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Aula 145 - A traição de Judas Iscariotes

 
Mocidade - História: Mestre e aprendiz - Atividade: 7 - Debate de opiniões contrárias: Antes de reencarnar, Judas Iscariotes viera programado para trair o Cristo?  Inicie o debate antes de começar a aula e depois leia o texto explicativo.

Mensagens espíritas: Traição de Judas.
Sugestão de vídeo:
- Música: Judas e Maria - Elizabete Lacerda (Dica: pesquise no Youtube).

Leitura da Bíblia:

13.1 Ora, antes da festa da páscoa, sabendo Jesus que já era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, como havia amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até o fim.

13.2 E, acabada a ceia, tendo já o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que o traísse,

13.3 Jesus, sabendo que o Pai tinha depositado nas suas mãos todas as coisas, e que havia saído de Deus e ia para Deus,

13.4 Levantou-se da ceia, tirou as vestes, e, tomando uma toalha, cingiu-se.

13.5 Depois deitou água numa bacia, e começou a lavar os pés aos discípulos, e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido.

13.6 Aproximou-se, pois, de Simão Pedro, que lhe disse: Senhor, tu lavas-me os pés a mim?

13.7 Respondeu Jesus, e disse-lhe: O que eu faço não o sabes tu agora, mas tu o saberás depois.

13.8 Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu te não lavar, não tens parte comigo.

13.9 Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, não só os meus pés, mas também as mãos e a cabeça.

13.10 Disse-lhe Jesus: Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo está limpo. Ora vós estais limpos, mas não todos.

13.11 Porque bem sabia ele quem o havia de trair; por isso disse: Nem todos estais limpos.

13.24 Então Simão Pedro fez sinal a este, para que perguntasse quem era aquele de quem ele falava.

13.25 E, inclinando-se ele sobre o peito de Jesus, disse-lhe: Senhor, quem é?

13.26 Jesus respondeu: É aquele a quem eu der o bocado molhado. E, molhando o bocado, o deu a Judas Iscariotes, filho de Simão.

13.27 E, após o bocado, entrou nele Satanás. Disse, pois, Jesus: O que fazes, faze-o depressa.

13.28 E nenhum dos que estavam assentados à mesa compreendeu a que propósito lhe dissera isto.

13.29 Porque, como Judas tinha a bolsa, pensavam alguns que Jesus lhe tinha dito: Compra o que nos é necessário para a festa; ou que desse alguma coisa aos pobres.

13.30 E, tendo Judas tomado o bocado, saiu logo. E era já noite.

13.31 Tendo ele, pois, saído, disse Jesus: Agora é glorificado o Filho do homem, e Deus é glorificado nele.

13.33 Filhinhos, ainda por um pouco estou convosco. Vós me buscareis, mas, como tenho dito aos judeus: Para onde eu vou não podeis vós ir; eu vo-lo digo também agora.


Mateus - Capítulo 26

26.46 Levantai-vos, partamos; eis que é chegado o que me trai.

26.47 E, estando ele ainda a falar, eis que chegou Judas, um dos doze, e com ele grande multidão com espadas e varapaus, enviada pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos do povo.

26.48 E o que o traía tinha-lhes dado um sinal, dizendo: O que eu beijar é esse; prendei-o.

26.49 E logo, aproximando-se de Jesus, disse: Eu te saúdo, Rabi; e beijou-o.

27.50 Jesus, porém, lhe disse: Amigo, a que vieste? Então, aproximando-se eles, lançaram mão de Jesus, e o prenderam.


Mateus - Capítulo 27

27.3 Quando Judas, que o havia traído, viu que Jesus fora condenado, foi tomado de remorso e devolveu aos chefes dos sacerdotes e aos líderes religiosos as trinta moedas de prata.

27.4 E disse: "Pequei, pois traí sangue inocente". E eles retrucaram: "Que nos importa? A responsabilidade é sua".

27.5 Então Judas jogou o dinheiro dentro do templo e, saindo, foi e enforcou-se.

27.6 Os chefes dos sacerdotes ajuntaram as moedas e disseram: "É contra a lei colocar este dinheiro no tesouro, visto que é preço de sangue".

27.7 Então decidiram usar aquele dinheiro para comprar o campo do Oleiro, para cemitério de estrangeiros.

27.8 Por isso ele se chama campo de Sangue até o dia de hoje.

27.9 Então se cumpriu o que fora dito pelo profeta Jeremias: "Tomaram as trinta moedas de prata, preço em que foi avaliado pelo povo de Israel,  

27.10 e as usaram para comprar o campo do Oleiro, como o Senhor me havia ordenado"(*).


Tópicos a serem abordados:
- Na Bíblia está escrito que os antigos profetas Davi e Zacarias haviam profetizado que o Cristo iria ser traído pelo "próprio amigo íntimo" e por "trinta moedas de prata". O verdadeiro profeta é todo enviado de Deus com a missão de instruir os homens e de lhes revelar as coisas ocultas e os mistérios da vida espiritual. Em alguns casos, pode realizar previsões do futuro, que são denominadas de profecias.
- Quando Jesus escolheu os doze apóstolos conhecia as suas disposições íntimas, isto é, sabia quais eram as suas fraquezas, tendências e sentimentos, e que eles o acompanhariam e seriam capazes de desempenhar a missão que lhes foi confiada. Portanto, Jesus sabia que Judas Iscariotes iria  cometer a traição e iria entregá-lo aos seus inimigos, mas  não tentou impedi-lo para que se cumprissem as profecias das Escrituras, assim como, previu que  Pedro o negaria três vezes, antes que o galo cantasse.
- Entretanto, muitos não conseguiram comprender este  tal "destino" trágico. Será que Judas, antes de reencarnar, viera programado com a missão de trair o Cristo? Os Espíritos Superiores esclarecem que nós reencarnamos com as nossas tendências inferiores e tentações, porém ninguém  está predestinado a cometer um crime. Todo ato criminoso, como qualquer outro ato, resulta sempre da vontade e do nosso livre-arbítrio. Portanto, com relação as provas morais, podemos ceder ou resistir a tentação do mal.
- Não há arrastamento irresistível, uma pessoa não nasce para ser criminosa. O Espírito pode escolher, antes de encarnar,  como prova e como expiação, uma existência em que se sentirá arrastado para o crime, seja pelo meio em que estiver situado ou pelas circunstâncias.  Mas será sempre livre de agir como quiser. A fatalidade ou destino, propriamente dito, relativo às provas físicas, somente existe no momento  da morte, portanto, disto ninguém escapará. Pode-se morrer em qualquer idade, quando chegar a sua hora.
- Judas  Iscariostes não viera para a vida programado para trair o Cristo. Pelos componentes da sua personalidade e dos seus compromissos, bem como de seus propósitos, havia um risco de que falhasse no desempenho de sua missão, como aconteceu, mas não necessariamente. Conseguisse ele superar suas deficiências, teria resgatado erros anteriores, em vez de comprometer-se com novos e graves equívocos.
- Judas nasceu em Kerioth e seu pai chamava-se Simão Iscariotes. O apóstolo dedicava-se a um pequeno comércio, vendendo peixes e quinquilharias. Seu negócio era adquirir, revender e contar os lucros.
- Judas Iscariotes não conseguiu compreender como seria possível divulgar o Evangelho, curar os doentes, expulsar os maus espíritos, ou seja, realizar a caridade proposta pelo Cristo, sem ter muitos recursos financeiros. Judas tinha ambição, fascinação pelas riquezas, preocupações com a vida material. Não conseguiu entender o sentido espiritual da missão do Grande Amigo, que foi mostrar o caminho que nos conduz a salvação.  
- Judas Iscariotes acreditava que Jesus seria o rei de Israel, um grande líder político que viera com a missão de libertar o povo da escravidão imposta pelos Romanos.  Imaginava que o Cristo seria o libertador. Alguém semelhante a Moisés, que tirara do Egito o povo hebreu, que estava sendo escravizado. Portanto, Judas pensava que a vitória cristã deveria ser obtida através de manobras políticas do mundo. Considerava que as teorias do Mestre não poderiam conquistar o poder transitório do mundo, devido ao seu modo de vida simples e humilde.
- Planejou então uma revolta como se projeta hoje em dia na Terra a queda de um chefe de Estado. Decidiu negociar com os sacerdotes, amigos influentes na política de Jerusalém,  e  entregar o seu amigo, indicando-o através de um beijo, em troca de trinta moedas, com o fim de estabelecer a vitória cristã no meio do seu povo. Judas não conseguira entender que a maior revolução que o doce Mestre propunha era contra o inimigo interior (1), ou seja, realizar a sua própria reforma íntima.
- Entregando, pois, o Mestre, ao sumo sacerdote Caifás, não imaginou que as coisas atingissem um fim tão lamentável, que resultasse na crucificação do Cristo. Quando observou Jesus sendo julgado, arrastado, humilhado, sem nada fazer, ele entendeu, que o Mestre jamais agrediria ninguém para impor sua Doutrina, pois Seu Reino não era deste mundo. Então, cheio de remorsos, tentou devolver as trinta moedas e desfazer o negócio, porém não conseguiu resolver o problema. Diante do fato, pensou que o suicídio era a única maneira de se redimir aos olhos do Cristo, e, portanto, enforcou-se.
- Alguns argumentam que, se não houvesse um traidor, Jesus não teria sido preso e crucificado. O que quer dizer, que as profecias não se cumpririam. Na verdade, mesmo sem Judas, mais cedo ou mais tarde, Jesus teria sido preso, sim. Os sacerdotes do Templo já estavam armando todo o plano, pois não concordavam com as verdades ensinadas pelo Querido Mestre .
-Após o suicídio, Judas Iscariotes sofreu séculos de sofrimentos expiatórios no mundo espiritual, apesar disso há relatos de alguns Espíritos de que ele tenha sido amparado pelo Mestre Jesus, que desceu as trevas para aliviar a sua imensa dor. No livro ''Crônicas de Além-Túmulo",  numa entrevista concedida ao Espírito Humberto de Campos, o próprio Judas disse que depois disso também sofreu horrores nas perseguições infligidas em Roma aos adeptos da doutrina de Jesus e que as suas provas culminaram em uma fogueira inquisitorial, onde imitando o Mestre, foi traído, vendido e usurpado. Deste modo, revelou que a sua última reencarnação na Terra foi a da conhecida heroína francesa Joana D'arc, queimada nas fogueiras Inquisitoriais do século XV.  
- Sabemos, que ainda hoje , sobre o seu nome, pesa a maldição milenária, porém após longo período de sofrimento físico e moral, já podemos considerá-lo uma alma reabilitada, pois pagou suas dívidas e está com a sua consciência em paz. Portanto, lancemos um olhar de simpatia para esse Apóstolo, que há muito tempo, já havia recebido o perdão do Cristo, e atualmente trabalha na Sua Seara de Amor.
Comentário: https://www.feparana.com.br/topico/?topico=2514 - Data da consulta: 09-04-23.

Perguntas para fixação:
1. Quais foram os profetas que profetizam que Jesus seria traído?
2. Qual é o nome dado às previsões do futuro feitas pelos profetas?
3. Por que Jesus sabia que Judas Iscariotes iria traí-lo?
4. Judas, antes de reencarnar, viera programado com a missão de trair o Cristo?
5. Será que alguma pessoa nasce para se tornar criminosa?
6. Só existe fatalidade ou destino em qual momento da nossa existência?
7. Qual era a profissão de Judas Iscariotes?
8. Por que Judas não conseguiu compreender a proposta do Cristo?
9. Por que o apóstolo gostaria que Jesus se tornasse num grande líder político?
10. Pra quem Judas entregou Jesus, indicando-o com um beijo?
11. Em que momento o apóstolo ficou com remorso?
12. Após não conseguir devolver as trinta moedas de prata, o que Judas fez?
13. Se Judas não houvesse traído Jesus, o Mestre Querido seria preso e crucificado?
14. Quais foram as consequências da traição e do seu suicídio?
15. Qual foi a última reencarnação de Judas, no qual traído, vendido e usurpado?

Subsídio para o Evangelizador:
            Na Bíblia está escrito que o profeta Davi (cerca de 1000 a.C) e o profeta Zacarias (cerca de 520 a.C)  fizeram profecias, que se cumpriram, sobre a traição de Judas Iscariotes, um dos apóstolos do Cristo. Vejamos os trechos abaixo:
            1.Seria traído por um amigo:
            ANTIGO TESTAMENTO: Salmos 41: 9 - Até o meu próprio amigo íntimo em quem eu tanto confiava, e que comia do meu pão, levantou contra mim o seu calcanhar.
            NOVO TESTAMENTO: Marcos 14:10; 21 -  Então Judas Iscariotes, um dos doze, foi ter com os principais sacerdotes para lhes entregar Jesus. (...)Pois o Filho do homem vai, conforme está escrito a seu respeito; mas ai daquele por quem o Filho do homem é traído! bom seria para esse homem se não houvera nascido.
            2. Seria vendido por trinta moedas:
            ANTIGO TESTAMENTO: Zacarias 11:13 - O Senhor, pois, disse-me: Arroja isso ao oleiro, esse belo preço em que fui avaliado por eles. E tomei as trinta moedas de prata, e as arrojei ao oleiro, na casa do Senhor.
            NOVO TESTAMENTO: Mateus 26:14-15 - Então um dos doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os príncipes dos sacerdotes, E disse: Que me quereis dar, e eu vo-lo entregarei? E eles lhe pesaram trinta moedas de prata.
            Segundo Allan Kardec, "Atribui-se comumente aos  profetas  o dom de adivinhar o futuro, de sorte que as palavras profecia e predição se tornaram sinônimas. No sentido evangélico, o vocábulo profeta tem mais extensa significação. Diz-se de todo enviado de Deus com a missão de instruir os homens e de lhes revelar as coisas ocultas e os mistérios da vida espiritual. Pode, pois, um homem ser profeta, sem fazer predições. " (O Evangelho Segundo o Espiritismo.  Cap. 21. Item 4. Allan Kardec)
            "Aquele a quem é dado  o encargo de revelar uma coisa oculta recebe, à sua revelia e por inspiração dos Espíritos que a conhecem, e revelação dela e a transmite maquinalmente, sem se aperceber do  que faz. É sabido , ao demais, que, assim durante o sono, como em estado  de vigília, nos êxtases da dupla vista, a alma se desprende e adquire, em grau mais ou menos alto, as faculdades  do  Espírito livre. Se for um Espírito adiantado , se, sobretudo , houver recebido, como os profetas, uma missão especial para esse efeito, gozará, nos momentos de emancipação da alma, da faculdade de abarcar, por si mesmo, um período  mais ou menos extenso, e verá, como presente, os sucessos desse período. Pode então revelá-los no mesmo instante, ou conservar lembrança deles ao despertar. Se os sucessos hajam de permanecer secretos, ele os esquecerá, ou apenas guardará uma vaga intuição do que lhe foi revelado, bastante para o guiar instintivamente." (A Gênese. Cap. 16. Item 5. Allan Kardec)
            A previsão e a predição, nos livros sagrados, dão a entender que os profetas eram diretamente inspirados pelo Cristo?
            "-Nos textos sagrados das fontes divinas do Cristianismo, as previsões e predições se efetuaram sob a ação direta do Senhor, pois só Ele poderia conhecer bastante os corações, as fraquezas e as necessidades dos seus rebeldes tutelados, para sondar com precisão as estradas do futuro, sob a misericórdia e a sabedoria de Deus." (O Consolador. Questão 276. Espírito Emmanuel.  Psicografado por Chico Xavier)
            Jesus já sabia que Judas Iscariotes iria  entegá-lo  aos seus inimigos, mas  não tentou impedi-lo para que se cumprissem as profecias das Escrituras. O Cristo disse: "Não vos escolhi a vós os doze? e um de vós é um diabo. " (João 6:70-71/ Vide: Lucas 22:21, 47-48 ) E disse também: "Nenhum deles se perdeu, a não ser aquele que estava destinado à perdição, para que se cumprisse a Escritura." (João 17:12)
            Quando Jesus chama a si Pedro, André, Tiago, João e Mateus, é que lhes conhecia as disposições íntimas e sabia que eles o acompanhariam e que eram capazes de desempenhar a missão que tencionava confiar-lhes. E mister se fazia que eles próprios tivessem intuição da missão que iriam desempenhar para, sem hesitação, atenderem ao chamamento de Jesus. O mesmo se deu quando, por ocasião da Ceia, ele anunciou que um dos doze o trairia e o apontou, dizendo ser aquele que punha a mão no prato; e deu-se também, quando predisse que Pedro o negaria. (A Gênese. Cap. 15. Item 9. Allan Kardec)
            A faculdade de pressentir as coisas porvindouras é um dos atributos da alma e se explica pela teoria da presciência. Jesus a possuía, como todos os outros, em grau eminente. Pôde, portanto, prever os acontecimentos que se seguiriam à sua morte, sem que nesse fato algo haja de sobrenatural, pois que o vemos reproduzir-se aos nossos olhos, nas mais vulgares condições.
            Tanto mais assim havia de dar-se com Jesus, quanto, tendo consciência da missão que viera desempenhar, sabia que a morte no suplício forçosamente lhe seria a conseqüência. (A Gênese. Cap. 17. Item 20 e 21. Allan Kardec)
            Entretanto, alguns argumentam que, se não houvesse um traidor, Jesus não teria sido preso e supliciado. O que quer dizer, que as profecias não se cumpririam. Na verdade, mesmo sem Judas, mais cedo ou mais tarde, Jesus teria sido preso, sim. Os sacerdotes do Templo já estavam armando todo o plano. ( Redação do Momento Espírita. Artigo: Traição de Judas. Fonte: https://www.momento.com.br/pt/imprimir.php?id=4015)
            Segundo Allan Kardec, "Os acontecimentos que envolvem interesses gerais da Humanidade têm a regulá-los a Providência. Quando uma coisa está nos desígnios de Deus, ela se cumpre a despeito de tudo, ou por um meio, ou por outro. Os homens concorrem para que ela se execute; nenhum, porém, é indispensável, pois, do contrário, o próprio Deus estaria à mercê das suas criaturas.
            (...) Pode, portanto, ser certo o resultado final de um acontecimento, por se achar este nos desígnios de Deus; como, porém, quase sempre, os pormenores e o modo de execução se encontram subordinados às circunstâncias e ao livre-arbítrio dos homens, podem ser eventuais as sendas e os meios. " (A Gênese. Cap16. Item 13 e 14. Allan Kardec)
            “Fatal, no verdadeiro sentido da palavra, só o instante da morte o é. Chegado esse momento, de uma forma ou doutra, a ele não podeis furtar-vos.”
            Assim, qualquer que seja o perigo que nos ameace, não morreremos se a nossa hora não chegou?
            Não, não morrerás, e tens disso milhares de exemplos. Mas quando chegar a tua hora de partir, nada te livrará. Deus sabe com antecedência qual o gênero de morte por que partirás daqui, e frequentemente teu Espírito também o sabe, pois isso lhe foi revelado quando fez a escolha desta ou daquela existência. ( O Livro dos Espíritos. Questão 853 - a. Allan Kardec).
Apesar das explicações, muitos não conseguiram comprender este  tal "destino" trágico...E diante deste fato fizeram a seguinte pergunta a Chico Xavier numa entrevista: Gostaria de saber se Judas foi um traidor ou fazia parte de um programa para salvar Jesus Cristo?
            "Chico Xavier - Sinceramente eu sou uma formiguinha diante de um processo que teve conseqüências tão grandes na História da Humanidade. Mas, eu creio que nós podemos nascer ou renascer com as nossas tendências anteriores e, naturalmente, induzidos ao mal, porque nós todos - nós todos não - eu sou portador de tendências inferiores muito pouco recomendáveis. Mas, se eu deixo essas tendências à solta e se vou praticar, com elas, males maiores do que aqueles que eu já cometi em existências passadas, eu sou responsável, conquanto possa ser um instrumento para o resgate de determinadas situações, ou peça na engrenagem da história de grupos ou coletividades, com conseqüências agradáveis ou desagradáveis para o futuro. Individualmente devemos pensar que nós temos determinadas tendências, tentações, mas devemos resistir às tentações.             Creio que Judas poderá ter renascido com tentações muito grandes para se apropriar da autoridade política e exigir que Nosso Senhor Jesus Cristo tomasse as rédeas do poder humano. Acredito. Mas creio que ele não devia ter deixado essas tendências assumirem o caráter que assumiram. É o que eu penso."(Pinga Fogo 1. Pergunta feita por um Telespectador de Machado, no sul de Minas. Chico Xavier)
            Em "O Livro dos Espíritos " existem outros esclarecimentos sobre este assunto, quando Allan Kardec fez as seguintes perguntas aos Espíritos Superiores:
            Haverá fatalidade nos acontecimentos da vida, conforme ao sentido que se dá a este vocábulo? Quer dizer: todos os acontecimentos são predeterminados? E, neste caso, que vem a ser do livre-arbítrio?
            "A FATALIDADE EXISTEM UNICAMENTE PELA ESCOLHA QUE O ESPÍRITO FEZ, ao encarnar, desta ou daquela prova para sofrer. Escolhendo-a, instituiu para si uma espécie de destino, que é a conseqüência mesma da posição em que vem a achar-se colocado. FALO DAS PROVAS FÍSICAS, POIS, PELO QUE TOCA ÀS PROVAS MORAIS e às tentações, o Espírito, conservando o livre-arbítrio quanto ao bem e ao mal, É SEMPRE SENHOR DE CEDER OU DE RESISTIR. Ao vê-lo fraquear, um bom Espírito pode vir-lhe em auxílio, mas não pode influir sobre ele de maneira a dominar-lhe a vontade. Um Espírito mau, isto é, inferior, mostrando-lhe, exagerando aos seus olhos um perigo físico, o poderá abalar e amedrontar. Nem por isso, entretanto, a vontade do Espírito encarnado deixa de se conservar livre de quaisquer peias." (O Livro dos Espíritos. Questão 851. Allan Kardec)
            Pode o homem, pela sua vontade e por seus atos, fazer que se não dêem acontecimentos que deveriam verificar-se e reciprocamente?
            "Pode-o, se essa aparente mudança na ordem dos fatos tiver cabimento na seqüência da vida que ele escolheu. Acresce que, para fazer o bem, como lhe cumpre, pois que isso constitui o objetivo único da vida, facultado lhe é impedir o mal, sobretudo aquele que possa concorrer para a produção de um mal maior." (O Livro dos Espíritos. Questão 860. Allan Kardec)
            Ao escolher a sua existência, o Espírito daquele que comete um assassínio sabia que viria a ser assassino?
            "Não. Escolhendo uma vida de lutas, sabe que terá ensejo de matar um de seus semelhantes, mas não sabe se o fará, visto que ao crime precederá quase sempre, de sua parte, a deliberação de praticá-lo. Ora, aquele que delibera sobre uma coisa é sempre livre de fazê-la, ou não. Se soubesse previamente que, como homem, teria que cometer um crime, o Espírito estaria a isso predestinado. Ficai, porém, sabendo que NINGUÉM HÁ PREDESTINADO AO CRIME e que todo crime, como qualquer outro ato, resulta sempre da vontade e do livre-arbítrio.
            "Demais, sempre confundis duas coisas muito distintas: os sucessos materiais da vida e os atos da vida moral. A fatalidade, que algumas vezes há, só existe com relação àqueles sucessos materiais, cuja causa reside fora de vós e que independem da vossa vontade. Quanto aos atos da vida moral, esses emanam sempre do próprio homem que, por conseguinte, tem sempre a liberdade de escolher. No tocante, pois, a esses atos, nunca há fatalidade." (O Livro dos Espíritos. Questão 861. Allan Kardec)
            Sendo assim, de acordo com Hermínio C. Miranda, "JUDAS NÃO VIERA PARA A VIDA PROGRAMADO PARA TRAIR O CRISTO. Pelos componentes da sua personalidade e dos seus compromissos, bem como de seus propósitos, havia um risco de que falhasse no desempenho de sua missão, como aconteceu, mas não necessariamente. Conseguisse ele superar suas deficiências, teria resgatado erros anteriores, em vez de comprometer-se com novos e graves equívocos que se debitavam à sua conta para futuro ressarcimento." (Cristianismo: A mensagem esquecida. Cap. 3 - Livre-arbítrio. Hermínio C. de Miranda)
            No livro ''Crônicas de Além-Túmulo",  numa entrevista concedida ao Espírito Humberto de Campos, o próprio Espírito de Judas Iscariotes explicou a causa da sua perdição e as consequências do seu ato,  revelando que a sua última reencarnação na Terra foi a da conhecida heroína francesa Joana D'arc, queimada nas fogueiras Inquisitoriais do século XV.
            Na obra, ele faz os seguintes esclarecimentos, dizendo: "Ora, eu era um dos apaixonados pelas idéias socialistas do Mestre, porém o meu excessivo zelo pela doutrina me fez sacrificar o seu fundador. Acima dos corações, eu via a política, única arma com a qual poderia triunfar e Jesus não obteria nenhuma vitória. Com as suas teorias nunca poderia conquistar as rédeas do poder já que, no seu manto de pobre, se sentia possuído de um santo horror à propriedade. Planejei então uma revolta surda como se projeta hoje em dia na Terra a queda de um chefe de Estado. O Mestre passaria a um plano secundário e eu arranjaria colaboradores para uma obra vasta e enérgica como a que fez mais tarde Constantino Primeiro, o Grande, depois de vencer Maxêncio às portas de Roma, o que aliás apenas serviu para desvirtuar o Cristianismo. Entregando, pois, o Mestre, a Caifás, não julguei que as coisas atingissem um fim tão lamentável e, ralado de remorsos, presumi que o suicídio era a única maneira de me redimir aos seus olhos.(...)Depois da minha morte trágica submergi-me em séculos de sofrimento expiatório da minha falta. Sofri horrores nas perseguições infligidas em Roma aos adeptos da doutrina de Jesus e as minhas provas culminaram em uma fogueira inquisitorial, onde imitando o Mestre, fui traído, vendido e usurpado.(...) Sobre o meu nome pesa a maldição milenária....Pessoalmente, porém, estou saciado de justiça, porque já fui absolvido pela minha consciência no tribunal dos suplícios redentores.''(Crônicas de Além-Túmulo. Judas Iscariostes. Espírito Humberto de Campos. Psicografado por Chico Xavier).
            Judas Escariotes mediu Jesus pelos seus interesses financeiros, denunciando um missionário a troco de trinta moedas de prata. Por isso o remorso, o suicídio e as terríveis expiações na vida espiritual foram o corolário de sofrimento que experimentou. (Os padrões evangélicos. Com a medida com que medirdes.  Paulo Alves Godoy)
            Na obra Paulo e Estevão, ditada pelo Espírito Emmanuel,  o apóstolo Pedro faz as seguintes ponderações a respeito da traição de Judas: "(...) Judas foi mais infeliz que perverso. Ele não acreditava na validade das obras sem dinheiro, não aceitava outro poder que não fosse o dos príncipes do mundo. Estava sempre inquieto pelo triunfo imediato das ideias do Cristo. Muitas vezes, vimo-lo altercar, impaciente, pela construção do Reino de Jesus, adstrito aos princípios políticos do mundo. O Mestre sorria e fingia não entender as insinuações, como quem estava senhor do seu divino programa. Judas, antes do apostolado, era negociante. Estava habituado a vender a mercadoria e receber o pagamento imediato. Julgo, nas meditações de agora, que ele não pôde compreender o Evangelho de outra forma, ignorando que Deus é um credor cheio de misericórdia, que espera generosamente a todos nós, que não passamos de míseros devedores. Talvez amasse profundamente o Messias, contudo, a inquietação fê-lo perder na oportunidade sagrada. Tão só pelo desejo de apressar a vitória, engendrou a tragédia da cruz, com a sua falta de vigilância." (Paulo e Estevão. Lutas e humilhações. Espírito Emmanuel.  Psicografado por Chico Xavier)
            De acordo com  o Espírito  Humberto de Campos, "Pedro, André e Felipe eram filhos de Betsaida, de onde vinham igualmente Tiago e João, descendentes de Zebedeu. Levi, Tadeu e Tiago, filhos de Alfeu e sua esposa Cléofas, parenta de Maria, eram nazarenos e amavam a Jesus desde a infância, sendo muitas vezes chamados “os irmãos do Senhor”, à vista de suas profundas afinidades afetivas. Tomé descendia de um antigo pescador de Dalmanuta e Bartolomeu nascera de uma família laboriosa de Caná da Galiléia. Simão, mais tarde denominado “o Zelota”, deixara a sua terra de Canaan para dedicar-se à pescaria e somente um deles, Judas, destoava um pouco desse concerto, pois nascera em Iscariote e se consagrara ao pequeno comércio em Cafarnaum, onde vendia peixes e quinquilharias." (Boa Nova. Os Discípulos. Espírito Humberto de Campos. Psicografado por Chico Xavier)
            Judas era filho de um homem chamado Simão Iscariotes (João 6:71; 13:2,26). Segundo o Espírito de Amélia Rodrigues, "Judas, que era judeu, provavelmente de Kerioth, elegera-se o tesoureiro do grupo heterogêneo de amigos de Jesus, a quem Ele convidara para a edificação do reino. Imediatista, considerava as pessoas e ocorrências através da óptica distorcida da realidade, pelo valor relativo, amoedado, social, transitório, não real, e isto fê-lo perder-se, tornando-se a legendária personagem da traição, da desconfiança, da ingratidão." ( Deus. Arrependimento tardio. Espírito Amélia Rodrigues. Psicografado por Divaldo Franco)
            O reduzido grupo de companheiros do Messias experimentou a princípio certas dificuldades para harmonizar-se. Pequeninas contendas geravam a separatividade entre eles. De vez em quando, o Mestre os surpreendia em discussões inúteis sobre qual deles seria o maior no reino de Deus: de outras vezes, desejavam saber qual, dentre todos, revelava sabedoria maior, no campo do Evangelho. (Boa Nova. Os Discípulos. Espírito Humberto de Campos. Psicografado por Chico Xavier)
            Segundo o Evangelho "Jesus enviou estes doze, e lhes ordenou, dizendo: Não ireis pelo caminho dos gentios, nem entrareis em cidade de samaritanos;
             Mas ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel;
            E, indo, pregai, dizendo: É chegado o reino dos céus.
            Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai.
            Não possuais ouro, nem prata, nem cobre, em vossos cintos,
            Nem alforges para o caminho, nem duas túnicas, nem alparcas, nem bordões; porque digno é o operário do seu alimento.
            E, em qualquer cidade ou aldeia em que entrardes, procurai saber quem nela seja digno, e hospedai-vos aí, até que vos retireis.
            E, quando entrardes nalguma casa, saudai-a;
            E, se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna, torne para vós a vossa paz.
            E, se ninguém vos receber, nem escutar as vossas palavras, saindo daquela casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos pés." (Mateus 10:5-14)
            No entanto, de acordo com o livro "Boa nova", o Espírito Humberto de Campos afirma que Judas Iscariotes, realmente, não compreendia como seria possível divulgar o Evangelho, curar os doentes, expulsar os maus espíritos, isto é,  realizar a caridade, proposta pelo Cristo, sem ter muitos recursos financeiros. Judas tinha ambição, fascinação pelas riquezas, preocupações com a vida material. Não conseguiu entender o sentido espiritual da missão do Grande Amigo. Vejamos  uma conversa dele com Jesus Cristo, contada pelo autor deste livro:
            "Foi quando Judas Iscariotes, como que despertando, antes de todos os companheiros, daquelas profundas emoções de encantamento, se adiantou para o Messias, declarando em termos respeitosos e resolutos :
            – Senhor, os vossos planos são justos e preciosos ; entretanto, é razoável considerarmos que nada poderemos edificar sem a contribuição de algum dinheiro.
            Jesus contemplou-o serenamente e redargüiu:
            – Será que Deus precisou das riquezas precárias para construir as belezas do mundo?
            Em mãos que saibam dominá-lo, o dinheiro é um instrumento útil, mas nunca será tudo, porque, acima dos tesouros perecíveis, está o amor com os seus infinitos recursos.
            Em meio da surpresa geral, Jesus, depois de uma pausa, continuou :
            – No entanto, Judas, embora eu não tenha qualquer moeda do mundo, não posso desprezar o primeiro alvitre dos que contribuirão comigo para a edificação do reino de meu Pai, no espírito das criaturas. Põe em prática a tua lembrança, mas tem cuidado com a tentação das posses materiais. Organiza a tua bolsa de cooperação e guarda-a contigo; nunca, porém, procures o que ultrapassa o necessário.
            Ali mesmo, pretextando a necessidade de incentivar os movimentos iniciais da grande causa, o filho de Iscariotes fez a primeira coleta entre os discípulos. Toda as possibilidades eram mínimas, mais alguns pobres denários foram recolhidos com interesse. O Mestre observava a execução daquela primeira providência com um sorriso cheio de apreensões enquanto Judas guardava cuidadosamente o fruto modesto de sua lembrança material.
            Em seguida, apresentando a Jesus a bolsa minúscula, que se perdia nas dobras de sua túnica, exclamou satisfeito:
            – Senhor, a bolsa é pequenina, mas constitui o primeiro passo para que se possa realizai alguma coisa...
            Jesus fitou-o serenamente e retrucou em tom profético:
            – Sim, Judas, a bolsa é pequenina ; contudo, permita Deus que nunca sucumbas ao seu peso! "(Boa Nova. Os Discípulos. Espírito Humberto de Campos. Psicografado por Chico Xavier)
            Em outra ocasião, o Espírito Humberto de Campos relata que houve uma conversa conflitante de Judas Iscariotes, que estava atormentado, com Tiago, filho de Zebedeu, enquanto caminhavam por uma estrada antiga. A cena foi descrita da seguinte forma:
            "Judas Iscariote deixava transparecer no semblante íntima inquietação, enquanto no olhar sereno do filho de Zebedeu fulgurava a luz suave e branda que consola o coração das almas crentes.
            – Tiago – exclamou Judas, entre ansioso e atormentado – não achas que o Mestre é demasiado simples e bom para quebrar o jugo tirânico que pesa sobre Israel, abolindo a escravidão que oprime o povo eleito de Deus?
            – Mas – replicou o interpelado – poderias admitir no Mestre as disposições destruidoras de um guerreiro do mundo?
            – Não tanto assim. Contudo, tenho a impressão de que o Messias não considera as oportunidades. Ainda hoje, tive a atenção reclamada por doutores da lei que me fizeram sentir a inutilidade das pregações evangélicas, sempre levadas a efeito entre as pessoas mais ignorantes e desclassificadas.
            Ora, as reivindicações do nosso povo exigem um condutor enérgico e altivo.
            – Israel – retrucou o filho de Zebedeu, de olhar sereno – sempre teve orientadores revolucionários; o Messias, porém, vem efetuar a verdadeira revolução, edificando o seu reino sobre os corações e nas almas!...
            Judas sorriu algo irônico e acrescentou :
            – Mas, poderemos esperar renovações, sem conseguirmos o interesse e a atenção dos homens poderosos?
            – E quem haverá mais poderoso ao que Deus, de quem o mestre é o Enviado Divino ?
            Em face dessa invocação Judas mordeu os lábios, mas prosseguiu :
            – Não concordo com os princípios de inação e creio que o Evangelho somente poderá vencer com o amparo dos prepostos de César, ou das autoridades administrativas de Jerusalém, que nos governam o destino. Acompanhando o Mestre nas suas pregações em Cesaréia, em Sebaste, em Corazin e Betsaida, quando das suas ausências de Cafarnaum, jamais o vi interessado em conquistar a atenção dos homens mais altamente colocados na vida. É certo que de seus lábios divinos sempre brotaram a verdade e o amor, por toda parte ; mas, só observei leprosos e cegos, pobres e ignorantes, abeirando-se de nossa fonte.
            – Jesus, porém, já nos esclareceu – obtemperou Tiago, com brandura – que o seu reino não é deste mundo.
            Imprimindo aos olhos inquietes um fulgor estranho, o discípulo impaciente revidou com energia:
            Vimos hoje o povo de Jerusalém atapetar o caminho do Senhor com as palmas da sua admiração e do seu carinho; precisamos, todavia, impor a figura do Messias às autoridades da Corte Provincial e do Templo, de modo a aproveitarmos esse surto de simpatia.
            Notei que Jesus recebia as homenagens populares sem partilhar do entusiasmo febril de quantos o cercavam, razão por que necessitamos multiplicar esforços, em lugar dele, afim de que a nossa posição de superioridade seja reconhecida em tempo oportuno.
            – Recordo-me, entretanto, de que o Mestre nos asseverou, certa vez, que o maior na comunidade será sempre aquele que se fizer o menor de todos.
            – Não podemos levar em conta esses excessos de teoria. Interpelado que vou ser hoje por amigos influentes na política de Jerusalém, farei o possível por estabelecer acordos com os altos funcionários e homens de importância, afim de imprimirmos novo movimento às idéias do Messias.
            – Judas! Judas!... – observou-lhe o irmão de apostolado, com doce veemência – vê lá o que fazes! Socorreres-te dos poderes transitórios do mundo, sem um motivo que justifique esse recurso, não será, desrespeito à autoridade de Jesus? Não terá o Mestre visão bastante para sondar e reconhecer os corações? O hábito dos sacerdotes e a toga dos dignitários romanos; são roupagens para a Terra... As idéias do Mestre são do céu e seria sacrilégio misturarmos a sua pureza com as organizações viciadas do mundo!... Além de tudo, não podemos ser mais sábios, nem mais amorosos do que Jesus e ele sabe o melhor caminho e a melhor oportunidade para a conversão dos homens!... As conquistas do mundo são cheias de ciladas para o espírito e, entre elas, é possível que nos transformemos em órgão de escândalo para a verdade que o Mestre representa.
            Judas silenciou, atormentado.
            No firmamento, os derradeiros raios de Sol batiam nas nuvens distantes, enquanto os dois discípulos tomavam rumos diferentes.
            Sem embargo das carinhosas exortações de Tiago, Judas Iscariote passou a noite tomado de angustiosas inquietações.
            Não seria melhor apressar o triunfo mundano do Cristianismo? Israel não esperava um Messias que enfeixasse nas mãos todos os poderes? Valendo-se da doutrina do Mestre, poderia tomar para si as rédeas do movimento renovador, enquanto Jesus, na sua bondade e simplicidade, ficaria entre todos, como um símbolo vivo da idéia nova.
            Recordando suas primeiras conversações com as autoridades do Sinédrio, meditava na execução de seus sombrios desígnios.
            A madrugada o encontrou decidido, na embriagues de seus sonhos ilusórios.
            Entregaria o Mestre aos homens do poder, em troca de sua nomeação oficial para dirigir a atividade dos companheiros.                 Teria autoridade e privilégios políticos. Satisfaria às suas ambições, aparentemente justas, afim de organizar a vitória cristã no seio de seu povo. Depois de atingir o alto cargo com que contava, libertaria a Jesus e lhe dirigiria os dons espirituais, de modo a utilizá-los para a conversão de seus amigos e protetores prestigiosos.
            O Mestre, a seu ver, era demasiadamente humilde e generoso para vencer sozinho, por entre a maldade e a violência.
            Ao desabrochar a alvorada, o discípulo imprevidente demandou o centro da cidade e, após horas, era recebido pelo Sinédrio, onde lhe foram hipotecadas as mais relevantes promessas.
            Apesar de satisfeito com a sua mesquinha gratificação e desvairado no seu espírito ambicioso, Judas amava ao Messias e esperava, ansiosamente, o instante do triunfo, para lhe dar a alegria da vitória cristã, através das manobras políticas do mundo.
            O prêmio da vaidade, porém, esperava a sua desmedida ambição.
            Humilhado e escarnecido, seu Mestre bem-amado foi conduzido a cruz da ignomínia, sob vilipêndios e flagelações.
            Daqueles lábios, que haviam ensinado a verdade e o bem, a simplicidade e o amor, não chegou a escapar-se uma queixa.             Martirizado na sua estrada de angústias, o Messias só teve o máximo de perdão para seus algozes.
            Observando os acontecimentos, que lhe contrariavam as mais íntimas suposiçôes, Judas Iscariote se dirigiu a Caifas, reclamando o cumprimento de suas promessas. Os sacerdotes, porém, ouvindo-lhe as palavras tardias, sorriram com sarcasmo.             Debalde recorreu às suas prestigiosas relances de amizade: teve de reconhecer a falibilidade das promessas humanas.                 Atormentado e aflito, buscou os companheiros de fé. Encontrou-os vencidos e humilhados; pareceu-lhe, porém, descobrir em cada olhar a mesma exprobração silenciosa e dolorida.
            De longe, Judas contemplou todas as cenas angustiosas e humilhantes do Calvário.
            Atroz remorso lhe pungia a consciência dilacerada. Lágrimas ardentes lhe rolavam dos olhos tristes e amortecidos. Mau, grado à vaidade que o perdera, ele amava intensamente ao Messias.
            Em breves instantes, o céu da cidade impiedosa se cobriu de nuvens escuras e borrascosas. O mau discípulo, com um oceano de dor na consciência, peregrinou em derredor do casario maldito, acalentando o propósito de desertar do mundo, numa suprema traição aos compromissos mais sagrados de sua vida. "(Boa nova. A ilusão do discípulo. Espírito Humberto de Campos. Psicografado por Chico Xavier)
            Segundo o Espírito de Amélia Rodrigues, "Os indivíduos fracos não se enfrentam. Fugindo da consciência são-lhe vítima permanente, por não poderem liberar-se do seu aguilhão. A culpa é ferrete cravado no cerne do ser a revolver-se cortante. Só a sujeição à realidade com honesta disposição de reequilíbrio arranca o espículo cravado, amenizando a dor. Fugir é fácil, porém de que se foge, de quem e para onde? Aonde quer que se vá, vai-se consigo mesmo, e Judas, arrependido quão atenazado por forças espirituais inferiores que o arrastaram ao crime por afinidade de propósitos, fugiu para o abismo do suicídio pelo enforcamento.
            Abandonava o reino de luz para cuja construção fora convidado, arrojando-se no de trevas densas onde se demoraria em infinita desdita.
            Antes de aparecer às mulheres que foram ao túmulo vazio, Jesus descera às regiões penosas do mundo inferior ao qual se arrojara Judas invigilante.  " (Trigo de Deus. Arrependimento tardio. Espírito Amélia Rodrigues. Psicografado por Divaldo Franco)
            No Evangelho, "está escrito que o Cristo haveria de sofrer e ressuscitar dos mortos no terceiro dia..."(Lucas 24:46)
            Segundo João (20:11-18), Jesus Cristo ressuscitou e apareceu com seu corpo espiritual primeiramente para Maria Madalena, quando ela foi procurá-lo no sepulcro. No livro " Coração e vida", o Espírito de Maria Dolores relata que ela ficou surpreendida com a aparição Dele apenas após o terceiro dia, e fez a seguinte indagação:
            — “Senhor, onde estiveste?
            Em que jardim celeste
            Encontraste o descanso necessário,
            Que vem de Deus, nos dons da paz completa?
            Perdoa-me, Senhor, a pergunta indiscreta,
            Dói-me, porém, pensar na angústia do Calvário,
            Revolto-me, padeço, mas não venço
            A mágoa de lembrar-te o sacrifício imenso”
            Mas Jesus respondeu:
            — “Não, Maria, não fui ainda ao Alto,
            Nem me elevei sequer um palmo à luz do firmamento,
            Quem ama não consegue achar o Céu de um salto...
            Ao invés de subir aos Altos Resplendores,
            Desci, mas desci muito aos reinos inferiores...
            Despertando no túmulo, escutei
            Os gritos da aflição de alguém que muito amei
            E que muito amo ainda...
            Embora visse Além, a Luz sempre mais linda,
            Sentia nesse alguém um amado companheiro,
            Em crises de tristeza e de loucura...
            Fui à sombra abismal para a grande procura
            E ao reencontra-lo amargurado e louco,
            A ponto de não mais me conhecer,
            Demorei-me a afaga-lo e, pouco a pouco,
            Consegui que ele, enfim, pudesse adormecer...”
            — “Senhor” — interrogou a Madalena
            “Quem é o amigo que te fez descer,
            Antes de procurar a luz do Pai?”
            Mas Jesus replicou, em voz clara e serena:
            — “Maria, um amigo não esquece a dor de outro amigo que cai...
            Antes de me altear à Celeste Alegria,
            Ao sol do mesmo amor a Deus, em que te enlevas,
            Vali-me, após a cruz, das grandes horas mudas,
            E desci para as trevas,
            A fim de aliviar a imensa dor de Judas”. (Coração e vida. Espírito Maria Dolores. Psicografado por Chico Xavier)
            Portanto, diante deste fato, sigamos o conselho de Cairbar Schutel: " Lancemos um olhar de simpatia para esse Apóstolo, não nos esqueçamos que Jesus o tem amparado com o manto do seu perdão, e que apesar de prever a tragédia que se ia desenrolar e na qual seria a vítima cruenta, nunca negou a Judas o pão e o vinho." (Vida e atos dos Apóstolos. Os apóstolos de Jesus. Cairbar Schutel )
            Após a morte do Cristo e de Judas Iscariotes,  o autor também relata que os apóstolos " voltaram para Jerusalém do Monte chamado Oliveiras que está perto de Jerusalém, na distância da jornada de um sábado. E quando entraram, subiram ao Cenáculo, onde assistiam Pedro, João, Tiago e André; Felipe, Tomé, Bartolomeu e Mateus; Tiago, filho de Alfeu e Simão, o Zelote e Judas, filho de Tiago. Todos esses perseveraram unanimemente em oração com as mulheres e com Maria, mãe de Jesus e com os irmãos d'Ele.
            N'aquele dia levantou-se Pedro no meio dos irmãos (estava ali reunida uma multidão de cerca de cento e vinte pessoas) e disse: Irmãos, convinha que se cumprisse a Escritura que o Espírito Santo predisse por boca de David acerca de Judas, que foi o guia daqueles que prenderam a Jesus, porque era ele contado entre nós e tomou parte neste ministério. Ora, este homem adquiriu um campo com o preço da sua iniqüidade e, precipitando-se de cabeça para baixo, arrebentou pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram. E tornou-se isto conhecido de todos os habitantes de Jerusalém, de maneira que em sua própria língua esse campo era chamado Akeldama, isto é, campo de sangue. Pois está escrito no livro Salmos: “Fique deserta a sua habitação, e não haja quem nela habite; e: Tome outro o seu ministério”.
            É necessário, pois, que dos homens que nos acompanharam todo o tempo em que o Senhor Jesus viveu entre nós, começando desde o batismo de João, até o dia em que dentre nós foi recebido em cima, um destes se torne testemunha conosco da sua ressurreição. E, apresentaram dois — José, também chamado Barsabás, que tinha por sobrenome Justo e Matias. E, orando, disseram: Tu, Senhor, que conheces os corações de todos, mostra qual destes dois tens escolhido, para tomar parte deste ministério e apostolado, do qual Judas se transviou para ir ao seu próprio lugar. E a respeito deles deitaram sortes; e caiu a sorte sobre Matias, e foi ele contado com os onze Apóstolos. — Atos, Cap. I, 12-26.
            Os Apóstolos não são eleitos, mas sim escolhidos e a sua escolha não pode deixar de ser feita sem o assentimento dos Espíritos encarregados da Espiritualização da humanidade.
            Assim compreenderam aqueles que foram chamados por Jesus para a alta investidura de transmitir as Novas da Salvação às gentes.
            Neste capítulo se verifica que, obedientes às ordens do Divino Mestre, eles permaneceram em Jerusalém, onde perseveraram unanimemente em oração e juntamente a eles as mulheres, inclusive Maria, mãe de Jesus, os irmãos do Senhor. " (Vida e atos dos Apóstolos. A eleição de um apóstolo em Jerusalém. Cairbar Schutel)
            Obs.(*): Há diferenças significativas entre a passagem de Zacarias 11:13 e a citação de Mateus. Nessa o profeta paga — ou pelo menos dá — o dinheiro da compra e faz com que ele mude o propósito daquela importância: seria para a compra de um campo, em vez de doação ao oleiro. O caso é que a citação como aparece em Mateus enfatiza a requisição do terreno. A passagem de Zacarias nada diz a respeito de comprar-se uma propriedade; na verdade, nem sequer menciona um campo.
            Todavia, ao voltar-nos para Jeremias 32.6-9, encontramos o profeta adquirindo um campo em Anatote, por determinada importância (dezessete siclos de prata). O capítulo 18.2 descreve-o na tarefa de vigiar o oleiro, que está fazendo vasos de barro em sua casa. Jeremias 19.2 diz que havia um artífice perto do templo, cujo ateliê ficava no vale de Hinom. O capítulo 19.11 diz:                 "Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Assim como se quebra um vaso de oleiro, que não pode ser mais restaurado, quebrarei este povo e esta cidade, e os mortos serão sepultados em Tofete até que não haja mais lugar". Parece, portanto, que o ato de Zacarias atirar o dinheiro ao oleiro ocorreu na época das ações simbólicas de Jeremias. No entanto, só esse menciona o "campo" do Oleiro — que é o principal elemento da citação de Mateus. Portanto, o evangelista está combinando e resumindo elementos do simbolismo profético tanto de Zacarias como de Jeremias. Todavia, visto ser o profeta das lágrimas o mais preeminente dos dois, ele menciona o nome de Jeremias por sua preferência, não citando o de Zacarias. (Enciclopédia de temas Bíblicos - Respostas às principais dúvidas, dificuldades e  "contradições da Bíblia". Por que Mateus 27.9 atribui a Jeremias uma profecia de Zacarias? Gleason Archer)

Bibliografia:
- O Evangelho Segundo o Espiritismo.  Cap. 21. Item 4. Allan Kardec.
- A Gênese. Cap. 15: Item 9/  Cap. 16:Itens 5, 13 e 14 / Cap. 17: Item 20 e 21 Allan Kardec.
- O Livro dos Espíritos. Questões 851, 853 e 853-a, 860, 861. Allan Kardec
- O Consolador. Questão 276. Espírito Emmanuel.  Psicografado por Chico Xavier.
-  Pinga Fogo 1. Pergunta feita por um Telespectador de Machado, no sul de Minas. Chico Xavier.
- Crônicas de Além-Túmulo. Judas Iscariotes. Espírito Humberto de Campos. Psicografado por Chico Xavier.
 - Paulo e Estevão. Lutas e humilhações. Espírito Emmanuel.  Psicografado por Chico Xavier.
- Coração e vida. Espírito Maria Dolores. Psicografado por Chico Xavier.
- Boa Nova. Os Discípulos / A ilusão do discípulo. Espírito Humberto de Campos. Psicografado por Chico Xavier.
- Trigo de Deus. Arrependimento tardio. Espírito Amélia Rodrigues. Psicografado por Divaldo Franco.
- Enciclopédia de temas Bíblicos - Respostas às principais dúvidas, dificuldades e  "contradições da Bíblia". Por que Mateus 27.9 atribui a Jeremias uma profecia de Zacarias? Gleason Archer.
- Vida e atos dos Apóstolos. Os apóstolos de Jesus / A eleição de um apóstolo em Jerusalém. Cairbar Schutel.
- Os padrões evangélicos. Com a medida com que medirdes.  Paulo Alves Godoy.
- Cristianismo: A mensagem esquecida. Cap. 3 - Livre-arbítrio. Hermínio C. de Miranda.
- Bíblia: Salmos 41:9;  Marcos 14:10;21 ; Zacarias 11:13; Mateus 26:14-15; João 6:70-71; Lucas 22:21, 47-48 ; João 17:12; Mateus 10:5-14; Lucas 24:46; João 20:11-18.
- Site: https://www.momento.com.br/pt/imprimir.php?id=4015 - Data da consulta: 09-04-23.

 

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