QUAL É A FINALIDADE DA MORTE PREMATURA DE CRIANÇAS?

Segundo Allan Kardec, "Tudo na Criação tem uma finalidade, sem o que Deus nem seria prudente, nem sábio. Ora, se a Terra não devesse ser mais que uma etapa do progresso para cada indivíduo, que utilidade haveria para os Espíritos das crianças que morrem em tenra idade, de aí passarem alguns anos, alguns meses, algumas horas, durante as quais nada podem adquirir dele? Dá-se a mesma coisa com os deficientes mentais. Uma teoria somente é boa quando resolve todas as questões que lhe dizem respeito. O caso das mortes prematuras tem sido uma pedra de tropeço para todas as doutrinas, exceto para a Doutrina Espírita, a única que a resolveu de maneira racional e completa.
Para o progresso daqueles que cumprem na Terra uma missão normal, há vantagem real em voltarem ao mesmo meio para aí continuarem o que deixaram inacabado, muitas vezes na mesma família ou em contato com as mesmas pessoas, a fim de repararem o mal que tenham feito ou de sofrerem a pena de talião." (A Gênese. Cap. 11. Item 34. Allan Kardec)

Em "O Livro dos Espíritos" Allan Kardec faz algumas perguntas específicas sobre este assunto e obtemos as seguintes respostas dos Espíritos Superiores:

Que  utilidade   encontrará   um   Espírito   na   sua   encarnação   em um  corpo   que   morre   poucos  dias   depois  de nascido?
"O ser não tem então consciência plena da sua existência; a importância da morte é quase nenhuma. Frequentemente é, como já dissemos, uma prova para os pais." (O Livro dos Espíritos. Questão 347. Allan Kardec)

Sabe o Espírito, previamente, que o corpo de sua escolha não tem probabilidade de viver?
"Sabe-o algumas vezes; mas se nessa circunstância reside o motivo de sua escolha, isso significa que está fugindo à prova." (O Livro dos Espíritos. Questão 348. Allan Kardec)

Uma vez unido ao corpo da criança e quando já lhe não é possível voltar atrás, sucede alguma vez deplorar o Espírito a escolha que fez?
"Perguntas se, como homem, se queixa da vida que tem? Se desejaria que outra fosse ela? Sim. Se se arrepende da escolha que fez? Não, pois não sabe ter sido sua escolha. Depois de encarnado, não pode o Espírito lastimar uma escolha de que não tem consciência. Pode, entretanto, achar pesada demais a carga e considerá-la superior às suas forças. É quando isso acontece que recorre ao suicídio." (O Livro dos Espíritos. Questão 350. Allan Kardec)

Há, de fato, como o indica a Ciência, crianças que já no seio materno não são viáveis? Com que fim ocorre isso?
"Frequentemente isso se dá e Deus o permite como prova, quer para os pais, quer para o Espírito da criança." (O Livro dos Espíritos. Questão 355. Allan Kardec)

Por que frequentemente a vida se interrompe na infância?
"A curta duração da vida da criança pode representar, para o Espírito que a animava, o complemento de existência precedentemente interrompida antes do momento em que deveria terminar, e sua morte muitas vezes constitui provação ou expiação para os pais."(O Livro dos Espíritos. Questão 199. Allan Kardec)

A médium Yvonne A. Pereira faz a seguinte observação sobre aqueles que interromperam a existência antes do momento do término, que no caso seriam os suicidas, dizendo: "A Excelsa Misericórdia encaminha, geralmente, tais casos, tidos como os mais graves, a reencarnações imediatas onde o delinqüente  completará o tempo que lhe faltava para o término da existência  que cortou.  Conquanto muito dolorosas,  mesmo anormais, tais reencarnações serão preferíveis às desesperações de além­túmulo, evitando, ao demais, grande perca de tempo ao paciente. Veremos então homens deformados, mudos, surdos, débeis mentais, idiotas ou tardos de nascença,  etc. É um caso de vibrações, tão­somente. O perispírito não teve forças vibratórias para modelar a nova forma corpórea, a despeito do auxilio recebido dos técnicos do mundo Invisível.  Assim concluirão o tempo que lhes faltava para o compromisso da existência  prematuramente cortada,  corrigirão os distúrbios vibratórios e, logicamente,  sentir­se­ão aliviados. Trata­se de uma terapêutica, nada mais, recursos extremos exigidos pela calamidade da situação. E o único, aliás, para os casos em que a vida interrompida devera ser longa. Ó vós que ledes estas páginas! Quando encontrardes pelas ruas  um irmão vosso assim anormalizado, não pejeis de orar  em presença dele: vossas vibrações harmoniosas serão também excelente terapêutica!" (Memórias de um suicida. Cap. 1. Espírito Camilo Cândido Botelho. Yvonne. A. Pereira)

Quais, em geral, com relação ao estado do Espírito, as consequências do suicídio?
"Muito diversas são as consequências do suicídio. Não há penas determinadas e, em todos os casos, correspondem sempre às causas que o produziram. Há, porém, uma consequência a que o suicida não pode escapar: o  desapontamento. Mas, a sorte não é a mesma para todos; depende das circunstâncias. Alguns expiam a falta imediatamente, outros em nova existência, que será pior do que aquela cujo curso interromperam." (O Livro dos Espíritos. Questão 957. Allan Kardec)

Que sucede ao Espírito de uma criança que morre pequenina?
"Recomeça outra existência."

"Se uma única existência tivesse o homem e se, extinguindo-se-lhe ela, sua sorte ficasse decidida para a eternidade, qual seria o mérito de metade do gênero humano, da que morre na infância, para gozar, sem esforços, da felicidade eterna, e com que direito se acharia isenta das condições, às vezes tão duras, a que se vê submetida a outra metade? Semelhante ordem de coisas não corresponderia à justiça de Deus. Com a reencarnação, há igualdade entre todos. O futuro a todos toca sem exceção e sem favor para quem quer que seja. Os retardatários só de si mesmos se podem queixar. Forçoso é que o homem tenha o merecimento de seus atos, como tem deles a responsabilidade.
Aliás, não é racional considerar-se a infância como um estado normal de inocência. Não se veem crianças dotadas dos piores instintos, numa idade em que ainda nenhuma influência pode ter tido a educação? Algumas não há que parecem trazer, ao nascer, a astúcia, a falsidade, a perfídia, até pendor para o roubo e para o assassínio, não obstante os bons exemplos que de todos os lados se lhes dão? A lei civil as absolve de seus crimes, porque, diz ela, obraram sem discernimento. Tem razão a lei, porque, de fato, elas obram mais por instinto do que intencionalmente. Donde, porém, provirão instintos tão diversos em crianças da mesma idade, educadas em condições idênticas e sujeitas às mesmas influências? Donde a precoce perversidade, senão da inferioridade do Espírito, uma vez que a educação em nada contribuiu para isso? As que se revelam viciosas, é porque seus Espíritos progrediram menos. Sofrem então, por efeito dessa falta de progresso, as consequências, não dos atos que praticam na infância, mas dos de suas existências anteriores. Assim é que a lei é uma só para todos e que todos são atingidos pela justiça de Deus." (O Livro dos Espíritos. Questão 199-a. Allan Kardec)

Não tendo podido praticar o mal, o Espírito de uma criança que morreu em tenra idade pertence a alguma das categorias superiores?
"Se não fez o mal, igualmente não fez o bem e Deus não o isenta das provas que tenha de padecer. Se for puro, não o será pelo fato de ter animado uma criança, mas porque já progredira até à pureza." (O Livro dos Espíritos. Questão 198. Allan Kardec)

Na obra "O que é o Espiritismo", traz o seguinte esclarecimento:

Qual, na vida futura, a sorte das crianças que morrem em  tenra  idade ?
"Esta questão é uma das que melhor provam a justiça e a necessidade  da pluralidade das existências. Uma alma que só tiver vivido alguns instantes, sem fazer nem bem nem mal, não pode merecer prêmio nem castigo, pois, segundo a máxima do Cristo - cada um é punido ou recompensado conforme suas obras - é tão ilógico como contrário à Justiça de Deus admitir-se que, sem trabalho, essa alma seja chamada a gozar da bem-aventurança dos anjos, ou que desta se veja privada; entretanto, ela deve ter um destino qualquer. Um estado misto, por toda a eternidade, seria igualmente uma injustiça. Uma existência logo em começo interrompida, não podendo, pois, ter consequência alguma para a alma, tem por sorte atual o que mereceu da existência anterior, e futuramente o que vier a merecer em suas existências ulteriores." (O que é o Espiritismo. Cap. 3. Questão 158. Allan Kardec)

No livro "O Céu e o inferno" relata o caso de uma criança, chamada Anna Bitter, que morreu prematuramente, devido a uma doença de causa desconhecia, que lhe serviu como um resto de expiação a cumprir e de prova para o seu pai, porém este morreu depois de ter sofrido o vazio do isolamento da perda da filha, por um desespero sombrio. Eis as primeiras comunicações que ambos deram após a morte:

- "A filha. Obrigada, meu amigo, por vos terdes interessado pela pobre criança, e por terdes seguido os conselhos do vosso bom guia. Sim, graças às vossas preces, pude deixar mais facilmente meu envoltório terrestre, pois meu pai, infelizmente, não orava: maldizia. No entanto, não lhe quero mal: era devido à sua grande ternura por mim. Peço a Deus  para   lhe fazer a graça de ser esclarecido antes de morrer; incito-o, encorajo-o; minha missão é aliviar seus últimos instantes. Por vezes um raio de luz divina parece penetrar até ele; mas não é senão um relâmpago passageiro, e ele volta logo às suas ideias iniciais. Há nele apenas um germe de fé asfixiado pelos interesses do mundo, e que só novas provas mais terríveis poderão desenvolver; pelo menos assim o temo. Quanto a mim, não tinha senão um resto de expiação a cumprir, é por isso que ela não foi muito dolorosa, nem muito difícil. Na minha estranha doença, eu não sofria; era antes um instrumento de   provação   para   meu pai, pois ele sofria mais de me ver naquele estado do que eu; eu estava resignada, e ele não. Hoje estou recompensada, Deus fez-me a graça de abreviar minha estada na Terra, e agradeço-lhe. Estou feliz no meio dos bons Espíritos que me cercam; todos nos dedicamos às nossas ocupações com alegria, pois a inatividade seria um cruel suplício.

- O pai, aproximadamente um mês após a morte.

P. Nosso objetivo, ao chamar-vos, é inquirir sobre vossa situação no mundo dos Espíritos,  para   vos sermos úteis se estiver em nosso poder.

- R. O mundo dos Espíritos! Não vejo nenhum. Não vejo senão os homens que conheci e dos quais nenhum pensa em mim e sente minha falta; pelo contrário, eles parecem estar contentes de se terem livrado de mim.
P. Dais-vos bem conta da vossa situação?
- R. Perfeitamente. Durante algum tempo acreditei ser ainda do vosso mundo, mas agora sei muito bem que não sou mais.
P. Como explicar então que não víeis outros Espíritos à vossa volta? - R. Ignoro-o; entretanto, tudo é claro à minha volta.
P. Não revistes vossa filha? - R. Não; ela morreu; procuro-a, chamo-a inutilmente. Que vazio horroroso sua morte me deixou na Terra! Ao morrer, eu me dizia que a reencontraria sem dúvida; mas nada; sempre o isolamento à minha volta; ninguém que me dirija uma palavra de consolo e de esperança. Adeus; vou procurar minha filha.
O guia do médium. Este homem não era ateu, nem materialista; mas era daqueles que creem vagamente, sem se preocupar com Deus nem com o futuro, absorvidos como estão pelos interesses da terra. Profundamente egoísta, teria sem dúvida sacrificado tudo   para   salvar a filha, mas teria também sacrificado sem escrúpulo todos os interesses de terceiros em seu benefício pessoal. Exceto por sua filha, não tinha apego por ninguém. Deus o puniu por isso, como sabeis; tirou-lhe sua única consolação na terra, e como ele não se arrependeu, ela também que lhe é tirada no mundo dos Espíritos. Ele não se interessava por ninguém na terra, ninguém se interessa por ele aqui; está sozinho, abandonado: essa é sua punição. A filha está perto dele, no entanto, mas ele não a vê; se a visse, não seria punido. O que ele faz? dirige-se a Deus? arrepende-se? Não; murmura continuamente; blasfema até; faz, numa palavra, como fazia na terra. Ajudai-o, pela prece e com conselhos, a sair de sua cegueira." (O Céu e o Inferno. Cap. 8. Expiações terrestres. Anna Bitter. Allan Kardec)

Infelizmente, segundo Allan Kardec, "Muitos pais deploram a  morte  prematura dos filhos, para cuja educação fizeram grandes sacrifícios, e dizem consigo mesmos que tudo foi em pura perda. À luz do Espiritismo, porém, não lamentam esses sacrifícios e estariam prontos a fazê-los, mesmo tendo a certeza de que veriam morrer seus filhos, porque sabem que se estes não a aproveitam na vida presente, essa educação servirá, primeiro que tudo, para o seu adiantamento espiritual; e, mais, que serão aquisições novas para outra existência e que, quando voltarem a este mundo, terão um patrimônio intelectual que os tornará mais aptos a adquirirem novos conhecimentos. Tais essas crianças que trazem, ao nascer, ideias inatas - que sabem, por assim dizer, sem precisarem aprender. Se os pais não têm a satisfação imediata de ver os filhos aproveitarem da educação que lhes deram, gozá-la-ão certamente mais tarde, quer como Espíritos, quer como homens. Talvez sejam eles de novo os pais desses mesmos filhos, que se apontam como afortunadamente dotados pela natureza e que devem as suas aptidões a uma educação precedente; assim também, se os filhos se desviam para o mal, pela negligência dos pais, estes podem vir a sofrer mais tarde desgostos e pesares que aqueles suscitarão em nova existência. " (A Gênese. Cap. 1. Item 42. Allan Kardec)

Na obra " O Céu e o Inferno", existe outro relato semelhante de Clara Rivier: "uma garota de dez anos, pertencendo a uma família de lavradores num vilarejo do sul da França; estava completamente enferma há quatro anos. Durante sua vida, nunca soltou uma única queixa, nem deu nenhum sinal de impaciência; embora desprovida de instrução, consolava a família aflita contando-lhe sobre a vida futura e a felicidade que ela devia encontrar lá. Morreu em setembro de 1862, depois de quatro dias de torturas e de convulsões, durante as quais não cessou de orar a Deus. "Não temo a morte, dizia ela, visto que uma vida de felicidade me está reservada depois."

Dizia ao pai, que chorava: "Consola-te, voltarei para te visitar; minha hora está próxima, sinto-o; mas, quando ela chegar, eu saberei e te prevenirei antes." Com efeito, quando o momento fatal estava prestes a realizar-se, ela chamou todos os seus dizendo: "Não tenho mais do que cinco minutos de vida; dai-me as vossas mãos." E expirou como anunciara."

Evocação de Clara Rivier (explicações):

"(...) Eu era médium quando deixei a terra, e era médium ao voltar ao vosso meio. Era uma predestinação; eu sentia e via o que dizia.

(...) Meus pais tinham uma prova a suportar; ela cessará em breve, mas somente depois de ter levado a convicção a uma multidão de espíritos.

(...) Eu tinha faltas anteriores a expiar; tinha abusado da saúde e da posição brilhante de que gozava na minha encarnação anterior; então Deus disse-me: "Gozaste grandemente, desmesuradamente, sofrerás igualmente; eras orgulhosa, serás humilde; eras orgulhosa de tua beleza e serás aniquilada; em vez da vaidade, esforçar-te-ás por adquirir caridade e bondade." Fiz de acordo com a vontade de Deus, e meu anjo guardião ajudou-me.

(...)Queridos pais, orai a Deus, amai-vos, praticai a lei do Cristo: não fazer aos outros o que não gostaríeis que vos fizessem: implorai a Deus que vos põe à prova, mostrando-vos que sua vontade é santa e grande como ele. Sabei, em vista do futuro, armar-vos de coragem e de perseverança, pois ainda sois chamados a sofrer: é preciso saber merecer uma boa posição num mundo melhor, onde a compreensão da justiça divina se torna a punição dos maus Espíritos.
Estarei sempre perto de vós, queridos pais. Adeus, ou melhor, até logo. Tende resignação, caridade, amor aos vossos semelhantes, e sereis felizes um dia." (O Céu e o Inferno. Cap. 8. Expiações terrestres. Clara Rivier. Allan Kardec)

Diante destes casos de morte prematura, Sanson, ex-membro da Sociedade Espírita de Paris, faz a seguinte elucidação sobre este assunto:

"Quando a morte ceifa nas vossas famílias, arrebatando, sem restrições, os mais moços antes dos velhos, costumais dizer: Deus não é justo, pois sacrifica um que está forte e tem grande futuro e conserva os que já viveram longos anos cheios de decepções; pois leva os que são úteis e deixa os que para nada mais servem; pois despedaça o coração de uma mãe, privando-a da inocente criatura que era toda a sua alegria.

Humanos, é nesse ponto que precisais elevar-vos acima do terra-a-terra da vida, para compreenderdes que o bem, muitas vezes, está onde julgais ver o mal, a sábia previdência onde pensais divisar a cega fatalidade do destino. Por que haveis de avaliar a justiça divina pela vossa? Podeis supor que o Senhor dos mundos se aplique, por mero capricho, a vos infligir penas cruéis? Nada se faz sem um fim inteligente e, seja o que for que aconteça, tudo tem a sua razão de ser. Se perscrutásseis melhor todas as dores que vos advêm, nelas encontraríeis sempre a razão divina, razão regeneradora, e os vossos miseráveis interesses se tornariam de tão secundária consideração, que os atiraríeis para o último plano.

Crede-me, a  morte é preferível, numa encarnação de vinte anos, a esses vergonhosos desregramentos que pungem famílias respeitáveis, dilaceram corações de mães e fazem que antes do tempo embranqueçam os cabelos dos pais. Frequentemente, a morte prematura é um grande benefício que Deus concede àquele que se vai e que assim se preserva das misérias da vida, ou das seduções que talvez lhe acarretassem a perda. Não é vítima da fatalidade aquele que morre na flor dos anos; é que Deus julga não convir que ele permaneça por mais tempo na Terra.

É uma horrenda desgraça, dizeis, ver cortado o fio de uma vida tão prenhe de esperanças! De que esperanças falais? Das da Terra, onde o liberto houvera podido brilhar, abrir caminho e enriquecer? Sempre essa visão estreita, incapaz de elevar-se acima da matéria. Sabeis qual teria sido a sorte dessa vida, ao vosso parecer tão cheia de esperanças? Quem vos diz que ela não seria saturada de amarguras? Desdenhais então das esperanças da vida futura, ao ponto de lhe preferirdes as da vida efêmera que arrastais na Terra? Supondes então que mais vale uma posição elevada entre os homens, do que entre os Espíritos bem-aventurados?

Em vez de vos queixardes, regozijai-vos quando apraz a Deus retirar deste vale de misérias um de seus filhos. Não será egoístico desejardes que ele aí continuasse para sofrer convosco? Ah! essa dor se concebe naquele que carece de fé e que vê na  morte  uma separação eterna. Vós, espíritas, porém, sabeis que a alma vive melhor quando desembaraçada do seu invólucro corpóreo. Mães, sabei que vossos filhos bem-amados estão perto de vós; sim, estão muito perto; seus corpos fluídicos vos envolvem, seus pensamentos vos protegem, a lembrança que deles guardais os transporta de alegria, mas também as vossas dores desarrazoadas os afligem, porque denotam falta de fé e exprimem uma revolta contra a vontade de Deus.

Vós, que compreendeis a vida espiritual, escutai as pulsações do vosso coração a chamar esses entes bem-amados e, se pedirdes a Deus que os abençoe, em vós sentireis fortes consolações, dessas que secam as lágrimas; sentireis aspirações grandiosas que vos mostrarão o porvir que o soberano Senhor prometeu." (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 5. Item 21.  Sanson, ex-membro da Sociedade Espírita de Paris. 1863. Allan Kardec)

Na Revista Espírita de 1866, há descrição de um caso em que tendo perdido um filho de sete anos, e tendo-se tornado médium, uma mãe teve por guia o próprio filho.

Após a evocação da criança e análise das respostas, Allan Kardec fez a seguinte explicação:

"Essa criança era de uma precocidade intelectual rara para sua idade. Mesmo gozando saúde, parecia pressentir seu fim próximo; gostava dos cemitérios, e sem jamais ter ouvido falar do Espiritismo, em que seus pais não acreditavam, muitas vezes perguntava se, quando se está morto, não se podia voltar para os que se tinha amado; aspirava a morte como uma felicidade e dizia que quando morresse sua mãe não devia afligir-se, porque voltaria para junto dela. Com efeito, foi a morte de três filhos em alguns dias que levou os pais a buscar uma consolação no Espiritismo. Essa consolação eles a encontraram largamente e sua fé foi recompensada pela possibilidade de conversar a cada instante com os filhos, pois em muito pouco tempo a mãe tornou-se excelente médium, tendo até o próprio filho como guia, Espírito que se revela por grande superioridade." (Revista Espírita. Agosto de 1866. Questões e problemas. Filhos, guias espirituais dos pais. Allan Kardec)

Diante do exposto, conclui-se que a morte prematura de entes queridos, possui como objetivo a expiação, a prova ou reparação do mal destas crianças, que são Espíritos que já reencarnaram diversas vezes, assim como serve de prova de resignação, calma e paciência para os pais, cuja a finalidade seria fazê-los progredir.

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