SERÁ QUE A CAUSA DE TODOS OS SOFRIMENTOS FÍSICOS OU MORAIS É DEVIDO A EXPIAÇÕES DE VIDAS PASSADAS?

Segundo Allan Kardec, "As vicissitudes da vida têm, pois, uma causa, e como Deus é justo, essa causa deve ser justa." ( O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 5. Item 3. Allan Kardec).

"Não há crer, no entanto, que todo sofrimento suportado neste mundo denote a existência de uma determinada falta. Muitas vezes são simples provas buscadas pelo Espírito para concluir a sua depuração e apressar o seu progresso. Assim, a expiação serve sempre de prova, mas nem sempre a prova é uma expiação. Provas e expiações, todavia, são sempre sinais de relativa inferioridade, porquanto o que é perfeito não precisa ser provado." (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 5. Item 9. Allan Kardec)

"Quando sofremos uma aflição, se procurarmos sua causa, encontraremos sempre a nossa própria imprudência, nossa imprevidência, ou alguma ação anterior. Nesses casos, como se vê, temos de atribuí-la a nós mesmos. Se a causa de uma infelicidade não depende absolutamente de nenhuma de nossas ações, trata-se de uma prova para a existência atual, ou de uma expiação da falta cometida em existência anterior e, neste caso, pela natureza da expiação podemos conhecer a natureza da falta, desde que somos sempre punidos naquilo em que pecamos." (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 28. Item 30. Allan Kardec).

Na Revista Espírita de 1863, há maiores detalhes que explicam a diferença entre prova e expiação:

"(...) a expiação seria o castigo, a pena imposta para o resgate de uma falta, com o perfeito conhecimento, por parte do culpado punido, da causa do castigo, isto é, da falta a expiar. Compreende-se que, neste sentido, a expiação seja sempre imposta por Deus. prova não implica qualquer ideia de reparação. Ela pode ser voluntária ou imposta, mas não é a consequência rigorosa e imediata das faltas cometidas. prova é um meio de constatar o estado de uma coisa, para reconhecer se é de boa qualidade. Assim, submete-se a uma prova uma corda, uma ponte, uma peça de artilharia, não por causa de seu estado anterior, mas para certificar-se de que estão adequadas ao serviço a que se destinam. Assim, por extensão, tem-se chamado de provas da vida ao conjunto de meios físicos ou morais que revelam a existência ou ausência das qualidades da alma que estabelecem a sua perfeição ou os progressos por ela feitos na busca dessa perfeição final.

(...) prova consiste mais na maneira pela qual os males foram suportados do que na sua intensidade que, como a felicidade terrena, é sempre relativa para cada indivíduo. Os caracteres distintivos da expiação e da prova são que a primeira é sempre imposta, e sua causa deve ser conhecida por aquele que a sofre, ao passo que a segunda pode ser voluntária, isto é, escolhida pelo Espírito, ou mesmo imposta por Deus, na falta de escolha. Além disso, ela se concebe muito bem sem causa conhecida, pois não é necessariamente a consequência de faltas passadas. Numa palavra: a expiação cobre o passado; a prova abre o futuro. 

(...) A expiação implica necessariamente a ideia de um castigo mais ou menos penoso, resultado de uma falta cometida. A prova implica sempre a de uma inferioridade real ou presumível, porque o que chegou ao ponto culminante a que aspira, não mais necessita de provas.Em certos casos, a prova se confunde com a expiação, isto é, a expiação pode servir de prova, e reciprocamente. O candidato que se apresenta para receber uma graduação, passa por uma prova. Se falhar, terá que recomeçar um trabalho penoso. Esse novo trabalho é a punição da negligência no primeiro. A segunda prova se torna, assim, uma expiação. 

(...) Se um Espírito encarnar-se na Terra em meio à fortuna, às honras e a todos os prazeres materiais, poder-se-á dizer que sofre a prova do arrastamento. Para aquele que cai na desgraça por sua conduta ou sua imprevidência, é a expiação de suas faltas atuais, e pode-se dizer que é punido por onde pecou.  " (Revista Espírita. Setembro de 1863. Perguntas e problemas sobre a expiação e a prova. Allan Kardec)

Portanto, OS MOTIVOS DOS SOFRIMENTOS FÍSICOS OU MORAIS que vivenciamos nesta existência PODEM SER DEVIDO ÀS PROVAS DA VIDA, IMPRUDÊNCIAS DA VIDA ATUAL, EXPIAÇÕES DE VIDAS PASSADAS OU MISSÃO.

Na obra " O Consolador", ditado pelo o Espírito Emmanuel, há uma explicação suscinta sobre o assunto:

Qual a diferença entre provação e expiação?

 "A provação é a luta que ensina ao discípulo rebelde e preguiçoso a estrada do trabalho e da edificação espiritual. A expiação é a pena imposta ao malfeitor que comete um crime." (O Consolador. Questão 246. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier).

No livro '' Estude e Viva'', o Espírito André Luiz esclarece que as " provas são lições retardadas que nós mesmos acumulamos no caminho, através de erros  impensados ou conscientes em transatas reencarnações, e que somos compelidos a  rememorar e reaprender." (Estude e viva. O Espiritismo em sua vida. Espíritos Emmanuel e André Luiz. Psicografado por Waldo Vieira e Chico Xavier).

De acordo com Allan Kardec, "A expiação varia segundo a natureza e gravidade da falta, podendo, portanto, a mesma falta determinar expiações diversas, conforme as circunstâncias, atenuantes ou agravantes, em que for cometida.Não há regra absoluta nem uniforme quanto à natureza e duração do castigo:  a única lei geral é que toda falta terá punição, e terá recompensa todo ato meritório, segundo o seu valor.A duração do castigo depende da melhoria do Espírito culpado. (...) O Espírito é assim sempre o árbitro de seu próprio destino; pode prolongar seus sofrimentos pela persistência no mal, aliviá-los ou abreviá-los por seus esforços para fazer o bem. "(O Céu e o Inferno. 1ª Parte. Cap. 7. Código penal da vida futura. Itens11 à 13.  Allan Kardec).

"As provas têm por fim exercitar a inteligência, assim como a paciência e a resignação." (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 5. Item 26. Allan Kardec).

"A maioria das doenças, como todas as misérias humanas, são expiações do presente ou do passado, ou provas para o futuro; são dívidas contraídas, cujas conseqüências devem ser sofridas, até que tenham sido saldadas. Aquele, pois, que deve suportar sua provação até o fim não pode ser curado." (Revista Espírita.  Março de 1868. Ensaio Teórico das Curas Instantâneas. Allan Kardec )

Entretanto, o Espírito Emmanuel faz a seguinte observação: "Necessário, pois, considerar igualmente, que desequilíbrios e moléstias surgem também da imprudência e do desmazelo, da revolta e da preguiça. Pessoas que se embriagam a ponto de arruinar a saúde; que esquecem a higiene até se tornarem presas de parasitas destruidores; que se encolerizam pelas menores razões, destrambelhando os próprios nervos; os que passam, todas as horas em redes e leitos, poltronas e janelas, sem coragem de vencer a ociosidade e o desânimo pela movimentação do trabalho, prejudicando a função dos órgãos do corpo físico, em razão da própria imobilidade, são criaturas que geram doenças para si mesmas, nas atitudes de hoje mesmo, sem qualquer ligação com causas anteriores de existências passadas." (Leis de amor. Cap.1. Questão 12. Espírito Emmanuel.  Psicografado por Chico Xavier / Waldo Vieira)

Segundo o médium Carlos A. Baccelli,  "A rigor, não podemos afirmar que aquele que se vitimou no trânsito, por estar abusando da velocidade, esteja se submetendo à inevitável resgate de encarnações anteriores - poderá estar resgatando a falta da imprudência, por não respeitar as leis estabelecidas. Aprendemos com o Espiritismo que a fatalidade é uma coisa muito relativa, de vez que "o mal não carece de ser resgatado pelo mal se o bem chega primeiro"... Aquilo que nos parece inevitável, não raro é fruto da invigilância. Mesmo quando renascemos dentro de um quadro de ásperas provações, elas poderão ser suavizadas; numa falta sempre existem atenuantes e agravantes. Busquemos um outro exemplo. Aquele que, imprudentemente, atravessa no meio de um tiroteio e é fulminado, foi arrastado pela fatalidade ou, no uso pleno do seu livre arbítrio, imaginou que não seria alvejado? Ora, a probabilidade de um projétil nos atingir, quando passamos entre o chamado fogo cerrado é muito grande... O que recomenda o bom senso? Que esperemos as coisas se acalmarem. A imprudência, sem dúvida, tem sido responsável por milhares de óbitos em todo o mundo. Alguém poderá indagar: onde estarão os Benfeitores Espirituais? Ora, nós não os temos a tiracolo... Acontecimentos existem que não há margem de tempo para uma antecipação da Espiritualidade Amiga. Cada qual tem a companhia espiritual que merece e também que carece. Quer dizer: quanto maior a responsabilidade do reencarnante, maior a supervisão do Mundo Maior. Poderíamos, então, classificar toda imprudência como suicídio? É claro que no suicídio precisamos levar em conta a consciência do ato, a intenção. André Luiz, conforme sabemos, foi considerado suicida na Vida Maior, única e exclusivamente por ter abusado da saúde. Os alcoólatras inveterados, pela imprudência, em que pese as muitas advertências que recebem de familiares, amigos e médicos, estão cometendo suicídio. E tal é válido igualmente para os que exageram no cigarro, na alimentação, etc." (Caravana do amor. Imprudência e destino. Carlos A. Baccelli)

Segundo Rodolfo Calligaris,  "As tentações a que somos submetidos constituem, assim, uma espécie de exame ou sistema de aferição de nosso adiantamento. Os que vencem, esses adquirem novas forças e elevam-se a níveis superiores; os que sucumbem estacionam e vão repetindo as lições da vida, até que as aprendam suficientemente. "  (O sermão da montanha. O pai nosso VI. Rodolfo Calligaris)

Em " O Livro dos Espíritos" Allan Kardec faz outros questionamentos sobre este assunto, e obteve as seguintes respostas dos Espíritos Superiores:

Quando o homem se acha, de certo modo, mergulhado na atmosfera do vício, o mal não se lhe torna um arrastamento quase irresistível?

"Arrastamento, sim; irresistível, não; porquanto, mesmo dentro da atmosfera do vício, com grandes virtudes às vezes deparas. São Espíritos que tiveram a força de resistir e que, ao mesmo tempo, receberam a missão de exercer boa influência sobre os seus semelhantes." (O Livro dos Espíritos. Questão 645. Allan Kardec)

Só os Espíritos elevados desempenham missões?

"A importância das missões corresponde às capacidades e à elevação do Espírito. O estafeta que leva um telegrama ao seu destinatário também desempenha uma perfeita missão, se bem que diversa da de um general." (O Livro dos Espíritos. Questão 571. Allan Kardec)

Léon Denis faz o seguinte esclarecimento: "(...)A missão do Cristo não era resgatar com o seu sangue os crimes da Humanidade. O sangue, mesmo de um Deus, não seria capaz de resgatar ninguém. Cada qual deve resgatar-se a si mesmo, resgatar-se da ignorância e do mal. Nada de exterior a nós poderia fazê-lo. É o que os Espíritos, aos milhares, afirmam em todos os pontos do mundo. Das esferas de luz, onde tudo é serenidade e paz, desceu o Cristo às nossas obscuras e tormentosas regiões, para mostrar-nos o caminho que conduz a Deus: tal o seu sacrifício. " (Cristianismo e Espiritismo.  Cap. 7. Os dogmas - Os sacramentos, o Culto. Léon Denis)

O Espírito Emmanuel afirma: "Todas as entidades espirituais encarnadas no orbe terrestre são Espíritos que se resgatam ou aprendem nas experiências humanas, após as quedas do passado, com exceção de Jesus Cristo, fundamento de toda a verdade neste mundo, cuja evolução se verificou em linha reta para Deus, e em cujas mãos angélicas repousa o governo espiritual do planeta, desde os seus primórdios. " (O Consolador. Questão 243. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier )

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