Utilize o conteúdo da aula, designado por "Subsídio para o Evangelizador", para desenvolver palestras espíritas para jovens e adultos.

Aula 94 - Carregar a cruz e seguir Jesus *

Ciclo 2 - História:  O peso da cruz -  Atividade: ESE - Cap. 24 - 4 - A coragem da fé

Ciclo 3 - História: Carregar a própria cruz ou A Cruz -  Atividade: ESE - Cap. 24 - 5 - Carregar a cruz. Quem quiser salvar a vida, perdê-la-á.

Mocidade - História: A inesquecível pergunta - Atividade:  4 - Interpretação de textos ou de parábolas de Jesus:  Tentar interpretar o trecho do Evangelho (Marcos 8:34) e explicar o significado simbólico da cruz, perguntando para os adolescentes se eles carregam ou já carregaram alguma cruz, lembrando que se for se referir a alguém, não deverão citar nomes. Depois ler a poesia: Seguir Jesus.

 

Dinâmicas:  O que mais sofremosO jogo do contente.

Mensagens espíritas: Cruz.

Sugestão de livro infantil: - Toninho tortinho. Marilusa M. Vasconcellos. Editora RADHU.

 

Leitura da Bíblia:  Marcos - Capítulo 8 (Lucas 9:23-25; Mateus 10:38-39; João 12:25-26)


8.34  Chamando para perto de si o povo e os discípulos, disse-lhes: Se alguém quiser vir nas minhas pegadas, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me;


8.35 Porquanto, aquele que se quiser salvar a si mesmo, perder-se-á; e aquele que se perder por amor de mim e do Evangelho se salvará.


8.36  Com efeito, de que serviria a um homem ganhar o mundo todo e perder-se a si mesmo?


 

Lucas - Capítulo 6


6.22 Bem ditosos sereis, quando os homens vos odiarem e separarem, quando vos tratarem injuriosamente, quando repelirem como mau o vosso nome, por causa do Filho do Homem.


6.23  Rejubilai nesse dia e ficai em transportes de alegria, porque grande recompensa vos está reservada no céu, visto que era assim que os pais deles tratavam os profetas.


 

Mateus - Capítulo 10


10.32 Aquele que me confessar e me reconhecer diante dos homens, eu também o reconhecerei e confessarei diante de meu Pai que está nos céus;


10.33 e aquele que me renegar diante dos homens, também eu o renegarei diante de meu Pai que está nos céus.


 

Lucas - Capítulo 9


9.26  Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras, o Filho do Homem também dele se envergonhará, quando vier na sua glória e na de seu Pai e dos santos anjos.


 

Tópicos a serem abordados:

- A cruz era um antigo objeto, formado por duas toras de madeira, cruzadas entre si, no qual os condenados eram pregados ou amarrados e ali ficavam até a morte. Este foi o instrumento utilizado para o sacríficio de Jesus. No entanto, o Messias,  tomou a cruz sem dar nenhuma queixa, deixando-se sacrificar, sem fazer qualquer reprovação aos que o haviam abandonado. Ele quis nos mostrar, por meio desse exemplo prático, a resignação, a obediência e a submissão com que devemos nos comportar, diante da vontade de Deus.

- As provas e os sofrimentos pelo quais passaremos também constituem a cruz que devemos carregar com calma, paciência e resignação, durante nossa existência. As dificuldades e as dores são necessárias para o nosso aprendizado e aprimoramento espiritual. Carregar nossa cruz, a caminho do Cristo,  será cumprir os nossos deveres diários com a melhor boa vontade e conforme os ensinos do Mestre.  

- Existem muitas situações na existência que consideramos as provas difíceis (cruzes pesadas demais), pois temos dificuldade em aceitá-las: os conflitos na família, os preconceitos na sociedade, as doenças prolongadas , a injustiça aparente, a ingratidão dos amigos, a dificuldade financeira, etc. No entanto, Deus não coloca fardos pesados em ombros fracos, ou seja, não nos coloca dificuldades e sofrimentos maiores do que possamos suportar. O fardo é proporcional às nossas forças, assim como a recompensa será  conforme a nossa resignação e coragem.

-  Quando Jesus disse: ''Se alguém quiser seguir meus passos, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me'', quis dizer que devemos suportar corajosamente as dificuldades da vida, testemunhando a nossa própria fé, pois aquele que quiser salvar a vida e seus bens materiais, rejeitando o Evangelho, perderá as vantagens do reino dos céus . Enquanto os que tudo houverem perdido neste mundo,  mesmo a vida, para que a verdade triunfe, receberão, na vida futura, o prêmio da coragem, da perseverança e da abnegação de que deram prova. Isto quer dizer que devemos dar mais importância ao aperfeiçoamento moral, que ao acúmulo de bens materiais, pois, somente as conquistas espirituais, como o conhecimento, a inteligência e as qualidades morais, farão parte da nossa bagagem para a eternidade.(1)

-  É preciso renunciar ao egoísmo, ao orgulho, à maledicência, às expressões de vaidade, isto é, abandonar os nossos vícios para tornar-se um verdadeiro  discípulo do Senhor. Na Terra, a felicidade somente é possível quan­do alguém se esquece de si mesmo (deixar o próprio interesse e os prazeres do mundo) para pensar e fazer tudo que lhe seja possível em favor do seu próximo (2).

- Jesus é o modelo de perfeição moral que devemos seguir. O cristo afirma: ''Aquele que me confessar e me reconhecer diante dos homens, eu também o reconhecerei e confessarei diante de meu Pai que está nos céus;  e aquele que me renegar diante dos homens, também eu o renegarei diante de meu Pai que está nos céus.''  Confessar Jesus diante dos homens é viver de conformidade com seus ensinamentos. Ninguém deve se envergonhar do Mestre  e de Suas palavras.  Aqueles que temeram confessar-se discípulos de Jesus, não são dignos de ser admitidos no Reino de Deus

- Não devemos ocultar a nossa crença, por receio de expor nossa própria opinião ou deixar de frequentar um centro espírita, por medo do preconceito dos outros. Devemos ter coragem e estar preparados para sermos tolerantes. Além disso, a opinião dos outros ao nosso respeito pode ser construída ou modificada por meio das nossas demonstrações de tolerância e bondade (3). É pela prática da caridade e respeito ao próximo que seremos reconhecidos como verdadeiros cristãos.


Comentário (1): E.S.E. Cap. 16. Item 12. A.K. (2): Repositório de Sabedoria. Espírito Joanna de Ângelis. Divaldo P. Franco. (3): No portal da luz. Familiares incompreensivos. Espírito Emmanuel. Chico Xavier.

 

Perguntas para fixação:

1. Qual foi o instrumento de sacrifício utilizado na morte de Jesus?

2. O que simboliza a cruz quando Jesus diz “ Tome sua cruz e siga-me”?

3. Como devemos carregar a nossa cruz?

4. Por que o homem precisa passar por dificuldades e sofrimentos?

5. O que devemos renunciar para seguir Jesus?

6. Por que não devemos nos envergonhar das palavras do Mestre?

7. Como seremos reconhecidos como verdadeiros cristãos?

 

Subsídio para o Evangelizador:

            Segudo o dicionário Michaelis, a palavra ''cruz'' significa:  ''Antigo objeto de tortura e execução, formado por duas toras de madeira, cruzadas entre si, no qual os condenados eram pregados ou amarrados e ali ficavam até a morte; Instrumento de suplício onde Jesus Cristo foi crucificado. Símbolo de redenção dos cristãos, de forma simbólica; Grande suplício; mortificação. ''(https://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=cruz)

             A crucificação é o mais antigo de todos os suplícios, inventado para dar a morte com dores atrozes e demorados sofrimentos. Essa tortura veio do Oriente.

             O suplício da cruz não apareceu completo, como geralmente se julga, mas foi sendo aperfeiçoado aos poucos.

            No princípio consistia num simples poste de madeira enterrado, no qual o condenado era preso com cravas e cordas. Às vezes o poste era substituído por qualquer arvore: o criminoso era ligado ao tronco com cravos, tendo os braços estendidos sobre os ramos.

           Mais tarde apareceu a cruz em forma de T, depois de X (Cruz de S. André), de Y, e, por fim, aquela que serviu para crucificar a Jesus, havendo outros tipos.

            Os romanos puniam com o suplício da cruz os escravos, os ladrões, os assassinos. Os condenados eram primeiramente açoitados com correias e arrastados pelas ruas.

              Este suplício bárbaro não tardou a ser imitado pelos judeus, sofrendo, entretanto, algumas modificações.

              Os romanos mantinham os corpos três dias na cruz, ao passo que os judeus crucificavam e de tal modo torturavam a vítima, que a morte não se fazia demorar.

               Tiravam-na depois da cruz, quebravam-lhe as pernas e a enterravam.

               A transcrição dos trechos evangélicos dá bem uma idéia do suplício da crucificação.

               Vê-se que os dois condenados que foram crucificados com Jesus tiveram as pernas quebradas; contudo, não aplicaram o mesmo processo a Jesus, por haverem constatado a sua morte, cumprindo-se a profecia: "Nenhum dos seus ossos será quebrado."

              O mundo de então era uma barbaridade. Punia-se um crime com um crime maior; não se educava o delinqüente, não o corrigiam, mas o condenavam. E a pena era: tortura, suplício, morte! (O Espírito do Cristianismo. Cap. 42- Os dois Cruxificados. Cairbar Schutel)

               A cruz, esse símbolo antigo dos iniciados, que se encontra em todos os templos do Egito e da Índia, tornou-se, pelo sacrifício de Jesus, o sinal de elevação da Humanidade, arrancada do abismo de sombras e de paixões inferiores, e tendo, afinal, acesso à vida eterna, à vida das almas regeneradas. (Depois da morte. Cap. 6. León Denis)

            O Messias, coroando a sua obra com o sacrifício máximo, tomou a cruz sem uma queixa, deixando-se imolar, sem qualquer reprovação aos que o haviam abandonado, na hora ultima. Conhecendo que cada criatura tem o seu instante de testemunho, no caminho de redenção da existência, observou às piedosas mulheres que o cercavam banhadas em lágrimas: – “Filhas de Jerusalém, não choreis por mim, chorai por vós mesmas e por vossos filhos!...” Exemplificando a sua fidelidade a Deus, aceitou serenamente os desígnios do céu, sem que uma expressão menos branda contradissesse a sua tarefa purificadora. (Boa Nova. A oração do Horto. Espírito Humberto de Campos. Psicografado por Chico Xavier).

            A cruz a que Jesus se refere, pode apresentar-se a nós sob três aspectos: no cumprimento de nosso dever de cada dia, no sofrimento e na mediunidade.

            É mister que cumpramos nossos deveres diários com a melhor boa vontade e segundo os preceitos de Jesus, tratando cristãmente de todos os que se aproximarem de nós e dos que vivem sob nossa dependência. Para isso devemos esforçar-nos para sermos um padrão de moralidade, de trabalho, de fé em Deus e de amor ao próximo. Ë baseando mesmo os nossos mínimos atos no Evangelho de Jesus, que nos tornaremos dignos de Jesus.

            O sofrimento pelo qual passaremos também constitui a cruz que devemos carregar durante nossa existência. Não há efeito sem causa. Se sofremos, é porque o merecemos. Se não conseguirmos descobrir a causa de nosso sofrimento na existência atual, ela estará, forçosamente, numa de nossas existências do passado. Nunca nos esqueçamos de que nossa vida presente é a conseqüência dos atos que tivermos praticado em nossas encarnações anteriores, assim como nosso futuro será o resultado de nossas ações da vida presente. Geralmente, os que sofrem se afastam de Jesus por se lastimarem.

            E o sofrimento humano pode ser causado pelo desvio das leis divinas, pela ignorância e pelo endurecimento. Qualquer transgressão das leis divinas causa sofrimentos. Podemos escapar da justiça terrena, mas jamais poderemos escapar da Justiça Divina, que dá a cada um unicamente o que cada um merece, como conseqüência de seus atos.

            A ignorância é outra grande causa de sofrimentos. A ignorância conduz ao vício e ao crime. Por isso o indivíduo já esclarecido à luz do Evangelho deverá combater acerrimamente a ignorância de seus irmãos, ensinando-os a respeitarem os preceitos de Jesus.

            O endurecimento é outra fonte de sofrimento. O indivíduo endurecido é aquele ao qual já foi mostrado o bom caminho, mas por orgulho, por comodismo, por conveniências sociais ou por pouca vontade, persiste no erro. Semeia, assim, sementes de sofrimentos que, mais cedo ou mais tarde, ou nesta vida ou na outra, germinarão, resultando numa colheita de frutos amargos.

            Os que sofrem, por conseguinte, que tomem a cruz de seus padecimentos e a carreguem com calma, paciência, resignação e coragem até o fim, para que possam ser dignos de Jesus.

            Dado o estado de incompreensão em que está imersa a maioria dos encarnados, a mediunidade se torna, por vezes, uma cruz bem pesada. E o médium digno de Jesus é o que toma a cruz, de sua mediunidade e a transforma em luz para os que jazem nas trevas, consolo para os aflitos, esperança para os tristes, alívio para os sofredores e guia para os ignorantes. (O Evangelho dos Humildes. Cap. 10. Eliseu Rigonatti).

            Cada alma, na escola da Terra, sob a abençoada cruz da carne, conduz consigo a cruz invisível da prova, indispensável à elevação a que aspira.

             Aqui, vemos a cruz do ouro, impondo aos companheiros que a transportam, o círculo do medo e da inquietação.

             Além, observamos a cruz do poder, exigindo de quantos lhe detêm, a força de pesados tributos de responsabilidade e sofrimento.

             Acolá, notamos a cruz da beleza física, atraindo apelos inferiores.

             Mais além, contemplamos a cruz da enfermidade, situando esperanças e sonhos no labirinto da indagação e do desalento.

             Não longe, vemos a cruz da carência material, induzindo muita gente à inércia e à lamentação.

             Agora, observamos junto de nós a cruz da injustiça aparente, tentando a criatura a reivindicações que a projetam em maiores dificuldades.

             Mais tarde, encontraremos a cruz das paixões, vergando ombros sensíveis e afetuosos, reclamando-lhes o amargo imposto do desequilíbrio e das lágrimas.

            Cada criatura passa entre os homens algemada ao posto de graves obrigações, alusivas ao progresso que lhe cabe alcançar. (Abrigo. Cruzes. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier).

            Carregar nossa cruz, a caminho do Cristo, será abraçar as responsabilidades que nos cabem, no setor de trabalho que ele próprio nos confiou. (Mãos unidas. A caminho do Cristo. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier).

             Os seres humanos transitam no seu processo evolutivo, invariavelmente, crucificados aos problemas que elaboraram para eles mesmos, experimentando dores e amarguras graves, de que somente se libertarão quando se resolverem pela transformação interior, adotando comportamentos saudáveis. A verdadeira saúde é um estado íntimo de equilíbrio, de harmonia entre os desafiantes conflitos que a todos assaltam a cada instante, considerando-se a vulnerabilidade emocional e vivencial de que se encontram constituídos. Não equipados interiormente para o autoenfrentamento, de que fogem quanto lhe permitem as possibilidades, movimentam-se em contínuas inquietações que os afetam, quase comprazendo-se nos transtornos que terminam por vencê-los.

            A esses indivíduos tomados de incompletude se dirige Jesus, convocando-os à terapia da renovação espiritual, de modo que conduzam a cruz dos problemas, tornando-a leve, antes que se deixando esmagar pela conjuntura afligente. Aos primeiros discípulos a proposta possuía uma interpretação literal, tendo-se em vista o estágio cultural e social da época, que não admitia condutas que se diferenciassem do que era imposto pelo status predominante. A liberdade encontrava-se amordaçada pela força do poder governamental e pela sombra coletiva que pairava soberana. Vindo diluí-la com o sol vibrante do Seu verbo e da Sua conduta, Jesus sabia que os Seus discípulos teriam que pagar o atrevimento de proclamar e viver a Nova Era, livres das injunções sacrificais propiciadas pela ignorância.

            Por isso, deixou explícito que segui-lo representava perder a liberdade - aliás, mínima -, o direito à existência física; no entanto, esses eram valores de pequena monta, desde que a realidade do ser transcende às injunções materiais, estendendo-se pelo campo adimensional da imortalidade, representando, portanto, a aspiração máxima, e a cuja realização todos devem entregar-se com afã. Os triunfos enganosos que não sobrevivem ao corpo, as honrarias que perdem o significado ante os sofrimentos, as alegrias da glória fantasiosa que logo passa, constituem, à luz profunda do Evangelho, distrações para o movimento físico do Espírito, ainda iludido com a transitoriedade da organização somática. A sombra, que dificulta a visão da plenitude do ser, compraz-se com essas conquistas, anestesiando os centros do discernimento que detecta a fugacidade terrena, e que o Evangelho dilui com o esplendor majestoso do seu conteúdo moral e libertador. O discurso de Jesus-Homem, conhecedor dos desafios e das dificuldades do ser humano, é todo um complexo processo de introspeção para o seu encontro com a realidade pessoal além da personalidade, em mergulho consciente no Self, como forma eficaz de anular os impositivos preponderantes do ego na conduta convencional. Esse ser humano está fadado à glória estelar, que se desdobra da intimidade dos sentimentos virgens na direção da conquista dos valores imperecíveis do Espírito.

            No aparente paradoxo das propostas do Mestre, quais aborrecer-se dos familiares, do mundo, das paixões, preferindo o Reino de Deus, há um significado muito especial. Deixar os mortos enterrar os seus mortos, optar pela espada, pelo fogo, em vez de pela comodidade, pela paz estagnada, representa um convite severo à consciência para que se resolva pelo que lhe é mais importante. Esses ensinos estão fundamentados na lógica da imortalidade, ante a qual alteram-se as paisagens e aspirações humanas na conquista das questões secundárias ante as essenciais para a existência feliz, aquela que é duradoura e real.

            Torna-se, inevitavelmente, necessária a decisão pela vida futura enriquecedora, que já começa no momento em que o ser desperta para a sua realidade, libertando-se dos impositivos constritores da dependência física.  Quem identifica um tesouro não mais se aquieta senão após consegui-lo, e logo se entrega à sua multiplicação de valor, de forma que possa atender a todos quantos se encontram à volta.

            A família é o grupo social onde o Espírito se aprimora, aprofundando a sensibilidade do amor, lapidando as arestas das imperfeições, depurando-se das sujidades morais, limando as anfractuosidades dos sentimentos e condutas; que merece carinho, mas constitui campo de desenvolvimento e de conquistas, nunca prisão ou fronteira delimitadora e impeditiva dos grandes saltos na direção do triunfo sobre o Si.

            A decisão do autoencontro, para o enfrentamento das paixões perturbadoras, rompe os interesses do clã e do grupo social sempre egoístas e temerários. A sombra que predomina empana a capacidade de compreender e de definir rumos, retendo a criatura na comodidade dos interesses próximos que dizem respeito ao ego, à segurança pessoal e ao vicioso encurralamento nos limites da proteção arquitetada e construída.

            O ser, no entanto, é livre, e para tanto ama, sem reter-se ante as novas possibilidades que detecta a cada momento que cresce espiritualmente, antevendo o próprio futuro.

            Nesse contexto, guerreia pela liberdade de movimento, de escolha, de direcionamento, de seleção de valores, não se demorando nos estreitos círculos dos cometimentos pessoais e dos feudos domésticos, porque a Humanidade é a sua meta, o Universo é o seu fanal.

            Jesus sabia dessa aspiração máxima e vivia-a integralmente, rompendo as amarras da sordidez da cultura escravagista e desprovida de infinitos.

            Por isso, proclamava a espada da decisão que separa os indivíduos que se candidatam às alturas, em relação àqueles que se comprazem nos vales sombrios do imediatismo, das satisfações injustificáveis dos instintos, sem as claridades superiores da emoção.    

            Separar os operosos dos acomodados; dividir a sociedade, que já não se comporta feliz quando se conduzindo pela faixa da tradição, das heranças atávicas do passado sem idealismo; romper com as imposições em predomínio na sociedade, por aspirar-se a mais amplos horizontes, àqueles que facultam visão de infinitude, eis o que propõe o Mestre sábio.

            (...)  A luz da Psicologia Profunda, carregar a cruz invisível é transformá-la em asas de ascensão, identificando os madeiros de dor e de sombra para alterar-lhes a constituição.

            Não obstante as conquistas da inteligência, nas áreas da Ciência e da Tecnologia, ainda permanecem tabus e preconceitos que se encontram enraizados no inconsciente humano, exigindo que os idealistas, os que estão despertos, não se rebelem contra as conveniências estabelecidas, partindo para as realizações que lhes dizem respeito, na construção da sua realidade profunda e inevitável.

            É óbvio que essa decisão lhes imporá cruzes de tormentos vários: no lar, em razão das conjunturas egoísticas dos familiares que se atribuem direitos sobre aqueles que lhes constituem o clã; no grupo social, acostumado a desfrutar dos gozos que lhe são dispensados; no trabalho profissional, onde os interesses giram em torno do poder e do ter; nos relacionamentos fraternos, que sempre exigem dos outros aquilo que cada qual não consegue em relação a si mesmo...

            Carregar, portanto, a sua cruz é não se submeter às imposições mesquinhas de quem quer que seja, tornando-se livre para aspirar e conseguir, para trabalhar e alcançar as metas da autoiluminação, tendo como modelo Jesus, que rompeu com tudo aquilo que era considerado ideal, estabelecido, legítimo, porém, predominante nos círculos viciados dos poderosos, que o túmulo também recebeu e consumiu na voragem da destruição dos tecidos, não, porém, das suas vidas. (Jesus e o Evangelho à luz da psicologia profunda. Cap. 31. Joanna de Ângelis. Divaldo P. Franco)

             Segundo Chico Xavier: ''A cruz de ferro são as ofensas públicas — conseguimos carregá-la, porquanto recebemos muita solidariedade…  Mas a cruz de palha é pouca gente que sabe carregar…  É o tapa em forma de palavras, é a agressão pelo olhar, é aquela frase solta que vem direta…  Às vezes, falamos de determinado traço infeliz da comunidade humana, junto da pessoa que traz um pedacinho e ofendemos a pessoa barbaramente… É a cruz de palha!  Devemos ter paciência para suportar sem falar com ninguém, para não aborrecer ninguém, para que a faísca do nosso desapontamento não incendeie…'' (O Evangelho de Chico Xavier. Item 288. Carlos A. Baccelli)

            "Rejubilai-vos, diz Jesus, quando os homens vos odiarem e perseguirem por minha causa, visto que sereis recompensados no céu." Podem traduzir-se assim essas verdades: "Considerai-vos ditosos, quando haja homens que, pela sua má-vontade para convosco, vos dêem ocasião de provar a sinceridade da vossa fé, porquanto o mal que vos façam redundará em proveito vosso. Lamentai-lhes a cegueira, porém, não os maldigais."

            Depois, acrescenta: "Tome a sua cruz aquele que me quiser seguir", isto é, suporte corajosamente as tribulações que sua fé lhe acarretar, dado que aquele que quiser salvar a vida e seus bens, renunciando-me a mim, perderá as vantagens do reino dos céus, enquanto os que tudo houverem perdido neste mundo, mesmo a vida, para que a verdade triunfe, receberão, na vida futura, o prêmio da coragem, da perseverança e da abnegação de que deram prova. Mas, aos que sacrificam os bens celestes aos gozos terrestres, Deus dirá: "Já recebestes a vossa recompensa. " (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 24. Item 19. Allan Kardec).

            Em muitos episódios difíceis da existência, consideramos demasiadamente amargo o cálice da prova redentora que se nos destina, mas, de maneira geral, não é a medicação providencial nele contida que nos aflige e sim a nossa própria debilidade em aceitá-la.

             Em numerosas crises do mundo, julgamos excessivamente pesada a carga dos desenganos que nos fustigam o espírito; no entanto, não é o volume das desilusões educativas, que nos são indispensáveis, aquilo que nos faz vergar os ombros da alma e sim o nosso orgulho ferido a se nos esfoguear por dentro do coração.

             Suportar nossa cruz será tolerar as tendências inferiores que ainda nos caracterizam, sem acalentá-las, mas igualmente sem condenar-nos, por isso, diligenciando esgotar em serviço, em paciência, em serenidade e em abnegação a sucata de sombras que ainda transportamos habitualmente no fundo das nossas atividades de autoaprimoramento ou reabilitação. (Rumo certo. Suportar nossa cruz. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)

             Ele já muitas vezes vos disse que não coloca fardos pesados em ombros fracos. O fardo é proporcionado às forças, como a recompensa o será à resignação e à coragem. Mais opulenta será a recompensa, do que penosa a aflição. Cumpre, porém, merecê-la, e é para isso que a vida se apresenta cheia de tribulações. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 5. Item 18. Allan Kardec).

            O devotamento absoluto, a submissão sem limites são as condições únicas de chegarmos à perfeição relativa que a Humanidade pode alcançar. Dedicando-nos aos nossos irmãos, pela prática sem reservas da caridade, submetendo-nos aos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, observando, em todos os nossos atos, os preceitos morais que Ele pregou e exemplificou, estaremos no caminho seguro da nossa salvação. (Elucidações Evangélicas. Cap. 104. Antônio Luiz Sayão)

            Jesus é a personificação da moral sublime que Ele trouxe ao mundo, para a nossa salvação. Praticar essa moral é estar no carreiro por Ele traçado, é confessá-lo. (Elucidações Evangélicas. Cap. 64. Antônio Luiz Sayão)

            Jesus disse: ''Aquele que me confessar e me reconhecer diante dos homens, eu também o reconhecerei e confessarei diante de meu Pai que está nos céus; - e aquele que me renegar diante dos homens, também eu o renegarei diante de meu Pai que está nos céus.'' - (S. MATEUS, cap. X, vv. 32 e 33.)

            Confessar Jesus diante dos homens é viver de conformidade com seus ensinamentos. É ter a coragem suficiente de abandonar os preconceitos das religiões dogmáticas, o preconceito das raças e das classes sociais; é ver em cada pessoa um irmão que merece o nosso carinho, respeito e consideração. Enfim, confessar Jesus diante dos homens é submeter-se à lei da fraternidade universal. Os médiuns que sinceramente confessam Jesus diante dos homens, são aqueles que não medem sacrifícios quando se trata de levar sua cooperação mediúnica quer ao leito de um enfermo, quer em auxilio de um obsidiado e a qualquer lugar onde haja dores, aflições e lágrimas. Tais médiuns sabem renunciar aos prazeres do mundo, sempre que estes interfiram no desempenho de seu medianato. (O Evangelho dos Humildes. Cap. 10. Eliseu Rigonatti)

            Renunciando ao egoísmo, ao orgulho, à fraqueza, às expressões de vaidade, o homem cumprirá a ordenação evangélica, e, sentindo, a grandeza de Deus, único dispensador no patrimônio real da vida, será discípulo do Senhor em quaisquer circunstâncias, por usar as suas possibilidades materiais e espirituais, sem os característicos envenenados do mundo, como intérprete sincero dos desígnios divinos para felicidade de todos. (O Consolador. Questão 66. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)

            Aquele que se entrega aos gozos materiais entra para a categoria dos que perdem a alma pelos bens mundanos, dos que a “vendem ao demônio”, para usar­mos de uma frase tantas vezes repetida e tão mal com­preendida. Consagrarmos o nosso corpo, isto é, a nossa dedicação, o nosso trabalho, os nossos esforços ao bem da Humanidade, afrontando incômodos e contrariedades, empregando as riquezas que possuamos em auxiliar, com critério e prudência, os nossos irmãos, é caminharmos para a salvação. Fazer o contrário é gozar material­mente, negligenciando a verdadeira felicidade.

             Que todos os nossos atos e pensamentos tenham a guiá-los a gratidão ao nosso Deus e o amor aos nossos irmãos; que nunca o egoísmo, ou o interesse pessoal manchem a pureza das nossas consciências.

              As palavras de Jesus, com relação aos que dele se envergonham, abrangendo o passado, o presente e o fu­turo, dizem respeito aos que se riem, ridiculizam e fogem das coisas santas, de medo do ridículo. Com referência, especialmente, à era nova que se abre para a Humanidade com o advento do Espiritismo e que irá até que comece a separação do joio e do bom grão, elas entendem com os que, depois de terem conhecido a verdade, usarem de disfarces para, pelo respeito humano, não confessa­rem suas convicções. Desses, que são os que se enver­gonham de Jesus, também Ele se envergonhará. Esses, quando chegar o momento daquela separação, se se con­servarem culpados, rebeldes, morrerão para o nosso planeta. Quer isto dizer que não mais lhes será permitida a reencarnação na Terra. Ao terem de encarnar, ver­-se-ão constrangidos a fazê-lo em planetas inferiores a este, onde, como condição necessária a que melhorem moralmente e progridam, a expiação corresponderá à duração da falta. (Elucidações Evangélicas. Cap. 104. Antônio Luiz Sayão)

            Jesus profliga essa covardia, do ponto de vista especial da sua doutrina, dizendo que, se alguém se envergonhar de suas palavras, desse também ele se envergonhará; que renegará aquele que o haja renegado; que reconhecerá, perante o Pai que está nos céus, aquele que o confessar diante dos homens. Por outras palavras: aqueles que se houverem arreceado de se confessarem discípulos da verdade não são dignos de se verem admitidos no reino da verdade. Perderão as vantagens da fé que alimentem, porque se trata de uma fé egoísta que eles guardam para si, ocultando-a para que não lhes traga prejuízo neste mundo, ao passo que aqueles que, pondo a verdade acima de seus interesses materiais, a proclamam abertamente, trabalham pelo seu próprio futuro e pelo dos outros.

            Assim será com os adeptos do Espiritismo. Pois que a doutrina que professam mais não é do que o desenvolvimento e a aplicação da do Evangelho, também a eles se dirigem as palavras do Cristo. Eles semeiam na Terra o que colherão na vida espiritual. Colherão lá os frutos da sua coragem ou da sua fraqueza. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 24. Itens 15 e 16. Allan Kardec).

            Não seria desejável que os espíritas tivessem uma senha, um sinal qualquer para se reconhecerem quando se encontram?

            Os espíritas não formam nem uma sociedade secreta, nem uma afiliação; não devem, pois, ter nenhum sinal secreto para serem reconhecidos. Como nada ensinam e nada praticam que não possa ser conhecido por todo mundo, nada têm a ocultar. Um sinal, uma senha, poderiam, aliás, ser usados por falsos irmãos, e nem por isso serieis mais adiantados.

            Tendes uma senha que é compreendida de um extremo a outro do mundo: é a da caridade.Esta palavra é fácil de ser pronunciada por todos, mas a verdadeira caridade não pode ser falsificada. Pela prática da verdadeira caridade reconhecereis sempre um irmão, ainda que não seja espírita, e deveis estender-lhe a mão, porquanto, se ele não partilha de vossas crenças, nem por isso deixará de ser para vós menos benevolente e tolerante.

            Um sinal de reconhecimento é, aliás, tanto menos necessário hoje quanto o Espiritismo não se oculta mais. Para aquele que não tem coragem de afirmar sua opinião, ele seria inútil, pois que dele não se serviria; para os outros, dão-se a conhecer falando sem temor. (Viagem Espírita em 1862. Instruções Particulares dadas aos Grupos em Resposta a algumas das Questões Propostas. Allan Kardec)

            O preconceito ainda existe em relação ao Espiritismo. E devemos estar preparados para sermos tolerantes. O importante perante Deus é o convencimento da escolha da nossa religião, não importando qual. Nesse particular, diremos que todos os caminhos levam a Deus, se entendermos que somos felizes e conscientes no respeito ao próximo e na prática da caridade. (Plantão de Respostas. Pinga Fogo II.  Preconceito II. Espírito Emmanuel/Chico Xavier)

            O Espírito Dr. Bezerra de Menezes nos traz a seguinte mensagem:  ''Filhos, perseverai no testemunho da fé espírita que abraçastes, ante a revivescência do  Evangelho do Senhor. Não recueis ante as provas que vos são necessárias ao burilamento. Sustentai a coragem na luta, conscientes de que toda conquista nos domínios do espírito reclama esforço e sacrifício continuados. Ninguém ascende aos Cimos de passo preso à retaguarda.

         (...) Muitos vos tentarão com o imediatismo dos prazeres mundanos e com as facilidades materiais do caminho. Outros urdirão sofismas, com o intento de vos afastar dos objetivos superiores que concentrastes, na necessidade de renovação íntima. Sem que percais de vista a trajetória do Cristo, não olvideis que a obra da redenção humana diz respeito a cada espírito em particular.

             A hora do testemunho é uma hora solitária. Em torno , apupos e injúrias, hostilidade e incompreensão. Não raro, amigos e companheiros permanecerão à distância, vos contemplando as reações. Convosco, não tereis por escora, na áspera subida, outra que não seja a cruz que vos pesa nos ombros. Quase ninguém vos verá o pranto que se vos escorre na face, confundindo-se com o suor derramado no cumprimento do dever. Inevitável, a sensação de extremo abandono dos homens, que vos de ve induzir a bem maior confiança em Deus.

         Filhos, não permuteis o que é eterno pelo que é transitório. Embora sob duros reveses, insisti na prática do bem aos semelhantes e tomai a iniciativa do perdão, na certeza de que o tempo urge e que, ao termo da vossa caminhada sobre a Terra, não tereis outro Céu que não seja o da consciência tranqüila. (A coragem da fé. Cap. 1. Dr. Bezerra de Menezes. Carlos A. Baccelli)

           

Bibliografia:

- O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 5,item 18.   Cap. 24,item 15, 16 e 19. Allan Kardec.

- Viagem Espírita em 1862. Instruções Particulares dadas aos Grupos em Resposta a algumas das Questões Propostas. Allan Kardec.

- Boa Nova. A oração do Horto. Espírito Humberto de Campos. Psicografado por Chico Xavier.

- Abrigo. Cruzes. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.

- Mãos unidas. A caminho do Cristo. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.

- Depois da morte. Cap. 6. León Denis.

- O Evangelho dos Humildes. Cap. 10. Eliseu Rigonatti.

- Jesus e o Evangelho à luz da psicologia profunda. Cap. 31. Joanna de Ângelis. Divaldo P. Franco.

- O Evangelho de Chico Xavier. Item 288. Carlos A. Baccelli.

- Elucidações Evangélicas. Cap. 64 e 104. Antônio Luiz Sayão.

- Plantão de Respostas. Pinga Fogo II.  Preconceito II. Espírito Emmanuel/Chico Xavier.

- A coragem da fé. Cap. 1. Dr. Bezerra de Menezes. Carlos A. Baccelli.

- O Espírito do Cristianismo. Cap. 42- Os dois Cruxificados. Cairbar Schutel.

- Site: https://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=cruz. Data de consulta: 20-07-16.

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