POR QUE AS REUNIÕES DE DESOBSESSÃO NÃO SÃO ABERTAS AO PÚBLICO EM GERAL?

As reuniões de desobsessão são reservadas  porque uma pessoa estranha que não conhece com profundidade os ensinamentos da Doutrina Espírita pode ficar impressionada com a manifestação de um espírito obsessor  e atrapalhar as reuniões com seus pensamentos em desequilíbrio, palavras ou atitudes.

Também não é recomendado que o obsediado participe das reuniãos, pois segundo Divaldo Franco, "Se estiver no estado em que registra as idéias sadias e as perturbadoras, o trabalho mediúnico pode ser-lhe seriamente pernicioso. Porque, se o obsessor incorporar, poderá ameaçá-lo diretamente, criando nele condicionamento, que depois vai explorar de espírito a espírito. Como a necessidade não é do corpo físico enfermo, ele pode estar em qualquer lugar e os Mentores trarão as entidades perturbadoras.

Ele não deve faltar é às sessões de esclarecimento doutrinário, para que prenda a libertar-se das agressões dos espíritos maus e, ao mesmo tempo, crie condições para agir com equilíbrio por si mesmo. "(Diretrizes de segurança. Item 97. Divaldo Franco)

De acordo com, Hermínio C. Miranda, "Mais do que desnecessária, a presença de pessoas perturbadas, no ambiente onde se desenrola o trabalho mediúnico, pode provocar incidentes e dificuldades insuperáveis (...) O que acontece é que pessoas sob o  domínio de obsessores implacáveis e vingativos, rancorosos e violentos, apresentam invariavelmente um componente mediúnico, ou  seja, são também médiuns, embora desgovernados, desajustados e ignorantes de suas faculdades e possibilidades. No livro "Nos Domínios da Mediunidade", narra André Luiz o tratamento de um caso de possessão. Hilário pergunta ao Instrutor se deve considerar o doente, por nome Pedro, como médium: -  "Pela passividade com que reflete o inimigo desencarnado, será justo tê­lo  nessa conta, contudo, precisamos considerar que, antes de ser um médium na acepção comum do termo, é um Espírito endividado a redimir­se". (...)  Por esse motivo (compromissos do passado), Pedro traz consigo aflitiva mediunidade de provação". (Vide: Nos dominios da mediunidade. Cap. 9. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier). Assim, na condição de médium desgovernado, e não integrado na equipe que constitui o grupo que se incumbe de socorrê­lo, o obsidiado, ou possesso, facilmente introduzirá nele um fator de perturbação e desequilíbrio, que poderá trazer sérias complicações, se o grupo não estiver muito bem preparado para essa responsabilidade.  Em suma: (...) como regra geral, o grupo mediúnico não deve permitir a presença de pessoas estranhas às suas tarefas. Somente em condições muito especiais, excepcionais mesmo, deverá fazê­lo, se dispuser  de cobertura e consentimento expresso  dos benfeitores espirituais. "(Diálogo com as sombras. Cap. 6. Hermínio C. Miranda)

"Em algumas ocasiões aparece um problema súbito: a chegada de enfermos ou de obsidiados sem aviso prévio, sejam adultos ou crianças. Necessário que o discernimento do conjunto funcione, ativo. Na maioria dos acontecimentos dessa ordem, o doente e os acompanhantes podem ser admitidos por momentos rápidos, na fase preparatória dos serviços programados, recebendo passes e orientação para que se dirijam a órgãos de assistência ou doutrinação competentes, trabalho esse que será executado pelos componentes que o diretor da reunião designará. Findo o socorro breve, retirar-se-ão do recinto.

Nesses casos se enquadram igualmente os obsessos apenas influenciados ou fixados em fase inicial de perturbação, para os quais o contacto com os comunicantes, menos felizes ou francamente conturbados, sem a devida preparação, é sempre inconveniente ou prejudicial, pela suscetibilidade e pelas sugestões negativas que apresentam na semilucidez em que se encontram.

Diante, porém, dos processos da obsessão indiscutivelmente instalada, o grupo deve e pode acolher o obsidiado e seus acompanhantes, acomodando-os no banco ou nas cadeiras, colocados à retaguarda, onde receberão a assistência precisa. " (Desobsessão. Cap. 23. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)

Para evitar toda causa de perturbação, de distração e para que haja  boa ordem das sessões (reuniões), Allan Kardec , na sua época,  sugeriu alguns regulamentos disciplinares para a Sociedade parisiense de estudos espíritas :

As sessões serão particulares ou gerais; NUNCA SERÃO PÚBLICAS.

(...) Art. 18 - O silêncio e o recolhimento são rigorosamente exigidos durante as sessões, e, principalmente, durante os estudos. Ninguém pode usar da palavra, sem a ter obtido do Presidente.

Todas as perguntas aos Espíritos devem ser feitas por intermédio do Presidente, que poderá recusar formulá-las, conforme as circunstâncias.

São especialmente interditas todas as perguntas fúteis, de interesse pessoal, de pura curiosidade, ou que tenham o objetivo de submeter os Espíritos a provas, assim como todas as que não tenham um fim geral, do ponto de vista dos estudos.

São igualmente interditas todas as discussões capazes de desviar a sessão do seu objeto especial.

Art. 21 - (...) Nenhuma pessoa estranha a esta será admitida às sessões particulares, salvo casos excepcionais e com assentimento prévio do Presidente." (O Livro dos Médiuns. Cap. 30. Allan Kardec)

"A desobsessão abrange em si obra hospitalar das mais sérias. Compreenda-se que o espaço a ela destinado, entre quatro paredes, guarda a importância de uma enfermaria, com recursos adjacentes da Espiritualidade Maior para tratamento e socorro das mentes desencarnadas, ainda conturbadas ou infelizes.

Arrede-se da desobsessão qualquer sentido de curiosidade intempestiva ou de formação espetaculosa.

Coloquemo-nos no lugar dos desencarnados em desequilíbrio e entenderemos, de pronto, a inoportunidade da presença de qualquer pessoa estranha a obra assistencial dessa natureza.

O amparo e o esclarecimento aos Espíritos dementados ou sofredores é serviço para quem possa compreendê-los e amá-los, respeitando-lhes a dor.

Daí nasce o impositivo de absoluto isolamento hospitalar para o recinto dedicado a semelhantes serviços de socorro e esclarecimento, entendendo-se, desse modo, que a desobsessão, tanto quanto possível, deve ser praticada de preferência no templo espírita, ao invés de ambientes outros, de caráter particular.

Nesse sentido, é importante que os obreiros da desobsessão, notadamente os médiuns psicofônicos e os médiuns esclarecedores, visitem os hospitais e casas destinadas à segregação de determinados enfermos, para compreenderem com segurança o imperativo de respeitosa cautela no trato com os Espíritos revoltados e desditosos." (Desobsessão. Cap. 18. Espírito André Luiz.  Psicografado por Chico Xavier )

Com que idade se pode, sem inconveniente, praticar a mediunidade?

"Não há uma idade precisa; isso depende inteiramente do desenvolvimento físico e ainda mais do desenvolvimento moral; há crianças com doze anos que são mais aptas do que pessoas adultas. Falo da mediunidade em geral, mas a de efeitos físicos é mais fatigante corporalmente; a da escrita tem um outro inconveniente que se relaciona à inexperiência da criança, e também no caso em que quisesse se ocupar dela sozinha e brincar com ela.

A prática do Espiritismo, como veremos à frente, exige muito tato para afastar a astúcia dos Espíritos enganadores; se os adultos podem se tornar seus joguetes, as crianças e os jovens estão ainda mais expostos, pela sua inexperiência. Por outro lado, sabe-se que o recolhimento é uma condição sem a qual não se pode ter relações com Espíritos sérios; as evocações feitas com imprudência e com gracejo são uma verdadeira profanação que abre fácil acesso aos Espíritos zombeteiros ou malfazejos; como não se pode esperar que uma criança compreenda a importância de um ato semelhante, seria de temer que fizesse dele uma brincadeira se ficasse entregue a si mesma. Mesmo nas condições mais favoráveis, deve-se cuidar para que a criança dotada da faculdade mediúnica a exerça apenas sob a orientação de pessoas experientes, que lhe ensinarão, pelo exemplo, o respeito que se deve às almas dos que viveram.

Vê-se, além disso, que a questão da idade é subordinada às condições do seu desenvolvimento, tanto do temperamento quanto do caráter. Todavia, o que sobressai claramente das respostas acima é que não se deve incentivar o desenvolvimento da mediunidade em crianças quando esta não é espontânea e que, em todo caso, é preciso ser extremamente cuidadoso; que não se deve nem excitá-lo nem encorajá-lo nas pessoas débeis. É preciso afastar também, por todos os meios possíveis, os que tenham manifestado os menores sintomas de excentricidade nas idéias ou de enfraquecimento das faculdades mentais, porque há neles predisposição evidente à loucura, que qualquer causa superexcitante pode desencadear. As idéias espíritas não têm, em relação à loucura, nenhuma influência, mas, se a loucura viesse a se constatar, tomaria um caráter religioso, caso a pessoa se entregasse, com excesso, às práticas de devoção, e o Espiritismo seria responsabilizado por isso. O que há de melhor a fazer com todo indivíduo que mostra uma tendência a idéias fixas é dirigir suas preocupações para um outro campo e proporcionar repouso aos seus órgãos enfraquecidos." (O Livro dos Médiuns. Cap. 28.  Questão 8. Item 222. Allan Kardec)

De acordo com Martins Peralva, "O serviço mediúnico é de tal modo sagrado que não pode dispensar, de forma alguma, a preparação moral e cultural, especialmente aquela, de quantos colaboram nesse importante e complexo setor da Doutrina Espírita. Há necessidade do estudo edificante que esclarece e ajuda o discernimento, tanto para o médium, quanto para o dirigente de sessões. "(Estudando a Mediunidade. Cap. 41. Martins Peralva)

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