A corrente denominada teologia da prosperidade, que está se disseminando por todo país, proveniente do movimento neopentecostal, criado por líderes religiosos dos Estados Unidos no século XIX e que teve início no Brasil com Edir Macedo e sua Igreja Universal do Reino de Deus (1), tem causado grandes transtornos para sociedade, em decorrência da deturpação que fazem dos ensinamentos do Cristo.
Ao contrário das doutrinas tradicionais cristãs, que ensinam à rejeição aos prazeres do mundo e a busca por riquezas espirituais, como meio de salvação, a teologia da prosperidade prega aos seus seguidores que para ser fiel à Deus é necessário fazer doações do "dízimo" à igreja, pois aquele que simbolicamente cultiva a "semente" e distribui, sempre será retribuído com prosperidade material. Além disso, ressalta que a riqueza e a saúde são sinais de bênçãos divinas, enquanto, a miséria e a doença são maldições, decorrentes da falta de fé.
O teólogo Paulo Romeiro faz a seguinte explicação: "De acordo com a teologia neopentecostal, a vida do cristão deve ser livre de qualquer problema. Ele deve morar em mansões, possuir carros caros, ter muito dinheiro e muita saúde. Se isso não ocorrer, estará caracterizada a ausência de fé, a vida em pecado ou então o domínio de Satanás. Em outras palavras, a característica do cristão maduro é a plena saúde física e emocional, além da prosperidade material." (Decepcionados com a Graça. Esperança e Frustrações no Brasil Neopentecostal. Paulo Romeiro)
No entanto, aqueles que irrefletidamente são adeptos desta crença podem sofrer consequências gravíssimas: alguns ficam com problemas financeiros, em situações de pobreza ou de extrema pobreza, devido às doações exorbitantes que realizam para igreja; ainda podem desenvolver desequilíbrio emocional e físico, pois trazem consigo uma visão distorcida sobre a realidade. Muitos sentem-se culpados pelas dificuldades em que vivem, acreditando que a causa da desgraça é devido à sua falta de fé ou porque estão sendo perseguidos por "demônios".
Em verdade, os líderes inescrupulosos desta corrente de pensamento materialista não se preocupam com a situação dos seus seguidores. Utilizam-se de trechos isolados da Bíblia de forma literal, distorcendo-os do contexto, justamente com a finalidade mercantilizar a fé e enriquecer-se ilicitamente, assim como fizeram os mercadores do templo, expulsos por Jesus, em sua época (Marcos, 11:15-18; Mateus, 21:12-13). Vejamos os principais versículos do Antigo Testamento que utilizam para manipular os seus seguidores:
"Isaque semeou naquela terra, e no mesmo ano colheu o cêntuplo; e o Senhor o abençoou. E engrandeceu-se o homem; e foi-se enriquecendo até que se tornou muito poderoso; e tinha possessões de rebanhos e de gado, e muita gente de serviço; de modo que os filisteus o invejavam."(Gênesis 26:12-14)
"Alguns há que distribuem, e ainda se lhes acrescenta mais, e outros que retêm mais do que é justo, mas é para a sua perda. A alma generosa prosperará, e o que regar, ele também será regado. Ao que retém o trigo, o povo amaldiçoa, mas bênção haverá sobre a cabeça do que o vende." (Provérbios 11:24-26)
"Tragam o dízimo todo ao depósito do templo, para que haja alimento em minha casa. Ponham-me à prova", diz o Senhor dos Exércitos, "e vejam se não vou abrir as comportas dos céus e derramar sobre vocês tantas bênçãos que nem terão onde guardá-las. "(Malaquias 3:10)
"Fui moço, e agora sou velho, mas nunca vi desamparado o justo, nem a sua semente a mendigar o pão. Compadece-se sempre, e empresta, e a sua semente é abençoada. Aparta-te do mal e faze o bem; e terás morada para sempre." (Salmos 37:25)
"Tudo o que ele faz prospera!" (Salmos 1:3)
"Toda a riqueza e prosperidade vêm de ti; tu governas todas as coisas com o teu poder e a tua força e podes tornar grande e forte qualquer pessoa." (1Crônicas 29:12 )
"Quem é o homem que teme o Senhor? Ele o instruirá no caminho que deve seguir. Viverá em prosperidade, e os seus descendentes herdarão a terra." (Salmo 25:12-13)
"Entretanto, se vocês não obedecerem ao Senhor, o seu Deus, e não seguirem cuidadosamente todos os seus mandamentos e decretos que hoje dou a vocês, todas estas maldições cairão sobre vocês e os atingirão; (...) O Senhor os encherá de doenças até bani-los da terra em que vocês estão entrando para dela tomar posse." (Deuteronômio 28:15;21)
Os líderes deste movimento de fé utilizam-se também de versículos do Novo Testamento, interpretando-os apenas literalmente e deturpando os seus ensinamentos espirituais, para alegar que são cristãos, tais como:
Após curar um paralítico e encontrá-lo no templo, Jesus lhe disse: "Veja que já estás curado; não voltes a pecar, para que não te aconteça coisa pior." (João 5:14)
O apóstolo João disse: "Amado, desejo que te vá bem em todas as coisas, e que tenhas saúde, assim como bem vai a tua alma. "(3 João 1:2)
Em outra situação, enquanto Jesus estava no templo, exclamou: "Eu afirmo a vocês que esta viúva pobre deu mais do que todos. Porque os outros deram do que estava sobrando. Porém ela, que é tão pobre, deu tudo o que tinha para viver. " (Lucas 21:3-4)
Ao jovem rico afirmou: "Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me." (Mateus 19:21)
Em resposta à Pedro disse: "E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou terras, por amor de meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna." (Mateus 19:29)
"Porque àquele que tem, se dará, e terá em abundância; mas àquele que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado." (Mateus 13:12)
No mesmo sentido, o apóstolo Paulo de Tarso afirma: "Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância também ceifará." (2 Corinthians 9:6)
Em outro momento, o Querido Mestre declara: "Portanto, eu lhes digo: tudo o que vocês pedirem em oração, creiam que já o receberam, e assim lhes sucederá." (Marcos 11:23-24)
Se compararmos os versículos do Antigo Testamento e do Novo Testamento, verifica-se que de nenhum modo Jesus Cristo e seus apóstolos ensinaram que devemos doar obrigatoriamente bens materiais à igreja, privando-se sempre do necessário para viver, para que recebamos prosperidade material. Tampouco afirmou que nos amaldiçoará com doenças, se não seguirmos os decretos das leis mosaicas.
Jesus Cristo ensinou que devemos valorizar mais os bens espirituais (por exemplo: amor, caridade, respeito, perdão, etc.), verdadeiros tesouros, que permanecerão eternamente com o Espírito no mundo espiritual, pois os bens materiais (corpo fisico, terras, casas, etc.) são transitórios e passageiros. Recomendou também praticar a caridade material e espiritual ao próximo (confome Mateus 6:2-4 / 5:43-44 / 25:35-45) , de acordo com as nossas condições, porém fez o seguinte alerta: "Cuidado com os falsos profetas. Eles vêm a vocês vestidos de peles de ovelhas, mas por dentro são lobos devoradores."(Mateus 7:15)
"Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque devorais as casas das viúvas, e isso com pretexto de prolongadas orações; por isso sofrereis mais rigoroso juízo." (Mateus 23:14)
O apóstolo Paulo de Tarso, em conformidade com estes ensinamentos, faz o seguinte esclarecimento: "Porque, se alguém quer dar, Deus aceita a oferta conforme o que a pessoa tem. Deus não pede o que a pessoa não tem. Não estou querendo aliviar os outros e pôr um peso sobre vocês. Já que agora vocês têm bastante, é justo que ajudem os que estão necessitados. Em alguma outra ocasião, se vocês precisarem, e eles tiverem bastante, aí eles poderão ajudá-los. " (2 Coríntios 8: 11-14)
Portanto, em nenhum momento, Jesus Cristo e seus apóstolos recomendam a obrigatoriedade de doar o dízimo para a igreja; mas pelo contrário, aconselham a ajudar os necessitados materialmente e moralmente, quando já possuímos o bastante.
Em Mateus 13:12, o Mestre Querido também ensina que aqueles que cumprem o seu dever e correspondem à confiança do Senhor, receberão o auxílio e proteção para que possa aumentar as virtudes que já possui. Entretanto, aqueles que não se esforçam para acrescentar alguma coisa àquilo que recebem da misericórdia divina, expiarão, em futuras reencarnações o mau uso que fizeram dos talentos recebidos.
O Espiritismo, que é o Cristianismo redivivo, traz a seguinte reflexão: "Aliás, será só com o dinheiro que se podem secar lágrimas e dever-se-á ficar inativo, desde que se não tenha dinheiro? Todo aquele que sinceramente deseja ser útil a seus irmãos, mil ocasiões encontrará de realizar o seu desejo. Procure-as e elas se lhe depararão; se não for de um modo, será de outro, porque ninguém há que, no pleno gozo de suas faculdades, não possa prestar um serviço qualquer, prodigalizar um consolo, minorar um sofrimento físico ou moral, fazer um esforço útil. Não dispõem todos, à falta de dinheiro, do seu trabalho, do seu tempo, do seu repouso, para de tudo isso dar uma parte ao próximo? Também aí está a dádiva do pobre, o óbolo da viúva." (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap.13. Item 6. Allan Kardec)
Entretanto, diante de algumas contradições entre o Antigo e Novo Testamento, Allan Kardec questiona: "Deverse-á daí concluir que a Bíblia é um erro? Não; a conclusão a tirar-se é que os homens se equivocaram ao interpretá-la."(O Livro dos Espíritos. Item 59. Allan Kardec)
O dízimo, por exemplo, era uma prática comum dos povos antigos, devido a pobreza, causada pelas guerras e desigualdades sociais (Vide: Gênesis 14:17-20). Na lei mosaica foi incluído este costume para o povo hebreu, porém não era uma lei divina, como alguns acreditam.
Segundo o Codificador da Doutrina Espírita, "Na lei moisaica, há duas partes distintas: a lei de Deus, promulgada no monte Sinai, e a lei civil ou disciplinar, decretada por Moisés. Uma é invariável; a outra, apropriada aos costumes e ao caráter do povo, se modifica com o tempo." (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 1. Item 2. Allan Kardec)
A lei civil de Moisés determinava que os hebreus deveriam fornecer obrigatoriamente os produtos da terra (gado ou colheita) para os órfãos e as viúvas, além dos estrangeiros sem terras, mais sujeitos à sofrerem a pobreza (Deuteronômio 24:19-22), e entre eles estavam enumerados os levitas (sacerdotes), devido o fato que não possuíam terras (Deuteronômio 14:28,29). Cada família deveria entregar aos levitas dez por cento dos produtos da terra para a manutenção do templo e dos serviços religiosos (Neemias 10:38-39; Tobias 1:8; Malaquias 3:10).
No entanto, é importante ressaltar que o dízimo, naquela época, não era dinheiro. De acordo com J. D. Douglas: " A Torah legislava que "a semente da terra" (safras), "o fruto da árvore", e a "erva, ou... o rebanho" (Levítico 27:30-34) deveriam render dízimos." (Novo Dicionário da Bíblia. Dízimos. J. D. Douglas)
Portanto, a prática atual de doar dez por cento do salário às igrejas evangélicas, reforça a tese de que os costumes humanos se modificam ao longo do tempo. Se fosse uma lei divina, não havia se alterado e jamais esta prática causaria transtornos financeiros e emocionais a maioria dos indivíduos.
A teologia da prosperidade está totalmente em contradição com os verdadeiros princípios do Cristianismo. As promessas desses falsos profetas são ilusórias. O Querido Mestre jamais anunciou ao povo judeu que somente aqueles que possuem fé e realizam doações ao templo seriam recompensados com as "bênçãos" da riqueza e da saúde. Jesus Cristo era pobre e humilde de coração, porém não curou todos os doentes (Marcos 6:5-6 / Mateus 11:20), inclusive advertiu os abastados, dizendo que era "mais difícil um rico entrar no Reino de Deus" (Mateus 19:23), explicando em outro versículo que "larga é a porta e amplo é o caminho que leva à perdição" (Mateus 7:13-14).
Na realidade, Jesus Cristo fez a seguinte advertência: "Não acumulem para vocês tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e furtam. Mas acumulem para vocês tesouros no céu... Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração" (Mateus 6:19-21), deixando bem claro que repudiava a ganância e a busca desenfreada por riquezas materiais.
Paulo de Tarso atribuiu o mesmo sentido a essa expressão, dizendo: "Porque nada trouxe para este mundo, e nada podemos daqui levar; tendo, porém, alimento e vestuário, estaremos com isso contentes. Mas os que querem tornar-se ricos caem em tentação e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, as quais submergem os homens na ruína e na perdição. Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores." (1Timóteo 6: 7-10)
" Irmãos, sigam unidos o meu exemplo e observem os que vivem de acordo com o padrão que apresentamos a vocês. Pois, como já disse repetidas vezes, e agora repito com lágrimas, há muitos que vivem como inimigos da cruz de Cristo. O destino deles é a perdição, o seu deus é o estômago, e eles têm orgulho do que é vergonhoso; só pensam nas coisas terrenas." (Filipenses 3:17-19)
Do mesmo modo, "O Espiritismo (...) ensina a fazer pouco caso dos bens temporais, a contentar-se com o necessário e não procurar alegrias supérfluas, que não são o caminho do Céu; (...) a fortuna é um depósito de que se há de prestar contas, e que o rico será julgado conforme o emprego que dela tiver feito."(Revista Espírita. Junho de 1862. Assim se escreve a história. Allan Kardec)
Em relação às doenças, o Cristo nunca afirmou que todas ocorriam em decorrência do indivíduo ter pecado, ou seja, jamais disse que todas eram punições impostas por Deus (expiações). Um exemplo disso, foi quando Jesus curou o cego de nascença, e seus discípulos lhe fizeram a seguinte pergunta: "Mestre, foi pecado desse homem, ou dos que o puseram no mundo, que deu causa a que ele nascesse cego?" Jesus lhes respondeu: "Não é por pecado dele, nem dos que o puseram no mundo; mas, para que nele se manifestasse as obras do poder de Deus." (João 9:2-3)
Segundo Allan Kardec, "(...) aquele homem estava cego, não por ter pecado, mas para que nele se patenteasse o poder de Deus, isto é, para que servisse de instrumento a uma manifestação do poder de Deus. Se não era uma expiação do passado, era uma provação apropriada ao progresso daquele Espírito, porquanto Deus, que é justo, não lhe imporia um sofrimento sem utilidade." (A Gênese. Cap. 15. Item 24. Allan Kardec)
Portanto, os cristãos devem ter cuidado para interpretar os trechos bíblicos, para que não sejam alvos fáceis dos "mercadores da fé".
Paulo de Tarso já dizia: "Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo."(Colossenses 2:8)
O apóstolo Pedro também alertava que no futuro deveríamos nos prevenir dos falsos mestres e heresias destruidoras, dizendo: "No passado surgiram falsos profetas no meio do povo, como também surgirão entre vocês falsos mestres. Estes introduzirão secretamente heresias destruidoras...(...) Em sua cobiça, tais mestres os explorarão com histórias que inventaram. Há muito tempo a sua condenação paira sobre eles, e a sua destruição não tarda."(2Pedro 2:1;3)
Diante disso, o Codificador da Doutrina Espírita faz a seguinte orientação aos espíritas: "Para remediar o inconveniente que acabo de assinalar, isto é, para prevenir as consequências da ignorância e das falsas interpretações, é preciso cuidar da divulgação das ideias justas, de formar adeptos esclarecidos cujo número crescente neutralizará a influência das ideias erradas." (Revista Espírita. Novembro de 1864. O Espiritismo é uma ciência positiva. Allan Kardec)
De fato, se o Movimento Espírita Brasileiro não se empenhar em divulgar os verdadeiros ensinamentos do Cristo para combater a propagação de correntes que fazem interpretações falsas das antigas escrituras, infelizmente aumentará a quantidade de líderes do movimento neopentecostal se aproveitando da ignorância, da ganância e das fragilidades sociais apresentadas pelo Brasil para atrair seguidores, pois estes buscam por soluções imediatas para resolver seus problemas.
Os líderes do movimento neopentecostal são perigosos e ardilosos, utilizam-se também da teologia da confissão positiva, criada por Essek Kenyon, para introduzir a ideia fantasiosa de que tudo que confessamos acontecerá, usando como base a interpretação literal do seguinte versículo: "Portanto, eu lhes digo: tudo o que vocês pedirem em oração, creiam que já o receberam, e assim lhes sucederá." (Marcos 11:23-24)
No entanto, é possível combater as interpretações falsas realizadas por estas correntes de pensamento, ensinando o verdadeiro significado das palavras do Cristo, que é este:
"A vossa prece deve conter o pedido das graças de que necessitais, mas de que necessitais em realidade. Inútil, portanto, pedir ao Senhor que vos abrevie as provas , que vos dê alegrias e riquezas. Rogai-lhe que vos conceda os bens mais preciosos da paciência, da resignação e da fé. Não digais, como o fazem muitos: "Não vale a pena orar, porquanto Deus não me atende." Que é o que, na maioria dos casos, pedis a Deus? Já vos tendes lembrado de pedir-lhe a vossa melhoria moral? Oh! não; bem poucas vezes o tendes feito. O que preferentemente vos lembrais de pedir é o bom êxito para os vossos empreendimentos terrenos e haveis com frequência exclamado: "Deus não se ocupa conosco; se se ocupasse, não se verificariam tantas injustiças." Insensatos! Ingratos! Se descêsseis ao fundo da vossa consciência, quase sempre depararíeis, em vós mesmos, com o ponto de partida dos males de que vos queixais. Pedi, pois, antes de tudo, que vos possais melhorar e vereis que torrente de graças e de consolações se derramará sobre vós." (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 27. Item 22. Allan Kardec)
No entanto, diante dos ensinamentos bíblicos, alguns podem questionar:
Por que Deus a uns concedeu as riquezas e o poder, e a outros, a miséria?
"Para experimentá-los de modos diferentes. Além disso, como sabeis, essas provas foram escolhidas pelos próprios Espíritos, que nelas, entretanto, sucumbem com freqüência." (O Livro dos Espíritos. Questã 814. Allan Kardec)
"Há ricos e pobres, porque sendo Deus justo, como é, a cada um prescreve trabalhar a seu turno. A pobreza é, para os que a sofrem, a prova da paciência e da resignação; a riqueza é, para os outros, a prova da caridade e da abnegação. "(O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 16. Item. 8. Allan Kardec)
"As doenças fazem parte das provas e das vicissitudes da vida terrena; são inerentes à grosseria da nossa natureza material e à inferioridade do mundo que habitamos. As paixões e os excessos de toda ordem semeiam em nós germens malsãos, às vezes hereditários. (...) Temos, assim, de nos resignar às conseqüências do meio onde nos coloca a nossa inferioridade, até que mereçamos passar a outro. Isso, no entanto, não é de molde a impedir que, esperando tal se dê, façamos o que de nós depende para melhorar as nossas condições atuais. Se, porém, malgrado aos nossos esforços, não o conseguirmos, o Espiritismo nos ensina a suportar com resignação os nossos passageiros males." (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 28. Item 77. Allan Kardec)
Acerca deste assunto, o Espírito Emmanuel faz a seguinte recomendação: "Não invejes a prosperidade alheia, porque ninguém sabe, na Terra onde se oculta a verdadeira felicidade, de vez que, em muitas ocasiões, o palácio esconde chagas de treva e a choupana desguarnecida permanece aureolada de luz. Solve tuas dívidas com o sorriso de quem se liberta. Mais valem o suor e as lágrimas no dever que as vantagens transitórias na indiferença. "(Livro: Caridade. Resposta fraternal. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
Diante do exposto, conclui-se que a teologia da prosperidade não está em conformidade com os ensinamentos do Cristo. Na realidade, a riqueza, a pobreza, assim como, a saúde e as doenças são provas ou expiações para o nosso aperfeiçoamento moral e purificação do Espírito. (Vide: O Livro dos Espíritos. Questão 262-a. Allan Kardec) Deus não concede privilégios para aqueles que são ricos ou que possuem saúde. De acordo com Tiago, " (...) a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta." (Tiago 2:17) "A CADA UM SERÁ DADO SEGUNDO AS SUAS OBRAS", disse Jesus (Mateus 16:27; Romanos 2:6; Apocalipse 22:12).
Obs.(1): Entre as igrejas desta vertente estão: Universal do Reino de Deus (1977, RJ), Internacional da Graça de Deus (1980, RJ), Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra (1976, GO), Renascer em Cristo (1986, SP) e Igreja Mundial do Poder de Deus (1998, SP). (Fonte: https://thetricontinental.org/pt-pt/brasil/ - Data: 26-05-25)