Utilize o conteúdo da aula, designado por "Subsídio para o Evangelizador", para desenvolver palestras espíritas para jovens e adultos.

Aula 74 - Perda de entes queridos*

Ciclo 2 - História:  Como uma pipa que se solta... -  Atividade: LE - L4 - Cap. 1 - 2 - Perda de entes queridos.

Ciclo 3 - História:  Deus está cuidando  -  Atividade:  ESE - Cap. 5 - 10. Perda de pessoas amadas. Mortes prematuras ou/e 11 - Se fosse um homem de bem teria morrido.

Mocidade - História: Um telefone diferente...Atividade: 5 - Confecção de cartazes: O Evangelizador deverá fazer a leitura dos seguintes textos: Diante da morte, Saudade e Ante o além,  e depois pedir para cada adolescente escrever na cartolina frases de consolo e esperança para alguém que perdeu um ente querido.
 

Dinâmica: Perda de entes queridosDiante de alguém que perdeu um ente queridoSentimentos durante o luto.

Mensagens Espíritas: Desencarnação de entes queridos.

Sugestão de video: Lei de Amor (música espírita) - CD Canto do Canto Comeerj Pólo X (Dica: Pesquise no Youtube)

Sugestão de livro infantil:  Meu Avô desencarnou. Daniella e Fernanda Priolli Fonseca e Carvalho. Editora FEB.

 

Tópicos a serem abordados:

- Como nascer, a morte é um fenômeno natural. Nascer, morrer, renascer, ainda, e progredir sempre, tal é a lei (1). A existência terrena é passageira; a verdadeira vida do Espírito é no mundo espiritual. O corpo não passa de simples vestimenta grosseira que temporariamente cobre o Espírito durante a encarnação.  O Espiritismo nos prova a sobrevivência da alma após a morte e a existência do mundo invisível que nos cerca. Além disso, nos mostra a possibilidade de reencarnar, ou seja, viver num outro corpo, para um novo aprendizado.

- A perda de seres amados é causa de sofrimento para muitos, porque é uma prova ou expiação. No entanto, a possibilidade de nos comunicarmos com os Espíritos (através da mediunidade) é uma doce consolação, pois que nos proporciona meio de conversarmos com os nossos parentes e amigos, que deixaram antes de nós a Terra.  Por seu intermédio, é possível saber detalhes da sua nova existência e adquirir a certeza de que a separação é temporária e um dia nós iremos juntar-se a eles.

- Além disso, durante o sono, também é possível nos encontrarmos com os entes queridos que desencarnaram, pois  o nosso Espírito se desprende parcialmente do corpo.

- Com exceção do suicídio, todos os casos de desencarnação são determinados previamente, pois existe uma programação no plano espiritual. Mortes prematuras de crianças e jovens, por acidentes ou doenças, há uma razão de ser, pois Deus é justo em todas as coisas. São, em geral, complementos de existências anteriores que foram interrompidas antes do momento em que deveria terminar.  No entanto, a morte prematura também pode ser uma  graça que Deus concede, poupando-os dos sofrimentos da vida terrena. Muitas vezes, o que vos parece um mal é um bem.

- Quando morre um homem bom, costumamos a dizer:'' Tanta gente ruim neste mundo e morre logo um que era bom. Por que Deus não levou um malfeitor?''  Deus pode dar ao homem de bem uma prova mais curta, devido ao seu mérito, e ao malfeitor concede prova mais longa, pois ainda tem muito o que fazer e aprender neste mundo. Portanto aquele que partiu concluiu a sua tarefa e o que fica talvez não tenha iniciado a sua. Não devemos censurar o que não podemos compreender, precisamos ter fé em Deus, pois Ele sabe o que é melhor.

- Não devemos ficar entristecidos demais com a morte, pois o Espírito é sensível à lembrança e aos lamentos daqueles que amou, portanto  a nossa tristeza pode lhes afetar e causar sofrimento. O que parte primeiro é o que primeiro se liberta e só nos cabe felicitá-lo, aguardando com paciência o momento do nosso reencontro.  Estando o Espírito mais feliz no Espaço que na Terra, seria egoísmo nosso querer ele fique mais tempo conosco.

- Devemos orar por aqueles que já desencarnaram. A oração  pelos entes queridos aumenta a felicidade daqueles que são felizes e traz alívio para aqueles que ainda sofrem. Além disso, pode incentivar os Espíritos sofredores ao arrependimento dos erros e a reparação, diminuindo-lhe o sofrimento.
 

Comentário (1): Esta frase mencionada, encontra-se inscrita no túmulo de  Allan Kardec, no Cemitério Père-Lachaise em Paris, França.

 

Perguntas para fixação:
1. O que é a morte?

2. Qual é a nossa verdadeira vida?

3. Por que costumamos dizer que a morte é apenas um passagem?

4. Qual é a Doutrina que nos traz esclarecimento sobre a morte e consolação?

5. Por qual meio podemos receber consolação, quando perdemos um ente querido?

6. Por que a morte prematura pode ser considerada um benefício que Deus concede?

7. Por que o homem de bem costuma ter uma vida mais curta que um malfeitor?

8. Por que não devemos ficar entristecidos demais quando um ente querido desencarna?

9. Porque é importante orar por aqueles que desencarnaram?
 

Subsídio para o Evangelizador:

               Se há uma prova cruel, é a perda dos seres amados; é quando, um após outro, vemo-los desaparecer, levados pela morte, e que a solicitude se faz, pouco a pouco, ao redor de nós, cheia de silêncio e de escuridão. Essas partidas sucessivas de todos aqueles que nos foram caros são outras tantas advertências solenes; arrancam-nos do nosso egoísmo; mostram-nos a puerilidade das nossas preocupações materiais, das nossas ambições terrestres e convidam-nos a nos preparar para essa grande viagem. (Depois da morte. Cap. 50. Léon Denis)

            A morte é apenas uma mudança de estado, a destruição de uma forma frágil que não mais fornece à vida as condições necessárias para seu funcionamento e sua evolução. Para além do túmulo, uma outra fase da existência se abre. O espírito, sob sua forma fluídica, imponderável, prepara-se para novas reencarnações e encontra em seu estado mental os frutos da última existência que findou. (O problema do ser, do destino e da dor. Cap. 10. Léon Denis)

            A vida espiritual é, com efeito, a verdadeira vida, é a vida normal do Espírito, sendo-lhe transitória e passageira a existência terrestre, espécie de morte, se comparada ao esplendor e à atividade da outra. O corpo não passa de simples vestimenta grosseira que temporariamente cobre o Espírito, verdadeiro grilhão que o prende à gleba terrena, do qual se sente ele feliz em libertar-se. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 23. Item 8. Allan Kardec).

           A perda dos entes que nos são caros não constitui para nós legítima causa de dor, tanto mais legítima quanto é irreparável e independente da nossa vontade?

            Essa causa de dor atinge assim o rico, como o pobre: representa uma prova, ou expiação, e comum é a lei. Tendes, porém, uma consolação em poderdes comunicar-vos com os vossos amigos pelos meios que vos estão ao alcance, enquanto não dispondes de outros mais diretos e mais acessíveis aos vossos sentidos. (O Livro dos Espíritos. Questão 934. Allan Kardec)

            A possibilidade de nos pormos em comunicação com os Espíritos é uma dulcíssima consolação, pois que nos proporciona meio de conversarmos com os nossos parentes e amigos, que deixaram antes de nós a Terra. Pela evocação, aproximamo-los de nós, eles vêm colocar-se ao nosso lado, nos ouvem e respondem. Cessa assim, por bem dizer, toda separação entre eles e nós. Auxiliam-nos com seus conselhos, testemunham-nos o afeto que nos guardam e a alegria que experimentam por nos lembrarmos deles. Para nós, grande satisfação é sabê-los ditosos, informar-nos, por seu intermédio, dos pormenores da nova existência a que passaram e adquirir a certeza de que um dia nos iremos a eles juntar. (O Livro dos Espíritos. Questão 935. Allan Kardec)

            Por que todas as mães que choram seus filhos, e que ficariam

felizes se com eles se comunicassem, muitas vezes não o podem? Por que a visão deles lhes é recusada, mesmo em sonho, não obstante seu desejo e suas preces ardentes?

            Além da falta de aptidão especial que, como se sabe, não é dada a todos, por vezes há outros motivos, cuja utilidade a sabedoria da Providência aprecia melhor que nós. Essas comunicações poderiam ter inconvenientes para as naturezas muito impressionáveis; certas pessoas poderiam delas abusar e a elas se entregar com um excesso prejudicial à saúde. A dor, em semelhante caso, sem dúvida é natural e legítima; mas algumas vezes é levada a um ponto desarrazoado. Nas pessoas de caráter fraco, muitas vezes essas comunicações tornam mais viva a dor, em vez de a acalmar, razão por que nem sempre lhes é permitido receber, mesmo por outros médiuns, até que se tenham tornado mais calmas e bastante senhoras de si para dominar a emoção. A falta de resignação, em semelhante caso, é quase sempre um motivo de retardamento.

            Depois, é preciso dizer que a impossibilidade de comunicar com os Espíritos que mais se ama, quando se o pode com outros, é muitas vezes uma prova para a fé e a perseverança e, em certos casos, uma punição. Aquele a quem esse favor é recusado deve, pois, dizer-se que sem dúvida mereceu; cabe-lhe procurar a causa em si mesmo, e não atribuí-la à indiferença ou ao esquecimento do ser lamentado.

            Finalmente, há temperamentos que, não obstante a força moral, poderiam sofrer o exercício da mediunidade com certos Espíritos, mesmo simpáticos, conforme as circunstâncias. Admiremos em tudo a solicitude da Providência, que vela sobre os mínimos detalhes, e saibamos submeter-nos à sua vontade sem murmurar, porque ela sabe melhor que nós o que nos é útil ou prejudicial. Ela é para nós como um bom pai, que nem sempre dá a seu filho o que ele deseja.

            Dão-se as mesmas razões no que concerne aos sonhos. Os sonhos são as lembranças do que a alma viu no estado de desprendimento, durante o sono. Ora, essa lembrança pode ser interdita. Mas aquilo de que não nos lembramos não está, por isto, perdido para a alma; as sensações experimentadas durante as excursões que ela faz no mundo invisível, deixam ao despertar impressões vagas; e não referimos pensamentos e idéias cuja origem muitas vezes não suspeitamos. Podemos, pois, ter visto durante o sono os seres aos quais nos afeiçoamos, com os quais nos entretemos e não lhes guardar a lembrança. Então dizemos que não sonhamos. (Revista Espírita. Agosto de 1866. Comunicação com os seres que nos são caros. Allan Kardec)

            Não tendo podido praticar o mal, o Espírito de uma criança que morreu em tenra idade pertence a alguma das categorias superiores?

            Se não fez o mal, igualmente não fez o bem e Deus não o isenta das provas que tenha de padecer. Se for um Espírito puro, não o é pelo fato de ter animado apenas uma criança, mas porque já progredira até a pureza. (O Livro dos Espíritos. Questão 198. Allan Kardec)

            Por que tão freqüentemente a vida se interrompe na infância?

            A curta duração da vida da criança pode representar, para o Espírito que a animava, o complemento de existência precedentemente interrompida antes do momento em que devera terminar, e sua morte, também não raro, constitui provação ou expiação para os pais. (O Livro dos Espíritos. Questão 199. Allan Kardec)

            Que sucede ao Espírito de uma criança que morre pequenina?

            Recomeça outra existência.

            Pergunta-se às vezes o que se deve pensar das mortes prematuras, das mortes acidentais, das catástrofes que destroem, de uma só vez, numerosas existências humanas. Como conciliar esses fatos com a idéia de plano, de previdência, de harmonia universal? E para os que deixam voluntariamente a vida por um ato de desespero, o que acontece? Qual é o destino dos suicidas? As existências interrompidas prematuramente em acidentes chegaram ao seu fim previsto. São, em geral, complementos de existências anteriores que foram truncadas por causa de abusos ou de excessos. Quando, em conseqüência de hábitos desregrados, gastaram-se os recursos vitais antes da hora marcada pela natureza, deve-se voltar e completar, em uma existência mais curta, o lapso de tempo que a existência anterior devia ter normalmente preenchido. Acontece que os seres humanos passíveis dessa reparação reúnem-se num ponto pela força do destino, para resgatar numa morte trágica as conseqüências dos atos que estão relacionados com o passado anterior ao nascimento. Daí as mortes coletivas, as catástrofes que lançam no mundo um aviso. Aqueles que partem assim acabaram o tempo que tinham de viver e vão se preparar para existências melhores.

            Quanto aos suicidas, a perturbação em que se encontram mergulhados após a morte é profunda, terrível, dolorosa. A angústia os oprime e os segue até sua reencarnação seguinte. Seu gesto criminoso causa ao corpo fluídico, o perispírito, um abalo violento e prolongado, que será transmitido ao organismo carnal no renascimento. A maior parte deles volta enferma à Terra. Estando a vida no suicida em toda a sua força, o ato brutal que a despedaça produzirá longas repercussões em seu estado vibratório e determinará doenças ou desequilíbrios nervosos em suas futuras vidas terrestres. (O problema do ser, do destino e da dor. Cap. 10. Léon Denis)

            É fatal o instante da morte?

            Com exceção do suicídio, todos os casos de desencarnação são determinados previamente pelas forças espirituais que orientam a atividade do homem sobre a Terra. (O Consolador. Questão 146. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)

            No ''livro Entre o céu e a Terra'', encontra-se o relato de um caso de morte prematura de uma criança. Júlio, em tenra idade, morre afogado no mar, e depois numa outra encarnação, desencarna com grande comprometimento na garganta. Isto ocorreu pois em encarnações passadas, Júlio, suicidou-se: primeiro ingeriu veneno e não conseguindo concretizar o suicídio, jogou-se no mar, conforme esclarece o instrutor espiritual:

     ''—O problema é doloroso, mas é simples. Tra­ta-se tão somente de ligeira prova necessária. Júlio sofrerá o aflitivo desejo de permanecer na Terra, com o empréstimo do corpo físico a prazo longo, entretanto, suicida que foi, com duas tentativas de auto-aniquilamento, por duas vezes deverá experi­mentar a frustração para valorizar com mais se­gurança a bênção da vida terrestre.

            Depois de estagiar por muitos anos nas regiões inferiores de nosso plano, confiando-se inutilmente à revol­ta e à inércia, já passou pelo afogamento e agora enfrentará a intoxicação.'' (Entre o céu e a terra. Cap. 28. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)

             O instrutor espiritual esclarece também:

            — Júlio reajustou-se para a continuação regu­lar da luta evolutiva que lhe compete. O renasci­mento malogrado não teve para ele tão somente a significação expiatória, necessária ao Espírito que deserta do aprendizado, mas também o efeito de um remédio curativo. A permanência no campo físico funcionou como recurso de eliminação da fe­rida que trazia nos delicados tecidos da alma. A carne, em muitos casos, é assim como um filtro que retém as impurezas do corpo perispiritual, li­berando-o de certos males nela adquiridos.

         (...) — Volvendo ao caso de Júlio, não podemos olvidar que milhares de Inteligências, entre o berço e o túmulo, estão procurando a própria recu­peração. A medida que se nos aclara a consciência e se nos engrandece a noção de responsabilidade, reconhecemos que a nossa dignificação espiritual é serviço intransferível. Devemos a nós mesmos quanto nos sucede em matéria de bem ou de mal.

            (...) — Depois de haver eliminado o próprio corpo, satisfazendo a simples capricho pessoal, sofreu por muitos anos as tristes consequências do ato deli­berado, amargando nos círculos vizinhos da Terra as torturas do envenenamento a se lhe repetirem no campo mental. A morte prematura, quando tra­duz indisciplina diante das leis infinitamente com­passivas que nos governam, constrange o Espírito que a provoca a dilatada purgação na paisagem espiritual. Não podemos trair o tempo, e a exis­tência planificada subordina-se a determinada quo­ta de tempo, que nos compete esgotar em trabalho justo. Quando esses recursos não são suficiente­mente aproveitados, arcamos com tremendos dese­quilíbrios na organização que nos é própria. (Entre o céu e a terra. Cap. 33. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier).

            No livro '' O céu e o Inferno'' relata mais um caso de morte prematura: 

            ''Victor Lebufle  - Moço, prático do porto do Havre, falecido aos vinte anos de idade. Morava com sua mãe, mercadora, a quem prodigalizava os mais ternos e afetuosos cuidados, sustentando-a com o produto do seu rude trabalho. Nunca o viram freqüentar tabernas nem entregar-se aos tão freqüentes excessos da sua profissão, por não querer desviar a menor partícula de salário do fim piedoso que lhe destinava. Todo o seu lazer consagrava-o à sua mãe para poupá-la de fadigas. Afetado de há muito por enfermidade, da qual, sabia, havia de morrer, ocultava-lhe os sofrimentos para não a inquietar e para que ela não quisesse privá-lo da sua parte de labor. Na idade das paixões, eram precisos a esse moço um grande cabedal de qualidades morais e poderosa força de vontade para resistir às perniciosas tentações do meio em que vivia. De sincera piedade, a sua morte foi edificante.

            (...) Uma família espírita, conhecedora da sua bela conduta, interessando-se por sua mãe, que ficara sozinha, teve a idéia de o evocar pouco tempo após a morte e ele se manifestou espontaneamente, dando a seguinte comunicação:

            "Desejais saber como estou agora; feliz, felicíssimo! Devem ser levados em conta os sofrimentos e angústias, que são a origem das bênçãos e da felicidade de além-túmulo. A felicidade! Ah! não compreendeis o que significa essa palavra. As venturas terrenas quão longe estão das que experimentamos ao regressar para Jesus, com a consciência pura, com a confiança do servo cumpridor do seu dever, que espera cheio de alegria a aprovação dAquele que é tudo.

            "Ah! meus amigos, a vida é penosa e difícil, quando se não tem em vista o seu fim; mas eu vos digo, em verdade, que quando vierdes para junto de nós, se seguirdes a lei de Deus, sereis recompensados além, mas muito além dos sofrimentos e dos méritos que porventura julgardes ter adquirido para a outra vida. Sede bons e caritativos, dessa caridade tão desconhecida entre os homens, e que se chama benevolência. Socorrei os vossos semelhantes, fazendo por outrem mais que por vós mesmos, uma vez que ignorais a miséria alheia e conheceis a vossa.

            "Socorrei minha mãe, pobre mãe, único pesar que me vem da Terra. Ela deve passar por outras provas e preciso é que chegue ao céu. Adeus, vou vê-la. Victor."

            Guia do Médium: - Nem sempre os sofrimentos amargados na Terra constituem uma expiação. Os Espíritos que, cumprindo a vontade do Senhor, baixam à Terra, como este, são felizes em provar males que para outros seriam uma expiação. O sono os revigora perante o Todo-Poderoso, dando-lhes a força de tudo suportarem para sua maior glória. A missão deste Espírito, em sua última existência, não era de aparato, mas por mais obscura que fosse nem por isso tinha menos mérito, visto como não podia ser estimulado pelo orgulho. Ele tinha, antes de tudo, um dever de gratidão a cumprir para com aquela que foi sua mãe; depois, deveria demonstrar que nos piores ambientes podem encontrar-se almas puras, de nobres e elevados sentimentos, capazes de resistir a todas as tentações. Isso é uma prova de que as qualidades

morais têm causas anteriores, e um tal exemplo não terá sido estéril. ( O Céu e o Inferno. Segunda parte. Cap. 2. Allan Kardec)

            Ainda neste livro encontra-se um  outro caso de morte prematura:

            ''Maurice Gontran - Era filho único e faleceu, aos dezoito anos, de uma afecção pulmonar. Inteligência rara, razão precoce, grande amor ao estudo, caráter doce, terno e simpático, possuía todas as qualidades que fazem prever brilhante futuro. Com grande êxito terminara muito cedo os primeiros estudos, matriculando-se em seguida na Escola Politécnica. A sua morte acarretou aos parentes uma dessas dores que deixam traços profundos e muitíssimo dolorosos, pois que, tendo sido sempre de natureza delicada, lhe atribuíam o fim prematuro ao trabalho de estudos a que o instigaram.

            Exprobrando-se, então, diziam: "De que lhe serve agora tudo o que aprendeu? Melhor fora ficasse ignorante, pois a ciência não lhe era necessária para viver, e assim estaria, sem dúvida, entre nós; seria o consolo da nossa velhice." Se conhecessem o Espiritismo, raciocinariam de outra forma. Nele encontraram, contudo, a verdadeira consolação. O ditado seguinte foi dado pelo rapaz a um dos seus amigos, meses após o decesso.

            (...)Meu amigo, esperava com impaciência esta ocasião, que ora me facultais, de comunicar-me. A dor de meus país aflige-me, porém, ela se acalmará quando tiverem a certeza de que não estou perdido para eles; aproximai-vos deles a fim de os convencer desta verdade, o que certamente conseguireis. Era preciso este acontecimentopara insinuar-lhes uma crença que lhes trará a felicidade, impedindo-os de murmurar contra os decretos da Providência. Sabeis que meu pai era muito céptico a respeito da vida futura. - Deus concedeu-lhe este desgosto para arrancá-lo do seu erro.

            (...)Meus queridos e bondosos pais, é a vós que neste momento me dirijo. Desde que deixei o despojo mortal, jamais deixei de estar ao vosso lado. Aí estou muito mais vezes mesmo que quando na Terra. Consolai-vos, pois, porque eu não estou morto, ou antes, estou mais vivo que vos. Apenas o corpo morreu, mas o Espírito, esse, vive sempre. Ele é ao demais livre, feliz, isento de moléstias, de enfermidades e de dores.

            (...)Meus bons amigos, não deploreis os que morrem precocemente, porque isto é uma graça que Deus lhes concede, poupando-os às tribulações da vida terrena. A minha existência aí não devia prolongar-se por muito tempo desta vez, visto ter adquirido o necessário para preencher, no Espaço, uma missão mais elevada. Se tivesse mais tempo, não imaginais a que perigos e seduções iria expor-me''. ( O Céu e o Inferno. Segunda parte. Cap. 2. Allla Kardec)

            Quando a morte ceifa nas vossas famílias, arrebatando, sem restrições, os mais moços antes dos velhos, costumais dizer: Deus não é justo, pois sacrifica um que está forte e tem grande futuro e conserva os que já viveram longos anos cheios de decepções; pois leva os que são úteis e deixa os que para nada mais servem; pois despedaça o coração de uma mãe, privando-a da inocente criatura que era toda a sua alegria.

            Humanos, é nesse ponto que precisais elevar-vos acima do terra-a-terra da vida, para compreenderdes que o bem, muitas vezes, está onde julgais ver o mal, a sábia previdência onde pensais divisar a cega fatalidade do destino. Por que haveis de avaliar a justiça divina pela vossa? Podeis supor que o Senhor dos mundos se aplique, por mero capricho, a vos infligir penas cruéis? Nada se faz sem um fim inteligente e, seja o que for que aconteça, tudo tem a sua razão de ser. Se perscrutásseis melhor todas as dores que vos advêm, nelas encontraríeis sempre a razão divina, razão regeneradora, e os vossos miseráveis interesses se tornariam de tão secundária consideração, que os atiraríeis para o último plano.

            Crede-me, a morte é preferível, numa encarnação de vinte anos, a esses vergonhosos desregramentos que pungem famílias respeitáveis, dilaceram corações de mães e fazem que antes do tempo embranqueçam os cabelos dos pais. Freqüentemente, a morte prematura é um grande benefício que Deus concede àquele que se vai e que assim se preserva das misérias da vida, ou das seduções que talvez lhe acarretassem a perda. Não é vítima da fatalidade aquele que morre na flor dos anos; é que Deus julga não convir que ele permaneça por mais tempo na Terra.

            É uma horrenda desgraça, dizeis, ver cortado o fio de uma vida tão prenhe de esperanças! De que esperanças falais? Das da Terra, onde o liberto houvera podido brilhar, abrir caminho e enriquecer? Sempre essa visão estreita, incapaz de elevar-se acima da matéria. Sabeis qual teria sido a sorte dessa vida, ao vosso parecer tão cheia de esperanças? Quem vos diz que ela não seria saturada de amarguras? Desdenhais então das esperanças da vida futura, ao ponto de lhe preferirdes as da vida efêmera que arrastais na Terra? Supondes então que mais vale uma posição elevada entre os homens, do que entre os Espíritos bem-aventurados? ( Sanson, ex-membro da Sociedade Espírita de Paris. 1863 - O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 5. Item 21. Allan Kardec). 

            Falando de um homem mau, que escapa de um perigo, costumais dizer: "Se fosse um homem bom, teria morrido." Pois bem, assim falando, dizeis uma verdade, pois, com efeito, muito amiúde sucede dar Deus a um Espírito de progresso ainda incipiente prova mais longa, do que a um bom que, por prêmio do seu mérito, receberá a graça de ter tão curta quanto possível a sua provação. Por conseguinte, quando vos utilizais daquele axioma, não suspeitais de que proferis uma blasfêmia.

            Se morre um homem de bem, cujo vizinho é mau homem, logo observais: "Antes fosse este." Enunciais uma enormidade, porquanto aquele que parte concluiu a sua tarefa e o que fica talvez não haja principiado a sua. Por que, então, haveríeis de querer que ao mau faltasse tempo para terminá-la e que o outro permanecesse preso à gleba terrestre? Que diríeis se um prisioneiro, que cumpriu a sentença contra ele pronunciada, fosse conservado no cárcere, ao mesmo tempo que restituíssem à liberdade um que a esta não tivesse direito? Ficai sabendo que a verdadeira liberdade, para o Espírito, consiste no rompimento dos laços que o prendem ao corpo e que, enquanto vos achardes na Terra, estareis em cativeiro.

            Habituai-vos a não censurar o que não podeis compreender e crede que Deus é justo em todas as coisas. Muitas vezes, o que vos parece um mal é um bem. Tão limitadas, no entanto, são as vossas faculdades, que o conjunto do grande todo não o apreendem os vossos sentidos obtusos. Esforçai-vos por sair, pelo pensamento, da vossa acanhada esfera e, à medida que vos elevardes, diminuirá para vós a importância da vida material que, nesse caso, se vos apresentará como simples incidente, no curso infinito da vossa existência espiritual, única existência verdadeira. ( Fénelon..Sens, 1861. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 5. Item 22. Allan Kardec).

            Em vez de vos queixardes, regozijai-vos quando praz a Deus retirar deste vale de misérias um de seus filhos. Não será egoístico desejardes que ele aí continuasse para sofrer convosco? Ah! essa dor se concebe naquele que carece de fé e que vê na morte uma separação eterna. Vós, espíritas, porém, sabeis que a alma vive melhor quando desembaraçada do seu invólucro corpóreo. Mães, sabei que vossos filhos bem-amados estão perto de vós; sim, estão muito perto; seus corpos fluídicos vos envolvem, seus pensamentos vos protegem, a lembrança que deles guardais os transporta de alegria, mas também as vossas dores desarrazoadas os afligem, porque denotam falta de fé e exprimem uma revolta contra a vontade de Deus. ( Sanson, ex-membro da Sociedade Espírita de Paris. 1863 - O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 5. Item 21. Allan Kardec). 

            Como é que as dores inconsoláveis dos que sobrevivem se refletem nos Espíritos que as causam?

            O Espírito é sensível à lembrança e às saudades dos que lhe eram caros na Terra; mas, uma dor incessante e desarrazoada o toca penosamente, porque, nessa dor excessiva, ele vê falta de fé no futuro e de confiança em Deus e, por conseguinte, um obstáculo ao adiantamento dos que o choram e talvez à sua reunião com estes.

            Estando o Espírito mais feliz no Espaço que na Terra, lamentar que ele tenha deixado a vida corpórea é deplorar que seja feliz. Figuremos dois amigos que se achem metidos na mesma prisão. Ambos alcançarão um dia a liberdade, mas um a obtém antes do outro. Seria caridoso que o que continuou preso se entristecesse porque o seu amigo foi libertado primeiro? Não haveria, de sua parte, mais egoísmo do que afeição em querer que do seu cativeiro e do seu sofrer partilhasse o outro por igual tempo? O mesmo se dá com dois seres que se amam na Terra. O que parte primeiro é o que primeiro se liberta e só nos cabe felicitá-lo, aguardando com paciência o momento em que a nosso turno também o seremos.

            Façamos ainda, a este propósito, outra comparação. Tendes um amigo que, junto de vós, se encontra em penosíssima situação. Sua saúde ou seus interesses exigem que vá para outro país, onde estará melhor a todos os respeitos. Deixará temporariamente de se achar ao vosso lado, mas com ele vos correspondereis sempre: a separação será apenas material.

            Desgostar-vos-ia o seu afastamento, embora para o bem dele?

Pelas provas patentes, que ministra, da vida futura, da presença, em torno de nós, daqueles a quem amamos, da continuidade da afeição e da solicitude que nos dispensavam; pelas relações que nos faculta manter com eles, a Doutrina Espírita nos oferece suprema consolação, por ocasião de uma das mais legítimas dores. Com o Espiritismo, não mais solidão, não mais abandono: o homem, por muito insulado que esteja, tem sempre perto de si amigos com quem pode comunicar-se.

            Impacientemente suportamos as tribulações da vida. Tão intoleráveis nos parecem, que não compreendemos possamos sofrê-las. Entretanto, se as tivermos suportado corajosamente, se soubermos impor silêncio às nossas murmurações, felicitar-nos-emos, quando fora desta prisão terrena, como o doente que sofre se felicita, quando curado, por se haver submetido a um tratamento doloroso. (O Livro dos Espíritos. Questão 936. Allan kardec).

            Sensibiliza os Espíritos o lembrarem-se deles os que lhes foram caros na Terra?

            Muito mais do que podeis supor. Se são felizes, esse fato lhes aumenta a felicidade. Se são desgraçados, serve-lhes de lenitivo. (O Livro dos Espíritos. Questão 320. Allan kardec).

            Os Espíritos sofredores reclamam preces e estas lhes são proveitosas, porque, verificando que há quem neles pense, menos abandonados se sentem, menos infelizes. Entretanto, a prece tem sobre eles ação mais direta: reanima-os, incute-lhes o desejo de se elevarem pelo arrependimento e pela reparação e, possivelmente, desvia-lhes do mal o pensamento. E nesse sentido que lhes pode não só aliviar, como abreviar os sofrimentos. (O Evangelho  Segundo o Espiritismo. Cap. 27. Item 18. Allan Kardec)

 

Bibliografia:

- O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 5, itens 21 e 22. Cap. 23, item 8. Cap. 27, item 18. Allan Kardec.

- O Livro dos Espíritos. Questão 198, 199, 320,  934, 935, 936, . Allan Kardec.

- O Céu e o Inferno. Segunda parte. Cap. 2. Allan Kardec.

- Revista Espírita. Agosto de 1866. Comunicação com os seres que nos são caros. Allan Kardec.

- Depois da morte. Cap. 50. Léon Denis.

- O problema do ser, do destino e da dor. Cap. 10. Léon Denis.

- O Consolador. Questão 146. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.

- Entre o céu e a terra. Cap. 28 e 33. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier.

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