POR QUE VEMOS TANTAS VEZES O MAU PROSPERAR, ENQUANTO O HOMEM DE BEM VIVE EM SOFRIMENTO?

Poderíamos fazer esta mesma pergunta em outras palavras: Por que vemos, muitas vezes, os maus com uma vida fácil e os bons com uma vida difícil?

É uma consequência do livre-arbítrio: os bons escolhem provas mais difíceis para avançarem mais rapidamente intelectualmente e moralmente e os maus escolhem provas mais fáceis e arriscadas com intuito de obter prazeres materiais, porém sofrerão no futuro as consequências do bem que poderiam ter feito e não fizeram com a riqueza ou talentos adquiridos.

Em " O Livro dos Espíritos" Allan Kardec faz a seguinte pergunta aos Espíritos Superiores, que esclarecem sobre este assunto:

Pode o Espírito enganar-se quanto à eficácia da prova que escolheu?
"Pode escolher uma que esteja acima de suas forças e sucumbir. Pode também escolher alguma que nada lhe aproveite, como sucederá se buscar vida ociosa e inútil. Mas, então, voltando ao mundo dos Espíritos, verifica que nada ganhou e pede outra que lhe faculte recuperar o tempo perdido." (O Livro dos Espíritos. Questão 269. Allan Kardec)

"A experiência dos que viveram vem provar que uma vida terrena inútil ou mal empregada não tem proveito para o futuro, e que aqueles que não buscam aqui senão as satisfações materiais pagam muito caro por elas, quer por sofrimentos no mundo dos Espíritos, quer pela obrigação em que se acham de recomeçar sua tarefa em condições mais penosas que as do passado. Este é o caso de muitos daqueles que sofrem na Terra. Assim, considerando as coisas deste mundo do ponto de vista extracorpóreo, longe de ser estimulado à despreocupação e à ociosidade, o homem compreende melhor a necessidade do trabalho. Partindo do ponto de vista terreno, essa necessidade é uma injustiça aos seus olhos quando ele se compara aos que podem viver sem nada fazerem. Ele os inveja e deles tem ciúmes. Partindo do ponto de vista espiritual, essa necessidade tem sua razão de ser, sua utilidade, e ele a aceita sem murmurar, pois compreende que sem o trabalho ficará indefinidamente na inferioridade e privado da felicidade suprema a que aspira e que não poderá alcançar se não se desenvolver intelectual e moralmente."  (Revista Espírita.  Julho de 1862. O ponto de vista. Allan Kardec)

"O progresso dos Espíritos é fruto de seu próprio trabalho. Mas, como são livres, eles trabalham por seu adiantamento com maior ou menor intensidade ou negligência, conforme sua vontade. Assim, eles apressam ou retardam seu progresso, e, por isto mesmo, sua felicidade. Enquanto uns avançam rapidamente, outros se arrastam por longos séculos nas categorias inferiores. Eles são, portanto, os próprios artífices de sua situação, feliz ou infeliz, conforme as palavras do Cristo: "A cada um segundo as suas obras." Todo Espírito que fica para trás não pode lamentar-se senão de si mesmo, da mesma forma que aquele que avança tem todo o mérito do próprio esforço. A felicidade que ele conquistou tem mais valor aos seus olhos.

A felicidade suprema só é partilha dos Espíritos perfeitos, isto é, dos puros Espíritos. Eles só a atingem depois de haver progredido em inteligência e moralidade. O progresso intelectual e o progresso moral raramente marcham juntos, mas o que o Espírito não faz num tempo, fá-lo-á em outro, de sorte que os dois progressos acabam por atingir o mesmo nível. Eis a razão pela qual, por vezes, se veem homens inteligentes e instruídos muito pouco adiantados moralmente, e viceversa." (Revista Espírita. Março de 1865. Onde é o céu?. Allan Kardec)

No livro " O que é o Espiritismo", Allan Kardec faz uma pergunta semelhante ao deste artigo e temos a seguinte resposta:

Por que vemos tantas vezes o mau prosperar, enquanto o homem de bem vive em aflição?
"Para aquele cujo pensamento não transpõe as raias da vida presente, para quem a acredita única, isto deve parecer clamorosa injustiça. Não se dá, porém, o mesmo com quem admite a pluralidade das existências e pensa na brevidade de cada uma delas, em relação à eternidade. O estudo do Espiritismo prova que a prosperidade do mau tem terríveis consequências em suas seguintes existências; que as aflições do homem de bem são, pelo contrário, seguidas de uma felicidade, tanto maior e duradoura, quanto mais resignadamente ele soube suportá-las; não lhe será mais que um dia mau em uma existência próspera." (O que é o Espiritismo. Cap. 3. Questão 133. Allan Kardec)

De acordo com Allan Kardec, " A prosperidade do mau é apenas momentânea; se ele não expiar hoje, expiará amanhã, ao passo que aquele que sofre está expiando o seu passado. O infortúnio que, à primeira vista, parece imerecido tem sua razão de ser, e aquele que se encontra em sofrimento pode sempre dizer: "Perdoa-me, Senhor, porque pequei."" (O Evangelho Segundo o Espiritismo.  Cap. 5. Item 6. Allan Kardec)

Por isso, Jesus recomendou: " "Tome a sua cruz aquele que me quiser seguir", isto é, suporte corajosamente as tribulações que sua fé lhe acarretar, dado que aquele que quiser salvar a vida e seus bens, renunciando-me a mim, perderá as vantagens do reino dos céus, enquanto os que tudo houverem perdido neste mundo, mesmo a vida, para que a verdade triunfe, receberão, na vida  futura , o prêmio da coragem, da perseverança e da abnegação de que deram prova. Mas, aos que sacrificam os bens celestes aos gozos terrestres, Deus dirá: "Já recebestes a vossa recompensa."" (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 24. Item 19. Allan Kardec)

"Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem saber. A cada um deu determinada missão, com o fim de esclarecê-los e de os fazer chegar progressivamente à perfeição, pelo conhecimento da verdade, e para aproximá-los de si. Nesta perfeição é que eles encontram a pura e eterna felicidade. Passando pelas provas que Deus lhes impõe, os Espíritos adquirem aquele conhecimento. Uns aceitam submissos essas provas e chegam mais depressa ao seu destino final. Outros só as suportam murmurando e assim, por sua culpa, permanecem afastados da perfeição e da prometida felicidade." (O Livro dos Espíritos. Questão 115. Allan Kardec)

Deus é justo e dá oportunidades para todos os seus filhos por meio do livre-arbítrio. Na Terra, encarnam Espíritos em diferentes graus de evolução. Existe alguns que faz o mal, por ainda serem primitivos e ignorantes, ou seja, tiveram poucas encarnações. Outros, que são a grande maioria, persistem no mal, apesar de serem mais experientes, porém são Espíritos atrasados e preguiçosos.  Ainda existem os arrependidos, que solicitam expiações e provas difíceis para progredirem mais rapidamente. Raros são aqueles que estão em missão para o progesso da humanidade.  

Segundo Allan Kardec, "(...) o Espírito pode escolher prova muito rude e, conseguintemente, uma angustiada existência, na esperança de alcançar depressa um estado melhor, como o doente escolhe muitas vezes o remédio mais desagradável para se curar de pronto. (...) Conhece os perigos a que se arrisca, mas também sabe que o espera a glória, se lograr bom êxito. "(O Livro dos Espíritos. Questão 266. Allan Kardec)

Algumas vezes, observamos casos assim, no qual os indivíduos desencarnam jovens ou até mesmo crianças, por causa de doenças cruéis ou acidentes terríveis, em compensação cumpriram suas provas com êxito, pois foram exemplos de bondade, resignação, fé e esperança.

O Espírito Fénelon faz a seguinte observação sobre este assunto, dizendo: "Falando de um homem mau, que escapa de um perigo, costumais dizer: "Se fosse um homem bom, teria morrido." Pois bem, assim falando, dizeis uma verdade, pois, com efeito, muito amiúde sucede dar Deus a um Espírito de progresso ainda incipiente prova mais longa, do que a um bom que, por prêmio do seu mérito, receberá a graça de ter tão curta quanto possível a sua provação. Por conseguinte, quando vos utilizais daquele axioma, não suspeitais de que proferis uma blasfêmia.

Se morre um homem de bem, cujo vizinho é mau homem, logo observais: "Antes fosse este." Enunciais uma enormidade, porquanto aquele que parte concluiu a sua tarefa e o que fica talvez não haja principiado a sua. Por que, então, haveríeis de querer que ao mau faltasse tempo para terminá-la e que o outro permanecesse preso à gleba terrestre? Que diríeis se um prisioneiro, que cumpriu a sentença contra ele pronunciada, fosse conservado no cárcere, ao mesmo tempo que restituíssem à liberdade um que a esta não tivesse direito? Ficai sabendo que a verdadeira liberdade, para o Espírito, consiste no rompimento dos laços que o prendem ao corpo e que, enquanto vos achardes na Terra, estareis em cativeiro.

Habituai-vos a não censurar o que não podeis compreender e crede que Deus é justo em todas as coisas. Muitas vezes, o que vos parece um mal é um bem. Tão limitadas, no entanto, são as vossas faculdades, que o conjunto do grande todo não o apreendem os vossos sentidos obtusos. Esforçai-vos por sair, pelo pensamento, da vossa acanhada esfera e, à medida que vos elevardes, diminuirá para vós a importância da vida material que, nesse caso, se vos apresentará como simples incidente, no curso infinito da vossa existência espiritual, única existência verdadeira." (O Evangelho segundo o Espiritismo. Capítulo 5. Item 22.  Bem-aventurados os aflitos Instruções dos Espíritos.  Se fosse um homem de bem, teria morrido. Allan Kardec)

Cura D'ars faz a seguinte reflexão, dizendo: "Não vos falaram das provas que sofrem os Espíritos elevados no momento de transpor um degrau mais alto na iniciativa espiritual? Não vos disseram que cada grau da hierarquia celeste se adquire pelo  mérito , pelo devotamento, como entre vós, no exército, pelo sangue derramado e pelos serviços prestados?" (Revista Espírita. Maio de 1867. Provas terrestres dos homens em missão. Cura D'ars / Allan Kardec)

Portanto, o Espírito André Luiz nos orienta: "não ore por vida fácil. Roguemos a Deus ombros fortes, não só para carregar o bendito fardo das obrigações que nos competem, como também para sermos mais úteis." (Endereços da paz. Dificuldades e problemas. Espírito André Luiz.  Psicografado por Chico Xavier)

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