POR QUAL MOTIVO JESUS FOI CONDENADO PELO SINÉDRIO E PELO POVO JUDEU, OU SEJA, PELOS TRIBUNAIS HUMANOS?

Jesus disse: "Não pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim abolir, mas cumprir."(Mateus 5:17)

"Na lei moisaica, há duas partes distintas: a lei de Deus, promulgada no monte Sinai, e a lei civil ou disciplinar, decretada por Moisés. Uma é invariável; a outra, apropriada aos costumes e ao caráter do povo, se modifica com o tempo. (...) Jesus não veio destruir a lei, isto é, a lei de Deus; veio cumpri-la, isto é, desenvolvê-la, dar-lhe o verdadeiro sentido e adaptá-la ao grau de adiantamento dos homens. (...)  Veio ensinar aos homens que a verdadeira vida não está sobre a Terra, mas no reino dos céus; ensinar-lhes o caminho que para lá conduz , os meios de se reconciliar com Deus, e os prevenir sobre a marcha das coisas futuras para o cumprimento dos destinos humanos. Entretanto, não disse tudo , e sobre muitos pontos se limitou a depositar o germe de verdades que ele próprio declara não poderem ser ainda compreendidas "(O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 1. Item 2, 3 e 4. Allan Kardec).

"O caráter essencial da revelação divina é o da eterna verdade. Toda revelação manchada de erro ou sujeita a mudança não pode emanar de Deus, porque Deus não pode enganar conscientemente nem enganar-se. É assim que a lei do Decálogo tem todos os caracteres de sua origem, ao passo que as outras leis mosaicas, essencialmente transitórias, por vezes em contradição com a lei do Sinai, são obra pessoal e política do legislador hebreu. Suavizados os costumes do povo, essas leis caíram em desuso, ao passo que o Decálogo ficou de pé, como o farol da Humanidade. O Cristo dele fez a base de seu edifício, enquanto aboliu as outras leis. Se elas tivessem sido obra de Deus, ele teria evitado nelas tocar. "(Revista Espírita.  Abril de 1866. Da Revelação. Allan Kardec)

Segundo Paulo Alves Godoy, "O sacrifício de Jesus, no cimo do Calvário, foi o desfecho de vasta conspiração, iniciada nos porões do Templo de Jerusalém, transplantada para o Sinédrio e para as ruas e levada posteriormente até os governantes da época, os quais a homologaram, como foi o caso de Anás e Herodes, ou se tomaram omissos, como foi o caso de Pilatos. 

Os expoentes do farisaísmo, seita que se sentia mais frontalmente solapada pelos ensinamentos do Cristo, empregaram os mais variados ardis, no sentido de apanharem o Mestre atentando contra os preceitos da lei mosaica.

O episódio da Mulher Adúltera representou o primeiro desses ardis, pois houve evidente propósito de obrigar o Senhor a dar um veredicto que contrariasse os ditames da lei vigente, que prescrevia a morte para as mulheres que fossem apanhadas em flagrante adultério. Se o Mestre recomendasse que a mulher deveria ser perdoada, é evidente que o caso seria levado às autoridades como patente afronta à lei. Se ele emitisse parecer favorável à sua morte, estaria negando até o próprio caráter da sua missão. Por isso ele disse: "aquele que estiver sem pecado, atire a primeira pedra", o que anulou por completo a possibilidade de uma acusação: a mulher ficou livre sem que os princípios da lei fossem feridos.

Houve também várias outras tentativas de apanhar o Mestre ou seus apóstolos atentando contra a recomendação de ser observado o dia de sábado, o que também representava deslize contra a lei. Em todos esses casos Jesus conseguiu propiciar edificantes ensinamentos, sem ferir a letra da lei e sem dar qualquer ensejo de acusação às autoridades judaicas. Na cura de um homem que tinha uma das mãos seca, ele asseverou: "Qual será de vós o que, caindo-lhe num poço, em dia de sábado, uma ovelha, não a tira logo? Ou aquele que não desamarra o seu jumento para lhe dar água num dia de sábado?". Quando os seus discípulos foram repreendidos pelo fato de colherem espigas num dia de sábado, preceituou o Senhor: "O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado", o que implica em dizer que o sábado foi feito para o homem descansar e não para se tornar dele um escravo.

Quando os apóstolos foram advertidos pelos fariseus, pelo fato de não lavarem as mãos antes das refeições, o que também contrariava um preceito da lei mosaica, não tardou a resposta de Jesus: "O que contamina o homem não é o que lhe entra pela boca, mas, sim, o que dela sai, pois é pela boca que se soltam os impropérios, quando o coração está cheio deles".

No caso do pagamento do tributo ao Império Romano, que poderia levar o Mestre a palmilhar perigoso terreno e ser também acusado às autoridades de Roma, a tentativa foi mais arguta: "Dize-nos, pois, que te parece? É lícito pagar o tributo a César, ou não?". A essa indagação capciosa o Senhor retrucou: "Por que me experimentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda do tributo. E eles apresentaram um dinheiro. E ele disse-lhes: De quem é esta efígie e esta inscrição? Disseram-lhe: de César. Então ele lhes disse: Daí, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus".
Contemplando o Mestre suspenso no madeiro, os fariseus suspiraram, julgando ter colimado a tão esperada e decisiva vitória. Restava tão-somente a implantação de um regime de terror entre os discípulos e os novos conversos da Boa-Nova para que a nova idéia se retraísse. "(Os padrões evangélicos.  O estratagema dos Fariseus. Paulo Alves Godoy)

De acordo com Hermínio C. Miranda, "Tecnicamente Jesus foi condenado e executado pelo crime político de tentativa de subversão da ordem. Esse, pelo menos, é o motivo invocado e que, por determinação das autoridades, foi inscrito na placa pregada à cruz. Ele teria tentado ser Rei dos Judeus. Não nos deixemos, contudo, iludir pelas aparências e pelo explícito. É preciso lembrar que as autoridades romanas dificilmente condenariam à pena máxima um pregador dissidente da religião local. O delegado de César nas províncias envolvia-se o menos possível com as disputas doutrinárias dos judeus e nem sequer as entendia muito bem. Contanto que suas rivalidades e discussões não provocassem distúrbios e tumultos, que cada um seguisse o seu caminho. Era exigido, apenas, respeito incondicional a César, no que Jesus foi mais liberal do que autorizava o pensamento quase unânime de sua gente, pois ele admitiu, sem restrições, o pagamento dos tributos exigidos pelo poder opressor. Jamais um Messias político, enquadrado no contexto das profecias conhecidas, teria assumido tal atitude. Sua condenação como aspirante ao trono de Israel, por conseguinte, é uma incongruência histórica, explicável, contudo. Sabendo que não podiam eliminá-lo apenas sob a acusação de que ele pregava ideias e práticas que se chocavam com as da religião tradicional, os interessados na sua morte tramaram para que prevalecesse a acusação de que ele se considerava o Messias político prometido nas profecias, ou seja, um Messias subversivo, que expulsaria os romanos da Palestina e submeteria a Israel todos os demais povos.

Se a acusação era legítima ou não, não vinha ao caso; o importante era convencer a autoridade romana de sua autenticidade. E até provável - quase certo - que Pilatos não se deixou impressionar, de início, pela evidente manobra, pois ele relutou o quanto pôde para eximir-se daquele julgamento, dado que não via Jesus como criminoso político, mas como vítima de uma conspiração local porque sua pregação ameaçava a estabilidade do poder religioso e privilégios aos quais a classe sacerdotal não estava disposta a renunciar.

(...)Seja como for, Jesus foi condenado e executado por crime político por um Pilatos mais acovardado e pressionado do que convicto da validade da acusação. Era melhor entregar um pregador galileu à morte do que ter sua própria cabeça em risco por ordem de César, por haver desleixado no cumprimento de seu dever de zelar pelos interesses de Roma na agitada e distante província.

Não é, pois, de surpreender-se que a condição messiânica de Jesus, publicamente proclamada pela autoridade romana, depois de denunciada pelas hierarquias religiosas, tenha contribuído, de maneira decisiva, para que até alguns dos seus discípulos, senão todos, acabassem convictos de que ele fora mesmo o Messias previsto nas profecias.

(...)Em suma: Jesus é um Messias, no sentido de enviado, de missionário, incumbido de uma tarefa da mais alta relevância no processo evolutivo da humanidade; um indicador de rumos, um reformista religioso, social e ético, um espírito de elevadíssima condição."  (Cristianismo: A mensagem esquecida. Cap. 6. Jesus é o Messias. Hermínio C. Miranda)

"Sua missão era transformar o mundo, salvar os homens da maldade, libertá-los do egoísmo que os fazia arrogantes e impiedosos. Sua técnica não foi a da revolta mas a da resignação e da fé."(Astronautas do Além. Irmão Saulo. Psicografado por Chico Xavier)

"A verdade, porém, é que Jesus, chegando ao mundo, não foi absolutamente entendido pelo povo judeu." (A caminho da luz. Cap. 7. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)

O POVO JUDEU NÃO COMPREENDEU QUE SUA MISSÃO ERA EXCLUSIVAMENTE ESPIRITUAL, ELE NUNCA EXERCEU NENHUMA FUNÇÃO POLÍTICA. 

Passatempo Espírita © 2013 - 2024. Todos os direitos reservados.

Desenvolvido por Webnode