PODEMOS PRATICAR A MASTURBAÇÃO, SEGUNDO O ESPIRITISMO?

Este é um tema polêmico que não foi elucidado nas obras publicadas por Allan Kardec  de maneira explícita. Entretanto, é possível encontrar informações importantes que demonstram que o emprego inapropriado das energias sexuais, à medida que o homem desenvolve o senso moral e inteligência, denotam que o Espírito ainda é inferior e materialista.

Nas obras espíritas fundamentais e subsidiárias, verifica-se que a função sexual possui três objetivos principais:

1- Reprodução da espécie.

2- Permuta de fluidos vitais e espirituais benéficos entre aqueles que se amam.

3 - Sacrifício pessoal, ao abter-se do contato físico, para realizar obras beneméritas, destinadas ao progresso da humanidade.

Vejamos em "O Livro dos Espíritos" o que os Espíritos Superiores dizem sobre este assunto à Allan Kardec:

É lei da natureza a reprodução dos seres vivos?
"Evidentemente. Sem a reprodução o mundo corporal pereceria." (O Livro dos Espíritos.  Questão 686. Allan Kardec)

Será contrário à lei da Natureza o casamento, isto é, a união permanente de dois seres?

"É um progresso na marcha da Humanidade." (O Livro dos Espíritos. Questão 695. Allan Kardec)

Que efeito teria sobre a sociedade humana a abolição do casamento?

"Seria uma regressão à vida dos animais."

"(...)A abolição do casamento seria, pois, regredir à infância da Humanidade e colocaria o homem abaixo mesmo de certos animais que lhe dão o exemplo de uniões constantes. "(O Livro dos Espíritos. Questão 696. Allan Kardec)

Qual das duas, a poligamia ou a monogamia, é mais conforme à lei da Natureza?

"A poligamia é lei humana cuja abolição marca um progresso social. O casamento, segundo as vistas de Deus, tem que se fundar na afeição dos seres que se unem. Na poligamia não há afeição real: há apenas sensualidade." (O Livro dos Espíritos. Questão 701. Allan Kardec)

Os Espíritos ensinam que "a  sensualidade vos rebaixa ao nível dos brutos". (Instruções práticas sobre as manifestações espíritas . Cap. 11. Influência do Espiritismo. Allan Kardec)

Da parte de certas pessoas, o celibato não será um sacrifício que fazem com o fim de se votarem, de modo mais completo, ao serviço da Humanidade?

"(...) Todo sacrifício pessoal é meritório, quando feito para o bem. Quanto maior o sacrifício, tanto maior o mérito."

"Não é possível que Deus se contradiga, nem que ache mau o que ele próprio fez. Nenhum mérito, portanto, pode haver na violação da sua lei. Mas, se o celibato, em si mesmo, não é um estado meritório, outro tanto não se dá quando constitui, pela renúncia às alegrias da família, um sacrifício praticado em prol da Humanidade. Todo sacrifício pessoal, tendo em vista o bem e sem qualquer idéia egoísta, eleva o homem acima da sua condição material." (O Livro dos Espíritos.  Questão 699. Allan Kardec)

Em "O Evangelho Segundo o Espiritismo" temos a seguinte explicação:

"No casamento, o que é de ordem divina é a união dos sexos, para que se opere a substituição dos seres que morrem. (...) Mas, na união dos sexos, a par da lei divina material, comum a todos os seres vivos, há outra lei divina, imutável como todas as leis de Deus, exclusivamente moral: a lei de amor. Quis Deus que os seres se unissem não só pelos laços da carne, mas também pelos da alma. "(O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 22. Item 2 e 3. Allan Kardec)

Quanto as paixões em exagero, tais como por exemplo, a masturbação, que não possui nenhuma finalidade nobre para o ser humano, podendo,  inclusive, diminuir as forças físicas e morais, temos os seguintes esclarecimentos, em & O Livro dos Espíritos&:

Merece censura o homem, por procurar o bem-estar?

"É natural o desejo do bem-estar. Deus só proíbe o abuso, por ser contrário à conservação. Ele não condena a procura do bem-estar, desde que não seja conseguido à custa de outrem e não venha a diminuir-vos nem as forças físicas, nem as forças morais." (O Livro  dos Espíritos.  Questão 719. Allan Kardec)

Como se poderá determinar o limite onde as paixões deixam de ser boas para se tornarem más?

"As paixões são como um corcel, que só tem utilidade quando governado e que se torna perigoso desde que passe a governar. Uma paixão se torna perigosa a partir do momento em que deixais de poder governá-la e que dá em resultado um prejuízo qualquer para vós mesmos, ou para outrem."

"As paixões são alavancas que decuplicam as forças do homem e o auxiliam na execução dos desígnios da Providência. Mas, se, em vez de as dirigir, deixa que elas o dirijam, cai o homem nos excessos e a própria força que, manejada pelas suas mãos, poderia produzir o bem, contra ele se volta e o esmaga.

Todas as paixões têm seu princípio num sentimento, ou numa necessidade natural. O princípio das paixões não é, assim, um mal, pois que assenta numa das condições providenciais da nossa existência. A paixão propriamente dita é a exageração de uma necessidade ou de um sentimento. Está no excesso e não na causa e este excesso se torna um mal, quando tem como conseqüência um mal qualquer. Toda paixão que aproxima o homem da natureza animal afasta-o da natureza espiritual. Todo sentimento que eleva o homem acima da natureza animal denota predominância do Espírito sobre a matéria e o aproxima da perfeição."(O Livro  dos Espíritos.  Questão 908. Allan Kardec)

Segundo Allan Kardec, "Há inclinações viciosas que evidentemente são mais inerentes ao espírito, porque têm a ver mais com a moral do que com o físico; outras mais parecem consequência do organismo e, por este motivo, a gente se julga menos responsável. Tais são as predisposições à cólera, à moleza, à  sensualidade , etc.

Está hoje perfeitamente reconhecido pelos filósofos espiritualistas que os órgãos cerebrais correspondentes às diversas aptidões devem o seu desenvolvimento à atividade do espírito; que esse desenvolvimento é, assim, um efeito e não uma causa. Um homem não é músico porque tem a bossa da música, mas tem a bossa da música porque seu espírito é músico.

Se a atividade do espírito reage sobre o cérebro, deve reagir igualmente sobre as outras partes do organismo. Assim, o espírito é o artífice de seu próprio corpo, por assim dizer, modela-o, a fim de apropriá-lo às suas necessidades e à manifestação de suas tendências. Assim sendo, a perfeição do corpo nas raças adiantadas seria o resultado do trabalho do espírito que aperfeiçoa o seu utensílio à medida que aumentam as suas faculdades. 

Por uma consequência natural desse princípio, as disposições morais do espírito devem modificar as qualidades do sangue, dar-lhe maior ou menor atividade, provocar uma secreção mais ou menos abundante de bile ou de outros fluidos. É assim, por exemplo, que o glutão sente vir a saliva, ou, como se diz vulgarmente, vir água à boca à vista de um prato apetitoso. Não é o alimento que pode superexcitar o órgão do paladar, pois não há contato; é, portanto, o espírito, cuja  sensualidade é despertada, que age pelo pensamento sobre esse órgão, ao passo que, sobre um outro Espírito, a visão daquele prato nada produz. Dá-se o mesmo em todas as cobiças, todos os desejos provocados pela visão. A diversidade das emoções não pode ser compreendida, numa porção de casos, senão pela diversidade das qualidades do espírito.  

(...)Assim acontece com todas as outras disposições instintivas; um espírito mole e indolente deixará o seu organismo num estado de atonia em relação com o seu caráter, ao passo que, se ele for ativo e enérgico, dará ao seu sangue, aos seus nervos, qualidades bem diferentes. A ação do espírito sobre o físico é de tal modo evidente, que por vezes se veem graves desordens orgânicas produzidas por efeito de violentas comoções morais. 

(...)Portanto, conforme as observações fisiológicas que precedem, podemos admitir que o temperamento é, pelo menos em parte, determinado pela natureza do espírito, que é causa e não efeito. Dizemos em parte, porque há casos em que o físico evidentemente influi sobre o moral: é quando um estado mórbido ou anormal é determinado por uma causa externa, acidental, independente do espírito, como a temperatura, o clima, os vícios hereditários de constituição, um mal-estar passageiro, etc. O moral do Espírito pode, então, ser afetado em suas manifestações pelo estado patológico, sem que sua natureza intrínseca seja modificada.

Escusar-se de suas más ações com a fraqueza da carne não é senão um subterfúgio para eximir-se da responsabilidade. A carne não é fraca senão porque o espírito é fraco, o que derruba a questão e deixa ao espírito a responsabilidade de todos os seus atos. A carne, que não tem nem pensamento nem vontade, jamais prevalece sobre o Espírito, que é o ser pensante e voluntarioso. É o espírito que dá à carne as qualidades correspondentes aos instintos, como um artista imprime à sua obra material o cunho de seu gênio. Liberto dos instintos da bestialidade, o espírito modela um corpo que não é mais um tirano para as suas aspirações à espiritualidade de seu ser; então o homem come para viver, porque viver é uma necessidade, mas não vive para comer.  A responsabilidade moral dos atos da vida, portanto, permanece íntegra. Mas, diz a razão que as consequências dessa responsabilidade devem ser proporcionais ao desenvolvimento intelectual do Espírito, pois quanto mais esclarecido ele for, menos escusável será, porque, com a inteligência e o senso moral, nascem as noções do bem e do mal, do justo e do injusto."  (Revista Espírita. Março de 1869. A carne é fraca. Allan Kardec)

"O Espírito tem o seu livre-arbítrio e procura sempre o que lhe é agradável e o satisfaz. Se for um Espírito inferior e material, ele busca suas satisfações na materialidade, e então dará um impulso aos fluidos materiais, que dominarão, mas tenderão sempre a crescer e elevar-se materialmente. (...)Entretanto, quando o espiritual conquistou a ascendência sobre o material, o Espírito, que julga de modo diferente, escolhe ou é atraído por simpatias diferentes. Como ele necessita de depuração, e esta só é alcançada pelo trabalho, as encarnações escolhidas lhe são mais penosas porque, depois de haver dado supremacia à matéria e a seus fluidos, ele deve constrangê-la, lutar com ela e dominá-la. Daí essas existências tão dolorosas que muitas vezes parecem tão injustamente infringidas a Espíritos bons e inteligentes. Esses fazem sua última etapa corporal e entram, ao sair deste mundo, nas esferas superiores, onde suas aspirações superiores encontrarão a sua realização.

(...) Considerada do ponto de vista do progresso, a vida do Espírito apresenta três períodos principais, a saber:
1.º ─ O período material, no qual a influência da matéria domina a do Espírito. É o estado dos homens dados às paixões brutais e carnais, à   sensualidade ; cujas aspirações são exclusivamente terrenas, ligadas aos bens temporais, ou refratárias às ideias espirituais.

2.º ─ O período de equilíbrio, no qual as influências da matéria e do Espírito se exercem simultaneamente; no qual, posto submetido às necessidades materiais, o homem pressente e compreende o estado espiritual; em que trabalha para sair do estado corporal.

Nesses dois períodos o Espírito está sujeito à reencarnação, que se realiza nos mundos inferiores e médios.
3.º ─ O período espiritual, no qual, tendo dominado completamente a matéria, o Espírito não mais necessita da encarnação, nem do trabalho material. Seu trabalho é inteiramente espiritual. É o estado dos Espíritos nos mundos superiores." (Revista Espírita. Fevereiro de 1864. Dissertações espíritas . Estudo sobre a reencarnação. Allan Kardec)

Jesus Cristo é maior exemplo de sacrifício pessoal e renúncia em prol da humanidade. Quando encarnou na Terra, não se casou, absteve-se dos prazeres materiais, no sentido mundano, deixou ser crucificado em devotamento a nós outros, seus tutelados na Terra, para fecundar de luz a nossa mente, sobre a verdade das leis divinas, cumprindo sua missão sublime. Outros Missionários, que o seguiram, também se sacrificaram, desatando certos laços de família para servirem à humanidade com grande zelo, como no caso de Buda, Francisco de Assis, Chico Xavier e dezenas de outros mais.

Acerca deste assunto, na obra "Ação e Reação", ditado pelo Espírito André Luiz, temos o seguinte apontamento: &O sexo, pois, não poderia ausentar-se do reino espiritual que nos é conhecido, por ser de substância mental, determinando mentalmente as formas em que se expressa. Representa, desse modo, não uma energia fixa da Natureza, trabalhando a alma, e sim uma energia variável da alma, com que ela trabalha a Natureza em que envolve, aprimorando a si mesma. Apreciemo-la, assim, como sendo uma força do Criador na criatura, destinada a expandir-se em obras de amor e luz que enriqueçam a vida, igualmente condicionada à lei de responsabilidade, que nos rege os destinos. (...) a força sexual não se destina simplesmente a gerar filhos... (...)na Terra, é vulgar a fixação do magno assunto no equipamento genital do homem e da mulher. (...) Segismundo Freud quem definiu o objetivo do impulso sexual como procura de prazer... Sim, a assertiva é respeitável, em nos reportando às experiências primárias do Espírito, no mundo físico; entretanto, é indispensável dilatar a definição para arredá-la do campo erótico em que foi circunscrita. Pela energia criadora do amor que assegura a estabilidade de todo o Universo, a alma, em se aperfeiçoando, busca sempre os prazeres mais nobres. Temos, assim, o prazer de ajudar, de descobrir, de purificar, de redimir, de iluminar, de estudar, de aprender, de elevar, de construir e toda uma infinidade de prazeres, condizentes com os mais santificantes estágios do Espírito. Encontramos, desse modo, almas que se amam profundamente, produzindo inestimáveis valores para o engrandecimento do mundo, sem jamais se tocarem umas nas outras, do ponto de vista fisiológico, embora permutem constantemente os raios quintessenciados do amor para a edificação das obras a que se afeiçoam. Sem dúvida, o lar digno, santuário em que a vida se manifesta, na formação de corpos abençoados para a experiência da alma, é uma instituição venerável, sobre a qual se concentram as atenções da Providência Divina; entretanto, junto dele, dispomos igualmente das associações de seres que se aglutinam uns aos outros, nos sentimentos mais puros, em favor das obras da caridade e da educação. As faculdades do amor geram formas sublimes para a encarnação das almas na Terra, mas também criam os tesouros da arte, as riquezas da indústria, as maravilhas da Ciência, as fulgurações do progresso... (...)O sexo no  corpo humano é assim como um altar de amor puro que não podemos relegar à imundície, sob pena de praticar as mais espantosas crueldades mentais, cujos efeitos nos seguem, invariáveis, depois do túmulo... (Ação e Reação. Cap. 15. Espírito André Luiz.  Psicografado por Chico Xavier)

Segundo o Espírito Emmanuel,  "A energia sexual, como recurso da lei de atração, na perpetuidade do Universo, é inerente à própria vida, gerando cargas magnéticas em todos os seres, à face das potencialidades criativas de que se reveste.

 Nos seres primitivos, situados nos primeiros degraus da emoção e do raciocínio, e, ainda, em todas as criaturas que se demoram voluntariamente no nível dos brutos, a descarga de semelhante energia se opera inconsideradamente.  Isso, porém, lhes custa resultados angustiosos a lhes lastrearem longo tempo de fixação em existências menos felizes, nas quais a vida, muito a pouco e pouco, ensina a cada um que ninguém abusa de alguém sem carrear prejuízo a si mesmo.

 À medida que a individualidade evolui, no entanto, passa a compreender que a energia sexual envolve o impositivo de discernimento e responsabilidade em sua aplicação, e que, por isso mesmo, deve estar controlada por valores morais que lhe garantam o emprego digno, seja na criação de formas físicas, asseguradora da família, ou na criação de obras beneméritas da sensibilidade e da cultura para a reprodução e extensão do progresso e da experiência, da beleza e do amor, na evolução e burilamento da vida no planeta." (Vida e sexo. Cap. 5. Energia sexual. Espírito Emmanuel.  Psicografado por Chico Xavier)

Ao entrevistar o Espírito André Luiz sobre este assunto, obtivemos outros esclarecimentos:

10. Por que a disciplina sexual é recomendada pelo Plano Espiritual Cristão?

"Claramente que a disciplina sexual é recomendável em qualquer Plano da vida, para que a degradação não arruíne os valores do espírito."

11. Há alguma relação entre sexo e mediunidade?

"Tanto quanto a que existe entre mediunidade e alimentação ou mediunidade e trabalho, relações essas nas quais se pede morigeração ou equilíbrio."

12. As funções reprodutoras do sexo destinam-se somente à vida na Terra?

"Em muitos outros orbes, compreendendo-se, porém, que mundos existem, nos quais as funções reprodutoras não são compreensíveis, por enquanto, na terminologia terrestre."

13. Espíritos sensuais mantêm atividades de natureza sexual após a desencarnação?

"Aos milhões, reclamando educação dos recursos do sentimento e das manifestações afetivas, como acontece nos caminhos da Humanidade." (Caderno de mensagens. Entrevistando André Luiz. Autores diversos. Psicografado por Chico Xavier)

No livro "Nos bastidores da obsessão", o autor Manoel Philomeno de Miranda afirma que uma das causas de obsessão espiritual estaria relacionada ao campo da sexualidade:

"Sexualidade - Sendo porta de santificação para a vida, altar de preservação da espécie, é, também, veículo de alucinantes manifestações de mentes atormentadas, em estado de angústia pertinaz. Através dele, sintonizam consciências desencarnadas em indescritível aflição, mergulhando, em hospedagem violenta nas mentes encarnadas, para se demorarem em absorções destruidoras do plasma nervoso, gerando obsessões degradantes..." (Nos bastidores da obsessão. Examinando a obsessão. Espírito Manoel Philomeno de Miranda. Psicografado por Divaldo Franco)

Na obra "Missionários da luz" o Espírito André Luiz relata um caso de um homem que está numa sessão de desenvolvimento mediúnico, porém apresenta dificuldades em desenvolver sua mediunidade em decorrência do desequilíbrio sexual e pelo fato de sofrer vampirização da energia sexual por Espíritos inferiores. O episódio foi descrito da seguinte maneira pelo autor:

"O diretor proferiu tocante prece, no que foi acompanhado por todos os presentes.

Dezoito pessoas mantinham-se em expectativa.

- Alguns - explicou Alexandre - pretendem a psicografia, outros tentam a mediunidade de incorporação. Infelizmente, porém, quase todos confundem poderes psíquicos com funções fisiológicas. Acreditam no mecanismo absoluto da realização e esperam o progresso eventual e problemático, esquecidos de que toda edificação da alma requer disciplina, educação, esforço e perseverança. Mediunidade construtiva é a língua de fogo do Espírito Santo, luz divina para a qual é preciso conservar o pavio do amor cristão, o azeite da boa vontade pura. Sem a preparação necessária, a excursão dos que provocam o ingresso no reino invisível é, quase sempre, uma viagem nos círculos de sombra.

(...)Dirigindo-se, de maneira especial, para os circunstantes, o instrutor recomendou:

- Observemos. Postara-se ao lado de um rapaz que esperava, de lápis em punho, mergulhado em fundo silêncio. Ofereceu-me Alexandre o seu vigoroso auxílio magnético e contemplei-o, com atenção. Os núcleos glandulares emitiam pálidas irradiações. A epífise principalmente semelhava-se à reduzida semente algo luminosa.

- Repare no aparelho genital - aconselhou-me o instrutor, gravemente.

Fiquei estupefato. As glândulas geradoras emitiam fraquíssima luminosidade, que parecia abafada por aluviões de corpúsculos negros, a se caracterizarem por espantosa mobilidade. Começavam as movimentações sob a bexiga urinária e vibravam ao longo de todo o cordão espermático, formando colônias compactas, nas vesículas seminais, na próstata, nas massas mucosas uretrais, invadiam os canais seminíferos e lutavam com as células sexuais, aniquilando-as. (...)Seriam expressões mal conhecidas da sífilis?

Enunciando semelhante indagação íntima, explicou-me Alexandre, sem que eu lhe dirigisse a palavra falada:

- Não, André. Não temos sob os olhos o espiroqueta de Schaudinn, nem qualquer nova forma suscetível de análise material por bacteriologistas humanos. São bacilos psíquicos das torturas sexuais, produzidos pela sede febril de prazeres inferiores. O dicionário médico do mundo não os conhece e, na ausência de terminologia adequada aos seus conhecimentos, chamemos-lhes larvas, simplesmente. Têm sido cultivados por este companheiro, não só pela incontinência no domínio das emoções próprias, através de experiências sexuais variadas, senão também pelo contacto com entidades grosseiras, que se afinam com as predileções dele, entidades que o visitam com freqüência, à maneira de imperceptíveis vampiros. O pobrezinho ainda não pôde compreender que o corpo físico é apenas leve sombra do corpo perispiritual, não se capacitou de que a prudência, em matéria de sexo, é equilíbrio da vida e, recebendo as nossas advertências sobre a temperança, acredita ouvir remotas lições de aspecto dogmático, exclusivo, no exame da fé religiosa. A pretexto de aceitar o império da razão pura, na esfera da lógica, admite que o sexo nada tem que ver com a espiritualidade, como se esta não fosse a existência em si. Esquece-se de que tudo é espírito, manifestação divina e energia eterna. O erro de nosso amigo é o de todos os religiosos que supõem a alma absolutamente separada do corpo físico, quando todas as manifestações psicofísicas se derivam da influenciação espiritual. "(Missionários da luz. Cap. 3. Desenvolvimento mediúnico. Espírito André Luiz.  Psicografado por Chico Xavier)

Que significava aquele mundo novo? Que agentes seriam aqueles, caracterizados por indefinível e pernicioso poder? Estariam todos os homens sujeitos à sua influenciação?

Não me contive. Expus ao orientador, francamente, minhas  dúvidas e temores.

Alexandre sorriu e considerou:

- Muito bem! Muito bem! Você veio observar trabalhos de mediunidade e está procurando seu lugar de médico. É natural.

(...) Depois de longa pausa, prosseguiu explicando:

- Sem nos referirmos aos morcegos sugadores, o vampiro, entre os homens, é o fantasma dos mortos, que se retira do sepulcro, alta noite, para alimentar-se do sangue dos vivos. Não sei quem é o autor de semelhante definição, mas, no fundo, não está errada. Apenas cumpre considerar que, entre nós, vampiro é toda entidade ociosa que se vale, indebitamente, das possibilidades alheias e, em se tratando de vampiros que visitam os encarnados, é necessário reconhecer que eles atendem aos sinistros propósitos a qualquer hora, desde que encontrem guarida no estojo de carne dos homens.

(...) André, meu amigo, as doenças psíquicas são muito mais deploráveis. A patogênese da alma está dividida em quadros dolorosos. A cólera, a intemperança, os desvarios do sexo, as viciações de vários matizes, formam criações inferiores que afetam profundamente a vida íntima. Quase sempre o corpo doente assinala a mente enfermiça.&  (Missionários da luz. Cap. 4. Vampirismo. Espírito André Luiz.  Psicografado por Chico Xavier)

"De modo geral, todos nós, agora ou no pretérito, viciamos esse foco sagrado de forças criadoras, transformando-o num ímã relaxado, entre as sensações inferiores de natureza animal. Quantas existências temos despendido na canalização de nossas possibilidades espirituais para os campos mais baixos do prazer materialista? Lamentavelmente divorciados da lei do uso, abraçamos os desregramentos emocionais, e daí, meu caro amigo, a nossa multimilenária viciação das energias geradoras, carregados de compromissos morais, com todos aqueles a quem ferimos com os nossos desvarios e irreflexões. Do lastimável menosprezo a esse potencial sagrado, decorrem os dolorosos fenômenos da hereditariedade fisiológica, que deveria constituir, invariavelmente, um quadro de aquisições abençoadas e puras. A perversão do nosso plano mental consciente, em qualquer sentido da evolução, determina a perversão de nosso psiquismo inconsciente, encarregado da execução dos desejos e ordenações mais íntimas, na esfera das operações automáticas. A vontade desequilibrada desregula o foco de nossas possibilidades criadoras. Daí procede a necessidade de regras morais para quem, de fato, se interesse pelas aquisições eternas nos domínios do Espírito. Renúncia, abnegação, continência sexual e disciplina emotiva não representam meros preceitos de feição religiosa. São providências de teor científico, para enriquecimento efetivo da personalidade. Nunca fugiremos à lei, cujos artigos e parágrafos do Supremo Legislador abrangem o Universo. Ninguém enganará a Natureza. Centros vitais desequilibrados obrigarão a alma à permanência nas situações de desequilíbrio." (Missionários da luz. Cap. 2. A epifise. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)

Quando entrevistaram Chico Xavier, no programa Pinga Fogo, em 21 de dezembro de 1971, à respeito da prática da masturbação, o médium por influência do Espírito Emmanuel,  deu a seguinte resposta:

"É importante lembrar que no campo da sexualidade devem prevalecer os sentimentos elevados, a pureza no relacionamento entre as pessoas, ao invés da sensualidade e do prazer desenfreados. Devemos compreender que existem muitas outras coisas boas além do sexo, e que este deve ser disciplinado desse modo; responde-se aí o aspecto masturbação. Na medida que conseguimos colocar os bons sentimentos acima de tudo, a disciplinar nossos desejos e a canalizar essas energias para outros propósitos edificantes, a sexualidade assumirá outro valor." (Plantão de respostas. Pinga fogo. Homossexualismo. Emmanuel/ Chico Xavier)

Diante do exposto, conclui-se que a prática da masturbação deve ser evitada, tendo em vista que devemos educar e controlar nossos impulsos sexuais para propósitos mais edificantes, considerando que a energia sexual possui outros objetivos.  Além do mais, o desvio das funções sexuais ou o desperdício de energias criativas pode levar o indivíduo à fixação mental em fantasias eróticas, que podem causar conflitos psicológicos. Inclusive esta prática repetitiva pode atrair espíritos inferiores, que absorvem os fluidos vitais, gerando obsessões degradantes, diminuindo as forças físicas e as forças morais, que são importantes para o equilíbrio físico-emocional.

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