Utilize o conteúdo da aula, designado por "Subsídio para o Evangelizador", para desenvolver palestras espíritas para jovens e adultos.

Aula 40 - Perdão das ofensas

Ciclo 1 - História:  A família de tico-ticos -  Atividade: PH - Paulo de Tarso - 5 - Perdão das ofensas.

Ciclo 2 - História:  A batata -  Atividade: ESE - Cap. 10 - 1 - Perdoai para que Deus vos perdoe.

Ciclo 3 - História:  A importância do perdão  -  Atividade:  ESE - Cap. 10 - 6 - Perdão das ofensas ou/e pedir para que os alunos escrevam os sentimentos ou o que adquirem quando perdoam alguém, com as iniciais da palavra PERDÃO ( Ex.: P+az na consciência ; E+volução ; R+espeito dos outros; D+ignidade; A+mizade; O+bediência à Deus)

Mocidade - História:  De tocaia  -  Atividade:  2 - Dinâmica de grupo:  Ante o ofensor.

 

Dinâmicas: PerdãoO que sentimos quando perdoamos.

Mensagens Espíritas: Perdão.

Sugestão de vídeos: - Música: Perdão, histórias para ouvir, contar e cantar (Dica: pesquise no Youtube).

- História: A pescaria. Re...Elizabeth (Dica: pesquise no Youtube)

Sugestão de livros infantis: - Coleção pequenas lições. Perdoar sempre. Legrand. Editora Soler.

- Coleção Valores & Virtudes. A grande lição. Caridade. Madalena Parisi Duarte. Editora BrasiLeitura. 

 

Leitura da Bíblia: Mateus - Capítulo 5 , 6 e 18


5.7   Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.


6.14   Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará;


6.15   se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas.


18.15   Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão.


18.21   Então, Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete?


18.22   Jesus lhe disse: Não te digo que até sete, mas até setenta vezes sete.


 

Colossenses - Capítulo 3


3.13   suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos uns aos outros, se algum tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também.


 

Tópicos a serem abordados:

- Sejamos misericordiosos como é misericordioso Nosso Pai que está nos céus, ensinou-nos Jesus. Ser misericordioso significa saber perdoar as ofensas que recebemos, o mal que nos fizerem, ou o prejuízo que nos causarem (1).

- Perdoar é ter o nosso coração livre de ódios ou de qualquer ressentimento contra nossos irmãos ou contra si mesmo. É ajudar o ofensor, caso necessite.

- Ninguém deve aceitar a ofensa do outro, o seu ódio ou o seu desdém. Permanecer acima da ofensa, não deixar-se atingir pela agressão moral constituem o antídoto para o ódio. Por exemplo, se alguém chega até você com um presente, e você não o aceita,  este continua  pertencendo a quem o carregava consigo. Ou seja, se você não aceita a inveja, a raiva e os insultos, esses sentimentos continuam pertencendo somente ao ofensor. Quem guarda ódio afasta-se do amor. O ódio leva à vingança, que é um ato mesquinho e indigno.

- Inúmeras vezes Jesus fez referência ao perdão, destacando-o por valioso e indispensável à evolução humana. Certa vez Pedro se aproximou de Jesus e lhe perguntou: ''Senhor, quantas vezes perdoarei ao meu irmão quando pecar contra mim? Será até sete vezes?''  Jesus lhe respondeu: ''Não vos digo que apenas sete vezes sete, e sim setenta vezes sete vezes''. Evidentemente, não tinha Jesus a intenção de fixar, em quatrocentos e noventa vezes, que é o produto da multiplicação “setenta vezes sete”, o que o Mestre quis dizer é que devemos perdoar todas as vezes que formos ofendidos. Ou seja, devemos perdoar ilimitadamente todas as pessoas e quantas vezes forem necessárias.

- Mas, há duas maneiras bem diferentes de perdoar: há o perdão dos lábios e o perdão do coração. Muitas pessoas dizem, com referência ao seu adversário: "Eu lhe perdôo", mas, interiormente, alegram-se com o mal que lhe acontece, comentando que ele tem o que merece. Quantos não dizem: "Perdôo" e acrescentam "mas, não me reconciliarei nunca; não quero tornar a vê-lo em toda a minha vida." Será esse o perdão, segundo o Evangelho? Não; o perdão verdadeiro, o perdão cristão (do coração) é aquele que esquece completamente as ofensas.

- Quem perdoa sinceramente, faz sem condições, não exige reconhecimento de qualquer natureza, ou seja, não obriga o ofensor o reconhecimento  dos seus erros para que lhe conceda o perdão.

-  Quando não perdoamos fica um peso em nosso coração, causando tristezas, nos impedindo de fazer muitas coisas boas. É como se estivéssemos carregando uma pedra bem pesada, ou injetando-nos um veneno, que poderá nos causar doenças. Perdoar faz bem a nossa alma, pois quando perdoamos nos sentimos bem e tranquilos.O perdão nos traz o bom humor e a alegria de viver.

-  Além de perdoar os outros também devemos nos perdoar (auto-perdão). Quando errarmos não devemos cultivar o sentimento de culpa, pois todos nós somos aprendizes. É necessário arrepender-se do erro, para que não o cometa novamente e procurar reparar o mal que tenha feito, através das boas ações.

- É preciso perdoar para que Deus nos perdoe. Deus é infinitamente misericordioso. Ele nos concede novas oportunidades de experiência, por meio da reencarnação, para reparar nossos erros, e isto já significa, em si o Seu perdão.   

 

Comentário (1): 52 Lições de Catequismo Espírita. 14ª Lição. Eliseu Rigonatti.

 

Perguntas para fixação:

1. O que é ser misericordioso?

2. O que é ódio?

3. O que é o perdão?

4. Como devemos proceder para com uma pessoa que nos ofendeu ou prejudicou?

5. Quantas vezes devemos perdoar?

6. Se guardarmos mágoa no nosso coração o que isto poderá causar para o nosso corpo?

7. Quais são as duas diferentes formas de perdoar?

8. O que é o auto-perdão?

9. De que maneira Deus nos perdoa?

 

Subsídio para o Evangelizador:

            O perdão é um processo mental ou espiritual de cessar o sentimento de ressentimento ou raiva contra outra pessoa ou contra si mesmo, decorrente de uma ofensa percebida, diferenças, erros ou fracassos, ou cessar a exigência de castigo ou restituição. (https://pt.wikipedia.org/wiki/Perd%C3%A3o).

            O conceito de perdão, segundo o Espiritismo, é idêntico ao do Evangelho, que lhe é fundamento: concessão, indefinida, de oportunidades para que o ofensor se arrependa, o pecador se recomponha, o criminoso se libere do mal e se erga, redimido, para a ascensão luminosa.

              Quem perdoa, segundo a concepção espírita-cristã, esquece a ofensa. Não conserva ressentimentos. Ajuda o ofensor, muita vez sem que este o saiba. (Estudando o Evangelho. Cap. 20. Martins Peralva).

            Quantas vezes perdoarei a meu irmão? Perdoar-lhe-eis, não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes. Aí tendes um dos ensinos de Jesus que mais vos devem percutir a inteligência e mais alto falar ao coração. Confrontai essas palavras de misericórdia com a oração tão simples, tão resumida e tão grande em suas aspirações, que ensinou a seus discípulos, e o mesmo pensamento se vos deparará sempre. Ele, o justo por excelência, responde a Pedro: perdoarás, mas ilimitadamente; perdoarás cada ofensa tantas vezes quantas ela te for feita; ensinarás a teus irmãos esse esquecimento de si mesmo, que torna uma criatura invulnerável ao ataque, aos maus procedimentos e às injúrias; serás brando e humilde de coração, sem medir a tua mansuetude; farás, enfim, o que desejas que o Pai celestial por ti faça. Não está ele a te perdoar freqüentemente? Conta porventura as vezes que o seu perdão desce a te apagar as faltas?

            Prestai, pois, ouvidos a essa resposta de Jesus e, como Pedro, aplicai-a a vós mesmos. Perdoai, usai de indulgência, sede caridosos, generosos, pródigos até do vosso amor. Dai, que o Senhor vos restituirá; perdoai, que o Senhor vos perdoará; abaixai-vos, que o Senhor vos elevará; humilhai-vos, que o Senhor fará vos assenteis à sua direita. ( O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 10. Item 14. Simeão. Allan Kardec).

            Por que teria Jesus aconselhado perdoar “setenta vezes sete?”.

            A Terra é um plano de experiências e resgates por vezes bastante penosos, e aquele que se sinta ofendido por alguém, não deve esquecer que ele próprio pode também errar setenta vezes sete. (O Consolador. Questão 338. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier).

            (...) Perdoai aos vossos irmãos, como precisais que se vos perdoe. Se seus atos pessoalmente vos prejudicaram, mais um motivo aí tendes para serdes indulgentes, porquanto o mérito do perdão é proporcionado à gravidade do mal. Nenhum merecimento teríeis em relevar os agravos dos vossos irmãos, desde que não passassem de simples arranhões.

            (...) Cuidai, portanto, de os expungir de todo sentimento de rancor. Deus sabe o que demora no fundo do coração de cada um de seus filhos. Feliz, pois, daquele que pode todas as noites adormecer, dizendo: Nada tenho contra o meu próximo. ( O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 10. Item 14. Simeão, Bordéus, 1862. Allan Kardec).

            O célebre cientista norte-americano Booker T. Washington, que sofreu perseguições inomináveis pelo fato de ser negro, e que muito ofereceu à cultura e à Agricultura do seu país, asseverou com nobreza: Não permita que alguém o rebaixe tanto a ponto de você vir a odiá-lo.

            Desejava dizer que ninguém deve aceitar a ojeriza (inimizade) de outrem, o seu ódio e o seu desdém a ponto de sintonizar na mesma faixa de inferioridade.

            Permanecer acima da ofensa, não deixar-se atingir pela agressão moral constituem o antídoto para o ódio de fácil irrupção. (Joanna de Ângelis. Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, na sessão da noite de 4 de janeiro de 2005, no Centro Espírita).

            Perdoar aos inimigos é pedir perdão para si próprio (1); perdoar aos amigos é dar-lhes uma prova de amizade; perdoar as ofensas é mostrar-se melhor do que era. Perdoai, pois, meus amigos, a fim de que Deus vos perdoe, porquanto, se fordes duros, exigentes, inflexíveis, se usardes de rigor até por uma ofensa leve, como querereis que Deus esqueça de que cada dia maior necessidade tendes de indulgência? Oh! ai daquele que diz: "Nunca perdoarei", pois pronuncia a sua própria condenação. Quem sabe, aliás, se, descendo ao fundo de vós mesmos, não reconhecereis que fostes o agressor? Quem sabe se, nessa luta que começa por uma alfinetada e acaba por uma ruptura, não fostes quem atirou o primeiro golpe, se vos não escapou alguma palavra injuriosa, se não procedestes com toda a moderação necessária? Sem dúvida, o vosso adversário andou mal em se mostrar excessivamente suscetível; razão de mais para serdes indulgentes e para não vos tomardes merecedores da invectiva que lhe lançastes. Admitamos que, em dada circunstância, fostes realmente ofendido: quem dirá que não envenenastes as coisas por meio de represálias e que não fizestes degenerasse em querela grave o que houvera podido cair facilmente no olvido? Se de vós dependia impedir as conseqüências do fato e não as impedistes, sois culpados. Admitamos, finalmente, que de nenhuma censura vos reconheceis merecedores: mostrai-vos clementes e com isso só fareis que o vosso mérito cresça.

            Mas, há duas maneiras bem diferentes de perdoar: há o perdão dos lábios e o perdão do coração. Muitas pessoas dizem, com referência ao seu adversário: "Eu lhe perdôo", mas, interiormente, alegram-se com o mal que lhe advém, comentando que ele tem o que merece.

            Quantos não dizem: "Perdôo" e acrescentam. "mas, não me reconciliarei nunca; não quero tornar a vê-lo em toda a minha vida." Será esse o perdão, segundo o Evangelho? Não; o perdão verdadeiro, o perdão cristão é aquele que lança um véu sobre o passado; esse o único que vos será levado em conta, visto que Deus não se satisfaz com as aparências. Ele sonda o recesso do coração e os mais secretos pensamentos. Ninguém se lhe impõe por meio de vãs palavras e de simulacros. O esquecimento completo e absoluto das ofensas é peculiar às grandes almas; o rancor é sempre sinal de baixeza e de inferioridade. Não olvideis que o verdadeiro perdão se reconhece muito mais pelos atos do que pelas palavras. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 10. Item 15.  Paulo, apóstolo.Lião, 1861. Allan Kardec)

            Perdão e esquecimento devem significar a mesma coisa?

            Para a convenção do mundo, o perdão significa renunciar à vingança, sem que o ofendido precise olvidar plenamente a falta do seu irmão; entretanto, para o espírito evangelizado, perdão e esquecimento devem caminhar juntos, embora prevaleça para todos os instantes da existência a necessidade de oração e vigilância. Aliás, a própria lei da reencarnação nos ensina que só o esquecimento do passado pode preparar a alvorada da redenção. (O Consolador. Questão 340. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier).

            O homem vicioso, desprezível e fraco, não perdoa; o homem habituado às lutas pessoais, às reflexões justas e sãs, perdoa facilmente. (Revista Espírita. Agosto de 1862. Dissertações Espíritas. O perdão. Allan Kardec).

            A Jesus foi mais fácil perdoar os ultrajes de sua Paixão do que o último de vós perdoar uma leve zombaria. A grande alma do Salvador, habituada à doçura, não concebia amargura nem vingança; as nossas, atingidas por coisas insignificantes, esquecem o que é grande. Diariamente os homens imploram o perdão de Deus, que desce sobre eles como orvalho benfazejo; mas seus corações esquecem essa palavra sem cessar repetida na prece (Revista Espírita. Fevereiro de 1862. Esquecimento das Injúrias. Allan Kardec).

            Segundo Chico Xavier, a virtude mais difícil de ser posta em prática é a do perdão; perdoar exige um esforço de auto-superação muito grande…  Emmanuel me diz que quem aprende a perdoar tem caminho livre pela frente. Creio que, por este motivo, a derradeira lição de Jesus para a Humanidade foi a do perdão!… Ele a deixou por último, esperando o momento em que pudesse exemplificá-la…  É claro que Ele se referira ao perdão em diversas oportunidades, mas, na hora da cruz, padecendo toda espécie de humilhação, o ensinamento do perdão foi gravado a fogo na consciência da Humanidade… Ninguém sofreu e perdoou como Ele!…  O Espírito que adquirir a virtude do perdão não achará dificuldade em mais nada; haja o que houver, aconteça o que acontecer, ele saberá administrar a sua vida…(O Evangelho de Chico Xavier. Item 181. Carlos A. Bacelli)

            Bem-aventurados os misericordiosos —os que perdoam e desculpam as ofensas recebidas e, sem guardar quaisquer ressentimentos, se mostram sempre dispostos a ajudar e a servir aqueles mesmos que os magoaram ou feriram —, pois, a seu turno, obterão misericórdia. (As leis morais. Cap. 4. Rodolfo Calligaris)

            A misericórdia é o complemento da brandura, porquanto aquele que não for misericordioso não poderá ser brando e pacífico. Ela consiste no esquecimento e no perdão das ofensas. O ódio e o rancor denotam alma sem elevação, nem grandeza. O esquecimento das ofensas é próprio da alma elevada, que paira acima dos golpes que lhe possam desferir.

            Uma é sempre ansiosa, de sombria suscetibilidade e cheia de fel; a outra é calma, toda mansidão e caridade.

            Ai daquele que diz: nunca perdoarei. Esse, se não for condenado pelos homens, sê-loá por Deus. Com que direito reclamaria ele o perdão de suas próprias faltas, se não perdoa as dos outros? Jesus nos ensina que a misericórdia não deve ter limites, quando diz que cada um perdoe ao seu irmão, não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes.

            Há, porém, duas maneiras bem diferentes de perdoar: uma, grande, nobre, verdadeiramente generosa, sem pensamento oculto, que evita, com delicadeza, ferir o amor próprio e a suscetibilidade do adversário, ainda quando este último nenhuma justificativa possa ter; a segunda é a em que o ofendido, ou aquele que tal se julga, impõe ao outro condições humilhantes e lhe faz sentir o peso de um perdão que irrita, em vez de acalmar; se estende a mão ao ofensor, não o faz com benevolência, mas com ostentação, a fim de poder dizer a toda gente: vede como sou generoso! Nessas circunstâncias, é impossível uma reconciliação sincera de parte a parte. Não, não há aí generosidade; há apenas uma forma de satisfazer ao orgulho. Em toda contenda, aquele que se mostra mais conciliador, que demonstra mais desinteresse, caridade e verdadeira grandeza dalma granjeará sempre a simpatia das pessoas imparciais. ( O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 10. Item 4. Allan Kardec).

            Antes de perdoarmos a alguém, é conveniente o esclarecimento do erro?

            Quem perdoa sinceramente, fá-lo sem condições e olvida a falta no mais íntimo do coração; todavia, a boa palavra é sempre útil e a ponderação fraterna é sempre um elemento de luz, clarificando o caminho das almas. (O Consolador. Questão 334. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier).

            Quando alguém perdoa, deverá mostrar a superioridade de seus sentimentos para que o culpado seja levado a arrepender-se da falta cometida?

            O perdão sincero é filho espontâneo do amor e, como tal, não exige reconhecimento de qualquer natureza. (O Consolador. Questão 335. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier).

            Poderemos utilmente pedir a Deus que perdoe as nossas faltas?

            Deus sabe discernir o bem do mal; a prece não esconde as faltas. Aquele que a Deus pede perdão de suas faltas só o obtém mudando de proceder. As boas ações são a melhor prece, por isso que os atos valem mais que as palavras. (O Livro dos Espíritos. Questão 661. Allan Kardec).

            Certo, a misericórdia de Deus é infinita, mas não é cega. O culpado que ela atinge não fica exonerado, e, enquanto não houver satisfeito à justiça, sofre a consequência dos seus erros. Por infinita misericórdia, devemos ter que Deus não é inexorável, deixando sempre viável o caminho da redenção. (O Céu e Inferno. 1ª parte. Cap. 7. Item 29. Allan Kardec).

            Segundo Chico Xavier, ''Deus pode perdoar, mas é a nossa própria consciência que não nos perdoa. Somos nós mesmos que solicitamos as provas por que iremos passar na Terra, em decorrência dos nossos erros cometidos em uma encarnação anterior.
            Além do mais, eu pedi a um amigo meu o qual é grego, que verificasse para mim as origens da palavra perdoar em grego antigo e ele me disse que, nessa língua, tal palavra tinha o significado de tolerar.
            Quer dizer que Deus tolera, tolera apenas, veja bem, os nossos pecados; tem benevolência para com o devedor." (O Evangelho de Chico Xavier. Item 124. Carlos A. Baccelli).

            Todas as criaturas cometem erros de maior ou menor gravidade, alguns dos quais são arquivados no inconsciente, antes mesmo de passarem por uma análise de profundidade em torno dos males produzidos, seja de referência à própria pessoa ou a outrem.

            Cedo ou tarde, ressumam de maneira inquietadora, produzindo mal-estar, inquietação, insatisfação pessoal, em caminho de transtorno de conduta.

            A culpa é sempre responsável por vários processos neuróticos, e deve ser enfrentada com serenidade e altivez. Ninguém se pode considerar irretocável enquanto no processo da evolução.

            Mesmo aquele que segue retamente o caminho do bem está sujeito a alternância de conduta, tendo em vista os desafios que se apresentam e o estado emocional do momento.

            Há períodos em que o bem-estar a tudo enfrenta com alegria e naturalidade, enquanto que, noutras ocasiões, os mesmos incidentes produzem distúrbios e reações imprevisíveis.

            Todos podem errar, e isso acontece amiúde, tendo o dever de perdoar-se, não permanecendo no equívoco, ao tempo em que se esforcem para reparar o mal que fizeram.

            Muitos males são ao próprio indivíduo feitos, produzindo remorso, vergonha, ressentimento, sem que haja coragem para revivê-los e liberar-se dos seus efeitos danosos.

            Uma reflexão em torno da humanidade de que cada qual é possuidor permitir-lhe-á entender que existem razões que o levam a reagir, quando deveria agir, a revidar, quando seria melhor desculpar, a fazer o mal, quando lhe cumpriria fazer o bem...

            A terapia moral pelo autoperdão impõe-se como indispensável para a recuperação do equilíbrio emocional e o respeito por si mesmo.

            Torna-se essencial, portanto, uma reavaliação da ocorrência, num exame sincero e honesto em torno do acontecimento, diluindo-o racionalmente e predispondo-se a dar-se uma nova oportunidade, de forma que supere a culpa e mantenha-se em estado de paz interior.

            O autoperdão é essencial para uma existência emocional tranqüila.

            Todos têm o dever de perdoar-se, buscando não reincidir no mesmo compromisso negativo, desamarrando-se dos cipós constringentes do remorso.

            Seja qual for a gravidade do ato infeliz, é possível repará-lo quando se está disposto a fazê-lo, recobrando o bom humor e a alegria de viver.  (Joanna de Ângelis. Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, na sessão da noite de 4 de janeiro de 2005, no Centro Espírita).

            Perdoar - nos resulta no amor a nós mesmos - o pré - requisito para alcançarmos a plenitude do ―bem viver. (Renovando atitudes. Cap. 52. Francisco do Espírito Santo Neto ditado pelo Espírito Hammed)

            Na lei divina, há perdão sem arrependimento?

            A lei divina é uma só, isto é, a do amor que abrange todas as coisas e todas as criaturas do Universo ilimitado.

            A concessão paternal de Deus, no que se refere à reencarnação para a sagrada oportunidade de uma nova experiência, já significa, em si, o perdão ou a magnanimidade da Lei. Todavia, essa oportunidade só é concedida quando o Espírito deseja regenerar-se e renovar seus valores íntimos pelo esforço nos trabalhos santificantes.

            Eis por que a boa-vontade de cada um é sempre o arrependimento que a Providência Divina aproveita em favor do aperfeiçoamento individual e coletivo, na marcha dos seres para as culminâncias da evolução espiritual. (O Consolador. Questão 333. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)

            O culpado arrependido pode receber da justiça divina o direito de não passar por determinadas provas?

            A oportunidade de resgatar a culpa já constitui em si mesma, um ato de misericórdia divina, e, daí, o considerarmos o trabalho e o esforço próprio como a luz maravilhosa da vida.

            Entendendo, todavia, a questão à generalidade das provas; devemos concluir ainda, com o ensinamento de Jesus, que “o amor cobre a multidão dos pecados”, traçando a linha reta da vida para as criaturas e representando a única força que anula as exigências da lei de talião, dentro do Universo infinito. (O Consolador. Questão 336. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier).

             O perdão sem trabalho expiatório ou sem sacrifício regenerador é simples utopia. (Tocando o barco. Perdão e trabalho. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier).

            No livro " Memórias de um suicida'' relata um caso em que o próprio suicida (Mário), que matou a amante (Eulina) e após se suicidou,  solicita expiar o seu crime numa próxima existência:  ''Eu mesmo me darei tal punição, como testemunho do meu sincero arrependimento! Não é o Senhor Deus que ma impõe! Não é a Lei que ma exige: sou eu que, voluntariamente, suplico ao Pai Todo-Misericórdia que ma conceda como supremo reconforto à minha desventura de trânsfuga da Sua Lei de Amor ao Próximo, como supremo ensejo de reabilitação em meu próprio conceito, já que a morte é quimera a iludir os incautos que se arrojam pelas brenhas do suicídio! Sim. Passarei sem as mãos que serviram para assassinar uma pobre mulher indefesa! Que se volte contra mim o crime cometido contra Eulina! E que eu me veja tão indefeso, destituído das mãos, como Eulina destituída de forças, naquela noite abominável, acometida de surpresa ante minha ferocidade! Creio, Irmão Teócrito, que somente assim obterei alívio para, depois, encarar de frente os demais débitos a serem saldados, com a ajuda paternal de meu Deus e meu Criador!..."

            O antigo boêmio de Lisboa discorria desfeito em prantos, ao passo que nosso digno tutor espiritual, enternecido, obtemperou gravemente:

            "- Já refletiste maduramente na extensão das responsabilidades que arrostarás com semelhante reencarnação, meu pobre Mário?..."

            "- Já, Irmão Teócrito !"

            "- Sim! Reconheço-te sincero e forte para o resgate, plenamente arrependido do passado culposo! Realmente, esse será o recurso aconselhável para o teu caso, medida drástica que te moverá com muito menor morosidade à reabilitação honrosa que de ti exige a consciência! Pondera, no entanto, que foste também suicida e, por isso, necessariamente, as condições precárias em que se encontra tua presente organização, teu envoltório fluídico, modelador que será da tua futura estruturação carnal, levar-te-á a receberes, com o renascimento, um corpo enfermo, debilitado por achaques irreparáveis no plano objetivo ou terreno..."

            "- Eu o desejo, Irmão Teócrito ! . . . Tudo, tudo ser-me-á preferível ao suplício deste remorso que me mantêm agrilhoado ao inferno que se alastrou por minhalma!... Ao menos, como homem, quando tudo me faltar, para só as desgraças me flagelarem, terei um consolo, o qual a Misericórdia do Todo Generoso Pai concederá como esmola suprema à minha irremediável situação: o Esquecimento!..." (Memórias de um suicida. Cap. 5. Yvonne A. Pereira).

            Talvez nos perguntem: no segundo caso, sendo o ofensor perdoado pelo ofendido, ficará sem a punição devida?

            Absolutamente! A Providência cuidará disso e, seja na mesma existência ou em outra(s) posterior(es), ele “sofrerá o que tenha feito sofrer”, não porque apraza a Deus castigar os culpados, mas para que todos se corrijam, progridam e sejam felizes. (As leis morais. Cap. 24. Rodolfo Calligaris).

           

Observação (1): O texto em estudo - Perdoar aos inimigos é pedir perdão para si mesmo - quer dizer: enquanto não nos libertarmos da necessidade de castigar e punir o  próximo, não estaremos recebendo a dádiva da compreensão para o autoperdão. (Renovando atitudes. Cap. 52. Francisco do Espírito Santo Neto ditado pelo Espírito Hammed)

 

Bibliografia:

- O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 10. Itens 4, 14 e 15.  Allan Kardec.

- O Livro dos Espíritos. Questão 661. Allan Kardec.

- O Céu e Inferno. 1ª parte. Cap. 7. Item 29. Allan Kardec.

- Revista Espírita. Agosto de 1862. Dissertações Espíritas. O perdão. Allan Kardec.

- Revista Espírita. Fevereiro de 1862. Esquecimento das Injúrias. Allan Kardec.

- O Consolador. Questões 333, 334, 335, 336, 338, 340. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.

- Tocando o barco. Perdão e trabalho. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.

- Estudando o Evangelho. Cap. 20. Martins Peralva.

- O Evangelho de Chico Xavier. Itens 124 e 181. Carlos A. Baccelli.

 - Renovando atitudes. Cap. 52. Francisco do Espírito Santo Neto ditado pelo Espírito Hammed.

- Memórias de um suicida. Cap. 5. Yvonne A. Pereira.

- As leis morais. Cap. 4 e 24. Rodolfo Calligaris.

- Joanna de Ângelis. Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, na sessão da noite de 4 de janeiro de 2005, no Centro Espírita.

- Site: https://pt.wikipedia.org/wiki/Perd%C3%A3o. Data da consulta: 14/01/15.

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