Joãozinho macieira

        Havia uma coisa que Joãozinho Macieira, gostava de fazer mais do que qualquer coisa no mundo. Era achar um lugar ensolarado, cavar um buraco e plantar uma semente de macieira. Pois ele sabia que a semente iria germinar e se transformar em uma linda fruteira. Joãozinho cavava seus buracos e plantava macieiras. Cavava um pouco mais e plantava um pouco mais. Até que toda área a sua volta estava pontilhada de macieiras.
        Eu não sei o que vou fazer, quando não tiver mais lugar para plantar as minhas macieiras, falou Joãozinho aos seus amigos, os bichinhos da fazenda.
        Um dia ele estava andando pele estrada a procura de um lugar ensolarado, par plantar mais uma macieira, quando ouviu vozes cantando e se aproximando cada vez mais.
        Pegue uma diligência para o Oeste, não fique sozinho nesta vida! Então Joãozinho, viu que lá embaixo na estrada, vinha vindo uma longa fila de carroças, puxadas por cavalos. Ao lado de cada carroça, caminhavam homens fortes, vestidos com roupas de pele. Cada homem carregava o seu rifle. Eram os pioneiros. Os pioneiros estavam levando as suas famílias para os grandes espaços vazios do distante Oeste para ali começarem vida nova.
        Venha conosco rapaz, gritaram os pioneiros, quando viram Joãozinho em pé, na beira da estrada.
         Vamos para o Oeste jovem! Venha conosco! Mas eu não posso ser um pioneiro, disse Joãozinho, eu não sou nem alto e nem forte. Eu não poderia derrubar árvores, nem construir cabanas de madeira. Eu não conseguiria limpar os campos para plantar. Acho que não há nada que eu possa fazer no Oeste. Mas os pioneiros não estavam escutando. Eles foram marchando em frente, ainda cantando a medida que avançavam. Logo as carroças desapareceram no horizonte. Somente ouvia-se as palavras da canção que cantavam, flutuavam ainda no ar... Não fique sozinho nesta vida.
        Quisera eu poder ir para o Oeste também, disse Joãozinho para si mesmo.
        Você pode, Joãozinho! disse uma voz ao seu lado. Quem falava era o anjo da guarda de Joãozinho. Nem todos os pioneiros tem que derrubar árvores. Você pode ser o pioneiro que vai planta-las. Onde quer que existam casas, as pessoas vão precisar de macieiras. E o anjo da guarda continuou: puxa Joãozinho, pense nas coisas que se pode fazer com maçãs.
        Tortas de maçã e bolinhos de maçã. Bagaço de maçã para alimentar os animais. Cidra de maçã, doces deliciosos.
        Há também maçãs assadas, cozidas e fritas. Maçãs quente ao forno, e haverá sempre a gostosa compota de maçãs. Você será necessário no Oeste. Você terá muito o que fazer por lá.
        Mas eu não tenho carroça, nem faca nem espingarda...
        Bobagem, disse o anjo da guarda. Tudo o que você precisa é de uma pequena panela para cozinhar, uma boa quantidade de sementes para plantar e a Bíblia para ler.
        Isso é ótimo, disse Joãozinho eu tenho minha panela para cozinhar, minha Bíblia e sementes é o que não faltam. Posso partir agora mesmo, eu vou para o Oeste meu anjo da guarda, e é hoje. Naturalmente que antes de partir, despediu-se de todos os seus amiguinhos.
        Eu detesto dizer adeus- falou- porque vocês foram tão bons amigos para mim. Vou sentir muita falta de vocês quando estiver longe. Os animais ficaram desconsolados. Eles também sentiriam muita fala do amigo. Bem até um dia, disse ele finalmente. E lá se foi Joãozinho para o Oeste pela estrada dos pioneiros. Naquele tempo o Oeste era formado por florestas grandes, escuras e intermináveis. Um lugar assustador, para um jovem sozinho, sem uma faca ou uma espingarda.
        Mas Joãozinho, nunca pensou em ter medo. Ele continuava a andar por aquela longa trilha, cantando sua musiquinha alegre. E a medida que andava, ia olhando para a direita e para a esquerda, procurando lugares ensolarados para plantar suas árvores. Não senhor, ele não sentia medo naquela floresta. Mas estava só. ele tinha que admitir isso. Vários dia se passaram sem que ele visse uma única carroça ou um pioneiro. Ele sentia saudades dos seus amigos da fazenda. É claro que ele não estava tão sozinho assim. De todos os lados, atrás da cada árvore, pequeninos olhos brilhantes, observavam no sem parar. E aquele pequeno povo da floresta, ficava pensando quem seria aquele personagem. Pois os animais não gostavam dos homens. Os únicos que eles conheciam, eram os altos e fortes pioneiros, que derrubavam as árvores para construir cabanas. Atiravam nos animais da floresta para se alimentar e apanhar suas peles. É claro que os bichos não gostavam deles. Por isso se escondiam e observavam Joãozinho em sua caminhada para o Oeste.
        Ele não parece com os outros sussurrou a doninha. Ele não é muito alto e nem parece tão forte, disse o esquilo. Também não tem faca nem espingarda disseram os coelhinhos. Mas mesmo assim ele é homem, lembrou um gamo aos outros. Por isso nós precisamos ter muito cuidado. E eles observavam silenciosos.
        Finalmente chegou a uma pequena clareira. Aqui parece um bom lugar para plantar uma macieira.
        Então Joãozinho, largou sua panela, e sua Bíblia e pegou a sacolinha com as sementes de maçã, arrancou um galho fino e pontiagudo. Esta é a ferramenta ideal para se fazer um buraco e plantar uma árvore. Mas os animais, que estavam por traz das árvores, pensaram que aquilo fosse uma arma e saíram correndo o mais rápido que puderam.
        Mas um coelhinho, prendeu o pé no emaranhado cipó.
        Oh, não! que desastre!
        _Há alguém aí? Perguntou Joãozinho.
            Afastando os arbustos para o lado, encontrou o pequenino com a patinha presa nos cipós.
        _Ora essa, disse- o que aconteceu com você amiguinho?
        Com cuidado, soltou o pé do coelhinho.
        Eu gostaria que você não fugisse, falou Joãozinho. A floresta é um lugar muito solitário para mim e eu gostaria de ser seu amigo. O coelhinho, deitou o nariz nas mãos de Joãozinho e balançou seus bigodes amigavelmente. Os outros animais ficaram contentes. Vejam, esse homem não é mau- disseram eles. É bom e amigo. Não demorou muito para que Joãozinho estivesse completamente cercado pelos seus novos amiguinhos da floresta. E, daquele dia em diante, nunca mais ficou sozinho. Caminhou pelas terras do Oeste sempre plantando e cantando.
        Tortas de maçã e maçãs em bolinhos. Sementes de maçã para alimentar os passarinhos. Cidra deliciosa e doce para tomar. Maçãs assadas, cosidas e para fritar.
        Maçãs quentes ao forno pela manhã, e a velha compota de maçã. Os anos iam passando e mais e mais fazendas iam se instalando nas terras do Oeste.
        Em quase todas fazendas, macieiras com flores, davam sombra e gostosas maçãs. Ele era bem-vindo em todas as casas. Gostava de ir as fazendas para ver a construção dos celeiros ou a moagem do trigo ou a colheita do milho. De tempos em tempos, viajava sempre rumo ao Oeste. E não estava nunca sozinho. Enquanto ia cantando, de trás dos arbustos, de cima das árvores, de dentro dos buracos da terra, vinham esquilos, coelhos, quartis, e todos os animais da floresta. Este é o homem, os bichos murmuravam. Ele não tem faca, nem espingarda. Ele é o verdadeiro amigo de todos nós. E o coelhinho pulava no colo de Joãozinho e mexia os seus bigodes amigavelmente. E Joãozinho, além das macieiras que plantava, tinha um amigo em cada bicho da floresta.

 

(Fonte: https://www.techs.com.br/meimei)

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