Etapas de desenvolvimento segundo a Pedagogia Espírita

                 0 a 2 anos:

                Nos primeiros anos de vida, o corpo físico entra em acelerado desenvolvimento. A energia criadora do Espírito se manifesta no campo sensorial e motor. Os órgãos dos sentidos, tato, visão, audição, olfato e paladar se desenvolvem rapidamente.

                Gradualmente, conforme o desenvolvimento dos órgãos, o Espírito se manifesta, deixando transparecer lentamente, conforme os estímulos do meio, suas tendências e aptidões, que se acentuam cada vez mais.

                Segundo Piaget, os esquemas sensoriomotores são construídos a partir de reflexos inatos (sucção, preensão...), usados pelo bebê para lidar com o meio. Tais esquemas vão se modificando com as experiências, diferenciando-os e tornando-os cada vez mais complexos e maleáveis.

                Baseia-se em percepções sensoriais e esquemas motores – pegar um objeto, jogar uma bola, bater, morder, jogar, balançar, etc.

                Afetividade e inteligência são processos indissociáveis e influenciados, desde cedo, pelo meio social.

                Vive o aqui-e-agora da situação. Não consegue representar eventos ou evocar o passado.

                Se um objeto for deslocado de sua visão ela não irá procura-lo. É como se o objeto tivesse deixado de existir.

                Nesse mesmo período, as concepções de espaço, tempo e causalidade começam a ser construídas, possibilitando à criança novas formas de ação prática para lidar com o meio. Esquemas mais  complexos são construídos, de forma a propiciar o aparecimento da função simbólica, que vai alterar a forma da criança lidar com o meio, anunciando uma nova etapa: pré-operatória.

                Compreendemos, contudo, que a criança, sendo um Espírito reencarnado, está na verdade, reconstruindo esquemas já construídos no passado e habilitando o novo corpo ao comando do Espírito que, gradualmente se manifesta por ele.

                As experiências e atividades que vivencia são de grande importância nesse processo de recapitulação e reconstrução. Quanto mais ricas as experiências, mais dinâmico será o processo de reconstrução, propiciando ao Espírito maior possibilidade de manifestação de seu potencial interior.

                No aspecto afetivo, o amor dos pais e das pessoas que o cercam nesses primeiros anos, é necessário ao seu desenvolvimento nesta área, não só para acordar sentimentos já desenvolvidos no passado como para alimentar o superconsciente, desenvolvendo gradualmente vibrações de caráter superior e nobre.

                Do ponto de vista moral, está na fase de anomia, coincidindo com o egocentrismo, natural nesta idade.

                Até essa idade a criança pode compreender instruções verbais simples e sua fala é muito imatura. Deve-se trabalhar com experiências sensoriais e ações motoras, envolvendo-a num ambiente vibratório de carinho e amor. A presença dos pais, especialmente da mãe, é muito importante nesses primeiros anos de vida.

 

                02 a 07 ANOS:

                Na medida em que a criança cresce, sua percepção do meio se amplia e a influência externa se torna maior. A importância do meio e dos exemplos será fundamental na educação do Espírito reencarnado nesses primeiros sete anos.

                As casas espíritas devem oferecer às crianças este ambiente salutar e evangelizador através da vivência dos princípios do Evangelho e do conhecimento superior que a Doutrina nos oferece.

                Do ponto de vista cognitivo, segundo Piaget, a criança se encontra no chamado “pensamento pré-operatório” que já indica uma inteligência capaz de ações interiorizadas, ações mentais. Mas é um pensamento centrado em si mesmo: pensamento egocêntrico.

                A partir dos 3 anos, o Espírito amplia sua convivência com o outro. A influência do meio e os exemplos são enormes.

                Ao sentir as vibrações superiores e observar os exemplos edificantes, a criança tende a adotar modelos e agir como eles agem, o que equivale a dizer, a viver e vibrar na mesma sintonia. Exemplos nobres e ambiente evangelizador são indispensáveis.

                O sentimento superior, aliado ao conhecimento espiritual que a Doutrina Espírita oferece, formará o alicerce sólido para o Espírito que está “construindo o próprio futuro santificante”.

                Deve-se trabalhar com vivências. A criança não aprenderá por meio de exortações e aulas teóricas, mas poderá compreender aquilo que é capaz de vivenciar. Utilizar atividades que envolvam os órgãos dos sentidos, que estão em franco desenvolvimento.

                A criança pequena compreende o mundo como o vê, tendo uma percepção sensorial muito sensível e aberta ao mundo. Mas a percepção não é apenas sensorial, mas também intelectual e afetiva. A emoção que o momento suscita, a vibração do ambiente é de grande importância.

                Nesta idade, o aspecto emocional e afetivo prepondera sobre o aspecto intelectual. O amor é fundamental para o desenvolvimento dos sentimentos nobres do Espírito reencarnado. O amor e o carinho do adulto alimentam as regiões superiores da alma, o superconsciente onde se localiza o ideal superior, a essência Divina que todos possuímos.

                Deve-se trabalhar, desde cedo, em ambiente de cooperação, em clima  de respeito mútuo entre educador e educando, embasado no afeto sincero, auxiliando o processo de descentração, a passagem gradual da anomia para heteronomia, preparando caminho para a autonomia moral e intelectual que ocorrerá mais tarde.

                             

                07 a 12/13 anos

                Segundo André Luiz no livro Missionários da Luz, item 13, após os sete anos, o processo reencarnacionista está consolidado. Uma primeira etapa da nova reencarnação terminou e o Espírito está apto a iniciar nova etapa evolutiva na presente encarnação, integrado em seu novo corpo.

                Nesta etapa, o pensamento lógico, objetivo, adquire preponderância. As ações interiorizadas vão se tornando cada vez mais reversíveis e, portanto, móveis e flexíveis. O pensamento se torna menos egocêntrico. A criança é capaz de construir um conhecimento mais compatível com o mundo que a cerca. O real e o fantástico não se misturam em sua percepção.

                Pensamento operatório: Piaget denominou esse período de operatório porque é reversível: a criança pode retornar, mentalmente, ao ponto de partida.

                A construção das operações possibilita a elaboração da noção de conservação.

            O pensamento agora baseia-se mais no raciocínio do que na percepção.

                O concreto: O pensamento operatório, contudo, está muito ligado ainda aos materiais que possam ser observados. Ela precisa do concreto para desenvolver o pensamento operatório.

                Na evangelização infanto-juvenil, que trabalha com conceitos muitas vezes profundos, como desencarnação, reencarnação, mundo espiritual, etc., temos necessidade de concretizarmos tais ensinamentos, utilizando objetos como maquetes, fantoches, material de sucata, etc., preparando a criança para a próxima etapa onde deverá estar apta a trabalhar com as idéias abstratas.

                Do ponto de vista moral, Piaget destaca que a criança, embora na fase da moralidade heterônoma, caminha lentamente para a sua autonomia moral. Daí a necessidade de se trabalhar, desde cedo, em ambiente de cooperação, em clima de respeito mútuo entre educador e educando, embasado no afeto sincero.

                É muito importante uma autoridade natural baseada no afeto.

                A criança necessita sentir-se engajada nas atividades, daí a necessidade dos métodos ativos, que propiciam uma participação intensa da criança em seu próprio processo educativo.

 

13/14 anos em diante:

 

                Sexualidade e emoção: Essa é uma das mais belas e importantes fases do Espírito reencarnado. Segundo André Luiz (Missionários da Luz, item 2) a epífise, glândula da vida mental, acorda as forças criadoras e, em seguida, continua a funcionar, como o mais avançado laboratório de elementos psíquicos da criatura terrestre. “A glândula pineal reajusta-se ao conserto orgânico e reabre seus mundos maravilhosos de sensações e impressões na esfera emocional. Entrega-se a criatura, à recapitulação da sexualidade, examina o inventário de suas paixões vividas noutra época, que reaparecem sob fortes impulsos”.

                André Luiz afirma ainda que a epífise, glândula da vida espiritual do homem, “comanda as forças subconscientes sob a determinação direta da vontade”.

                O Espírito reencarnado ver-se-á diante das emoções que cultivou no passado, sendo chamado ao reajuste dos canais de manifestações de suas energias interiores, retificando possíveis erros do passado e direcionando suas energias para os canais superiores da vida.

                No livro citado, o instrutor Alexandre revela ainda que todos os seres da criação trazem em si o impulso criador; no entanto, mais da metade dos Espíritos reencarnados na Terra se fixam nos movimentos instintivos, concentrando suas faculdades no sexo. Grande parte já conquistou a razão, acima do instinto, permanecendo, contudo, nos desatinos da prepotência e do capricho autoritário, famintas de evidência e realce. Pequeno grupo, contudo, de homens e mulheres, em regime de responsabilidade, se fixam na região sublime da superconsciência, absorvidos em idealismo superior.

                Daí a importância de se alimentar a alma infantil com sentimentos elevados, cultivar os ideais superiores da alma e abrir canais para a expansão e liberação dessa energia para os caminhos superiores da vida, abrindo-se e expandindo a energia criadora nos caminhos belos e Divinos da arte em geral, da música, da dança, do teatro, das artes plásticas, da poesia e, ao mesmo tempo, desenvolvendo os ideais nobres da alma que vão desembocar no amor ao próximo, essência Divina e superior do sentimento maior.

 

                O PENSAMENTO FORMAL: Do ponto de vista cognitivo, Piaget destaca que os primeiros tempos da adolescência, o jovem começa a lidar não só com as situações reais e concretas, mas também de pensar logicamente sobre coisas abstratas. Aumenta gradualmente a capacidade de resolver problemas abstratos, adquirindo o pensamento científico.

                Daí a importância de se trabalhar com técnicas dinâmicas que levem o jovem à pesquisa, à troca de idéias, ao desenvolvimento do pensamento científico.

            O jovem se torna capaz de lidar não só com situações reais e concretas, mas também de pensar logicamente sobre coisas abstratas. Capacidade de resolver problemas abstratos, adquirindo o pensamento científico. É capaz de raciocinar cientificamente, formando hipóteses e comprovando-as na realidade ou em pensamento. Ela passa a usar operações lógicas e lógica formal à maneira adulta, na resolução de problemas.

 

                MORAL AUTÔNOMA: Teoricamente, o jovem se encaminha para a autonomia moral, adquirindo a capacidade de se governar a si mesmo. Obedece não mais às regras externas, sem critério ou por medo da punição. Ao adquirir a capacidade de análise e raciocínio lógico, obedece aos princípios éticos e morais com consciência e compreensão de sua necessidade. Na ausência da autoridade, permanece o mesmo. Tende a ser responsável, autodisciplinado e justo. No entanto, o próprio Piaget, em suas pesquisas, chegou à conclusão que apenas pequena parte da humanidade chegou à plena autonomia moral.

                A Doutrina Espírita, contudo, clareando a razão, demonstrando a existência da Lei de Causa e Efeito e os princípios básicos que auxiliam a nossa evolução gradual rumo à perfeição, abre caminho para o desenvolvimento do Espírito, rumo à plena autonomia moral e intelectual, pois ambos se completam.

                Sugerimos também, aos leitores interessados, procurar ler sobre o pensamento intuitivo, que não se refere à fase intuitiva definida por Piaget, mas a um estágio que estaria acima do pensamento racional. 

                O assunto merece um estudo mais profundo e, por esta razão, encaminhamos o leitor às fontes:  Introdução ao Estudo da Pedagogia Espírita, módulo VI, item 30  e  módulo VII, final do item 33)

 

(Fonte: https://www.pedagogiaespirita.net.br/)


 

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