O irmão Joaquim Benevente
Justamente nesse dia,
Amanhecera, animado,
Mostrando grande alegria.
Finalmente, ia encontrar
O prezado benfeitor
Que lhe escrevia, de longe,
Renovando-lhe o vigor.
Estava fazendo um lar
Que desse a toda criança,
Sozinha ou desamparada,
Paz, amor e segurança.
Pois, esse amigo distante
Faria do longe o perto;
Prometera visitá-lo
Em data e horário certo.
Além disso, o benfeitor,
Sempre ativo e sempre irmão,
Dissera-lhe em carta amiga
Que lhe traria um bilhão;
Um bilhão que o amparasse,
No serviço em andamento,
E Joaquim se organizara
Para abraçá-lo, a contento.
De ônibus, ia às compras...
Sentou-se, notando ao lado
Um homem de grande porte,
Idoso, forte e pesado.
Após minutos de calma,
Em aspirando o rapé,
O companheiro de banco,
Sem querer, pisou-lhe o pé...
Mas Joaquim trazia um calo
Com minguada paciência,
Um calo que lhe amargurava
Cada dia da existência.
Ao sentir-se machucado,
Entregou-se à irritação
E gritou, atarantado:
-“Tire o pé, “seu” gordalhão!...
Infeliz, saia daqui,
Saia e vá adiante,
Não quero ter, ao meu lado,
O seu corpo de elefante...”
O homem rogou desculpas
E afastou-se, incontinenti,
Cambaleou e seguiu,
Sentando-se mais à frente.
Joaquim comprou doces finos
Em nobre confeitaria,
Aguardando o benfeitor
Que, logo, o visitaria...
No horário, alguém bate à porta;
Joaquim corre a ver quem é...
Era o homem alto e forte
Que lhe pisara no pé.
O visitante sorriu,
Joaquim pediu-lhe perdão
Recebendo, envergonhado
A dádiva de um bilhão.
Mantendo nas próprias mãos
O cheque pleno de ensinos,
Pensava no grande ensejo
De serviço aos pequeninos.
Moral da historia: quem queira
Obras de amor e valia,
Que cultive a tolerância
E cuide da cortesia.
(Bazar da Vida. Espírito de Jair Presente. Psicografado por Chico Xavier)