Utilize o conteúdo da aula, designado por "Subsídio para o Evangelizador", para desenvolver palestras espíritas para jovens e adultos.

Aula 75 - A vida após a morte: Percepções e sensações dos Espíritos*

Ciclo 2 - História:  Marina no mundo espiritual... -  Atividade: LE - L2 - Cap. 6 - 3 - Percepções, sensações e sofrimentos dos Espíritos.

Ciclo 3 - História: Baltazar, o Espírito gastrônomo -  Atividade:  LE - L2 - Cap. 6 - 6 - Relações de além do túmulo  ou/e  L4 - Cap. 2 - 4 - Natureza das penas e gozos futuros

Mocidade - História: Cenas da vida privada espírita ou 16 - Filmes ou Documentários Espíritas ou Não: exibir o filme "E a vida continua..." (2012) completo ou parte dele - Atividade: 17 - Cirando do Livro: O Evangelizador deverá elaborar perguntas sobre a história " Cenas da vida privada espírita", que deverá ser lida em casa pelo adolescente antes do dia da aula ou sobre o livro "E a vida continua" psicografado por Chico Xavier.

 

Dinâmica: Percepções e sensações dos Espíritos.

Mensagens espíritas: Plano Espiritual.

Sugestão de livro infantil: Além das Nuvens. Danielle V. M. Carvalho. Editora IDE.  

 

Leitura da Bíblia: Isaías - Capítulo 57


57.2 Aqueles que andam retamente entrarão na paz; acharão descanso na morte.


 

Tópicos a serem abordados:

Terminado o tempo da nossa encarnação, devemos voltar para o mundo

espiritual. Geralmente, nosso anjo da guarda e todos os Espíritos que nos estimam vêm ao nosso encontro e nos ajudam  a libertar-se do corpo material.

- No plano espiritual existem várias cidades espirituais (colônias) de natureza inferior e superior  e também outras regiões inferiores, que os Espíritos se reúnem, conforme o bem ou o mal que fizeram. No entanto, muitos continuam aqui mesmo no planeta Terra, nos ambientes onde viveram.

 - Os Espíritos permanecem com os sentimentos e conhecimentos que adquiriram na existência terrestre. Quanto mais se aproximam da perfeição, tanto mais sabem. Se são Espíritos superiores, sabem muito. Os Espíritos inferiores são mais ou menos ignorantes acerca de tudo. Portanto, o conhecimento acerca das suas vidas passadas e do seu futuro vai depender da sua elevação moral. 

- Os Espíritos se apresentam vestidos de túnicas, envoltos em panos ou com as roupas que usavam quando vivos. Nas colônias espirituais existem casas, hospitais, escolas e objetos semelhantes aos da Terra. O plano físico é, na verdade, uma cópia imperfeita do plano espiritual. Os Espíritos manipulam o fluído universal através da força do seu pensamento para criar os objetos e as moradias.

-  A alma pode atravessar as paredes das nossas casas, a água e até mesmo o fogo. Entretanto, para os Espíritos ignorantes a matéria é ainda um obstáculo.

- Os Espíritos não precisam de luz para ver, com exceção daqueles que estão em expiação. Eles percebem o som, a música, o cheiro bom ou desagradável.

-  Os Espíritos percorrem o espaço com a rapidez do pensamento. Os superiores usam a força do pensamento,  para se transportarem de um lugar para o outro, elevando-se do solo numa espécie de vôo (prática conhecida por volitação).  Mas aqueles que não possuem capacidade de volitação desenvolvida, utilizam-se de meios de transportes, tais como o aérobus, uma espécie de carro aéreo usado na colônia espiritual ''Nosso Lar''.   

- Os Espíritos se comunicam através da palavra, o fluído universal é veículo da transmissão de seus pensamentos, como, para nós, o ar o é do som. Não é possível os Espíritos inferiores esconderem seus pensamentos dos Espíritos superiores Existem também aparelhos avançados para se comunicarem a distância, semelhantes à televisão e o rádio.  Entretanto, nem todos precisam desses aparelhos para conversar  a distância. Aqueles que estão em  perfeita sintonia de pensamento podem se comunicar pelo processo de conversação mental.

- A maioria dos desencarnados acostumados as sensações terrenas, ainda sentem a necessidade da alimentação, portanto, no plano espiritual existem alimentos semelhantes aos da Terra, porém fluídicos, tais como sopas e frutas. 

- Se fizeram o mal, os Espíritos continuam sentindo as sensações e sofrimentos que tinham quando encarnados, mas se fizeram o bem não sentem mais as suas antigas dores.

 

Perguntas para fixação:

1. Para onde a alma vai após desencarnar?

2. Os Espíritos tudo sabem após desencarnar? 

3.  Os Espíritos utilizam roupas no plano espiritual?

4. Como os Espíritos criam os objetos?

5. Com qual velocidade os Espíritos atravessam o espaço?

6. Como é chamada a capacidade dos Espíritos superiores elevarem-se do solo numa espécie de vôo?

7. Como é chamado o meio de transporte utilizado na colônia espiritual ''Nosso lar''?

8. Quais meios de comunicação a distância existem no plano espiritual?

9. Os Espíritos inferiores conseguem esconder os pensamentos dos superiores?

10. Por que existem Espíritos que ainda necessitam da alimentação fluídica?

 

Subsídio para o Evangelizador:

            O ser humano, como dissemos, pertence desde esta vida a dois mundos. Pelo seu corpo físico, está ligado ao mundo visível; pelo seu corpo fluídico, ao invisível. (O problema do ser, do destino e da dor. Cap. 11. Léon Denis). 

            Para onde vai a alma, depois de sua separação do corpo?
            Não se perde na imensidão do infinito, como geralmente se acredita. Fica errante no espaço e, as mais das vezes, junto àqueles que conheceu e sobretudo que amou.
Mas apesar disso não deixa de poder transportar-se, instantaneamente, a distâncias imensas. ( O que é o Espiritismo.  Cap. 3. Questão 150. Allan Kardec).

              A alma encontra, no mundo dos Espíritos, os parentes e amigos que a precederam?

                Não somente reencontra esses, mas outros muitos que conheceu em vidas passadas. Geralmente aqueles que mais a amam vêm ao seu encontro, recebendo-a quando chega ao mundo espiritual e auxiliando-a a se desprender dos laços terrenos. Mas a privação do encontro com as almas mais queridas é, às vezes, um castigo para as almas culpadas. ( O que é o Espiritismo.  Cap. 3. Questão 153. Allan Kardec - Vide: O Livro dos Espíritos. Questão 290. Allan Kardec).

             Como se apresenta a vida social dos Espíritos desen­carnados?

          - No Plano Espiritual imediato à experiência física, as sociedades humanas desencarnadas, em quase dois terços, per­manecem naturalmente jungidas, de alguma sorte, aos interesses terrenos.

            Egressas do próprio mundo em que se lhes tramam os elos da retaguarda, quando não se desvairam nas faixas infer­nais, igualmente imanizadas ao Planeta de que se originam, trabalham com ardor, não só pelo próprio adiantamento, como também no auxílio aos que ficaram.

          Naturalmente as almas que constituem a percentagem a que nos referimos, distanciadas ainda do aprimoramento ideal, procuram aperfeiçoar em si mesmas as qualidades nobres menos desenvolvidas, buscando clima adequado que lhes favoreça o trabalho.

          Convictas de que tornarão à Terra para a solução dos pro­blemas que lhes enevoam ou afligem o campo íntimo, situam-se em tarefas obscuras, junto aos semelhantes, encarnados ou de­sencarnados, quando se reconhecem vitimadas pela vaidade ou pelo orgulho que ainda lhes medram no seio, e localizam-se em aprendizados valiosos da inteligência, em se vendo inábeis para os serviços especializados do pensamento, não obstante os ta­lentos sentimentais que já entesourem consigo.

            Quase todas, no entanto, obedecem aos ditames do amor ou do ideal que lhes inspiram a consciência.

            Aglutinam-se em verdadeiras cidades e vilarejos, com es­tilos variados, como acontece aos burgos terrestres, característi­cos da metrópole ou do campo, edificando largos empreendimentos de educação e progresso, em favor de si mesmas e a be­nefício dos outros.

            As regiões purgativas ou simplesmente infernais são por elas amparadas, quanto possível, organizando-se aí, sob o seu patrocínio, extensa obra assistencial. (Evolução em dois Mundos. Cap. 27. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier e Waldo Vieira).

            Uma vez de volta ao mundo dos Espíritos, conserva a alma as percepções que tinha na Terra?

            Sim, além de outras de que aí não dispunha, porque o corpo, qual véu sobre elas lançado, as obscurecia. A inteligência é um atributo, que tanto mais livremente se manifesta no Espírito, quanto menos entraves tenha que vencer. (O Livro dos Espíritos. Questão 237. Allan Kardec)

            São ilimitadas as percepções e os conhecimentos dos Espíritos? Numa palavra: eles sabem tudo?

            Quanto mais se aproximam da perfeição, tanto mais sabem. Se são Espíritos superiores, sabem muito. Os Espíritos inferiores são mais ou menos ignorantes acerca de tudo. (O Livro dos Espíritos. Questão 238. Allan Kardec)

            Conhecem os Espíritos o princípio das coisas?

            Conforme a elevação e a pureza que hajam atingido. Os de ordem inferior não sabem mais do que os homens. (O Livro dos Espíritos. Questão 239. Allan Kardec)

            Como é que os Espíritos têm conhecimento do passado? E esse conhecimento lhes é ilimitado?

            O passado, quando com ele nos ocupamos, é presente. Verifica-se então, precisamente, o que se passa contigo quando recordas qualquer coisa que te impressionou no curso do teu exílio. Simplesmente, como já nenhum véu material nos tolda a inteligência, lembramo-nos mesmo daquilo que se te apagou da memória. Mas, nem tudo os Espíritos sabem, a começar pela própria criação. ( O Livro dos Espíritos. Questão 242. Allan Kardec)

            E o futuro, os Espíritos o conhecem?

            Ainda isto depende da elevação que tenham conquistado. Muitas vezes, apenas o entrevêem, porém nem sempre lhes é permitido revelá-lo. Quando o vêem, parece-lhes  presente. À medida que se aproxima de Deus, tanto mais claramente o Espírito descortina o futuro. Depois da morte, a alma vê e apreende num golpe de vista suas passadas migrações, mas não pode ver o que Deus lhe reserva. Para que tal aconteça, preciso é que, ao cabo de múltiplas existências, se haja integrado nele. (O Livro dos Espíritos. Questão 243. Allan Kardec).

            A duração, os Espíritos a compreendem como nós?

            Não e daí vem que nem sempre nos compreendeis, quando se trata de determinar datas ou épocas.

            Os Espíritos vivem fora do tempo como o compreendemos. A duração, para eles, deixa, por assim dizer, de existir. Os séculos, para nós tão longos, não passam, aos olhos deles, de instantes que se movem na eternidade, do mesmo modo que os relevos do solo se apagam e desaparecem para quem se eleva no espaço. (O Livro dos Espíritos. Questão 240. Allan Kardec)

            No livro '' Nosso Lar'', durante a sua permanência nas zonas inferiores, o Espírito André Luiz relata que havia perdido a noção de tempo:

            ''Eu guardava a impressão de haver perdido a idéia de tempo.

            A noção de espaço esvaíra-se-me de há muito.'' (Nosso lar. Cap. 1. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier).

            Posteriormente, o instrutor espiritual lhe esclarece:

            Talvez não saiba ainda que sua permanência nas esferas inferiores durou mais de oito anos consecutivos.

            (...)Eu tinha os olhos úmidos. Ignorava o número de anos que me distanciavam da gleba terrestre. (Nosso lar. Cap. 7. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier).

             O livro '' Nos domínios da mediunidade'' traz o seguinte esclarecimento: ''É que o tempo, para nós, é sempre aquilo que dele fizermos. Para melhor compreensão do assunto, lembremo-nos de que as horas são invariáveis no relógio, mas não são sem­pre as mesmas em nossa mente. Quando felizes, não tomamos conhecimento dos minutos. Satisfa­zendo aos nossos ideais ou interesses mais íntimos, os dias voam céleres, ao passo que, em companhia do sofrimento e da apreensão, temos a idéia de que o tempo está inexoravelmente parado. E quando não nos esforçamos por superar a câmara lenta da angústia, a idéia aflitiva ou obcecante nos cor­rói a vida mental, levando-nos à fixação.'' (Nos domínios da mediunidade. Cap. 25. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier).

            Os Espíritos gastam algum tempo para percorrer o espaço?

Sim, mas fazem-no com a rapidez do pensamento. (O Livro dos Espíritos. Questão 89. Allan Kardec)

            O Espírito que se transporta de um lugar a outro tem consciência da distância que percorre e dos espaços que atravessa, ou é subitamente transportado ao lugar onde quer ir?

            Dá-se uma e outra coisa. O Espírito pode perfeitamente, se o quiser, inteirar-se da distância que percorre, mas também essa distância pode desaparecer completamente, dependendo isso da sua vontade, bem como da sua natureza mais ou menos depurada. (O Livro dos Espíritos. Questão 90. Allan Kardec)

            No livro '' Nosso Lar'', o Espírito André Luiz relata que existem meios de transporte, utilizados pelos Espíritos,  no plano espiritual:

            ''Chegados a extenso ângulo da praça, o generoso amigo acrescentou: - Esperemos o aeróbus (Carro aéreo, que seria na Terra um grande funicular). Mal me refazia da surpresa, quando surgiu grande carro, suspenso do solo a uma altura de cinco metros mais ou  menos e repleto de  passageiros. Ao descer até nós, à maneira de um elevador terrestre, examinei-o com atenção. Não era máquina conhecida na Terra. Constituída de material muito flexível, tinha enorme comprimento, parecendo ligada a fios invisíveis, em virtude do grande número de antenas na tolda. Mais tarde, confirmei minhas suposições, visitando as grandes oficinas do Serviço de Trânsito e Transporte. ( Nosso Lar. Cap. 10. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier). 

            Em outro ocasião, descreve o meio de transporte utilizado no umbral : ''Seis grandes carros, formato diligência, precedidos de matilhas de cães alegres e bulhentos, eram tirados por animais que, mesmo de longe, me pareceram iguais aos muares terrestres. Mas a nota mais interessante era os grandes bandos de aves, de corpo volumoso, que voavam a curta distância, acima dos carros, produzindo ruídos singulares. Dirigi-me, incontinenti, a Narcisa, perguntando: - Onde o aeróbus? Não seria possível utilizá-lo no Umbral? Dizendo-me que não, indaguei das razões. Sempre atenciosa, a enfermeira explicou: - Questão de densidade da matéria. Pode você figurar um exemplo com a água e o ar. O avião que fende a atmosfera do planeta não pode fazer o mesmo na massa equórea. Poderíamos construir determinadas máquinas como o submarino; mas, por espírito de compaixão pelos que sofrem, os núcleos espirituais superiores preferem aplicar aparelhos de transição. Além disso, em muitos casos, não se pode prescindir da colaboração dos animais.''  ( Nosso Lar. Cap. 33. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier). 

            No entanto, o Espírito André Luiz relata: (...) ''aqui, em 'Nosso Lar', nem todos necessitam do aeróbus para se locomoverem, porque os habitantes mais elevados da colônia dispõem do poder de volitação. (Nosso Lar. Cap. 50. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)

            A volitação depende, fundamentalmente, da força mental armazenada pela inteligência; importa, contudo, considerar que os voos altíssimos da alma só se fazem possíveis quando à intelectualidade elevada se alia o amor sublime. Há Espíritos perversos com vigorosa capacidade volitiva, apesar de circunscritos a baixas incursões. São donos de imenso poder de raciocí­nio e manejam certas forças da Natureza, mas sem característicos de sublimação no sentimento, o que lhes impede grandes ascensões. (No mundo maior. Cap. 17. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier).

            O Espírito tem circunscrita a visão como os seres corpóreos?

            Não, ela reside em todo ele. (O Livro dos Espíritos. Questão 245. Allan Kardec)

            Precisam da luz para ver?

            Vêem por si mesmos, sem precisarem de luz exterior. Para os Espíritos, não há trevas, salvo as em que podem achar-se por expiação. (O Livro dos Espíritos. Questão 246. Allan Kardec)

             Para verem o que se passa em dois pontos diferentes, precisam transporta-se a esses pontos? Podem, por exemplo, ver simultaneamente nos dois hemisférios do globo?

            Como o Espírito se transporta aonde queira, com a rapidez do pensamento, pode-se dizer que vê em toda parte ao mesmo tempo. Seu pensamento é suscetível de irradiar, dirigindo-se a um tempo para muitos pontos diferentes, mas esta faculdade depende da sua pureza. Quanto menos puro é o Espírito, tanto mais limitada tem a visão. Só os Espíritos superiores podem com a vista abranger um conjunto. (O Livro dos Espíritos. Questão 247. Allan Kardec)

            No livro '' Nosso Lar'' relata que a visão espiritual do Espírito André Luiz, a princípio, ainda era limitada, pois não conseguiu visualizar os pontos negros de uma mulher que estava pedindo socorro no portão do Nosso Lar :

            ''- Filhos de Deus - bradou a mendiga ao avistar-nos -, dai-me abrigo à alma cansada! Onde está o paraíso dos eleitos, para que eu possa fruir a paz desejada.

            Aquela voz lamuriosa sensibilizava-me o coração. Narcisa, por sua vez, mostrava-se comovida, mas falou em tom confidencial:

            - Não está vendo os pontos negros?

            - Não - respondi.

            - Sua visão espiritual ainda não está suficientemente educada.

            (...)Chegados à cancela, o Irmão Paulo, orientador dos vigilantes, examinou atentamente a recém-chegada do Umbral, e disse:

            - Esta mulher, por enquanto, não pode receber nosso socorro. Trata-se de um dos mais fortes vampiros que tenho visto até hoje. É preciso entregá-la à própria sorte.

            (...)O Irmão Paulo, com a paciência dos que sabem esclarecer com amor, explicou:

            - Esses pontos escuros representam cinqüenta e oito crianças assassinadas ao nascerem. Em cada mancha vejo a imagem mental de uma criancinha aniquilada, umas por golpes esmagadores, outras por asfixia.'' (Nosso Lar. Cap. 31. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier).

             Como se comunicam entre si os Espíritos?

            Eles se vêem e se compreendem. A palavra é material: é o reflexo do Espírito. O fluido universal estabelece entre eles constante comunicação; é o veículo da transmissão de seus pensamentos, como, para vós, o ar o é do som. É uma espécie de telégrafo universal, que liga todos os mundos e permite que os Espíritos se correspondam de um mundo a outro. (O Livro dos Espíritos. Questão 282. Allan Kardec)

            Podem os Espíritos, reciprocamente, dissimular seus pensamentos? Podem ocultar-se uns dos outros?

            Não; para os Espíritos, tudo é patente, sobretudo para os perfeitos. Podem afastar-se uns dos outros, mas sempre se vêem. Isto, porém, não constitui regra absoluta, porquanto certos Espíritos podem muito bem tornar-se invisíveis a outros Espíritos, se julgarem útil fazê-lo. (O Livro dos Espíritos. Questão 283. Allan Kardec).

             Como se caracteriza a linguagem entre os Espíritos?

          - Incontestavelmente, a linguagem do Espírito é, acima de tudo, a imagem que exterioriza de si próprio.

          Isso ocorre mesmo no plano físico, em que alguém, sa­bendo refletir-se, necessitará poucas palavras para definir a lar­gueza de seus planos e sentimentos, acomodando-se à síntese que lhe angaria maior cabedal de tempo e influência.

            Círculos espirituais existem, em planos de grande subli­mação, nos quais os desencarnados, sustentando consigo mais elevados recursos de riqueza interior, pela cultura e pela grande­za moral, conseguem plasmar, com as próprias idéias, quadros vivos que lhes confirmem a mensagem ou o ensinamento, seja em silêncio, seja com a despesa mínima de suprimento verbal, em livres circuitos mentais de arte e beleza, tanto quanto muitas Inteligências infelizes, treinadas na ciência da reflexão, conse­guem formas telas aflitivas em circuitos mentais fechados e ob­sessivos, sobre as mentes que magneticamente jugulam.

           (...) Todavia, não obstante reconhecermos que a ima­gem está na base de todo intercâmbio entre as criaturas encarna­das ou não, é forçoso observar que a linguagem articulada, no chamado espaço das nações, ainda possui fundamental impor­tância nas regiões a que o homem comum será transferido ime­diatamente após desligar-se do corpo físico. (Evolução em dois mundos. 2º parte. Cap. 22. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier).

           No livro '' Nosso Lar '', o Espírito André Luiz relata que existem também, no plano espiritual, aparelhos de comunicação a distância:

            ''Todos os circunstantes, atentos, pareciam aguardar alguma coisa. Contendo a custo numerosas indagações que me esfervilhavam na mente, notei que ao fundo, em tela gigantesca, desenhava-se prodigioso quadro de luz quase feérica. Obedecendo a processos adiantados de televisão, surgiu o cenário de templo maravilhoso.

        Sentado em lugar de destaque, um ancião coroado de luz fixava o Alto, em atitude de prece, envergando alva túnica de irradiações resplandecentes. Em plano inferior, setenta e duas figuras pareciam acompanhá-lo em respeitoso silêncio. Altamente surpreendido, reparei Clarêncio participando da assembléia, entre os que cercavam o velhinho refulgente.

        Apertei o braço do enfermeiro amigo, e, compreendendo ele que minhas perguntas não se fariam esperar, esclareceu em voz baixa, que mais se assemelhava a leve sopro:

        - Conserve-se tranqüilo. Todas as residências e instituições de "Nosso Lar" estão orando com o Governador, através da audição e visão a distância. (Nosso Lar. Cap. 3. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier).

        Em outra ocasião descreve um outro tipo de aparelho:

        ''Após enlevar-me na contemplação do quadro prodigioso, como se estivesse bebendo a luz e a calma da noite, voltamos ao interior onde Lísias se aproximou de pequeno aparelho postado na sala, à maneira de nossos receptores radiofônicos. Aguçou-se-me a curiosidade. Que iríamos ouvir?

            Mensagens da Terra? Vindo ao encontro de minhas interrogações íntimas, o amigo esclareceu:

            - Não ouviremos vozes do planeta. Nossas transmissões baseiam-se em forças vibratórias mais sutis que as da esfera da crosta.

            - Mas não há recurso - indaguei - para recolher as emissões terrestres?

            - Sem dúvida que temos elementos para fazê-lo, em todos os Ministérios; entretanto, no ambiente doméstico o problema de nossa atualidade é essencial. A programação do serviço necessário, as notas da Espiritualidade Superior e os ensinamentos elevados vivem, agora, para nós outros, muito acima de qualquer cogitação terrestre. '' (Nosso Lar. Cap. 23. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)

            (...) ''Nem todos precisam de aparelhos de comunicação para conversar a distância, por se manterem, entre si, num plano de perfeita sintonia de pensamentos. Os que se encontrem afinados desse modo, podem dispor, à vontade, do processo de conversação mental, apesar da distância". (Nosso Lar. Cap. 50. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)

            O Espírito André Luiz relata esta experiência: ''Concentrei-me em fervorosa oração ao Pai e, nas vibrações da prece, dirigi-me a Narcisa encarecendo socorro. Contava-lhe, em pensamento, minha experiência dolorosa, comunicava-lhe meus propósitos de auxílio e insistia para que me não desamparasse.

            Aconteceu, então, o que não poderia esperar.

            Passados vinte minutos, mais ou menos, quando ainda não havia retirado a mente da rogativa, alguém me tocou de leve no ombro.

            Era Narcisa que atendia, sorrindo:

            - Ouvi seu apelo, meu amigo, e vim ao seu encontro.'' (Nosso Lar. Cap. 50. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)

            No livro '' Memórias de um suicida'' há descrição de um aparelho que transmite notícias dos entes queridas aos suicidas acolhidos num hospital no plano espiritual:

            ''Existia em cada dormitório certo aparelhamento delicadíssimo, estruturado em substâncias eletromagnéticas, que, acumulando potencialidade inavaliável de atração, seleção, reprodução e transmissão, estampava em região espelhenta, que lhe era parte integrante, quaisquer imagens e sons que benévola e caridosamente nos fossem dirigidos. Quando um coração generoso, pertencente às nossas famílias ou mesmo para nós desconhecido, arremessasse vibrações fraternas pelas imensidões do Espaço, ao Pai Altíssimo invocando mercês para nossa almas enoitadas pelos dissabores, éramos imediatamente informados por luminosidade repentina, que, traduzindo o balbucio da oração, reproduzia também a imagem da personalidade operante, o que, às vezes, sobremodo nos surpreendia, visto acontecer que pessoas a quem nem sempre distinguíramos com afeição e desvelo se apresentavam freqüentemente ao espelho magnético, enquanto outras, que de nossos corações obtiveram as máximas solicitudes, raramente mitigavam as asperezas da nossa íntima situação com as blandícias santificantes da Prece! (Memórias de um suícida. Cap. 4. Yvone Pereira)

              O Espírito vê as coisas tão distintamente como nós?

            Mais distintamente, pois que sua vista penetra onde a vossa não pode penetrar. Nada a obscurece. (O Livro dos Espíritos. Questão 248. Allan Kardec)

             Percebe os sons?

            Sim, percebe mesmo sons imperceptíveis para os vossos sentidos obtusos.

            a) - No Espírito, a faculdade de ouvir está em todo ele, como a de ver?

Todas as percepções constituem atributos do Espírito e lhe são inerentes ao ser. Quando o reveste um corpo material, elas só lhe chegam pelo conduto dos órgãos. Deixam, porém, de estar localizadas, em se achando ele na condição de Espírito livre. (O Livro dos Espíritos. Questão 249 e 249-a. Allan Kardec)

            O envoltório semimaterial do Espírito constitui uma espécie de corpo de forma definida, limitada e análoga à nossa. Mas esse corpo não tem os nossos órgãos e não pode sentir todas as nossas impressões. Entretanto, percebe tudo quanto percebemos: a luz, os sons, os odores, etc. Por nada terem de material, nem por isso essas sensações deixam de ser menos reais; têm, até, algo de mais claro, de mais preciso, de mais sutil, porque lhe chegam sem intermediário, sem passar pela fieira dos órgãos que as enfraquecem. A faculdade de perceber é inerente ao Espírito: é um atributo de todo o seu ser; as sensações lhe chegam de todas as partes, e não por canais circunscritos. Um deles nos dizia, falando da visão: “É uma faculdade do Espírito e não do corpo; vedes pelos olhos, mas não é o olho que vê, é o Espírito.” (Revista Espírita. Abril de 1859. Quadro da vida Espírita. Allan Kardec)

            Já dissemos que os Espíritos se apresentam vestidos de túnicas, envoltos em panos ou com as roupas que usavam quando vivos. Os panos parecem ser um costume geral no mundo dos Espíritos; mas pergunta-se: onde eles vão buscar as roupas semelhantes àquelas que usavam quando estavam vivos, com todos os acessórios? É bem evidente que não os levaram com eles, uma vez que os objetos que usavam ainda estão sob nossos olhos; de onde provêm então os que usam no outro mundo? (O Livro dos Médiuns. Cap. 8. Item 126. Allan Kardec)

            Os fluidos espirituais, que constituem um dos estados do fluido cósmico universal, são, propriamente falando, a atmosfera dos seres espirituais; é o elemento de onde eles retiram os materiais sobre os quais operam. (...) Os Espíritos agem sobre os fluidos espirituais, não os manipulando como os homens manipulam os gases, mas com a ajuda do pensamento e da vontade. O pensamento e a vontade são para o Espírito o que a mão é para o homem. (A Gênese. Cap. 14. Itens 13 e 14. Allan Kardec)

            Ele tira da matéria cósmica universal os elementos necessários para formar, de acordo com sua vontade, objetos com a aparência dos diversos corpos que existem na Terra. Ele pode igualmente atuar sobre a matéria elementar, de acordo com sua vontade, uma transformação íntima, dando-lhe propriedades determinadas. ( O Livro dos médiuns. Segunda parte. Cap. 8. Item 129. Allan Kardec).

            (...) É com a ajuda desse princípio material que o perispírito toma a aparência das roupas semelhantes àquelas que o Espírito usava quando encarnado. ( O Livro dos médiuns. Segunda parte. Cap. 8. Item 128. Allan Kardec).

            Quando Joana d'Arc, a donzela de Orleães, era submetida a um daqueles terríveis interrogatórios que a História registrou, no curso do processo da sua condenação, movida pela chamada Santa Inquisição, na França , um dos seus mais encarniçados verdugos, ou juízes, justamente o Bispo de Beauvais, fez-lhe esta pergunta ardilosa, tentando confundí-la: - " São Miguel te aparece desnudo? (...) ''Pensas que Deus não tem com que vestí-los...'', respondeu Joana. (...) Os fatos mais antigos aí estão, espalhados pelos séculos, atestando que, seja de fluido cósmico universal, de éter sublimado ou de fluido espiritual, de matérias quintessenciadas, de gases ou de vaporizações, ou simplesmente como decorrência de força mental projetada sobre as fibras supersensíveis do perispírito, o certo é que a maioria dos habitantes do Além se deixa ver com roupagens que variam do belo esplendoroso ao miserável e ao horrível. (Devassando o invisível . Como se trajam os Espíritos. Pág.42 e  59. Yvonne A. Pereira).

            Assim, também as nossas casas são produtos das nossas mentes. Pensamos e construímos.  (...) Embora os Espíritos tenham a faculdade de criar mais ou menos bem, pela força do pensamento, o que lhes seja necessário, todavia, quando se trata de obras complexas e importantes, a tarefa é confiada a grupos de Espíritos que nisso se especializaram. (Devassando o Invisível. Nada de novo. Pág. 17, 20 e 21. Yvonne A. Pereira).  

            O tempo não tem ação de espécie alguma sobre as nossas edificações. Elas não se desfazem nem se arruinam. Sua durabilidade depende apenas da vontade dos donos, e, enquanto eles quiserem, o edifício ficará de pé, podendo ser alterado ou modificado consoante seus desejos...porque estas esferas são espirituais e não materiais. (Devassando o Invisível. Nada de novo. Pág. 19. Yvonne A. Pereira).  

            A matéria opõe obstáculo ao Espírito?

            Nenhum; eles passam através de tudo. O ar, a terra, as águas e até mesmo o fogo lhes são igualmente acessíveis. (O Livro dos Espíritos. Questão 91. Allan Kardec).

            As leis da gravidade são menos rígidas. As paredes não são mais obstáculos. A alma pode atravessá-las e elevar-se nos ares. E, entretanto, certos entraves que ela não pode definir ainda a retêm. Tudo a deixa com medo e hesitação. (O problema do ser, do destino e da dor. Cap. 11. Léon Denis)

            No entanto, no livro '' Os mensageiros'', o instrutor espiritual relata que para os Espíritos  ignorantes, apegados as sensações terrestres, a matéria do plano ainda é um obstáculo:

            ''Sempre que ameaça tempestade, os seres vagabundos da sombra se mo­vinentam procurando asilo. São os ignorantes que vagueiam nas ruas, escravizados às sensações mais fortes dos sentidos físicos. Encontram-se ainda colados às expressões mais baixas da experiência terrestre e os aguaceiros os incomodam tanto quan­to ao homem comum, distante do lar. Buscam, de preferência, as casas de diversão noturna, onde a ociosidade encontra válvula nas dissipações. Quando isto não se lhes torna acessível, penetram as resi­dências abertas, considerando que, para eles, a ma­téria do plano ainda apresenta a mesma densidade característica.'' (Os mensageiros. Cap. 37. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier).

             Os Espíritos experimentam as nossas necessidades e sofrimentos físicos?

            Eles os conhecem, porque os sofreram, não os experimentam, porém, materialmente, como vós outros: são Espíritos. (O Livro dos Espíritos. Questão 253. Allan Kardec)

             E a fadiga, a necessidade de repouso, experimentam-nas?

            Não podem sentir a fadiga, como a entendeis; conseguintemente, não precisam de descanso corporal, como vós, pois que não possuem órgãos cujas forças devam ser reparadas. O Espírito, entretanto, repousa, no sentido de não estar em constante atividade. Ele não atua materialmente. Sua ação é toda intelectual e inteiramente moral o seu repouso. Quer isto dizer que momentos há em que o seu pensamento deixa de ser tão ativo quanto de ordinário e não se fixa em qualquer objeto determinado. É um verdadeiro repouso, mas de nenhum modo comparável ao do corpo. A espécie de fadiga que os Espíritos são suscetíveis de sentir guarda relação com a inferioridade deles. Quanto mais elevados sejam, tanto menos precisarão de repousar. (O Livro dos Espíritos. Questão 254. Allan Kardec).

            O Espírito, portanto, não experimenta fadiga nem necessidade de repouso ou de nutrição, porque não tem nenhuma perda a reparar, como não é acometido por nenhuma de nossas enfermidades. (Revista Espírita. Abril de 1859. Quadro da vida Espírita. Allan Kardec)

            Entretanto, o Espírito André Luiz relata que: '' Abandonado o envoltório físico na desencarnação, se o psicossoma está profundamente arraigado às sensações terres­tres, sobrevém ao Espírito a necessidade inquietante de prosseguir atrelado ao mundo biológico que lhe é familiar, e, quando não a supera ao preço do próprio esforço, no auto-reajustamen­to, provoca os fenômenos da simbiose psíquica, que o levam a conviver, temporariamente, no halo vital daqueles encarnados com os quais se afine, quando não promove a obsessão espeta­cular.

            Na maioria das vezes, os desencarnados em crise dessa ordem são conduzidos pelos agentes da Bondade Divina aos centros de reeducação do Plano Espiritual, onde encontram ali­mentação semelhante à da Terra, porém fluídica, recebendo-a em porções adequadas até que se adaptem aos sistemas de sustentação da Esfera Superior, em cujos círculos a tomada de substância é tanto menor e tanto mais leve quanto maior se evi­dencie o enobrecimento da alma, porqüanto, pela difusão cutâ­nea, o corpo espiritual, através de sua extrema porosidade, nu­tre-se de produtos sutilizados ou sínteses quimioeletromagnéti­cas, hauridas no reservatório da Natureza e no intercâmbio de raios vitalizantes e reconstituintes do amor com que os seres se sustentam entre si. Essa alimentação psíquica, por intermédio das projeções magnéticas trocadas entre aqueles que se amam, é muito mais importante que o nutricionista do mundo possa imaginar, de vez que, por ela, se origina a ideal euforia orgânica e mental da per­sonalidade. Daí porque toda criatura tem necessidade de amar e receber amor para que se lhe mantenha o equilíbrio geral. De qualquer modo, porém, o corpo espiritual com alguma provisão de substância específica ou simplesmente sem ela, quando já consiga valer-se apenas da difusão cutânea para refa­zer seus potenciais energéticos, conta com os processos da assi­milação e da desassimilação dos recursos que lhe são peculia­res, não prescindindo do trabalho de exsudação dos resíduos, pela epiderme ou pelos emunctórios normais, compreendendo-se, no entanto, que pela harmonia de nível, nas operações nutriti­vas, e pela essencialização dos elementos absorvidos, não exis­tem para o veículo psicossomático determinados excessos e in­conveniências dos sólidos e líquidos da excreta comum (Evolução em dois mundos. 2º parte. Cap. 21. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier e Waldo Vieira).

            Quando um Espírito diz que sofre, de que natureza é seu sofrimento?

            Angústias morais, que o torturam mais dolorosamente do que todos os sofrimentos físicos. (O Livro dos Espíritos. Questão 255. Allan Kardec)

             Como é então que alguns Espíritos se têm queixado de sofrer frio ou calor?

            É reminiscência do que padecem durante a vida, reminiscência não raro tão aflitiva quanto a realidade. Muitas vezes, no que eles assim dizem apenas há uma comparação mediante a qual, em falta de coisa melhor, procuram exprimir a situação em que se acham. Quando se lembram do corpo que revestiram, têm impressão semelhante à de uma pessoa que, havendo tirado o manto que a envolvia, julga, passando algum tempo, que ainda o traz sobre os ombros. (O Livro dos Espíritos. Questão 256. Allan Kardec).

            Já sabemos que entre o Espírito e o corpo há um laço semimaterial que constitui um primeiro envoltório: é esse laço que não se quebra subitamente e, enquanto perdura, fica o Espírito num estado de perturbação comparável ao que acompanha o despertar. Muitas vezes duvida de sua morte; sente que existe, vê-se e não compreende que possa viver sem o corpo, do qual se percebe separado; os laços que ainda o prendem à matéria o tornam acessível a certas sensações, que toma como sensações físicas. Não é senão quando se acha completamente livre que o Espírito se reconhece: até então não percebe a sua situação. (Revista Espírita. Abril de 1859. Quadro da vida Espírita. Allan Kardec)

            No livro ''Nosso Lar'', o Espírito André Luiz, que desencarnara devido oclusão intestinal,  relata que ainda sentia dores: ''Não posso negar que esteja melhor; entretanto, sofro intensamente. Muitas dores na zona intestinal, estranhas sensações de angústia no coração.'' (Nosso Lar. Cap. 6. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier).

            A lembrança que da dor a alma conserva pode ser muito penosa, mas não pode ter ação física. De fato, nem o frio, nem o calor são capazes de desorganizar os tecidos da alma, que não é suscetível de congelar-se, nem de queimar-se. Não vemos todos os dias a recordação ou a apreensão de um mal físico produzirem o efeito desse mal, como se real fora? Não as vemos até causar a morte? Toda gente sabe que aqueles a quem se amputou um membro costumam sentir dor no membro que lhes falta. Certo que aí não está a sede, ou, sequer, o ponto de partida da dor. O que há, apenas, é que o cérebro guardou desta a impressão. Lícito, portanto, será admitir-se que coisa análoga ocorra nos sofrimentos do Espírito após a morte.

            (...)Liberto do corpo, o Espírito pode sofrer, mas esse sofrimento não é corporal, embora não seja exclusivamente moral, como o remorso, pois que ele se queixa de frio e calor. Também não sofre mais no inverno do que no verão: temo-los visto atravessar chamas, sem experimentarem qualquer dor. Nenhuma impressão lhes causa, conseguintemente, a temperatura. A dor que sentem não é, pois, uma dor física propriamente dita: é um vago sentimento íntimo, que o próprio Espírito nem sempre compreende bem, precisamente porque a dor não se acha localizada e porque não a produzem agentes exteriores; é mais uma reminiscência do que uma realidade, reminiscência, porém, igualmente penosa. Algumas vezes, entretanto, há mais do que isso, como vamos ver.

            Ensina-nos a experiência que, por ocasião da morte, o perispírito se desprende mais ou menos lentamente do corpo; que, durante os primeiros minutos depois da desencarnação, o Espírito não encontra explicação para a situação em que se acha. Crê não estar morto, por isso que se sente vivo; vê a um lado o corpo, sabe que lhe pertence, mas não compreende que esteja separado dele. Essa situação dura enquanto haja qualquer ligação entre o corpo e o perispírito. Disse-nos, certa vez, um suicida: “Não, não estou morto.” E acrescentava: No entanto, sinto os vermes a me roerem. Ora, indubitavelmente, os vermes não lhe roíam o perispírito e ainda menos o Espírito; roíam-lhe apenas o corpo. Como, porém, não era completa a separação do corpo e do perispírito, uma espécie de repercussão moral se produzia, transmitindo ao Espírito o que estava ocorrendo no corpo. Repercussão talvez não seja o termo próprio, porque pode induzir à suposição de um efeito muito material. Era antes a visão do que se passava com o corpo, ao qual ainda o conservava ligado o perispírito, o que lhe causava a ilusão, que ele tomava por realidade.

            (...)Ora, não sendo o perispírito, realmente, mais do que simples agente de transmissão, pois que no Espírito é que está a consciência, lógico será deduzir-se que, se pudesse existir perispírito sem Espírito, aquele nada sentiria, exatamente como um corpo que morreu. Do mesmo modo, se o Espírito não tivesse perispírito, seria inacessível a toda e qualquer sensação dolorosa. É o que se dá com os Espíritos completamente purificados. (O Livro dos Espíritos. Item 257. Allan Kardec)

            Quais os sofrimentos maiores a que os Espíritos maus se vêem sujeitos?

            Não há descrição possível das torturas morais que constituem a punição de certos crimes. Mesmo o que as sofre teria dificuldade em vos dar delas uma idéia. Indubitavelmente, porém, a mais horrível consiste em pensarem que estão condenados sem remissão. (O Livro dos Espíritos. Questão 973. Allan Kardec).

 

Bibliografia:

- O Livro dos Médiuns. Cap. 8. Itens 126, 128 e 129. Allan Kardec.

- A Gênese. Cap. 14. Itens 13 e 14. Allan Kardec.

- O que é o Espiritismo.  Cap. 3. Questão 150 e 153. Allan Kardec.

- O Livro dos Espíritos. Questões 89, 90, 91, 237, 238, 239, 240, 242, 243, 245, 246, 247, 249, 254, 255, 256, 257,  282, 283, 290, 973. Allan Kardec.

- Revista Espírita. Abril de 1859. Quadro da vida Espírita. Allan Kardec.

- Nosso lar. Capítulos: 1, 6, 7, 9, 31, 33, 50. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier.

- Nos domínios da mediunidade. Cap. 25. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier.

- No mundo maior. Cap. 17. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier.

- Evolução em dois mundos. 2º parte. Cap. 22. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier.

- Os mensageiros. Cap. 37. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier.  

- Evolução em dois mundos. 2º parte. Cap. 21. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier e Waldo Vieira.

 - O problema do ser, do destino e da dor. Cap. 11. Léon Denis.

- Memórias de um suícida. Cap. 4. Yvone Pereira.

- Devassando o invisível . Como se trajam os Espíritos. Pág.17, 19, 20, 21, 42 e  59. Yvonne A. Pereira.

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