas consequências naturais; e, para isso, não há necessidade de um lugar determinado e circunscrito. Onde quer que se ache o Espírito perverso, o inferno estará com ele. (O que é o Espiritismo. Cap. 3. Questão 160. Allan Kardec).

            Desde todas as épocas o homem acreditou, por intuição, que a vida futura seria feliz ou infeliz, conforme o bem ou o mal praticado neste mundo. A idéia que ele faz, porém, dessa vida está em relação com o seu desenvolvimento, senso moral e noções mais ou menos justas do bem e do mal.

            As penas e recompensas são o reflexo dos instintos predominantes. Os povos guerreiros fazem consistir a suprema felicidade nas honras conferidas à bravura; os caçadores, na abundância da caça; os sensuais, nas delícias da voluptuosidade. Dominado pela matéria, o homem não pode compreender senão imperfeitamente a espiritualidade, imaginando para as penas e gozos futuros um quadro mais material que espiritual; afigura-se-lhe que deve comer e beber no outro mundo, porém melhor que na Terra.

            Mais tarde já se encontra nas crenças sobre a vida futura um misto de espiritualismo e materialismo: a beatitude contemplativa concorrendo com o inferno das torturas físicas.

            Não podendo compreender senão o que vê, o homem primitivo naturalmente moldou o seu futuro pelo presente; para compreender outros tipos, além dos que tinha à vista, ser-lhe-ia preciso um desenvolvimento intelectual que só o tempo deveria completar. Também o quadro por ele ideado sobre as penas futuras não é senão o reflexo dos males da Humanidade, em mais vasta proporção, reunindo-lhe todas as torturas, suplícios e aflições que achou na Terra.

            Nos climas abrasadores imaginou um inferno de fogo, e nas regiões boreais um inferno de gelo. Não estando ainda desenvolvido o sentido que mais tarde o levaria a compreender o mundo espiritual, não podia conceber senão penas materiais; e assim, com pequenas diferenças de forma, os infernos de todas as religiões se assemelham.

            Os cristãos têm, como os pagãos, o seu rei dos infernos — Satã — com a diferença, porém, de que Plutão se limitava a governar o sombrio império, que lhe coubera em partilha, sem ser mau; retinha em seus domínios os que haviam praticado o mal, porque essa era a sua missão, mas não induzia os homens ao pecado para desfrutar, tripudiar dos seus sofrimentos. Satã, no entanto, recruta vítimas por toda parte e regozija-se ao atormentá-las com uma legião de demônios armados de forcados a revolvê-las no fogo.

            Jesus não podia de um só golpe destruir inveteradas crenças, faltando aos homens conhecimentos necessários para conceber a infinidade do Espaço e o número infinito dos mundos; a Terra para eles era o centro do Universo. (...) Ele limitou-se a falar vagamente da vida bem-aventurada, dos castigos reservados aos culpados, sem referir-se jamais nos seus ensinos a castigos e suplícios corporais, que constituíram para os cristãos um artigo de fé. Eis aí como as idéias do inferno pagão se perpetuaram até aos nossos dias. (O Céu e o Inferno. Cap. 4. Itens 1 , 2 , 4 e 6. Allan Kardec).

          Um fenômeno mui frequente entre os Espíritos de certa inferioridade moral é o acreditarem-se ainda vivos, podendo esta ilusão prolongar-se por muitos anos, durante os quais eles experimentarão todas as necessidades, todos os tormentos e perplexidades da vida.

           Para o criminoso, a presença incessante das vítimas e das circunstâncias do crime é um suplício cruel.

            Espíritos há mergulhados em densa treva; outros se encontram em absoluto insulamento no Espaço, atormentados pela ignorância da própria posição, como da sorte que os aguarda. Os mais culpados padecem torturas muito mais pungentes por não lhes entreverem um termo.

             Alguns são privados de ver os seres queridos, e todos, geralmente, passam com intensidade relativa pelos males, pelas dores e privações que a outrem ocasionaram. Esta situação perdura até que o arrependimento e o desejo de reparação lhes traga a calma para entrever a possibilidade de, por eles mesmos, pôr um termo à sua situação. (O céu e o inferno. Primeira parte. Cap. 7. Allan Kardec)

             Esses Espíritos, quando desencarnados, não podem prontamente adquirir a delicadeza dos sentimentos, e, durante um tempo mais ou menos longo, ocuparão as camadas inferiores do mundo espiritual, tal como acontece na Terra; assim permanecerão, rebeldes ao progresso, mas, com o tempo, a experiência, as tribulações e misérias das sucessivas encarnações, chegará o momento de conceberem algo de melhor do que até então possuíam. Elevam-se-lhes por fim as aspirações, começam a compreender o que lhes falta e principiam os esforços da regeneração. (O céu e o inferno. Segunda parte. Cap. 4. Allan Kardec)

           Com relação às trevas, Allan Kardec fez uma pergunta ao Espírito São Luiz:

           "Que devemos entender por trevas em que se acham mergulhadas certas almas sofredoras? Serão as referidas tantas vezes na escritura?

             - R. Sim, efetivamente, as designadas por Jesus e pelos profetas em referências ao castigo dos maus.

              Mas isso não passava de alegoria destinada a ferir os sentidos materializados dos seus contemporâneos, os quais jamais poderiam compreender a punição de maneira espiritual."

           O Espírito de Claire também respondeu a esta pergunta e disse:

            "Também eu posso responder à pergunta relativa às trevas, pois vaguei e sofri por muito tempo nesses limbos onde tudo é soluço e misérias. Sim, existem as trevas visíveis de que fala a escritura, e os desgraçados que deixam a vida, ignorantes ou culpados, depois das provações terrenas são impelidos a fria região, inconscientes de si mesmos e do seu destino. Acreditando na perenidade dessa situação, a sua linguagem é ainda a da vida que os seduziu, e admiram-se e espantam-se da profunda solidão: trevas são, pois, esses lugares povoados e ao mesmo tempo desertos, espaços em que erram pálidos Espíritos lastimosos, sem consolo, sem afeições, sem socorro de espécie alguma." (O céu e o inferno. Segunda parte. Cap. 4. Allan Kardec)

             Este Espírito também disse: "Em nós e conosco trazemos o Céu e o inferno; as nossas faltas, gravadas na consciência, são lidas correntemente no dia da ressurreição. E uma vez que o estado da alma nos abate ou eleva, somos nós os juízes de nós mesmos. Explico-me: um Espírito impuro e sobrecarregado de culpas não pode conceber nem anelar uma elevação que lhe seria insuportável."(O céu e o inferno. Segunda parte. Cap. 4. Allan Kardec)

            Segundo a médium Yvone Pereira, "As construções do meio invisível são edificadas com as essências disseminadas pelo Universo infinito, para a realização dos desígnios da Providência a nosso respeito, isto é, para a criação de quanto seja útil, necessário e agradável ao nosso Espírito, quer se encontre este sobre a Terra, reencarnado, ou fruindo os gozos da Pátria Espiritual; trata-se do fluido cósmico universal, ou de certas modificações deste, de que se origina o fluido espiritual; do éter fecundado, fonte geradora de tudo quanto há dentro da Criação, inclusive os próprios planetas materiais e o nosso perispírito.

            (...)No Espaço, como, aliás, na Terra, a vontade é soberana, o pensamento é motor, é produtor, é criador.

            Reúne-se, por exemplo, um grupo, uma falange de Espíritos evoluídos, que resolvem criar uma comunidade social no Espaço, destinada a acelerar seus trabalhos e iniciativas em prol do progresso e do bem comum. São espiritualmente homogêneos, dotados de elevadas capacidades morais, intelectuais e artísticas, além de serem técnicos no assunto. Seus pensamentos vibram uníssonos, do que resultam irradiações e movimentações poderosas, coordenadoras, intensas até ao deslumbramento e ao incompreensível para nós outros, os mortais inferiores.

            Eles já teriam programado o que desejavam produzir: uma escola para a reeducação geral de Espíritos frágeis que delinquiram nas experiências terrenas; um asilo ou reformatório, um hospital para o reajustamento mental ou vibratório de pobres sofredores que partiram da Terra envoltos em complexos deploráveis; um palácio para reuniões solenes, uma cidade.

            A força motora dos seus pensamentos poderosamente associados e disciplinados, irradiando energias cuja natureza o homem ainda não poderá conceber, agirá sobre aqueles fluidos e essências e edificará o que antes fora delineado e desejado.

            Comumente, esse trabalho é lento e requer perseverança para o seu aperfeiçoamento.

            Será tanto mais rápido quanto maiores forem as potências mentais criadoras reunidas.

            Essas criações, tais como forem - belas, artísticas, verdadeiros trabalhos de ourivesaria fluídica, deslumbrantes, mesmo, por vezes - obedecerão, no entanto, às recordações ou gosto estético dos operadores, razão por que se parecem com as da Terra, sem que as da Terra se pareçam com elas, como afirmou algures a ilustre entidade espiritual André Luiz, pois que muito mais perfeitas são elas do que os homens julgam.

            Não obstante, somos levada a julgar, graças às mesmas observações a que nos conduz a Revelação, que essas edificações não serão permanentes nem fixas numa determinada região. Serão antes móveis, transplantando-se para onde se faça necessária a presença da falange que as criou. Serão passíveis de se dissolverem sob o desejo dos seus criadores, ou de se modificarem segundo as conveniências. Se essa falange receber em seu seio discípulos e pupilos, estes poderão tornar-se cooperadores, exercitando os próprios poderes mentais na criação de detalhes, sujeitos ao veredicto dos mestres, e assim progredirão em saber, desenvolvendo forças latentes, evoluindo e se engrandecendo, pois tudo isso é caminhar para a perfeição.

            Tratando-se de entidades inferiores, dá-se idêntico fenômeno de criação mental, não obstante a diferença impressionante na direção criadora, uma vez que estes operadores ignoram sejam os ambientes que os rodeiam criações de suas próprias mentes, pois que o feito também se poderá operar à revelia da vontade premeditada e intencional, sob o choque emocional da mente exacerbada, bastando apenas que seus pensamentos trabalhem ou se impressionem com imagens fortes, como acontece com os suicidas, que vivem rodeados de cenas macabras de suicídio.Certamente que, deseducadas, criminosas, muitas vezes dadas ao mal, com suas irradiações mentais contaminadas pelo vírus de mil prejuízos, essas entidades se cercarão, no Além-Túmulo, de criações grosseiras, dramáticas, mesmo trágicas, que a elas mesmas horrorizam, pois que eivadas de todas as artimanhas e ciladas oriundas dos pensamentos inferiores.E, reunidos tais Espíritos em grupos e falanges, em virtude da lei de similitude, que os leva a se atraírem uns aos outros, terão criado, então, seus próprios infernos, suas próprias prisões, seus antros ignóbeis, a que nada sobre a Terra poderá assemelhar-se.E os criam servindo-se das mesmas forças motoras do pensamento, agindo sobre as mesmas essências, os mesmos fluidos, as mesmas ondas vibratórias do éter.Tais, porém, sejam as necessidades de interesse geral, essas regiões, e com elas os Espíritos inferiores seus criadores, serão localizadas num ponto ermo do Invisível ou da Terra mesma, temporariamente, a fim de que eles se não imiscuam com os homens e vislumbrem, na forja dos sofrimentos, o imperativo de regeneração e progresso. É a isso que os instrutores espirituais denominam "Invisível Inferior", porque nós outros precisaremos de alguma expressão, de um vocábulo para nos apossar dos ensinamentos fornecidos pelo Espaço.

            Nós mesmas, as criaturas encarnadas, estaremos dentro de "regiões" criadas pelo nosso pensamento, além de permanecermos na crosta do planeta.Nossos pensamentos estarão estereotipados, concretizados pelo poder motor das nossas energias mentais atuando sobre os fluidos sublimes em que mergulha o Universo criado pelo Todo-Poderoso, embora não se trate de movimento tão intenso nem tão real como os de um desencarnado.

            Mas, ainda assim, é devido a isso que os desencarnados surpreenderão o que pensamos, o que são o nosso caráter e o nosso sentimento, as nossas intenções e tendências, pela natureza das "edificações" mentais que nos acompanham."O reino de Deus está dentro de vós, asseverou o Cristo.E nós outros certamente poderemos acrescentar: "E também o nosso Inferno!(Devassando o invisível. Yvonne Pereira).

            Colônias conhecidas coletivamente como Umbral, que começam na superfície da Terra e correspondem ao antigo purgatório, e, como Trevas, na sua pior porção, que correspondem ao clássico inferno. Pode-se afirmar corretamente que não passam de produtos da atividade mental inferior. Ao invés de lugares fixos e definidos para danação do ser humano – são construções mentais reles, onde os Espíritos juntam-se por forçada atração, porém, transitoriamente, tão pronto mudem as disposições para o mal e passem a desejar o bem, por fracamente que seja, aparecem os lidadores da Luz, do Amor e do Bem para retirá-los à regeneração mediante a reencarnação. (Evolução para o terceiro Milênio. Cap.4. Item16. Ação da Lei nos desvios de rumo. Carlos Toledo Rizzini)

            O livro ‘‘Nosso Lar’’ descreve detalhadamente como são as zonas inferiores,  o Espírito André Luiz relata que permaneceu no umbral  por mais de oito anos consecutivos, devido ter encurtado a sua vida pela falta de cuidado com a saúde e pelo excesso de prazeres: " A ausência de autodomínio, a inadvertência no trato com os semelhantes, aos quais muitas vezes ofendeu sem refletir, conduziam-no freqüentemente à esfera dos seres doentes e inferiores. (...)  Todo o aparelho gástrico foi destruído à custa de excessos de alimentação e bebidas alcoólicas, aparentemente sem importância. Devorou-lhe a sífilis energias essenciais. (...) O suicídio é incontestável." (Nosso Lar. Cap. 4.O Médico Espiritual. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier).  

            No livro ele descreve o que viu e sentiu, nas zonas inferiores,  da seguinte forma:

            "Sentia-me, na verdade, amargurado duende nas grades escuras do horror. Cabelos eriçados, coração aos saltos, medo terrível senhoreando-me, muita vez gritei como louco, implorei piedade e clamei contra o doloroso desânimo que me subjugava o espírito; mas, quando o silêncio implacável não me absorvia a voz estentórica, lamentos mais comovedores que os meus respondiam-me aos clamores. Outras vezes gargalhadas sinistras rasgavam a quietude ambiente. Algum companheiro desconhecido estaria, a meu ver, prisioneiro da loucura. Formas diabólicas, rostos alvares, expressões animalescas surgiam, de quando em quando, agravando-me o assombro. A paisagem, quando não totalmente escura, parecia banhada de luz alvacenta, como que amortalhada em neblina espessa, que os raios de Sol aquecessem de muito longe.

            (...)De início, as lágrimas lavavam-me incessantemente o rosto e apenas, em minutos raros, felicitava-me a bênção do sono. Interrompia-se, porém, bruscamente, a sensação de alívio. Seres monstruosos acordavam-me, irônicos; era imprescindível fugir deles.

            (...)Para quem apelar? Torturava-me a fome, a sede me escaldava. Comezinhos fenômenos da experiência material patenteavam-se-me aos olhos. Crescera-me a barba, a roupa começava a romper-se com os esforços da resistência, na região desconhecida.

            (...)De quando em quando, deparavam-se-me verduras que me pareciam agrestes, em torno de humildes filetes d'água a que me atirava sequioso. (...)Muita vezes suguei a lama da estrada, recordei o antigo pão de cada dia, vertendo copioso pranto. "

            Após ser resgatado daquele local e ser levado para colônia espiritual ‘‘Nosso Lar’’, o Espírito André Luiz fez o seguinte questionamento para seu instrutor: "Que seria o Umbral? Conhecia, apenas, a idéia do inferno e do purgatório, através dos sermões ouvidos nas cerimônias católico-romanas a que assistira, obedecendo a preceitos protocolares. Desse Umbral, porém, nunca tivera notícias.

            Ao primeiro encontro com o generoso visitador, minhas perguntas não se fizeram esperar. Lísias ouviu-me, atencioso, e replicou:

            - Ora, ora, pois você andou detido por lá tanto tempo e não conhece a região?

            Recordei os sofrimentos passados, experimentando arrepios de horror.

            - O Umbral - continuou ele, solícito - começa na crosta terrestre. É a zona obscura de quantos no mundo não se resolveram a atravessar as portas dos deveres sagrados, a fim de cumpri-los, demorando-se no vale da indecisão ou no pântano dos erros numerosos.

            Quando o espírito reencarna, promete cumprir o programa de serviços do Pai; entretanto, ao recapitular experiências no planeta, é muito difícil fazê-lo, para só procurar o que lhe satisfaça ao egoísmo. Assim é que mantidos são o mesmo ódio aos adversários e a mesma paixão pelos amigos. Mas, nem o ódio é justiça, nem a paixão é amor. Tudo o que excede, sem aproveitamento, prejudica a economia da vida. Pois bem: todas as multidões de desequilibrados permanecem nas regiões nevoentas, que se seguem aos fluidos carnais. O dever cumprido é uma porta que atravessamos no Infinito, rumo ao continente sagrado da união com o Senhor. É natural, portanto, que o homem esquivo à obrigação justa, tenha essa bênção indefinidamente adiada.

            (...) O Umbral funciona, portanto, como região destinada a esgotamento de resíduos mentais; uma espécie de zona purgatorial, onde se queima a prestações o material deteriorado das ilusões que a criatura adquiriu por atacado, menosprezando o sublime ensejo de uma existência terrena.

            (...)Concentra-se, aí, tudo o que não tem finalidade para a vida superior. E note você que a Providência Divina agiu sabiamente, permitindo se criasse tal departamento em torno do planeta. Há legiões compactas de almas irresolutas e ignorantes, que não são suficientemente perversas para serem enviadas a colônias de reparação mais dolorosa, nem bastante nobres para serem conduzidas a planos de elevação. (...) Lá vivem, agrupam-se, os revoltados de toda espécie.

            (...) Pois o Umbral está repleto de desesperados. Por não encontrarem o Senhor à disposição dos seus caprichos, após a morte do corpo físico, e, sentindo que a coroa da vida eterna é a glória intransferível dos que trabalham com o Pai, essas criaturas se revelam e demoram em mesquinhas edificações. "Nosso Lar" tem uma sociedade espiritual, mas esses núcleos possuem infelizes, malfeitores e vagabundos de várias categorias. É zona de verdugos e vítimas, de exploradores e explorados. 

            (...)A zona inferior a que nos referimos é qual a casa onde não há pão: todos gritam e ninguém tem razão. O viajante distraído perde o comboio, o agricultor que não semeou não pode colher. Uma certeza, porém, posso dar-lhe: - não obstante as sombras e angústias do Umbral, nunca faltou lá a proteção divina. Cada espírito lá permanece o tempo que se faça necessário.

            (...) E é pelo pensamento que os homens encontram no Umbral os companheiros que afinam com as tendências de cada um. Toda alma é um ímã poderoso."  (Nosso Lar. Cap. 12. O Umbral. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier).  

            Em outra situação o Espírito André Luiz fez outra pergunta: "Não seria região trevosa o próprio Umbral, onde vivera, por minha vez, em sombras densas, durante anos consecutivos?

            (...) Lísias esboçou uma fisionomia bastante significativa, e falou:

            – Chamamos Trevas às regiões mais inferiores que conhecemos. Considere as criaturas como itinerantes da vida. Alguns poucos seguem resolutos, visando ao objetivo essencial da jornada. São os espíritos nobilíssimos, que descobriram a essência divina em si mesmos, marchando para o alvo sublime, sem vacilações. A maioria, no entanto, estaciona. Temos então a multidão de almas que demoram séculos e séculos, recapitulando experiências. (...) Classificam-se, aí, os milhões de seres que perambulam no Umbral. Outros, preferindo caminhar às escuras, pela preocupação egoística que os absorve, costumam cair em precipícios, estacionando no fundo do abismo por tempo indeterminado.

            (...)Contudo, Lísias, poderá você dar-me uma idéia da localização dessa zona de Trevas? Se o Umbral está ligado à mente humana, onde ficará semelhante lugar de sofrimento e pavor?

            Há esferas de vida em toda parte - disse ele, solícito -, o vácuo sempre há de ser mera imagem literária. Em tudo há energias viventes e cada espécie de seres funciona em determinada zona da vida.

            Depois de pequeno intervalo, em que me pareceu meditar profundamente, continuou:

            – Naturalmente, como aconteceu a nós outros, você situou como região de existência, além da morte do corpo, apenas os círculos a se iniciarem da superfície do globo para cima, esquecido do nível para baixo. A vida, contudo, palpita na profundeza dos mares e no âmago da terra. (Nosso Lar. Cap. 44. As trevas. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier).  

            No livro " Libertação" o Espírito André Luiz descreve a regiões das trevas da seguinte forma: "A gritaria, em torno, era de espantar.

            Varamos lodosa muralha e, depois de avançarmos alguns passos, o pavoroso quadro se abriu dilatadamente. Largo e profundo vale se estendia, habitado por toda a espécie de padecimentos imagináveis.

            Sentíamo-nos, agora, na extremidade de um planalto que se quebrava em abrupto despenhadeiro.

            À frente, numa distância de dezenas de quilômetros, sucediam-se furnas e abismos, qual se nos situássemos perante imensa cratera de vulcão vivo, alimentado pela dor humana, porque, lá dentro, turbilhões de vozes explodiam, ininterruptos, parecendo estranha mistura de lamentos de homens e animais."

            (...) Então, o orientador Gúbio esclareceu: "- Não estamos contemplando senão a superfície de trevosos cárceres a se confundirem com os precipícios subcrostais." (Libertação. Cap. 7.  Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier )

            Logo em seguida, ele faz outras observações, dizendo:"(...)Após a travessia de várias regiões, “em descida”, com escalas por diversos postos e instituições socorristas, penetramos vasto domínio de sombras.

            (...) Avançamos mais profundamente, mas o ambiente passou a sufocar-nos. Repousamos, de algum modo, vencidos de fadiga singular, e Gúbio, depois de alguns momentos, nos esclareceu:

            - (...)Não estamos em cavernas infernais, mas atingimos grande império de inteligências perversas e atrasadas, anexo aos círculos da Crosta, onde os homens terrestres lhes sofrem permanente influenciação.

            (...) Passamos a inalar as substâncias espessas que pairavam em derredor, como se o ar fosse constituído de fluidos viscosos.

            (...) Pouco a pouco, sentimo-nos pesados e tive a idéia de que fora, de improviso, religado, de novo, ao corpo de carne, porque, embora me sentisse dono da própria individualidade, me via revestido de matéria densa, como se fosse obrigado a envergar inesperada armadura.

            Decorridos longos minutos, o orientador apelou, diligente:

            – Prossigamos! Doravante, seremos auxiliares anônimos. Não nos convém, por enquanto, a identificação pessoal.

            (...) Gúbio dividiu conosco um olhar de benevolência e explicou, bondoso:

            (...) - Nesta cidade sombria, trabalham inúmeros companheiros do bem nas condições em que nos achamos. Se erguermos bandeira provocante, nestes campos, nos quais noventa e cinco por cento das inteligências se encontram devotadas ao mal e à desarmonia, nosso programa será estraçalhado em alguns instantes. Centenas de milhares de criaturas aqui padecem amargos choques de retorno à realidade, sob a vigilância de tribos cruéis, formadas de espíritos egoístas, invejosos e brutalizados Para a sensibilidade medianamente desenvolvida, o sofrimento aqui é inapreciável.

            – E há governo estabelecido num reino estranho e sinistro quanto este? – indaguei.

            – Como não? – respondeu Gúbio, atenciosamente. – Qual ocorre na esfera carnal, a direção, neste domínio, é concedida pelos Poderes Superiores, a título precário. Na atualidade, este grande empório de padecimentos regenerativos permanece dirigido por um sátrapa de inqualificável impiedade, que aliciou para si próprio o pomposo título de Grande Juiz, assistido por assessores políticos e religiosos tão frios e perversos quanto ele mesmo.

            Grande aristocracia de gênios implacáveis aqui se alinha, senhoreando milhares de mentes preguiçosas, delinqüentes e enfermiças...

            – E porque permite Deus semelhante absurdo?

            (...)- Pelas mesmas razões educativas através das quais não aniquila uma nação humana quando, desvairada pela sede de dominação, desencadeia guerras cruentas e destruidoras, mas a entrega à expiação dos próprios crimes e ao infortúnio de si mesma, para que aprenda a integrar-se na ordem eterna que preside à vida universal.

            – Significa então que os gênios malditos, os demônios de todos os tempos... – exclamei, reticencioso...

            – Somos nós mesmos – completou o instrutor, paciente – quando nos desviamos, impenitentes, da Lei.

            (...)Em voz baixa, o orientador reiterou a recomendação:

            – Em qualquer constrangimento íntimo, não nos esqueçamos da prece. É, de ora em diante, o único recurso de que dispomos a fim de mobilizar nossas reservas mentais superiores, em nossas necessidades de reabastecimento psíquico. Qualquer precipitação pode arrojar-nos a estados primitivistas, lançando-nos em nível inferior, análogo ao dos espíritos infelizes que desejamos auxiliar.

            (...) Em minutos breves, penetramos vastíssima aglomeração de vielas, reunindo casario decadente e sórdido.

            Rostos horrendos contemplavam-nos furtivamente, a princípio, mas, à medida que varávamos o terreno, éramos observados, com atitude agressiva, por transeuntes de miserável aspecto.

            Alguns quilômetros de via pública, repletos de quadros deploráveis, desfilaram a nossos olhos.

            Mutilados às centenas, aleijados de todos os matizes, entidades visceralmente desequilibradas, ofereciam-nos paisagens de arrepiar.

            (...)Que empório extravagante era aquele? algum país onde vicejassem tipos sub-humanos? Eu sabia que semelhantes criaturas  não envergavam corpos carnais e que se congregavam num reino purgatorial, em beneficio próprio; entretanto, vestiam-se de roupagens de matéria francamente imunda.

            (...)Vagueavam absortos, sem rumo. Exemplares inúmeros de pigmeus, cuja natureza em si ainda não posso precisar, passavam por nós, aos magotes. Plantas exóticas, desagradáveis ao nosso olhar, ali proliferam e animais em cópia abundante, embora monstruosos, se movimentavam a esmo, dando-me a idéia de seres acabrunhados que pesada mão transformara em duendes. Becos e despenhadeiros escuros se multiplicavam em derredor, acentuando-nos o angustioso assombro.

            Após a travessia de vastíssima área, não sopitei as interrogações que me escapavam do cérebro.

            O instrutor, todavia, esclareceu, discreto:

            – Guarda as perguntas intempestivas no momento. Estamos numa colônia purgatorial de vasta expressão. Quem não cumpre aqui dolorosa penitência regenerativa, pode ser considerado inteligência sub-humana. Milhares de criaturas, utilizadas nos serviços mais rudes da natureza, movimentam-se nestes sítios em posição infraterrestre. A ignorância, por ora, não lhes confere a glória da responsabilidade. Em desenvolvimento de tendências dignas, candidatam-se à humanidade que conhecemos na Crosta.

            Situam-se entre o raciocínio fragmentário do macacóide e a idéia simples do homem primitivo na floresta. Afeiçoam-se a personalidades encarnadas ou obedecem, cegamente, aos espíritos prepotentes que dominam em paisagens como esta. Guardam, enfim, a ingenuidade do selvagem e a fidelidade do cão.

            (...)Notei a existência de algumas organizações de serviços que nos pareceriam, na esfera carnal, ingênuas e infantis, reconhecendo que a ociosidade era, ali, a nota dominante. E porque não visse crianças, exceção feita das raças de anões, cuja existência percebia sem distinguir os pais dos filhos, arrisquei, de novo, uma indagação, em voz baixa.

            Respondeu o instrutor, atencioso:

            – Quase todas as almas humanas, situadas nestas furnas, sugam as energias dos encarnados e lhes vampirizam a vida, qual se fossem lampreias insaciáveis no oceano do oxigênio terrestre.

            Suspiram pelo retorno ao corpo físico, de vez que não aperfeiçoaram a mente para a ascensão, e perseguem as emoções do campo carnal com o desvario dos sedentos no deserto...

            (...)A essa altura, defrontamos acidentes no solo, que o instrutor nos levou a atravessar.

            Subimos, dificilmente, a rua íngreme e, em pequeno planalto, que se nos descortinou aos olhos espantadiços, a paisagem alterou-se.

            Palácios estranhos surgiam imponentes, revestidos de claridade abraseada, semelhante à auréola do aço incandescente.

            Praças bem cuidadas, cheias de povo, ostentavam carros soberbos, puxados por escravos e animais. (Libertação. Cap. 4. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)

            Transcorridas longas horas em compartimento escuro, aproveitadas em meditações e preces, sem entendimentos verbais, fomos conduzidos, na noite imediata, a um edifício de grandes e curiosas proporções.

            (...) Moços e velhos, homens e mulheres, aí se misturavam em relativo silêncio.

            Alguns gemiam e choravam.

            Reparei que a multidão se constituía, em sua quase totalidade, de almas doentes. Muitos padeciam desequilíbrios mentais visíveis.

            (...)O medo controlava os mais desesperados, porque o silêncio caía, abafante, embora a inquietação que transparecia de todos os rostos.

            Alguns servidores da casa, em trajes característicos, separavam, por grupos vários, as pessoas desencarnadas que entrariam, naquele momento, em seleção para julgamento oportuno.

            Discretamente, o instrutor elucidou-nos:

            – Presenciamos uma cerimônia semanal dos juizes implacáveis que vivem sediados aqui. A operação seletiva realiza-se com base nas irradiações de cada um. Os guardas que vemos em trabalho de escolha, compondo grupos diversos, são técnicos especializados na identificação de males numerosos, através das cores que caracterizam o halo dos Espíritos ignorantes, perversos e desequilibrados. A divisão para facilitar o serviço judiciário é, por isto mesmo, das mais completas.

            (...) Atento à explicação ouvida, indaguei, curioso:

            – Todas estas entidades vieram constrangidas, conforme sucedeu conosco? Há espíritos satânicos, recordando as oleografias religiosas da Crosta, disputando as almas no leito de morte?

            O orientador obtemperou, muito calmo:

            – Sim. André, cada mente vive na companhia que elege. Semelhante princípio prevalece para quem respira no corpo denso ou fora dele. É imperioso reconhecer, porém, que a maioria das almas asiladas neste sítio vieram ter aqui, obedecendo a forças de atração. Incapazes de perceber a presença dos benfeitores espirituais que militam entre os homens encarnados, em tarefas de renunciação e benevolência, em vista do baixo teor vibratório em que se precipitaram, através de delitos reiterados, da ociosidade impenitente ou da deliberada cristalização no erro, não encontraram senão o manto de sombras em que se envolveram e, desvairadas, sozinhas, procuraram as criaturas desencarnadas que com elas se afinam, agregando-se naturalmente a este imenso cortiço, com toda a bagagem de paixões destruidoras que lhes marcam a estrada. Aportando aqui, sofrem, porém, a vigilância de inteligências poderosas e endurecidas que imperam ditatorialmente nestas regiões, onde os frutos amargos da maldade e da indiferença enchem o celeiro dos corações desprevenidos e maliciosos.

            – Oh! – exclamei em voz sussurrante – por que motivo confere o Senhor atribuições de julgadores a Espíritos despóticos?

            Porque estará a justiça, nesta cidade estranha, em mãos de príncipes diabólicos?

            Gúbio estampou na fisionomia significativa expressão e ajuntou:

            – Quem se atreveria a nomear um anjo de amor para exercer o papel de carrasco? Ao demais, como acontece na Crosta Planetária, cada posição, além da morte, é ocupada por aquele que a deseja e procura.

            (...)Olhos esgazeados pelo pavor jaziam abertos em todas as máscaras fisionômicas.

            O juiz, por sua vez, não parecia respeitar o menor resquício de misericórdia. Mostrava-se interessado em criar ambiente negativo a qualquer espécie de soerguimento moral, estabelecendo nos ouvintes angustioso temor.

            Prolongando-se o intervalo, enderecei com o olhar silenciosa interrogação ao nosso orientador, que me falou quase em segredo:

            – O julgador conhece à saciedade as leis magnéticas, nas esferas inferiores, e procura hipnotizar as vítimas em sentido destrutivo, não obstante usar, como vemos, a verdade contundente.

            (...)E incidindo toda a força magnética que lhe era peculiar, através das mãos, sobre uma pobre mulher que o fixava, estarrecida, ordenou-lhe com voz soturna:

            – Venha! venha!

            Com expressão de sonâmbula, a infeliz obedeceu à ordem, destacando-se da multidão e colocando-se, em baixo, sob os raios positivos da atenção dele.

            – Confesse! confesse! – determinou o desapiedado julgador, conhecendo a organização frágil e passiva a que se dirigia.

            A desventurada senhora bateu no peito, dando-nos a impressão de que rezava o “confiteor” e gritou, lacrimosa:

            – Perdoai-me! perdoai-me, ó Deus meu!

            E como se estivesse sob a ação de droga misteriosa que a obrigasse a desnudar o íntimo, diante de nós, falou, em voz alta e pausada:

            – Matei quatro filhinhos inocentes e tenros... e combinei o assassínio de meu intolerável esposo... O crime, porém, é um monstro vivo. Perseguiu-me, enquanto me demorei no corpo... Tentei fugir-lhe através de todos os recursos, em vão... e por mais buscasse afogar o infortúnio em “bebidas de prazer”, mais me chafurdei no charco de mim mesma...

            De repente, parecendo sofrer a interferência de lembranças menos dignas, clamou:

            – Quero vinho! vinho! prazer!...

            Em vigorosa demonstração de poder, afirmou, triunfante, o magistrado:

            – Como libertar semelhante fera humana ao preço de rogativas e lágrimas?

            Em seguida, fixando sobre ela as irradiações que lhe emanavam do temível olhar, asseverou, peremptório:

            – A sentença foi lavrada por si mesma! Não passa de uma loba, de uma loba...

            À medida que repetia a afirmação, qual se procurasse persuadi-la a sentir-se na condição do irracional mencionado, notei que a mulher, profundamente influenciável, modificava a expressão fisionômica. Entortou-se-lhe a boca, a cerviz curvou-se, espontânea, para a frente, os olhos alteraram-se, dentro das órbitas. Simiesca expressão revestiu-lhe o rosto.

            Via-se, patente, naquela exibição de poder, o efeito do hipnotismo sobre o corpo perispirítico.

            Em voz baixa, procurei recolher o ensinamento de Gúbio, que me esclareceu num cicio:

            – O remorso é uma bênção, sem dúvida, por levar-nos à corrigenda, mas também é uma brecha, através da qual o credor se insinua, cobrando pagamento. A dureza coagula-nos a sensibilidade durante certo tempo; todavia, sempre chega um minuto em que o remorso nos descerra a vida mental aos choques de retorno das nossas próprias emissões. (Libertação. Cap. 5. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)

            No livro " Obreiros da vida eterna" o Espírito André relata que há incansáveis trabalhadores da verdade e do bem que visitam seguidamente os vales das trevas e sofrimento, convocando os prisioneiros da rebeldia à necessária renovação espiritual, mas nem sempre são bem recebidos, como descreve no trecho a seguir:

            "O ex-sacerdote abriu pequeno manual evangélico que carregava consigo e leu, na relação do Apóstolo Lucas, a parábola do homem rico que se vestia de púrpura, em regalada existência, enquanto o mendigo chaguento lhe batia, debalde, à porta da sensibilidade. Pronunciou, alta e pausadamente, todos os versículos, desde o número dezenove ao trinta e um, no capítulo dezesseis.

            Logo após, enchendo o expressivo silêncio, destacou a sentença “Lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida”, constante do versículo vinte e cinco, e dispunha-se ao comentário, quando certos gritos blasfematórios chegaram até nós, ameaçadores e sarcásticos:

            – Fora! Fora! Abaixo as mentiras do altar!

            – Ataquemos de vez o padre!

            – Estamos bem, somos felizes! Não pedimos auxílio algum, não precisamos de arengas!

            – Temos aqui o nosso céu! Vão para os infernos!...

            Os adversários gratuitos de nossa atuação não se limitaram ao vozerio perturbador. Bolas de substância negra começaram a cair, ao nosso lado, partindo de vários pontos do abismo de dor.

            – As redes! – exclamou Zenóbia, dirigindo-se a alguns colaboradores – estendam as redes de defesa, isolando-nos o agrupamento.

            As determinações foram cumpridas rapidamente. Redes luminosas desdobraram-se à nossa frente, material esse especializado para o momento, em vista da sua elevada potência magnética, porque as bolas e setas, que nos eram atiradas, detinham-se aí, paralisadas por misteriosa força.

            A diretora da Casa Transitória, afeita a ocorrências iguais àquela, fornecia-nos belo exemplo de firmeza e serenidade. Após organizar a defensiva, fez sinal ao pregador para que falasse; e o padre Hipólito, sobrepondo-se aos ruídos e insultos, iniciou o comentário com empolgante acento:

            – Irmãos, que vos prepareis para a recepção da Luz Divina, é o nosso desejo fraternal! Reúnem-se aqui várias centenas de infortunados companheiros em precárias condições espirituais...

            Penetrando a interpretação direta da parábola, Hipólito modificou o tom de voz e prosseguiu:

            – Qual de nós não terá sido, na Crosta do Mundo, aquele “rico, vestido de púrpura e linho finíssimo”, do ensinamento do Mestre? Exibíamos a roupa vistosa e brilhante do “eu” egoístico, ferindo a observação de nossos semelhantes e vivendo o bendito ensejo de permanência nos círculos carnais, “regalada e esplendidamente”. Todos nós, que nos associamos nesta paisagem de dor, tivemos, em derredor, mendigos de afeto e socorro espiritual mostrando-nos, em vão, as chagas de suas necessidades. Chamavam-se eles familiares, parentes, companheiros de luta, irmãos remotos de humanidade... Eram filhos famintos de orientação, pais necessitados de carinho, viandantes do caminho evolutivo sequiosos de auxílio, que, improficuamente, se aproximavam de nós, implorando algo de reconforto e alegria. Em geral, lembrávamo-nos sempre tarde de suas feridas interiores, indiferentes ao menosprezo da oportunidade sublime que nos fora concedida para ministrar-lhes o bem. No justo instante a que se recolhiam no leito mortuário, multiplicávamos afetos e carícias, depois de haver gasto o tempo sagrado da vida humana entre a insensibilidade e a exigência. Desejavam, os mais pobres que nós, alguma coisa das migalhas de nosso permanente banquete de conhecimentos e facilidades, freqüentavam-nos a companhia, quais crianças necessitadas de iluminação e ternura, e os próprios cães se inclinavam para eles, tomados de natural simpatia... Nós, porém, envaidecidos das próprias conquistas, encarcerados em clamorosa apatia, amontoávamos expressões de bem-estar, crendo-nos superiores a todas as criaturas integrantes do quadro de nossa passagem pela carne.

            Prisioneiros de nossas criações inferiores, a morte precipitou-nos no despenhadeiro purgatorial, semelhante ao tenebroso inferno da teologia mitológica. Envelhecida e rota a veste rica da oportunidade, ao término do curso de aprimoramento espiritual no educandário terrestre, somos, por vezes, mais pobres que o último dos miseráveis que nos batiam, confiantes, à porta do coração e para os quais poderíamos ter sido beneméritos doadores da felicidade.

            Viajores, na travessia do rio sagrado da elevação, fugíamos de todos os companheiros necessitados, instituíamos serviços ativos de vigilância contra os náufragos sofredores, estimávamos, acima de tudo, o bom tempo, as ilhas encantadas de prazer, a camaradagem dos mais fortes, para atingir a outra margem, humilhados e pesarosos, em terríveis necessidades do espírito, incapazes de prosseguir a caminho dos continentes divinos da redenção... Sejamos razoáveis, meus irmãos, reconhecendo que esse inferno é construção mental em nós mesmos, O estacionamento, após esforço destrutivo, estabelece clima propício aos fantasmas de toda sorte, fantasmas que torturam a mente que os gerou, levando-a a pesadelos cruéis. Cavamos poços abismais de padecimentos torturantes, pela intensidade do remorso de nossas misérias íntimas; arquitetamos penitenciárias sombrias com a negação voluntária, ante os benefícios da Providência. Desertos calcinantes de ódio e malquerença estendem-se aos nossos pés, seguindo-se a jornadas vazias de tristeza e desconsolo supremo. Semelhamo-nos a duendes vagabundos da inquietação e do desalento, pela amargura do que fomos e pela dificuldade quase invencível na aquisição dos recursos para o que devemos vir a ser. De um lado, a falência gritante; do outro, o desafio da vida eterna. Como o rico infeliz da parábola, todavia, sabemos que muitas de nossas vítimas de outro tempo escalaram altas posições no campo hierárquico da eternidade; que muitos daqueles mendigos de carinho da estrada humana foram conduzidos a fontes da maravilhosa sabedoria e do inesgotável amor, e, assim, porque não impetrarmos o concurso de suas bênçãos intercessórias? Porque não dobrarmos humildemente a cerviz, considerando os desvios do passado, a fim de recebermos a sublime e indispensável cooperação do presente? Sabemos, amigos, que muitos de vós outros padeceis, atormentados, a devoradora sede da água viva do Espírito imortal, que, aflitos e desanimados, neste vale de sombras, desejaríeis romper todos os obstáculos para a recepção de uma gota apenas do liquido precioso, prometido por Jesus aos sedentos que a Ele se devotassem de boa vontade! Ah! não basta, porém, a desordenada rogativa de dor, para que o orvalho divino refresque o coração dorido e dilacerado! Urge regenerar o vaso receptivo da alma enferma, alijando a poeira venenosa da Terra, para que permaneça puro e reconfortante o rodo do Céu! Imprescindível o sofrimento de função purificadora. Os desvarios mentais, a que nos entregamos na Crosta Planetária, são energias que presentemente se manifestam com a intensidade das forças libertas, depois de longo represamento, e, daí, a intraduzível angústia da fome, da sede, da aflição e da enfermidade que muitos de vós ainda sentis, pela carência de conformação com as leis estabelecidas pelo Eterno Pai!...

            Pelo silêncio do ambiente, parecia-me que o padre Hipólito era ouvido com respeitosa atenção pelas inúmeras fileiras de sofredores ali congregados diante de nós. Após ligeira interrupção, continuou o pregador, bem inspirado:

            – Nenhum de nós outros, os que apelamos para a vossa renovação, encontrou até agora a residência dos anjos. Somos companheiros em cujo coração palpita, plena, a Humanidade, com os seus defeitos e aspirações. Compreendemos, contudo, vosso tormento consumidor e trazemos a todos o convite de renúncia aos impulsos egoísticos, concitando-vos, ainda, ao reconhecimento devido ao Senhor e à penitência pelos nossos erros voluntários e criminosos do passado. Agradeçamos a Misericórdia Divina e, reunidos, peçamos ao Cristo entendimento de sua vontade sublime e sábia, com a precisa força para executá-la, onde estivermos. Não roguemos, como o rico enganado da narração evangélica, qualquer vantagem para o nosso individualismo ou para o círculo pessoal de nossos interesses particulares, mas, sim, a compreensão, suficiente compreensão dos deveres que nos cabem, na atualidade menos venturosa, de acordo com as suas diretrizes salvadoras. E, cheios de confiança nova, aguardemos o porvir, em que a Terra, nossa grande mãe, nos oferecerá, generosa, outras ocasiões fecundas de aprender e resgatar, santificar e redimir.

            Nesse momento, o ex-sacerdote sustou por longos instantes a pregação, possibilitando-nos detido exame do quadro exterior.

            Longas filas de sofredores acorriam de todos os recantos, fitando-nos à claridade das tochas, a distância de trinta metros, aproximadamente. Estendiam-se em vasta procissão de duendes silenciosos e tristes, parecendo guardar todas as características das enfermidades físicas trazidas da Crosta, no campo impressivo do corpo astral. Viam-se ali necessitados de todos os tipos: aleijões, feridas, misérias exibiam-se ao nosso olhar, constringindo-nos os corações. Muitos deles, ajoelhados, talvez na suposição de que fôssemos embaixadores do Celeste Poder em visita ao purgatório desditoso, mantinham-se em posição de supremo respeito, embora deixando transparecer, na face angustiada, indescritíveis padecimentos. De olhos ansiosos, falavam sem palavras do intenso e secreto desejo de se unirem a nós; entretanto, algo lhes coibia a realização. Semelhavam-se a prisioneiros, suspirando pela liberdade. Porque não corriam ao nosso encontro? Porque não se ajoelharem, junto de nós, em sinal de reconhecimento sincero a Deus?

            Desejando penetrar a causa daquela imobilidade compulsória, compreendi, sem maiores esclarecimentos, o que se passava. Entre a multidão compacta e nós outros, cavava-se profundo fosso, e, onde surgiam possibilidades de transposição mais fácil, reuniam-se pequenos grupos de entidades que se revelavam por sinistra expressão fisionômica. Não podia abrigar qualquer dúvida. Aqueles rostos agressivos e duros sustentavam severa vigilância. Que faziam aí semelhantes verdugos? Permaneceriam dirigidos por potências vingadoras, com poderes transitórios na zona das trevas, ou agiriam por sua conta própria, obedientes a desvairadas paixões da mente em desequilíbrio? Recordei antigas lendas do inferno esboçado na teologia católico-romana, para concluir que a fogueira ardente, onde Satã se comprazia em torturar as almas, devia ser mais bela que a paisagem de lama, treva e sofrimento à nossa vista.

            (...)Iam as providências em meio, quando vários grupos de infelizes tentaram vencer o obstáculo, ansiosos por se reunirem a nós outros; mas os verdugos, agindo, solertes, golpeavam-nos cruelmente, empenhando-se em luta para precipitá-los ao fundo do fosso tenebroso, do qual fugiam as vítimas, tomadas de visível terror.

            Ativa, delicada, Zenóbia determinou que fossem lançadas faixas luminosas de salvação ao outro lado, no propósito de retirarmos o número possível de sofredores de tão amargurosa situação; todavia, a ordem seguiu-se de odiosa represália. Os gênios diabólicos fizeram-se mais duros. Acorreram míseras almas, aos magotes, buscando agarrar-se às extremidades resplandecentes, descidas na margem oposta, como bordos de acolhedora ponte de luz; no entanto, multiplicaram-se golpes e pancadas. Entidades perversas, em grande número, continham os aflitos prisioneiros, impedindo-lhes o salvamento, com manifesto recrudescimento de maldade. Nosso esforço persistiu por longos minutos, ao fim dos quais, observando que redundavam inúteis, apenas favorecendo a dilatação da agressividade dos algozes, a irmã Zenóbia, mantendo-se em grande serenidade, determinou fosse recolhido o material utilizado para os trabalhos de salvação.

            (...)Após a recomposição do material, improficuamente utilizado, a devotada orientadora acenou para um servidor que lhe trouxe pequenino aparelho, destinado à ampliação da voz, e falou, pausadamente, na direção do abismo:

            – Irmãos em humanidade, reine conosco a Paz Divina!

            Sem qualquer demonstração de impaciência ou desagrado, continuou:

            – Regozijei-vos, ó corações de boa vontade! e confiai, sobretudo, na proteção de Nosso Senhor Jesus. (...) Alegrai-vos, porém, e aguardai, confiantes, porque se manifestará, em vosso benefício, o fogo consumidor(1),  nesta região menos feliz, onde tantas inteligências perversas tripudiam sobre os mandamentos do Pai e menosprezam-Lhe as bênçãos de luz. Amanhã mesmo, demonstrar-se-á o Supremo Poder. (Obreiros da vida eterna. Cap. 8. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)

            No livro "Memórias de um suicida" o vale dos suícidas, considerado um verdadeiro inferno, é descrito da seguinte forma por um suícida:  Não há céu, não há luz, não há sol, não há perfume, não há tréguas!

            O que há é o choro convulso e inconsolável dos condenados que nunca se harmonizam! O assombroso "ranger de dentes" da advertência prudente e sábia do sábio Mestre de Nazaré! A blasfêmia acintosa do réprobo a se acusar a cada novo rebate da mente flagelada pelas recordações penosas! A loucura inalterável de consciências contundidas pelo vergastar infame dos remorsos. O que há é a raiva envenenada daquele que já não pode chorar, porque ficou exausto sob o excesso  das lágrimas! O que há é o desaponto, a surpresa aterradora daquele que se sente vivo a despeito  de se haver arrojado na morte! É a revolta, a praga, o insulto, o ulular de corações que o percutir monstruoso da expiação transformou em feras! O que há é a consciência conflagrada, a alma ofendida pela imprudência das ações cometidas, a mente revolucionada, as faculdades espirituais envolvidas nas trevas oriundas de si mesma!

            O que há é o "ranger de dentes nas trevas exteriores" de um presídio criado pelo crime, votado ao martírio e consagrado à emenda! É o inferno, na mais hedionda e dramática exposição,  porque, além do mais, existem cenas repulsivas de animalidade, práticas abjetas dos mais sórdidos  instintos, as quais eu me pejaria de revelar aos meus irmãos, os homens! (Memórias de um suicida. Cap. 1. Yvonne A. Pereira)

            (...)Eu via por aqui, por ali, estes traduzindo, de quando em quando, em cacoetes nervosos, as  ânsias do enforcamento, esforçando-­se, com gestos instintivos, altamente emocionantes, por  livrarem o pescoço, intumescido e violado, dos farrapos de cordas ou de panos que se refletiam nas  repercussões perispirituais, em vista das desarmoniosas vibrações mentais que permaneciam  torturando­os!

            Aqueles, indo e vindo como loucos, em correrias espantosas, bradando por socorro em  gritos estentóricos, julgando-­se, de momento a momento, envolvidos em chamas, apavorando­-se  com o fogo que lhes devorava o corpo físico e que, desde então, ardia sem tréguas nas sensibilidades semimateriais do perispírito! Estes últimos, porém, eu notava serem, geralmente, mulheres.

            Eis que apareciam outros ainda: o peito ou o ouvido, ou a garganta banhados em sangue,  oh! Sangue inalterável, permanente, que nada conseguia verdadeiramente fazer desaparecer das  sutilezas do físico-­espiritual senão a reencarnação expiatória e reparadora! Tais infelizes, além das  múltiplas modalidades de penúrias por que se viam atacados, deixavam-­se estar preocupados  sempre, a tentarem estancar aquele sangue jorrante, ora com as mãos, ora com as vestes ou outra  qualquer coisa que supunham ao alcance, sem no entanto jamais o conseguirem, pois tratava­-se de  um deplorável estado mental, que os incomodava e impressionava até ao desespero! A presença  destes desgraçados impressionava até à loucura, dada a inconcebível dramaticidade dos gestos  isócronos, inalteráveis, a que, mau grado próprio, se viam forçados!

            (...) A mente edifica e produz. O pensamento – já bastantes vezes declararam – é criador, e,  portanto, fabrica, corporifica, retém imagens por si mesmo engendradas, realiza, segura o que  passou e, com poderosas garras, conserva­-o presente até quando desejar!

            Cada um de nós, no Vale Sinistro, vibrando violentamente e retendo com as forças  mentais o momento atroz em que nos suicidamos, criávamos os cenários e respectivas cenas que  vivêramos em nossos derradeiros momentos de homens terrestres. Tais cenas, refletidas ao redor de cada um, levavam a confusão à localidade, espalhavam tragédia e inferno por toda a parte, seviciando de aflições superlativas os desgraçados prisioneiros. Assim era que se deparavam, aqui  e ali, forcas erguidas, baloiçando o corpo do próprio suicida, que evocava a hora em que se  precipitara na morte voluntária. (Memórias de um suicida. Cap. 2. Yvonne A. Pereira)

            No livro " O Céu e o inferno" de Allan Kardec, o Espírito de uma jovem suicida, que se suicidou com o seu amante, relata também que o local onde vivia era escuro, sentia frio e que ouvia vozes:

             "Vedes o vosso amante, com o qual vos suicidastes?

             - R. Nada vejo, nem mesmo os Espíritos que comigo erram neste mundo. Que noite! Que noite! E que véu espesso me circunda a fronte!

               Que sensação experimentastes ao despertar no outro mundo?

              - R. Singular! Tinha frio e escaldava. Tinha gelo nas veias e fogo na fronte! Coisa estranha, conjunto inaudito! Fogo e gelo pareciam consumir-me! E eu julgava que ia sucumbir uma segunda vez!

              (...) Acreditais na perenidade dessa situação?

             - R. Oh! sempre! sempre! Ouço às vezes risos infernais, vozes horrendas que bradam: sempre assim!" (O Céu e o inferno.  Primeira parte. Cap. 5. Duplo suicídio, por amor e por dever. Allan Kardec)

             Numa outra comunicação, Félicien, um outro espírito suicida,  também disse que escutava vozes e estava sendo obsediado: 

             "Agora, só tenho necessidade de preces; orai, principalmente, para que me veja livre desses hórridos companheiros que aqui estão junto de mim, obsidiando-me com gritos, sorrisos e infernais motejos. Eles chamam-me covarde, e com razão, porque é covardia renunciar à vida. " (O Céu e o inferno.  Primeira parte. Cap. 5. Félicien. Allan Kardec)

            A incredulidade, a simples dúvida sobre o futuro, as idéias materialistas, numa palavra, são os maiores incitantes ao suicídio; ocasionam a covardia moral.

            (...)A propagação das doutrinas materialistas é, pois, o veneno que inocula a idéia do suicídio na maioria dos que se suicidam, e os que se constituem apóstolos de semelhantes doutrinas assumem tremenda responsabilidade. Com o Espiritismo, tornada impossível a dúvida, muda o aspecto da vida. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 5. Item 14. Allan Kardec)

 

Observação (1) : O fogo devorador tem a finalidade de desintegrar a matéria mental densa. Os Espíritos tentavam fugir apavorados, e neste momento os sofredores, já modificados para o bem, receberam socorro. Veja a descrição: (...)O trabalho dos desintegradores etéricos, invisíveis para nós, tal a densidade ambiente, evita o aparecimento das tempestades magnéticas que surgem, sempre, quando os resíduos inferiores de matéria mental se amontoam excessivamente no plano.  (...) Suplicavam os menos atrevidos – Recolhei-nos, por caridade! Seremos perseguidos pelo fogo devorador!...(...)Dilatavam-se fogueiras enormes em direções diversas e raios fulgurantes eram metodicamente despejados do céu.(Obreiros da vida eterna. Cap.10. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)

 

Bibliografia:

- O Livro dos Espíritos. Questão 1012, 1013, 1015, 1016 e 1017. Allan Kardec.

- O Céu e o Inferno. Cap. 1- Item 11/Cap. 3 - Item 15/ Cap. 4 - Item 1, 2, 4 e 6/ Cap. 5 / Cap. 7. Allan Kardec.

- O que é o Espiritismo.  Cap. 3. Questão 150, 153 e 160. Allan Kardec.

- O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 5. Item 14. Allan Kardec.

- Revista Espírita. Fevereiro de 1861. Comentário sobre o ditado publicado sob o título de “O despertar do espírito”. Allan Kardec.

- Revista Espírita. Março de 1865. Allan Kardec.

- Nosso Lar. Cap. 4, 12, 36 e 44. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier.

- Libertação. Cap. 4, 5 e 7.  Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier.

- Obreiros da vida eterna. Cap. 8 e 10. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier.

- Memórias de um suicida. Cap. 1 e 2. Yvonne A. Pereira.

- Devassando o invisível. Yvonne Pereira.

- Parábolas e Ensinos de Jesus. Parábola do rico e Lázaro. Cairbar Schutel.

- Evolução para o terceiro Milênio. Cap. 4. Item16. Ação da Lei nos desvios de rumo. Carlos Toledo Rizzini.

 

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