JESUS CRISTO NÃO PODERIA TER EVITADO O SACRIFÍCIO DA CRUCIFICAÇÃO?

De acordo com o escritor espírita Paulo Alves Godoy, muitos perguntam: " Houve necessidade da crucificação de Jesus Cristo? Não poderia ter-se evitado a consumação desse sacrifício? Estando o Mestre investido de todo o poder, porque não fez mudar o rumo dos acontecimentos? Porque Deus não o atendeu quando, em efusiva prece no Horto, exclamou: "Pai, se queres, passa de mim este cálice, todavia não se faça a minha vontade, mas a tua?"

Vendo as coisas pelo prisma acanhado do convencionalismo humano, agravado pelas limitações peculiares às coisas da Terra, o homem formula essas indagações sem levar em consideração os superiores desígnios do Pai Celestial e sem analisar o problema em sua amplitude, com seus reflexos insondáveis no porvir.  Para que a semente produza fruto, é imprescindível o seu sacrifício: é preciso que morra, Se a semente não for plantada e não morrer, nada se pode esperar dela.

Para que uma verdade seja implantada entre nós, é quase indispensável que o sacrifício daquele que a veio revelar seja consumado. Para que as verdades enunciadas por Jesus Cristo fossem consolidadas, houve necessidade daquele sacrifício supremo: o martírio do Ungido de Deus foi o preço exigido para o triunfo da Boa Nova aqui no mundo.

A História nos dá conta dos inúmeros missionários que pagaram com a vida a ousadia de trazerem novas mensagens de vida e de luz ao gênero humano: a flagelação e a morte era o alto preço para que as verdades reveladas tivessem sucesso.

 Se Jesus não tivesse sido levantado na cruz, como diz João em seu Evangelho, não teria atraído todos para ele. Se o Mestre não fosse pregado no madeiro infamante, o sucesso da difusão da sua Doutrina teria sido problemático e periclitante, não conseguindo atrair a atenção das massas.

É bem verdade que o Messias poderia ter evitado o sacrifício do Gólgota.Bastava para tanto haver pactuado com os interesses do mundo, era só curvar-se diante da vontade de Caifás e de Herodes e fazer causa-comum com os escribas e fariseus. Nesse caso, em vez de tragar o fel amargo do Calvário, passaria a deleitar-se com o vinho alegre de Canaã, contudo, em decorrência, sua Doutrina não se teria implantado na Terra e a Humanidade ficaria privada desse manancial de luz e de consolação que são os Evangelhos..."(Os padrões evangélicos. Se a semente não morrer. Paulo Alves Godoy)

Segundo Carlos Toledo Rizzini, "A realidade profunda é que o Cristo sabia, desde sempre, que gênero de morte teria nas mãos dos homens, conforme indicou claramente mais de uma vez, e nada fez para evitá-lo. Antes, dizia que assim teria de ser. Declarou a um discípulo, no momento da prisão, que poderia obter "mais de doze legiões de anjos" para sua defesa se desejasse escapar ao fim previsto, e diante de Pilatos, com quem pouco dialogou, manifestou decisivamente: "Tu não terias sobre mim poder algum se ele te não fora dado lá de cima (João 19:11)"

Durante o tempo em que pregava quantas vezes não pretenderam os judeus agarrá-lo e liquidá-lo? Escorregava por entre as mãos deles porque "ainda não era chegada à sua hora...".

A morte de Jesus, como a de Sócrates, Paulo e Gandhi, por exemplo, tem a significação de um exemplo vitorioso para a Humanidade. É uma vitória do espírito missionário, que serve para exemplificar a coragem moral. A quem ensina sobre a vida espiritual não convém mostrar receio de transferir-se a ela, mesmo em condições penosas. Ora, estas condições causam profunda impressão no espírito do discípulo... "(Evolução para o terceiro milênio.  Cap. 9. Carlos Toledo Rizzini)

Por isso, "(...) Jesus havia exemplificado o bem até à morte, ensinando que todos os seus discípulos deviam ter bom ânimo para vencer o mundo." (Boa nova. Maria de Magdala. Irmão X. Psicografado por Chico Xavier)

"O Messias (...) coroando a sua obra com o sacrifício máximo, tomou a cruz sem uma queixa, deixando-se imolar, sem qualquer reprovação aos que o haviam abandonado, na hora última. (...)Exemplificando a sua fidelidade a Deus, aceitou serenamente os desígnios do céu, sem que uma expressão menos branda contradissesse a sua tarefa purificadora. Apesar da demonstração de heroísmo e de inexcedível amor, que ofereceu do cimo do madeiro, os discípulos continuaram subjugados pela dúvida e pelo temor, até que a ressurreição lhes trouxesse incomparáveis hinos de alegria," esclarece o Espírito Humberto de Campos (Boa nova. A oração do horto. Irmão X. Psicografado por Chico Xavier)

Segundo a filósofa Helena Blavatsky, " A mais importante de todas as obras é o exemplo da própria vida." (https://www.pensador.com/frase/MjIyNzg/)

Vinicius faz o seguinte apontamento: "Jesus veio trazer-nos a verdade. Fêz tudo quanto lhe competia fazer para o cabal desempenho dessa missão que o Pai lhe confiara. Não poupou esforços: foi até ao sacrifício.  (...)Jesus veio trazer-nos a redenção. É por isso nosso salvador: Mas só redime aqueles que amam a liberdade e se esforçam por alcançá-la. Os que se comprazem na servidão das paixões e dos vícios não têm em Jesus um salvador. Continuarão vis escravos até que compreendam a situação ignominiosa em que se encontram, e almejem conquistar a liberdade. Jesus não é mestre de ociosos. Jesus não é salvador de impenitentes. Para ociosos e impenitentes - o aguihão da dor. O sangue do Justo foi derramado no cumprimento de um dever que lhe fora imposto: não lava culpas nem apaga os pecados dos comodistas, dos preguiçosos, dos devotos de Epicuro e de Mamon."  (Nas pegadas do Mestre. Mestre e Salvador. Vinícius)

Léon Denis afirma: "Não, a missão do Cristo não era resgatar com o seu sangue os crimes da Humanidade. O sangue, mesmo de um Deus, não seria capaz de resgatar ninguém. Cada qual deve resgatar-se a si mesmo, resgatar-se da ignorância e do mal. Nada de exterior a nós poderia fazê-lo. É o que os Espíritos, aos milhares, afirmam em todos os pontos do mundo. Das esferas de luz, onde tudo é serenidade e paz, desceu o Cristo às nossas obscuras e tormentosas regiões, para mostrar-nos o caminho que conduz a Deus: tal o seu sacrifício." (Cristianismo e Espiritismo.  Cap. 7. Os dogmas - Os sacramentos, o Culto. Léon Denis)

O Querido Mestre sabia que estava sujeito a sofrer o martírio da cruz, devido a inferioridade moral da humanidade; muitos não compreenderiam as suas ideias renovadoras.

Segundo Lázaro, "Quando o Cristo veio destruir o costume bárbaro dos  sacrifícios; quando veio proclamar a igualdade e a fraternidade entre o saiote proletário e a toga patrícia, os altares, ainda vermelhos, fumegavam o sangue das vítimas imoladas; os escravos tremiam ante os caprichos do senhor e os povos, ignorando sua grandeza, esqueciam a justiça de Deus. Nesse estado de rebaixamento moral, as palavras do Cristo teriam sido impotentes e desprezadas pela multidão, se não tivessem sido gritadas pelas suas chagas e tornadas sensíveis pela carne palpitante dos mártires. Para ser cumprida, a misteriosa lei das semelhanças, exigia que o sangue derramado pela ideia resgatasse o sangue derramado pela brutalidade." (Revista Espírita. Abril de 1862. Os Mártires do Espiritismo. Lázaro. Médium: Sra. Costel / Allan Kardec)

De acordo com  Paulo Alves Godoy, "Jesus Cristo, no desenvolvimento do seu Messiado, deixou entrever claramente que as ideias novas não podem ser suportadas pelos Espíritos que vivem mergulhados no preconceito, no fanatismo e na observância das vãs tradições. A comprovação dessa assertiva está contida em Mateus, 9:16-17: "Ninguém deita remendo de pano novo, em vestido velho, porque semelhante remendo rompe o vestido, e faz-se maior rotura. Nem se deita vinho novo em odres velhos; aliás rompem-se os odres, e entorna-se o vinho, e os odres estragam-se, mas deita-se vinho novo em odres novos, e assim ambos se conservam", Somente criaturas de mentalidades arejadas podem assimilar, sem relutância, as novas verdades.

As verdades trazidas por Sócrates não puderam ser suportadas por muitos e o mais fácil foi obrigar o grande filósofo a beber cicuta. O Espiritismo surge na Terra, numa época em que a Humanidade está sequiosa em busca da Verdade. Uma vez que a nova doutrina está solidamente fundamentada na revelação cristã, é óbvio, como disse o seu Codificador, que "ela marchará com os homens, sem os homens ou apesar dos homens".

Sua progressão é lenta, mas segura, pois, no século da energia atômica e dos vôos espaciais, já não é possível que o ser humano continue esmagado sob o peso de doutrinas de contrafação. Do entrechoque das ideias surgirá a civilização espiritualizada do porvir. "(Os padrões evangélicos. Ideias novas. Paulo Alves Godoy)

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