Utilize o conteúdo da aula, designado por "Subsídio para o Evangelizador", para desenvolver palestras espíritas para jovens e adultos.

Aula 61 - A Páscoa na visão Espírita

Ciclo 1 - História:  Lição da Floresta -  Atividade: PH – Jesus – 31 – A última ceia.

Ciclo 2 - História:  A história da Páscoa -  Atividade: PH – Jesus – 32 – A última ceia.

Ciclo 3 - História: Oportunidades desprezadas  -   Atividade: PH – Moisés – 7 – Páscoa.

Mocidade - História:  A última ceia - Atividade: 2 - Dinâmica de grupo:  Última ceia.

 

Dinâmicas: Páscoa.A Páscoa na visão espíritaPáscoa, Crucificação e Ressurreição.

 

Leitura da Bíblia: Êxodo - Capítulo 12 (Vide: Deuteronômio 16:1-4).


12.1   Disse o SENHOR a Moisés e a Arão na terra do Egito:


12.2   Este mês vos será o principal dos meses; será o primeiro mês do ano.


12.3   Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez deste mês, cada um tomará para si um cordeiro, segundo a casa dos pais, um cordeiro para cada família.


12.4   Mas, se a família for pequena para um cordeiro, então, convidará ele o seu vizinho mais próximo, conforme o número das almas; conforme o que cada um puder comer, por aí calculareis quantos bastem para o cordeiro.


12.5   O cordeiro será sem defeito, macho de um ano; podereis tomar um cordeiro ou um cabrito;


12.6   e o guardareis até ao décimo quarto dia deste mês, e todo o ajuntamento da congregação de Israel o imolará no crepúsculo da tarde.


12.7   Tomarão do sangue e o porão em ambas as ombreiras e na verga da porta, nas casas em que o comerem;


12.8   naquela noite, comerão a carne assada no fogo; com pães asmos e ervas amargas a comerão.


12.9   Não comereis do animal nada cru, nem cozido em água, porém assado ao fogo: a cabeça, as pernas e a fressura.


12.10   Nada deixareis dele até pela manhã; o que, porém, ficar até pela manhã, queimá-lo-eis.


12.11   Desta maneira o comereis: lombos cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão; comê-lo-eis à pressa; é a Páscoa do SENHOR.


12.12   Porque, naquela noite, passarei pela terra do Egito e ferirei na terra do Egito todos os primogênitos, desde os homens até aos animais; executarei juízo sobre todos os deuses do Egito. Eu sou o SENHOR.


12.13   O sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; quando eu vir o sangue, passarei por vós, e não haverá entre vós praga destruidora, quando eu ferir a terra do Egito.


12.14   Este dia vos será por memorial, e o celebrareis como solenidade ao SENHOR; nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo.


12.15   Sete dias comereis pães asmos. Logo ao primeiro dia, tirareis o fermento das vossas casas, pois qualquer que comer coisa levedada, desde o primeiro dia até ao sétimo dia, essa pessoa será eliminada de Israel.


12.29   Aconteceu que, à meia-noite, feriu o SENHOR todos os primogênitos na terra do Egito, desde o primogênito de Faraó, que se assentava no seu trono, até ao primogênito do cativo que estava na enxovia, e todos os primogênitos dos animais.


12.30   Levantou-se Faraó de noite, ele, todos os seus oficiais e todos os egípcios; e fez-se grande clamor no Egito, pois não havia casa em que não houvesse morto.


12.31   Então, naquela mesma noite, Faraó chamou a Moisés e a Arão e lhes disse: Levantai-vos, saí do meio do meu povo, tanto vós como os filhos de Israel; ide, servi ao SENHOR, como tendes dito.


 

 

Lucas - Capítulo 22


22.7   Chegou o dia da Festa dos Pães Ázimos, em que importava comemorar a Páscoa.


22.8   Jesus, pois, enviou Pedro e João, dizendo: Ide preparar-nos a Páscoa para que a comamos.


22.9   Eles lhe perguntaram: Onde queres que a preparemos?


22.10   Então, lhes explicou Jesus: Ao entrardes na cidade, encontrareis um homem com um cântaro de água; segui-o até à casa em que ele entrar


22.11   e dizei ao dono da casa: O Mestre manda perguntar-te: Onde é o aposento no qual hei de comer a Páscoa com os meus discípulos?


22.12   Ele vos mostrará um espaçoso cenáculo mobilado; ali fazei os preparativos.


22.13   E, indo, tudo encontraram como Jesus lhes dissera e prepararam a Páscoa.


22.14   Chegada a hora, pôs-se Jesus à mesa, e com ele os apóstolos.


22.15   E disse-lhes: Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa, antes do meu sofrimento.


22.16   Pois vos digo que nunca mais a comerei, até que ela se cumpra no reino de Deus.


22.17   E, tomando um cálice, havendo dado graças, disse: Recebei e reparti entre vós;


22.18   pois vos digo que, de agora em diante, não mais beberei do fruto da videira, até que venha o reino de Deus.


22.19   E, tomando um pão, tendo dado graças, o partiu e lhes deu, dizendo: Isto é o meu corpo oferecido por vós; fazei isto em memória de mim.


22.20   Semelhantemente, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este é o cálice da nova aliança no meu sangue derramado em favor de vós.


22.21   Todavia, a mão do traidor está comigo à mesa.


22.22   Porque o Filho do Homem, na verdade, vai segundo o que está determinado, mas ai daquele por intermédio de quem ele está sendo traído!


22.23   Então, começaram a indagar entre si quem seria, dentre eles, o que estava para fazer isto.


 

Tópicos a serem abordados:

- A Páscoa é uma cerimônia anual que remonta à  mais alta antiguidade.  Trata-se de uma festa religiosa tradicionalmente celebrada por judeus e por cristãos (católicos, protestantes e ortodoxos). Entre os cristãos é comemorada a ressurreição da carne de Jesus Cristo, após sua morte na cruz. No entanto, o Espiritismo esclarece que o Divino Mestre apareceu a Maria Madalena e aos discípulos com o seu corpo espiritual e não com seu corpo físico. No Judaísmo, comemora-se  a libertação do povo hebreu do Egito, onde eram escravos.

- De acordo com a Bíblia, Javé ( Deus dos hebreus) enviou as dez pragas do Egito sobre o povo egípcio. Antes da décima praga, o profeta Moisés foi instruído a pedir para que cada família hebréia sacrificasse um cordeiro e molhasse as portas com o sangue do cordeiro, para que não fossem acometidos pela morte de seus primogênitos. E chegada a noite, os hebreus deveriam comer a carne do cordeiro, acompanhada de pão sem fermento (pão ázimo) e ervas amargas. Então, à meia-noite, Javé feriu de morte todos os primogênitos egípcios, desde os homens até os animais. Então o Faraó, temendo a ira divina, aceitou liberar o povo de Israel.

- O  termo Páscoa, que deriva da palavra hebraica "pesah", está relacionado à saída do Egito (Êxodo), pois significa  ''passagem'' ou ''travessia''.  

- Quanto aos ovos de Páscoa, há várias versões sobre a sua origem. Dizem que séculos antes de Cristo,  algumas festividades pagãs,   relacionados à chegada da primavera e à fertilidade passaram à posteridade e foram incorporados à simbologia da Páscoa. O Coelho seria o símbolo da fertilidade, devido à sua incrível capacidade de procriação. E o ovo passaria a representar a renovação da vida, para os cristãos.  Outros dizem que colorir e decorar ovos de animais era um costume também bastante antigo, praticado no Egito antigo e na Europa. E, posteriormente, o hábito de trocar ovos de chocolate teria surgido na França e difundido para outros países.

- A  Páscoa cristã teria recebido o nome da comemoração judaica porque a morte de Cristo e sua ressurreição aconteceu durante a Páscoa judaica, que dura cerca de uma semana.

- A última ceia teria ocorrido no início Páscoa. Entretanto, quando Jesus indicou o local onde seria celebrada a Páscoa com os seus discípulos, não seria para comemorar a tradicional ceia pascal judaica. O pão e o vinho, distribuídos pelo Mestre, nada mais são que símbolos.   Jesus disse: ''tomai e comei, este é o meu corpo, que vai ser dado por vós''; e com o cálice cheio de vinho, ofereceu-lhes, dizendo: ''bebei, este é o sangue do Novo Testamento que vai ser derramado em vosso benefício.” Por esta passagem se vê claramente que Jesus não tratava do pão material nem do vinho de uva, mas da sua Doutrina, que é o alimento do Espírito, e precisa ser repartido com todos, para que todos os Espíritos não sintam fome de conhecimentos religiosos. O pão e o vinho representam a idéia da letra (Evangelho) e do espírito; assim como a carne e o sangue especificam a mesma idéia. Queria Jesus mais uma vez lembrar a seus discípulos que o seu corpo — que é a sua Doutrina — não pode ser assimilada unicamente à letra, mas precisa ser estudada e compreendida em espírito e verdade.  As palavras do Cristo devem ser estudadas e colocadas em prática, pois é através do trabalho no bem que o Espírito desenvolve a moral e a inteligência.

-  A Doutrina Espírita não comemora a Páscoa como as demais religiões, pois não segue rituais ou tradições. Entretanto, o Espiritismo respeita a Páscoa comemorada pelos judeus e cristãos, e compartilha o valor do simbolismo  representado, ainda que apresente outras interpretações.  A libertação do povo hebreu e o recebimento, pelo profeta Moisés, dos Dez Mandamentos, que são leis divinas, merecem ser lembrados. A ressurreição do Cristo representa  a vitória sobre a morte do corpo físico, e anuncia, sem sombra de dúvidas, a imortalidade da alma.

- Os Espíritas devem comemorar a Páscoa todos os dias, em memória do Mestre, mas pela prece do coração, apoiada em atos de uma vida íntegra, pura, humilde, ativa em benefício de todos os membros da grande família humana. Comemoremos, para estreitar os laços do amor e da amizade entre aqueles que nos são próximos.  Se fizermos assim, em espírito e verdade, a nossa comemoração, demonstraremos haver bem compreendido o Evangelho.

 

Perguntas para fixação:

1. Qual o significado da palavra Páscoa em hebraico?

2. O que é a Páscoa para os judeus?

3. O que é a Páscoa para os cristãos?

4. Por que a Páscoa está associada a imagem do coelho e do ovo de chocolate?

5. Jesus celebrou a Páscoa tradicional judaica na última ceia?

6. O que representa o pão e o vinho distribuídos por Jesus na última ceia?

7. Como os Espíritas devem comemorar a Páscoa?

8. Por que os Espíritas não comemoram a Páscoa como as demais religiões?

 

Subsídio para o Evangelizador:

            A Páscoa é uma cerimônia anual de agradecimentos a Deus, e remonta à mais alta antigüidade. Foi instituída por Moisés em memória da saída do povo hebreu do Egito, onde eram escravos. O Cristianismo recebeu esta herança do Judaísmo, porém, não mais comemora por meio dela a partida das terras do Egito; mas sim, atualmente, relembra, pela Páscoa, a ressurreição de Jesus. ( O Evangelho dos Humildes. A última Páscoa. A santa ceia. Eliseu Rigonatti).

            Segundo o teólogo Fernando Altmeyer Júnior, a Páscoa cristã recebeu o nome da comemoração judaica porque a Paixão de Cristo aconteceu no início do Pessach – a festa judaica dura sete dias em Israel e oito em outros lugares. (https://super.abril.com.br/historia/qual-a-relacao-entre-a-pascoa-judaica-e-a-crista).

            De todas as festas distribuídas através do ano judaico, a mais santa e celebrada com maior fervor era a páscoa. Com toda a certeza tratava-se de uma festa muito antiga, que sucedeu aquelas em que os ancestrais dos judeus ofereciam a Deus as primícias de seu gado e o pão sem fermento feito com as primeiras espigas da colheita (1). Mas a partir de Moisés ela tomara outro significado era a festa da libertação, da salvação milagrosa, a festa da fuga do cativeiro no Egito. Dizia o povo que o seu nome, Pesah ou Pesahim, significava '' passagem'' ou ''travessia''; pode ser que a palavra fosse derivada do egípcio e estivesse ligada com a idéia de lembrança.

            Nos dias de Cristo, a Páscoa era celebrada no dia quatorze de Nisan, que correspondia à lua cheia do equinócio de inverno: a data era fixa, portanto, diferindo da páscoa cristã, pois os meses judaicos eram lunares. As cerimônias duravam cerca de uma semana, mas as mais importantes tinham lugar no primeiro e segundo dias. Os ritos, em sua essência eram os mesmos encontrados no capítulo doze de Êxodo, descrevendo como Moisés ensinou o povo o que fazer quando o anjo da morte passasse e a fim de que pudessem escapar da terra da perseguição. O cordeiro pascal continuava então sendo sacrificado e o seu sangue espalhado com um ramo de hissopo nas ombreiras e batentes da porta, e o povo ainda comia pão sem fermento e a carne do cordeiro. Não se sabe porém com certeza se todos observavam ainda estritamente a regra de que a refeição sagrada deveria ser comida de pé, cada um cingido, com sandália nos pés e bordão na mão.

            A cerimônia porém foi descrita com grande exatidão. Na véspera do décimo-quarto dia de Nisan tudo tinha tinha lugar no Templo. Cada homem já escolhera e comprar o cordeiro sem mácula de um ano exigido pela lei, ele era entregue aos sacrificadores que ficavam na entrada do pátio dos sacerdotes, e um toque de trombeta dava o sinal para cada sacrifício. O sacerdote recolhia o sangue o despejava diante do altar, de onde corria para os esgotos na direção de Quidrom . Esta grande matança era chamada de ''preparação para a Páscoa''. As entranhas e a gordura eram lançadas no fogo e assim, através de todo a semana da Páscoa, um cheiro terrível de carne queimada pairava sobre a cidade. Depois disso, o cordeiro sacrificado era levado por seus doadores a fim de ser comido na refeição ritual , que  tinha lugar no cômodo superior da casa (cenáculo).

            O tratado Pesahim nos dá os detalhes mais exatos desta refeição. Os ossos do cordeiro não podiam ser quebrados e a carne precisava ser assada e não cozida. Depois de pronto, primeiramente molhavam o pão sem fermento num molho vermelho chamado hasereth e bebiam um primeiro copo de vinho com uma bênção, depois reatavam o Salmo 114, que conta como o Povo escolhido deixou o Egito. A seguir bebiam algumas gotas de água salgada, em memória das lágrimas derramadas por seus ancestrais e então começavam a comer o cordeiro, acompanhado de '' ervas amargas'', rábano silvestre, louro, manjerona, timo e manjericão. Mais dois copos de vinho eram bebidos, passando de mão em mão, e o terceiro, tomado com particular solenidade, era chamado de '' cálice de bênção''. Neste ponto todos cantavam juntos o Hallel, cântico de gratidão, composto dos quatro salmos 113-118: '' Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá glória, por amor da tua misericórdia e da tua fidelidade''. Ao cantarem o verso '' Bendito o que vem em nome do Senhor'', o quarto copo de vinho, e ritualmente o último, era passado (A vida diária nos tempos de Jesus. Henri Daniel Rops).  

            Durante a festa judaica, o ovo - um dos únicos alimentos que não perde a forma depois de cozido - é utilizado como símbolo do povo de Israel. Em determinado momento, o chefe de família se levanta e diz: "O povo de Israel é como esse ovo, que, quanto mais cozido na dor e no sofrimento, mais preserva sua unidade e sua identidade". (Evidentemente, naquela época o ovo ainda não era de chocolate.) A comemoração foi adaptada pelo cristianismo para relembrar a ressurreição de Cristo, que também representa a renovação da vida. "Já o coelho (1) foi uma forma de popularizar a festa", diz Maria Ângela de Almeida, teóloga da PUC-SP. (https://mundoestranho.abril.com.br/materia/por-que-o-ovo-e-coelho-sao-simbolos-da-pascoa).

            Entretanto, há várias versões sobre a origem do ovo de Páscoa, outros escritores afirmam que ''algumas festividades politeístas relacionados à chegada da primavera e à fertilidade passaram à posteridade e foram incorporados à simbologia da Páscoa. ''(Artigo: Os simbolismos da páscoa e o Espiritismo''. Marta Antunes Moura . Fonte: https://www.febnet.org.br/blog/geral/colunistas/os-simbolismos-da-pascoa-e-o-espiritismo/).

            Colorir e decorar ovos é um costume também bastante antigo, praticado no Oriente. (...)Das tradições da Europa Oriental, o hábito passou aos demais países. Os ovos de chocolate vieram dos Pâtissiers franceses que recheavam ovos de galinha, depois de esvaziados de clara e gema, com chocolate e os pintavam por fora. (...) Com melhores tecnologias, a partir do final do século XIX, se difundiram os ovos totalmente feitos de chocolate, utilizados até hoje. (https://pt.wikipedia.org/wiki/Ovo_de_P%C3%A1scoa).

            Na época de Jesus, por ocasião da Páscoa, 180 mil peregrinos se concentravam numa cidade que possuía talvez 25 mil habitantes, mais provavelmente 45 a 50 mil.  Não podendo todos esses peregrinos se alojar na Cidade Santa (Jerusalém), os limites da cidade eram ampliados para esta circunstância, abrangendo as aldeias da periferia. (A Palestina no tempo de Jesus. As festas. Christiane Saulnier e Bernard Rolland).

            Por ocasião dessas festas é que Jesus também costumava ir lá.  (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Introdução. Allan Kardec).

            No entanto, a Ceia do Senhor, antes do seu suplício, não foi uma comemoração tradicional da Páscoa judaica,  Cairbar Schutel nos esclarece o seguinte : (...) '' o fim de Jesus, celebrando a Ceia, não foi comer o pão, por isso diz o Evangelista: “Tomando o pão partiu-o; deu-o aos discípulos e disse-lhes: tomai e comei, este é o meu corpo, que vai ser dado por vós; e com o cálice cheio de vinho, ofereceu-lhes, dizendo: bebei, este é o sangue do Novo Testamento que vai ser derramado em vosso benefício.” Por esta passagem se vê claramente que Jesus não tratava do pão material nem do vinho de uva, mas da sua Doutrina, que é o alimento do Espírito, e precisa ser repartido com todos, para que todos os Espíritos não sintam fome de conhecimentos religiosos; para que todos sejam saciados com esse Pão que nos dá um corpo novo, incorruptível, imortal.

            As duas espécies: pão e vinho, não são mais que alegorias, que dão idéia da letra e do espírito; assim como a carne e o sangue especificam a mesma idéia: letra e espírito. Queria Jesus mais uma vez lembrar a seus discípulos que o seu corpo — que é a sua Doutrina — não pode ser assimilada unicamente à letra, mas precisa ser estudada e compreendida em espírito e verdade; por isso o Mestre acrescentou, quando os judeus se escandalizaram por haver ele dito que seus discípulos necessitavam comer a sua carne e beber o seu sangue: “A carne para nada presta, o espírito é que vivifica; as palavras que eu vos digo são espírito e vida.” Não é, pois, com o pão, nem com a hóstia, que devemos comungar, mas, sim, com a Palavra do Cristo, com a sua Doutrina. (Parábolas e ensinos de Jesus. A ceia Pascoal . Cairbar Schutel).

            A verdadeira eucaristia evangélica não é a do pão e do vinho materiais, como pretende a igreja de Roma, mas, a identificação legítima e total do discípulo com Jesus, de cujo ensino de amor e sabedoria deve haurir a essência profunda, para iluminação dos seus sentimentos e do seu raciocínio, através de todos os caminhos da vida. ( O Consolador. Questão 318. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier).

            O homem quintessencia o espírito pelo trabalho e tu sabes que só mediante o trabalho do corpo o Espírito adquire conhecimentos. (O Livro dos Espíritos. Prolegômenos. Allan Kardec).

            A Doutrina Espírita não comemora a Páscoa, ainda que acate os preceitos do Evangelho de Jesus, o guia e modelo que Deus nos concedeu: “(…) Jesus representa o tipo da perfeição moral que a Humanidade pode aspirar na Terra.” Contudo, é importante destacar: o Espiritismo respeita a Páscoa comemorada pelos judeus e cristãos, e compartilha o valor do simbolismo  representado, ainda que apresente outras interpretações.  A liberdade conquistada pelo povo judeu, ou a de qualquer outro povo no Planeta, merece ser lembrada e celebrada. Os Dez Mandamentos, o clímax da missão de Moisés, é um código ”(…) de todos os tempos e de todos os países, e tem, por isso mesmo, caráter divino.”A ressurreição do Cristo representa  a vitória sobre a morte do corpo físico, e anuncia, sem sombra de dúvidas, a imortalidade e a sobrevivência do Espírito em outra dimensão da vida. (Artigo: Os simbolismos da páscoa e o Espiritismo. Marta Antunes Moura Fonte: https://www.febnet.org.br/blog/geral/colunistas/os-simbolismos-da-pascoa-e-o-espiritismo/).

            O Espiritismo não tem dogmas, sacramentos, rituais ou liturgias, portanto, o  Espírito André Luiz nos adverte : ''Dispensar sempre as fórmulas sociais criadas ou mantidas por convencionalismos ou tradições que estanquem o progresso''. (Conduta Espírita. Cap. 37. Espírito André Luiz. Psicografado por Waldo Vieira).  

            A Páscoa é um símbolo; nada mais que um símbolo. É o selo aposto pelo Mestre aos ensinamentos que mi­nistrava pela palavra. É a confirmação da lei de amor e da união que deve reinar entre os homens. É o derra­deiro e solene apelo por Ele feito à prática dessa lei e dessa união, portanto, à fraternidade universal. É a comunhão a que convidou e convida os homens, servin­do-se dos emblemas do pão e do vinho, aos quais com­parou o seu corpo e o seu sangue.

            Assentados todos à mesa do festim, todos temos que nos servir igualmente do mesmo alimento e que beber pelo mesmo cálice. O pão tem que ser o mesmo para todos, pois que o sacrifício do Salvador se verificou para servir de exemplo a todos; o vinho a todos os sequiosos tem que dessedentar, visto que seu “sangue” o Salvador o derramou por todos.

            Devemos fazer com os nossos irmãos transviados o que Jesus fez com o duodécimo discípulo, a ovelha desgarrada, que mais tarde o bom-pastor carregaria aos ombros e reconduziria ao aprisco. Embora soubesse que ele o havia de trair, que era um discípulo prevaricador, o Mestre permite que Judas se sente à mesa com os onze discípulos fiéis, que partilhe com estes do mesmo alimento e beba pelo mesmo cálice, para que escute, receba aquele último apelo. E, ao aproximar-se o mo­mento de deixar a Terra, não teve para o infiel, como para os que o insultavam e flagelavam, senão uma pala­vra de perdão: Perdoa-lhes, meu Pai; eles não sabem o que fazem.

            (...) Devemos, sem dúvida, comemorar a Ceia Pascal, em memória do Mestre, mas pela prece do coração, apoiada em atos de uma vida íntegra, pura, humilde, ativa e consagrada ao bem de todos os membros da grande família humana.

            (...) Comemoremos a Ceia Pascal, vendo, naquele que a ela presidiu, o Manso Cordeiro a ser imolado para sal­vação da Humanidade inteira.

            Comemoremo-la, com o mesmo sentimento com que celebramos as nossas festas intimas; para expandir as satisfações da nossa alma, para estreitar os laços do amor, da amizade que nos ligam aos que nos são caros. Reunamo-nos com os nossos irmãos em torno de uma mesa, simbolizando essa reunião a unidade em que deve­mos estar com Jesus, idêntica à em que Ele se acha com o Pai que está nos céus, o seu Deus e nosso Deus (João 17:21 e seguintes); simbolizando a fraterni­dade que nos deve prender uns aos outros, como filhos que somos do mesmo Pai.

            Façamo-lo em perfeita comunhão de crença e com o propósito de pautarmos os nossos pensamentos, pala­vras e obras pela doutrina ensinada e exemplificada pelo Mestre divino, doutrina que Ele simbolizou no pão que distribuiu a seus apóstolos; com o de tonificarmos os nossos corações com o licor que Ele os fez beber, semelhante ao sangue que verteu no Calvário, símbolo do seu amor sem limites, o qual, seiva vivificante da­quela doutrina, não se deteve ante o supremo sacrifício de imolar-se para nos mostrar o caminho da redenção.

            Se fizermos assim, em espírito e verdade, a nossa comemoração, demonstraremos haver bem compreendido as sagradas letras. (Elucidações Evangélicas. Cap. 170. Antônio Luiz Sayão).

 

Observação (1): Essas festas parecem ser, no início, celebrações ligadas ao ritmo da natureza: na primavera, os nômades oferecem à divindade os primogênitos do seu rebanho (páscoa) e os camponeses sedentários, as primícias da colheita da cevada (festa dos ázimos). (A Palestina no tempo de Jesus. As festas. Christiane Saulnier e Bernard Rolland).

             

Observação (2): Desde o antigo Egito, o animal era símbolo da fertilidade devido à sua incrível capacidade de procriação. (https://mundoestranho.abril.com.br/materia/por-que-o-ovo-e-coelho-sao-simbolos-da-pascoa).

 

Bibliografia:

- O Evangelho dos Humildes. A última Páscoa. A santa ceia. Eliseu Rigonatti.

- A vida diária nos tempos de Jesus. Henri Daniel Rops.

- A Palestina no tempo de Jesus. As festas. Christiane Saulnier e Bernard Rolland.

- Parábolas e ensinos de Jesus. A ceia Pascoal . Cairbar Schutel.

- O Livro dos Espíritos. Prolegômenos. Allan Kardec.

- Conduta Espírita. Cap. 37. Espírito André Luiz. Psicografado por Waldo Vieira.

- O Consolador. Questão 318. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.

- Elucidações Evangélicas. Cap. 170. Antônio Luiz Sayão.

- Artigo: Os simbolismos da páscoa e o Espiritismo''. Marta Antunes Moura . Fonte: https://www.febnet.org.br/blog/geral/colunistas/os-simbolismos-da-pascoa-e-o-espiritismo/.

- Sites: https://super.abril.com.br/historia/qual-a-relacao-entre-a-pascoa-judaica-e-a-crista; https://mundoestranho.abril.com.br/materia/por-que-o-ovo-e-coelho-sao-simbolos-da-pascoa; https://pt.wikipedia.org/wiki/Ovo_de_P%C3%A1scoa. Data da consulta: 10/06/15.

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