Lembrando a parábola (Parábola dos talentos)

        Ao enviar três servos de confiança para servi-Lo em propriedade distante, onde outros milhares de trabalhadores, em diversos degraus da virtude e da sabedoria, lavravam a terra em louvor de, tua grandeza divina, o Supremo Senhor chamou-os à sua presença e distribuiu com eles preciosos dons.
        Afagado o primeiro, entregou-lhe cinco “talentos”, notificando:
        – Conduze contigo estes tesouros da alegria e da prosperidade. São eles a Saúde, a Riqueza, a Habilidade, o Discernimento e a Autoridade. Multiplica-os, aonde fores, em benefício dos pneus filhos e teus irmãos que, em situação inferior à tua, avergados ao solo do planeta a quem levarás minhas bênçãos, se esforçam mais intensamente.
        Ao segundo servidor passou dois “talentos”, acentuando:
        – Transporta contigo esta duas preciosidades, que se destinam ao esclarecimento e auxílio do mundo a que te diriges.         São ambas, a inteligência e o Poder. Estende estes patrimônios respeitáveis às minhas construções eternas.
        Ao terceiro, confiou apenas um “talento”, aclarando, cuidadoso :
        – Apossa-te desta lâmpada sublime e segue. É a Dor, o dom celeste da iluminação espiritual, Acende-a em teu campo de trabalho, em favor de ti mesmo e dos semelhantes.
        Seus raios abrem acesso aos tabernáculos divinos.
        Em seguida fixou os três colaboradores que partiam e explicou:
        – Aguardá-los-ei de regresso, para as contas.
        O tempo correu, célere, e veio o dia em coque os mensageiros voltaram ao pátrio lar.
        O Soberano esperava-os no pórtico, esperançoso e feliz.
        Findas as saudações usuais, o primeiro enviado adiantou-se e entregou-lhe dez “talentos”, relacionando :
        – Senhor, eis tuas dádivas multiplicada. Deste-me cinco e restituo-as em dobro.
        Respeitando a Saúde, adquiri o Tempo ; espalhando a Riqueza, aliciei a Gratidão ; usando a Habilidade, recebi a Estima; movimentando o Discernimento, conquistei o Equilíbrio, e distribuindo a Autoridade em teu nome, ganhei a Ordem. O teu plano de júbilo e evolução foi executado.
        O Senhor o abençoou-o e explicou :
        – Já que foste fiel nestes negócios de pouca monta, conceder-te-ei a intendência de importantes interesses de minha casa.
        Aproximou-se o segundo e depositou-lhe nas mãos quatro “talentos”, informando:
        – Senhor, recebe teus haveres multiplicados. Elevando a Inteligência obtive o Trabalho e, submetendo o Poder à tua vontade sábia, atraí o Progresso. A tua expectativa de instrução e ajuda no meu setor de atividade foi atendida.
        O Pai louvou-lhe a conduta e falou, contente:
        – Já que revelaste lealdade no “pouco”, ser-te-á conferido o “muito” das grandes tarefas.
        Logo após, acercou-se o terceiro e último servo da expedição e, devolvendo, intacto, o patrimônio que recebera, notificou:
        – Senhor, recolhe de volta a indesejável herança que me deste... Sei que és austero e exigente, que colhes o que não semeias e que ordenas por toda parte... Experimentando enorme dificuldade para agüentar a carga que me puseste nos ombros temendo-te o juízo, escondi-a na terra e reponho-a, agora, em tuas mãos... Esta dádiva é um fardo difícil de carregar... Constituiu-se desagradável recordação por onde passei, estorvou-me os desejos e, de modo algum, desejaria possuí-la, outra vez.
        É impossível obter lucros ou vantagens com semelhante obstáculo. Retoma, pois, teu estranho e insuportável depósito!...
        O Poderoso contemplou-o, triste, e falou, enérgico:
        – Servo mau e infiel, como poderias multiplicar minha benção se nem ao menos te deste ao esforço de examiná-la? Como iluminar o caminho se mantiveste a lâmpada apagada?
        Tua ociosidade transformou alguns gramas de serviço benéfico em várias toneladas de angústia que doravante pesarão sobre ti. Criaste fantasmas que nunca existiram, multiplicaste preocupações e receios que te levaram a gritar e espernear como simples tolo, no avançado círculo de minhas obras... Por fim, atiraste-me o tesouro ao pântano do desespero e da revolta e vens comentar o temor e o zelo que minha presença, te infunde, quando foste tão somente preguiçoso e insensato!         A Dor era a tua oportunidade sagrada e única de iluminação ao próprio caminho, para que a tua claridade amparasse os companheiros de luta regenerativa e salutar. Repeliste o dom que te confiei... Volta, portanto, à sombra e à desesperação que abraçaste!...
        E o servo, que se perdera pela imprevidência e pela inconformação, somente entendeu o sublime valor da lâmpada do sofrimento quando se viu sozinho e desamparado, nas trevas exteriores.
(Luz acima. Irmão X. Psicografado por Chico Xavier)

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