Utilize o conteúdo da aula, designado por "Subsídio para o Evangelizador", para desenvolver palestras espíritas para jovens e adultos.

Aula 80 - O necessário e o supérfluo - Providência Divina

Ciclo 1 - História:  A casa de Mazalu - Atividade:  ESE - Cap. 25 - 2 - Observai os pássaros do céu.

Ciclo 2 - História:  Sim, não, espera! - Atividade: LE - L3 - Cap. 5 - 4 - Necessário e o supérfluo.

Ciclo 3 - História: Mãe, me dá um celular? -  Atividade:  LE - L3 - Cap. 5 - 2 - Meios de conservação e/ou pedir para escrever numa folha o que considera na sua vida necessário e supérfluo.

Mocidade - História: A lição de Aritogogo  -  Atividade: 2 - Dinâmica de grupo:  O que é necessário para viver?

 

Dinâmicas: Necessário e o supérfluoProvidência DivinaSerá a Providência Divina?Prioridade.

Mensagens espíritas: Supérfluo.

Sugestão de livros infantis: Coleção: Fábulas que ensinam – La Fontaine. O Rato do Campo e o Rato da Cidade. Editora todolivro.

 - O Biscoitão Redondo - Coleção Conte Mais - Editora FERGS.

Outras histórias: Providência Di vina.

 

Leitura da Bíblia: Mateus - Capítulo 6


6.25 Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário?


6.26 Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?


6.27 E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?


6.28 E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam;


6.29 E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles.


6.30 Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé?


6.31 Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos?


6.32 Porque todas estas coisas os gentios* procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas;


6.33 Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.


6.34 Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.


 

Obs*: Os gentios, aqui, simbolizam as pessoas sem fé, que não procuram elevar-se espiritualmente e só encontram satisfação nas coisas materiais, esquecidos de cultivarem seus espíritos.(  O Evangelho dos Humildes.  Cap. 6.  Eliseu Rigonatti)

 

Hebreus  - Capítulo 13


13.5 Sejam vossos costumes sem avareza, contentando-vos com o que tendes; porque ele disse: Não te deixarei, nem te desampararei.


 

1 Timóteo - Capítulo 6


6.6 De fato, a piedade com contentamento é grande fonte de lucro,


6.7 pois nada trouxemos para este mundo e dele nada podemos levar;


6.8 por isso, tendo o que comer e com que vestir-nos, estejamos com isso satisfeitos.


6.9 Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição,


6.10 pois o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram com muitos sofrimentos.


 

Tópicos a serem abordados:

- Considera-se necessário  todas as coisas úteis que o homem precisa para viver (por exemplo: água, alimento, roupa, etc). O supérfluo é tudo aquilo que é desnecessário ou que  compramos em excesso (por exemplo: jóias, maquiagem, enfeites para casa, etc).

- Muitos dos males deste mundo estão relacionados diretamente com as necessidades artificiais que criamos. Aquele que soubesse limitar os seus desejos, se livraria de muitos desenganos nesta vida. O mais rico seria o que menos necessidades tivesse.O homem, porém, insaciável nos seus desejos, nem sempre sabe contentar-se com o que tem: o necessário não lhe basta; reclama o supérfluo.

- Observa-se que  a comida que desperdiçamos na mesa, é a migalha de alimento que necessita uma criança orfã de pão, tanto quanto a roupa desnecessária, que costumamos  guardar no armário, é o agasalho para o desabrigado nas noites de frio.

-  A falta do necessário a certos indivíduos, mesmo em países ricos, ocorre devido ao egoísmo do homem, que não é solidário com o seu próximo. Entretanto, há casos em que a culpa é do próprio indivíduo que não busca meios de trabalhar para sobreviver. 

 - A Terra produzirá o suficiente para alimentar a todos os seus habitantes, quando os homens souberem administrar, segundo as leis de justiça, de caridade e de amor ao próximo, os bens que ela dá. Quando a fraternidade reinar entre os povos, o supérfluo de um suprirá a momentânea insuficiência do outro; e cada um terá o necessário.

- A excessiva preocupação pelas coisas materiais é responsável por grande parte do desassossego em que vivemos. Sustentamos uma luta ansiosa, diariamente, não só para conseguirmos o necessário, como também o supérfluo, possuídos do injustificável receio de que as coisas nos faltem. Isto é um erro, pois a Providência Divina ampara o Universo; e, portanto, providenciará para que tenhamos com o que prover nossas necessidades, na medida justa de nosso merecimento. Sabendo disso, Jesus nos ensina que devemos preocupar-nos menos com as coisas materiais e mais com as do espírito.

- Jesus disse: ''Olhai para as aves do céu, que não semeiam nem colhem, nem armazenam em celeiros; e contudo vosso Pai celestial as alimenta. Não têm vocês muito mais valor do que elas? ''(Mateus 6:26). Deus nunca deixa ao abandono os que nele confiam, por outro lado, quer que trabalhemos. Deus criou o homem sem vestes e sem abrigo, mas deu-lhe inteligência para fabricá-los. Se nem sempre acode com um auxilio material, inspira-nos idéias para encontrar meios de sair da dificuldade. Assim como a Providência divina não abandona nem os mais pequeninos e humildes seres viventes, cuidando sem cessar de que eles tenham o mantimento, assim também não nos deixará faltar nada do que nos seja realmente necessário para a manutenção de nossa vida e para o progresso de nosso espírito.

- Jesus disse ainda: ''Buscai pois primeiramente o reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas se vos acrescentarão.'' (Mateus 6:33) O nosso primeiro e principal dever é lutar por conseguir os bens imperecíveis da alma, os bens espirituais (por exemplo: amor, paciência, fé, tolerância, perdão, etc.) realizando assim o reino de Deus em nossos corações. Essa é a finalidade de nossa existência. Quanto às coisas materiais, poderemos estar tranqüilos, pois a Providência Divina fará com que elas nos cheguem às mãos, conforme a nossa necessidade real.

 

Perguntas para fixação:

1. O que é o necessário?

2. O que é o supérfluo?

3. Por que falta o necessário para alguns indivíduos , mesmo vivendo em países ricos?

4. Quando o planeta Terra produzirá o suficiente para todos os habitantes?

5.  Por que não devemos nos preocupar tanto com as coisas materiais?

6. Se Deus nem sempre nos acode com um auxilio material, de que maneira Ele nos auxilia?

7.  O que devemos buscar primeiramente?

8.  O que são os bens espirituais?

 

Subsídio para o Evangelizador:

            Segundo o dicionário aurélio, a palavra ''necessário'' significa:  Aquilo de que não se pode prescindir; o que não pode deixar de ser ou de se fazer; Que é de necessidade;  Que é preciso; de que não se pode abdicar. (https://dicionariodoaurelio.com/necessario)

            E o  termo '' supérfluo'' significa o oposto: Aquilo que é supérfluo ; Que é de mais;  Desnecessário;  Inútil; sobejo. (https://dicionariodoaurelio.com/superfluo)

             Tendo dado ao homem a necessidade de viver, Deus lhe facultou, em todos os tempos, os meios de o conseguir?

            Certo, e se ele os não encontra, é que não os compreende. Não fora possível que Deus criasse para o homem a necessidade de viver, sem lhe dar os meios de consegui-lo. Essa a razão por que faz que a Terra produza de modo a proporcionar o necessário aos que a habitam, visto que só o necessário é útil. O supérfluo nunca o é. (O Livro dos Espíritos. Questão 704. Allan Kardec).

             Por que nem sempre a terra produz bastante para fornecer ao homem o necessário?

            É que, ingrato, o homem a despreza! Ela, no entanto, é excelente mãe. Muitas vezes, também, ele acusa a Natureza do que só é resultado da sua imperícia ou da sua imprevidência. A terra produziria sempre o necessário, se com o necessário soubesse o homem contentar-se. Se o que ela produz não lhe basta a todas as necessidades, é que ela emprega no supérfluo o que poderia ser aplicado no necessário. Olha o árabe no deserto.

            Acha sempre de que viver, porque não cria para si necessidades factícias. Desde que haja desperdiçado a metade dos produtos em satisfazer a fantasias, que motivos tem o homem para se espantar de nada encontrar no dia seguinte e para se queixar de estar desprovido de tudo, quando chegam os dias de penúria? Em verdade vos digo, imprevidente não é a Natureza, é o homem, que não sabe regrar o seu viver. (O Livro dos Espíritos. Questão 705. Allan Kardec)

            Deus conhece as nossas necessidades e a elas provê, como for necessário. O homem, porém, insaciável nos seus desejos, nem sempre sabe contentar-se com o que tem: o necessário não lhe basta; reclama o supérfluo. A Providência, então, o deixa entregue a si mesmo. Freqüentemente, ele se torna infeliz por culpa sua e por haver desatendido à voz que por intermédio da consciência o advertia. Nesses casos, Deus fá-lo sofrer as conseqüências, a fim de que lhe sirvam de lição para o futuro. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 25. Item 7. Allan Kardec)

             Por bens da Terra unicamente se devem entender os produtos do solo?

            O solo é a fonte primacial donde dimanam todos os outros recursos, pois que, em definitiva, estes recursos são simples transformações dos produtos do solo. Por bens da Terra se deve, pois, entender tudo de que o homem pode gozar neste mundo. (O Livro dos Espíritos . Questão 706. Allan Kardec).

             É freqüente a certos indivíduos faltarem os meios de subsistência, ainda quando os cerca a abundância. A que se deve atribuir isso?

            Ao egoísmo dos homens, que nem sempre fazem o que lhes cumpre. Depois e as mais das vezes, devem-no a si mesmos. Buscai e achareis; estas palavras não querem dizer que, para achar o que deseje, basta que o homem olhe para a terra, mas que lhe é preciso procurá-lo, não com indolência, e sim com ardor e perseverança, sem desanimar ante os obstáculos, que muito amiúde são simples meios de que se utiliza a Providência, para lhe experimentar a constância, a paciência e a firmeza.

            Se é certo que a Civilização multiplica as necessidades, também o é que multiplica as fontes de trabalho e os meios de viver. Forçoso, porém, é convir em que, a tal respeito, muito ainda lhe resta fazer quando ela houver concluído a sua obra, ninguém deverá haver que possa queixar-se de lhe faltar o necessário, a não ser por própria culpa. A desgraça, para muitos, provém de enveredarem por uma senda diversa da que a Natureza lhes traça. É então que lhes falece a inteligência para o bom êxito. Para todos há lugar ao Sol, mas com a condição de que cada um ocupe o seu e não o dos outros. A Natureza não pode ser responsável pelos defeitos da organização social, nem pelas conseqüências da ambição e do amor-próprio. (O Livro dos Espíritos. Questão 707. Allan Kardec)

            A Terra produzirá o suficiente para alimentar a todos os seus habitantes, quando os homens souberem administrar, segundo as leis de justiça, de caridade e de amor ao próximo, os bens que ela dá. Quando a fraternidade reinar entre os povos, como entre as províncias de um mesmo império, o momentâneo supérfluo de um suprirá a momentânea insuficiência do outro; e cada um terá o necessário. O rico, então, considerar-se-á como um que possui grande quantidade de sementes; se as espalhar, elas produzirão pelo cêntuplo para si e para os outros; se, entretanto, comer sozinho as sementes, se as desperdiçar e deixar se perca o excedente do que haja comido, nada produzirão, e não haverá o bastante para todos. Se as amontoar no seu celeiro, os vermes as devorarão. Daí o haver Jesus dito: "Não acumuleis tesouros na Terra, pois que são perecíveis; acumulai-os no céu, onde são eternos." Em outros termos: não ligueis aos bens materiais mais importância do que aos espirituais e sabei sacrificar os primeiros aos segundos.  A caridade e a fraternidade não se decretam em leis. Se uma e outra não estiverem no coração, o egoísmo aí sempre imperará. Cabe ao Espiritismo fazê-las penetrar nele. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 25. Item 8. Allan Kardec)

            O Espiritismo é, pois, ao mesmo tempo que uma sín­tese potente das leis físicas e morais do Universo, um meio de regeneração e de adiantamento; infelizmente, pouquíssimos homens interessam-se ainda pelo seu estudo. A vida da maioria é uma carreira frenética para os bens ilusórios. Apressamo-nos, tememos perder nosso tempo com coisas que consideramos supérfluas; e perdêmo-lo, realmente, prendendo-nos ao que é efêmero. Na sua cegueira, o homem desdenha o que o faria tão feliz quanto se pode ser nesse mundo, quer dizer, fazer o bem e criar em torno de si uma atmosfera de paz, de calma e de serenidade moral. (Depois da morte. Cap. 28. Leon Denis)

             Não há situações em as quais os meios de subsistência de maneira alguma dependem da vontade do homem, sendo-lhe a privação do de que mais imperiosamente necessita uma conseqüência da força mesma das coisas?

            É isso uma prova, muitas vezes cruel, que lhe compete sofrer e à qual sabia ele de antemão que viria a estar exposto. Seu mérito então consiste em submeter-se à vontade de Deus, desde que a sua inteligência nenhum meio lhe faculta de sair da dificuldade. Se a morte vier colhê-lo, cumpre-lhe recebê-la sem murmurar, ponderando que a hora da verdadeira libertação soou e que o desespero no derradeiro momento pode ocasionar-lhe a perda do fruto de toda a sua resignação. (O Livro dos Espíritos Questão 708. Allan Kardec)

             Como pode o homem conhecer o limite do necessário?

            Aquele que é ponderado o conhece por intuição. Muitos só chegam a conhecê-lo por experiência e à sua própria custa. (O Livro dos Espíritos. Questão 715. Allan Kardec)

            Segundo o Espírito Emmanuel: ''A sobra em todas as situações é o agente aferidor do nosso ajustamento à Lei Eterna que estatui sejam os recursos do Criador divididos justificadamente por todas as criaturas, a começar pela bênção vivificante do Sol.

             É assim que o leite a desperdiçar-se, na mesa, é a migalha de alimento que sonegas à criancinha órfã de pão, tanto quanto a roupa a emalar-se, desnecessária, no recanto doméstico, é o agasalho que deves à nudez que a noite fria vergasta.

             Por isso mesmo, é pelo supérfluo acumulado em vão que começam todos os nossos desacertos perante a Bênção Divina.

             Formações miasmáticas invadem-te o lar pelos frutos apodrecidos que recusas à fome dos semelhantes; prolifera a traça na moradia, pelo vestuário que segregas a distância de quem sofre a intempérie; multiplicam-se víboras e espinheiros na gleba que guardas, inútil;  arma-te a inveja ciladas soezes, ao pé de patrimônios materiais que reténs, sem qualquer benefício para a necessidade dos outros,  e, sobretudo, os expoentes da criminalidade e do vício senhoreiam-te a vida, nas horas vagas em que te refestelas nos braços da ilusão, exaltando a leviandade e a preguiça.

             Não olvides, assim, que toda sobra desaproveitada nos bens que desfrutas, por efeito de empréstimo da Providência Maior, se converte em cadeia de retaguarda, situando-te pensamentos e aspirações na cidadela da sombra. E, repartindo com o próximo as vantagens que te enriquecem os dias, seguirás, desde a Terra, pelos investimentos do amor puro e incessante, em direitura à Plenitude Celestial.'' (Religião dos Espíritos. Sobras. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)

            O que para um é supérfluo não representará para outro, o necessário, e reciprocamente, de acordo com as posições respectivas?

            Sim, conformemente às vossas idéias materiais, aos vossos preconceitos, à vossa ambição e às vossas ridículas extravagâncias, a que o futuro fará justiça, quando compreenderdes a verdade. Não há dúvida de que aquele que tinha cinqüenta mil libras de renda, vendo-se reduzido a só ter dez mil, se considera muito desgraçado, por não mais poder fazer a mesma figura, conservar o que chama a sua posição, ter cavalos, lacaios, satisfazer a todas as paixões, etc. Acredita que lhe falta o necessário. Mas, francamente, achas que seja digno de lástima, quando ao seu lado muitos há, morrendo de fome e frio, sem um abrigo onde repousem a cabeça? O homem criterioso, a fim de ser feliz, olha sempre para baixo e não para cima, a não ser para elevar sua alma ao infinito. (O Livro dos Espíritos. Questão 923. Allan Kardec)

             Mediante a organização que nos deu, não traçou a Natureza o limite das nossas necessidades?

            Sem dúvida, mas o homem é insaciável. Por meio da organização que lhe deu, a Natureza lhe traçou o limite das necessidades; porém, os vícios lhe alteraram a constituição e lhe criaram necessidades que não são reais. (O Livro dos Espíritos. Questão 716. Allan Kardec)

             Que se há de pensar dos que açambarcam os bens da Terra para se proporcionarem o supérfluo, com prejuízo daqueles a quem falta o necessário?

            Olvidam a lei de Deus e terão que responder pela privações que houverem causado aos outros.

            Nada tem de absoluto o limite entre o necessário e o supérfluo. A Civilização criou necessidades que o selvagem desconhece e os Espíritos que ditaram os preceitos acima não pretendem que o homem civilizado deva viver como o selvagem. Tudo é relativo, cabendo à razão regrar as coisas. A Civilização desenvolve o senso moral e, ao mesmo tempo, o sentimento de caridade, que leva os homens a se prestarem mútuo apoio. Os que vivem à custa das privações dos outros exploram, em seu proveito, os benefícios da Civilização. Desta têm apenas o verniz, como muitos há que da religião só têm a máscara. (O Livro dos Espíritos. Questão 717. Allan Kardec)

             Criando novas necessidades, a civilização não constitui uma fonte de novas aflições?

            Os males deste mundo estão na razão das necessidades factícias que vos criais. A muitos desenganos se poupa nesta vida aquele que sabe restringir seus desejos e olha sem inveja para o que esteja acima de si. O que menos necessidades tem, esse o mais rico.

            Invejais os gozos dos que vos parecem os felizes do mundo. Sabeis, porventura, o que lhes está reservado? Se os seus gozos são todos pessoais, pertencem eles ao número dos egoístas: o reverso então virá. Deveis, de preferência, lastimá-los. Deus algumas vezes permite que o mau prospere, mas a sua felicidade não é de causar inveja, porque com lágrimas amargas a pagará. Quando um justo é infeliz, isso representa uma prova que lhe será levada em conta, se a suportar com coragem. Lembrai-vos destas palavras de Jesus: Bem-aventurados os que sofrem, pois que serão consolados. (O Livro dos Espíritos. Questão 926. Allan Kardec)

            No livro "Obreiros da vida Eterna" a instrutora Zenóbia relata que a Providência Divina se manifesta duplamente: sob a forma de misericórdia e de justiça, porque segundo ela,  " A compaixão, filha do Amor, desejará estender sempre o braço que salva, mas a justiça, filha da Lei, não prescinde da ação que retifica. Haverá recursos da misericórdia para as situações mais deploráveis. Entretanto, a ordem legal do Universo cumprir-se-á, invariavelmente. Em virtude, pois, da realidade, é justo que cada filho de Deus assuma responsabilidades e tome resoluções por si mesmo." (Obreiros da vida Eterna. Capítulo 9. Espírito André Luiz . Psicografado por Chico Xavier)

            O médium Chico Xavier dizia: ''Podemos viver com menos…  Há um problema no Brasil muito curioso. Todos falam em crise, a nossa comunidade adquiriu dívidas muito grande… É curioso pensar que nós comíamos tão bem antes desse empréstimo como depois… Vestíamos tão bem antes como depois… Estávamos numa febre de ambição, de desperdício que não tinha tamanho (…) Os nossos estádios estão sempre cheios… Uma partida de futebol rendeu quase 300 milhões de cruzeiros! — o futebol, a nosso ver, é uma convivência social das mais completas, mas não precisamos levar isto a uma paixão tão grande de gastar num dia 300 milhões de cruzeiros… Esse dinheiro faz muita falta ao tesouro da comunidade.  O nosso Carnaval era simples, as pessoas saíam cantando… Hoje o Carnaval custa milhões… Vão dizer que é turismo. Pode ser turismo, mas é negativo, é um dispêndio de força e de vida humana.  Depois do Carnaval, aparecem as listas: tantos mortos no sábado, no domingo, na segunda, na terça… Por que não houve tantos mortos nos outros sábados ou nos outros domingos? Foram vítimas dos excessos a que nos entregamos, porque não sabemos viver.  Temos escolas maravilhosas, exercícios físicos, o mundo da ginástica, que nos ajuda a conservar a saúde, as nossas universidades, que são verdadeiros mundos de cultura — nunca vi uma escola para ensinar a pessoa a viver, a viver com o que tem, com o que somos, com os recursos que possamos adquirir…''

            Ele dizia ainda: ''Eu noto por mim mesmo. Quando tenho um pouco de dinheiro a mais, alguma sobra, penso onde é que eu vou guardar isso para ninguém tirar… É preocupação em prejuízo da minha saúde, da minha paz e do trabalho que eu devo fazer…  Tudo que criamos para nós, de que não temos necessidade, se transforma em angústia, em depressão… Vamos aos psiquiatras e são pílulas e mais pílulas…'' (O Evangelho de Chico Xavier. Itens 319 e 321. Carlos A. Bacelli)

O Espírito Emmanuel nos adverte: ''Se deténs o supérfluo, recorda que a vida te chama, buscando ensinar-te a difícil ciência de administrar e distribuir com justiça e discernimento.

         Se atravessas as provações da carência, é que as circunstância te compelem a trabalho árduo, de modo a superá-las, educando a própria vontade para que consigas operar futuramente na edificação do porvir de felicidade e abastança que te propões a atingir. (Janelas para vida. Em nós. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier).

             Não há dúvida que, à felicidade, o supérfluo não é forçosamente indispensável, porém o mesmo não se dá com o necessário. Ora, não será real a infelicidade daqueles a quem falta o necessário?

            Verdadeiramente infeliz o homem só o é quando sofre a falta do necessário à vida e à saúde do corpo. Todavia, pode acontecer que essa privação seja de sua culpa. Então, só tem que se queixar de si mesmo. Se for ocasionada por outrem, a responsabilidade recairá sobre aquele que lhe houver dado causa. (O Livro dos Espíritos. Questão 926. Allan Kardec)

            A excessiva preocupação pelas coisas materiais é responsável por grande parte do desassossego em que vivemos. Sustentamos uma luta ansiosa, diariamente, não só para conseguirmos o necessário, como também o supérfluo, possuidos do injustificável receio de que as coisas nos faltem. É um erro. A Providência Divina ampara o Universo; e, portanto, providenciará para que tenhamos com o que prover nossas necessidades, na medida justa de nosso merecimento. Sabendo disso, Jesus nos ensina que devemos preocupar-nos menos com as coisas materiais e mais com as do espírito. Não quer ele dizer que cruzemos os braços; mas que trabalhemos confiantes no Pai celestial e nada nos faltará.

            Outro ponto importante que devemos considerar é que o tratar, unicamente, das coisas materiais apresenta dois graves perigos: Em primeiro lugar, embrutece a alma. Quem só cuida da parte material da existência, esquecido da centelha divina que traz dentro de si, materializa seu perispírito, o que lhe acarretará grandes perturbações, quando passar para o mundo espiritual.

            Em segundo lugar, afasta-se de Deus. E quem se afasta de Deus, retarda seu progresso espiritual. E as conseqüências do progresso espiritual retardado são fatais para o espírito, porque o mergulham em reencarnações dolorosas, até que desperte para a verdadeira vida. (O Evangelho dos Humildes.  Cap. 6. O Tesouro no céu o olho puro. Os dois senhores. A ansiosa solicitude pela nossa vida. Eliseu Rigonatti)

            Jesus disse: ''Olhai para as aves do céu, que não semeiam nem segam, nem fazem provimento nos celeiros; e contudo vosso Pai celestial as sustenta. Por ventura não sois vós mais do que elas? ''(Mateus 6:26)

            Deus criou o homem sem vestes e sem abrigo, mas deu-lhe a inteligência para fabricá-los. Não se deve, portanto, ver, nessas palavras, mais do que uma poética alegoria da Providência, que nunca deixa ao abandono os que nela confiam, querendo, todavia, que esses,  por seu lado, trabalhem. Se ela nem sempre acode com um auxílio material, inspira as idéias com que se encontram os meios de sair da dificuldade. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 25. Item 7. Allan Kardec).

            Assim como a Providência divina não abandona nem os mais pequeninos e humildes seres viventes, cuidando sem cessar de que eles tenham o mantimento, assim também não nos deixará faltar nada do que nos seja realmente necessário para a manutenção de nossa vida e para o progresso de nosso espírito.

            Na verdade, nossos desejos, cuidados, ansiedades e ambições terrenas, não podem contrariar os desígnios de Deus. Portanto, devemos curvar-nos, humildemente, ante sua soberana vontade, porque só ele sabe dispor dos bens da terra, para o progresso de seus filhos. Contudo, se não podemos acrescentar nada às coisas materiais que o Senhor separou para nós, podemos aumentar de muito o nosso patrimônio espiritual. Isso conseguiremos aplicando-nos, diligentemente, a tratar do progresso de nossa alma. Há indivíduos que julgam que o tempo empregado em assuntos espirituais, tais como: a prece pelos que sofrem, o estudo do Evangelho, uma visita aos doentes desamparados, o esforço que se faz para a extinção dos vícios, a luta contra as imperfeiçôes do espírito, o trabalho para tornarmo-nos bondosos, pacíficos, tolerantes e puros, seja tempo perdido, que melhor seria aproveitado no trato das coisas materiais. Ë um erro pensar assim. A todos os que procurarem promover intensamente seu progresso espiritual, o Pai celestial dará as coisas materiais, por acréscimo de misericórdia.

            É formosa a maneira pela qual Jesus nos faz ver a Providência Divina cuidando da Criação. Desde a tenra e pequenina e quase desprezível ervinha do campo até o homem, tudo é objeto dos carinhos do Pai celestial. Nada está abandonado na face da terra; ninguém está desamparado; não há órfãos. Por certo, cada um receberá o seu quinhão de acordo com o estado em que se encontra. A ervinha do campo e as aves do céu recebem seus alimentos através dos canais da Natureza, sem maiores esforços; porque a ervinha do campo ainda está na fase vegetativa e as aves do céu somente possuem o instinto. Mas o homem, que já atingiu a idade do raciocínio, deve prover a sua própria subsistência. Deus sabe do que necessitamos; e todas as facilidades nos serão concedidas para vivermos; para isso devemos aplicar-nos ao trabalho e ampararmo-nos na confiança de Deus.

            Jesus disse ainda: ''Buscai pois primeiramente o reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas se vos acrescentarão.'' (Mateus 6:33)

            O nosso primeiro e principal dever é lutar por conseguir os bens imperecíveis da alma, os bens espirituais, realizando assim o reino de Deus em nossos corações e pautando nosso viver segundo as leis divinas; essa é a finalidade de nossa existência. Quanto às coisas materiais, poderemos estar tranqüilos; a Providência Divina fará com que elas nos cheguem às mãos, à medida que nossas necessidades reais as reclamarem.

            Certos de que a Providência Divina está incessantemente velando por nós, é um erro inquietarmo-nos pelo futuro. Trabalhemos confiantes hoje e resolvamos nossos problemas e nossas dificuldades, conforme elas se nos forem apresentando. Não tenhamos excessiva preocupação ou ansiedade pelo que o dia de amanhã nos reserva. Preparemo-nos espiritualmente para a tarefa de cada dia e cumpramos de boa vontade nossas obrigações diárias. O futuro pertence a Deus e só ele o pode solucionar. E a solução será sempre segundo nossas obras e nosso merecimento. (O Evangelho dos Humildes.  Cap. 6. O Tesouro no céu o olho puro. Os dois senhores. A ansiosa solicitude pela nossa vida. Eliseu Rigonatti)

              Não vos inquieteis pelo dia de amanhã. Quer isto dizer que, vivendo segundo os desígnios de Deus e tra­balhando, como lhe cumpre, para a sua subsistência, deve o homem estar sempre confiante de que a tudo mais, como for de justiça e conforme às suas necessidades espi­rituais, o Pai proverá. Quer dizer também que, embora sem ser menos previdente do que certos animais, não deve ele mostrar-se ambicioso, nem concentrar na acumu­lação de riquezas todos os seus pensamentos e desejos. Quer, ainda, dizer que, se apesar da sua aplicação ao trabalho, vier o homem a achar-se na penúria, deve con­fiar-se ao Senhor, que, sabendo o que convém a cada uma de suas criaturas, se permite que em tal situação ele se encontre, é porque ela representa a prova necessária a lhe depurar o Espírito e a torná-lo digno do seu Criador. (Elucidações Evangélicas. Cap. 34. Antônio Luiz Sayão)

           Há casos, como num  perigo iminente, em que a assistência deve ser imediata. Como pode ela chegar em tempo hábil, se é preciso esperar a boa vontade de um homem e se essa boa vontade está ausente, por força do livre-arbítrio?
R. ─ Não deveis esquecer que os anjos de guarda, os Espíritos protetores, cuja missão é velar pelos que lhes são confiados, os seguem, por assim dizer, passo a passo. Eles não lhes podem evitar as apreensões dos  perigos que fazem parte de suas provações, mas se as consequências do   perigo   podem ser evitadas, como tudo previram com antecedência, não esperaram o último momento para preparar o socorro. Se por vezes se dirigem a homens de má vontade, é com vistas a procurar despertar neles os bons sentimentos, mas não contam com eles.

             Quando, numa situação crítica, uma pessoa aparece, como que a propósito, para vos assistir e exclamais: "É a Providência que a envia", dizeis uma verdade maior do que por vezes supondes. (Revista Espírita.  Maio de 1866. Aquiescência à prece. Allan Kardec)

             A providência é a solicitude de Deus para com as suas criaturas. Ele está em toda parte, tudo vê, a tudo preside, mesmo às coisas mais mínimas. É nisto que consiste a ação providencial.
            (...)Temos constantemente sob as vistas um exemplo que nos permite fazer ideia do modo por que talvez se exerça a ação de Deus sobre as partes mais íntimas de todos os seres e, conseguintemente, do modo por que lhe chegam as mais sutis impressões de nossa alma. Esse exemplo tiramo-lo de certa instrução que a tal respeito deu um Espírito.
             “O homem é um pequeno mundo, que tem como diretor o Espírito e como dirigido o corpo. Nesse universo, o corpo representará uma criação cujo Deus seria o Espírito. (Compreendei bem que aqui há uma simples questão de analogia e não de identidade.) Os membros desse corpo, os diferentes órgãos que o compõem, os músculos, os nervos, as articulações são outras tantas individualidades materiais, se assim se pode dizer, localizadas em pontos especiais do referido corpo. Se bem seja considerável o número de suas partes constitutivas, de natureza tão variada e diferente, a ninguém é lícito supor que se possam produzir movimentos, ou uma impressão em qualquer lugar, sem que o Espírito tenha consciência do que ocorra. Há sensações diversas em muitos lugares simultaneamente? O Espírito as sente todas, distingue, analisa, assina a cada uma a causa determinante e o ponto em que se produziu, tudo por meio do fluido perispirítico.
             “Análogo fenômeno ocorre entre Deus e a criação. Deus está em toda parte, na Natureza, como o Espírito está em toda parte, no corpo. Todos os elementos da criação se acham em relação constante com ele, como todas as células do corpo humano se acham em contato imediato com o ser espiritual. Não há, pois, razão para que fenômenos da mesma ordem não se produzam de maneira idêntica, num e noutro caso.
            “Um membro se agita: o Espírito o sente; uma criatura pensa: Deus o sabe. Todos os membros estão em movimento, os diferentes órgãos estão a vibrar; o Espírito ressente todas as manifestações, as distingue e localiza. As diferentes criações, as diferentes criaturas se agitam, pensam, agem diversamente: Deus sabe o que se passa e assina a cada um o que lhe diz respeito.
           “Daí se pode igualmente deduzir a solidariedade da matéria e da inteligência, a solidariedade entre si de todos os seres de um mundo, a de todos os mundos e, por fim, de todas as criações com o Criador.” (Quinemant, Sociedade de Paris, 1867.)

          Nada obsta a que se admita, para o princípio da soberana inteligência, um centro de ação, um foco principal a irradiar incessantemente, inundando o Universo com seus eflúvios, como o Sol com a sua luz. Mas onde esse foco? É o que ninguém pode dizer. Provavelmente, não se acha fixado em determinado ponto, como não o está a sua ação, sendo também provável que percorra constantemente as regiões do espaço sem-fim. Se simples Espíritos têm o dom da ubiquidade, em Deus há de ser sem limites essa faculdade. Enchendo Deus o Universo, poder-se-ia ainda admitir, a título de hipótese, que esse foco não precisa transportar-se, por se formar em todas as partes onde a soberana vontade julga conveniente que ele se produza, donde o poder dizer-se que está em toda parte e em parte nenhuma.
        Diante desses problemas insondáveis, cumpre que a nossa razão se humilhe. Deus existe: disso não poderemos duvidar. É infinitamente justo e bom: essa a sua essência. A tudo se estende a sua solicitude: compreendemo-lo. Só o nosso bem, portanto, pode ele querer, donde se segue que devemos confiar nele: é o essencial. Quanto ao mais, esperemos que nos tenhamos tornado dignos de o compreender. (A Gênese. Cap.2. Itens 20, 27, 29 e 30. Allan Kardec)          

 

Bibliografia:

- O Livro dos Espíritos. Questão 704, 705, 706, 707, 708, 715, 716, 717, 923,926 . Allan Kardec.

- O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 25. Item 7 e 8. Allan Kardec.

- A Gênese. Cap.2. Itens 20, 27, 29 e 30. Allan Kardec.

- Revista Espírita.  Maio de 1866. Aquiescência à prece. Allan Kardec.

- Obreiros da vida Eterna. Capítulo 9. Espírito André Luiz . Psicografado por Chico Xavier .

- O Evangelho de Chico Xavier. Itens 319 e 321. Carlos A. Bacelli.

- O Evangelho dos Humildes.  Cap. 6. O Tesouro no céu o olho puro. Os dois senhores. A ansiosa solicitude pela nossa vida. Eliseu Rigonatti.

- Religião dos Espíritos. Sobras. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier

- Elucidações Evangélicas. Cap. 34. Antônio Luiz Sayão.

- Bíblia: Mateus 6:26,33.

- Depois da morte. Cap. 28. Leon Denis.

 - Sites: https://dicionariodoaurelio.com/necessario; https://dicionariodoaurelio.com/superfluo - Data da consulta: 17/12/2015.

 

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