A história do Rei Saul

        Saul foi um rei que o Senhor escolheu porque o povo não podia ficar sem um líder. Segundo  as escrituras Saul era um homem que vinha da uma família de origem militar. Quando foi escolhido, Saul estava procurando as jumentas perdidas de seu pai. A história relata que o criado de Saul sugeriu que Ele fosse ao encontro do profeta Samuel, um homem de Deus, que poderia orientá-lo sobre qual caminho deveria seguir. Entretanto, antes de conhecer Saul, o profeta Samuel já havia recebido uma revelação do futuro de que iria se encontrar com um homem , que seria o capitão e livraria o povo dos inimigos filisteus. Então, quando Samuel viu Saul, o espírito do Senhor (1) lhe disse: "Eis aqui o homem de quem eu te falei".  Diante disso, o profeta Samuel convidou Saul para comer com ele e disse para não se preocupar  com as jumentas que nessa altura já haviam sido encontradas. Samuel lhes disse também: "A quem pertencerá tudo o que é precioso em Israel, senão a ti e a toda família de teu pai?”
        Saul se espantou com suas palavras por pertencer a menor das tribos de Israel e sua família era a menos importante dali.
        Quando Saul e o criado estavam indo embora, Samuel foi acompanhá-los até a saída da cidade. Samuel havia trazido consigo um frasco de azeite (2) que derramou sobre a cabeça de Saul, ungindo-o e beijando-lhe a face,  fez outra revelação do que lhe aconteceria: Afastando-se hoje de mim, encontrará no caminho dois homens que falarão que as jumentas de seu pai foram achadas.  Disse ainda que no caminho encontrará com três homens que lhe oferecerão pães dos quais deverá aceitar e seguindo caminho encontrará com um grupo de profetas que estarão  com tambores, e flautas, e harpas; e eles estarão profetizando. E o Espírito do Senhor se apoderará de ti, e profetizarás com eles, e tornar-te-ás um outro homem.
        Aconteceu que, quando Saul deixou Samuel, Deus mudou o seu coração e todos aqueles sinais da profecia se cumpriram e Saul foi aclamado rei de Israel.
        No entanto, depois de algum tempo o rei Saul tornou-se desobediente e não quis seguir mais as orientações do Espírito do Senhor que foram transmitidas por intermédio do profeta Samuel (3).
        Então o Espírito do Senhor disse por meio do profeta Samuel:  “Arrependo-me de haver promovido Saul à realeza, porquanto ele se afastou de mim e não seguiu as minhas orientações” .
        E diante deste fato, o Espírito do Senhor escolheu outro homem para ser ungido. O profeta Samuel ungiu Davi com azeite e desde aquele dia em diante o Espírito do Senhor se apoderou dele e retirou-se de Saul. Além disso,  Saul começou a sofrer influência de um mau espírito.
        Diante disso, Saul pediu para que seus servos encontrassem um homem que soubesse tocar bem uma harpa.
        Os servos lhe trouxeram Davi, que era um bom guerreiro, valente, prudente com as palavras, de gentil presença e o Senhor estava com ele. Assim que Davi tocava a sua harpa, Saul se sentia aliviado e o espírito mau se afastava dele, deixando-o em paz.
        Entretanto, quando Davi venceu e matou o grande filisteu Golias, em uma das batalhas contra os inimigos, Saul começou a sentir inveja dele.
        As mulheres dançavam e cantavam, dizendo:  "Saul matou milhares, e Davi, dezenas de milhares" . Saul ficava indignado e muito irritado ao ouvir esse refrão.  Em contrapartida, Saul também alimentava grande medo de Davi, porque sabia que o Espírito do Senhor estava com ele.
        Por causa disso, diversas vezes Saul tentou matar Davi com ciladas e emboscadas, mas não  conseguiu.  Ao menos duas vezes Davi, por sua vez, teve a oportunidade de matar Saul, porém Davi nunca desejou fazer mal a Saul e sempre optou por poupar a sua vida. Então, por causa dessa perseguição,  Davi teve que se refugiar na terra dos inimigos filisteus.             Sabendo disso, desde esse dia em diante, Saul não o perseguiu mais. No entanto, quando Saul viu o acampamento dos filisteus ficou com muito medo e perguntou ao Senhor o que deveria fazer, porém o Espírito do Senhor não lhe respondeu, nem por sonhos e nem pelos profetas. Aliás, o profeta Samuel já havia morrido.
        Então disse Saul aos seus criados: "Procurem uma mulher que  invoca espíritos (ou seja, uma médium) para que vá a ela, e consulte por ela". Eles lhe responderam: "Existe uma em En-Dor".
        Saul então se disfarçou, vestindo outras roupas, e foi à noite, com dois homens, até a casa da mulher.
        Ele disse a ela: "Invoque um espírito para mim, fazendo subir aquele cujo nome eu disser".
        A mulher, porém, lhe disse: "Certamente você sabe o que Saul fez. Ele eliminou os advinhos e feiticeiros da terra de Israel (4). Por que você está preparando uma armadilha contra mim que me levará à morte? "
        Saul jurou-lhe pelo Senhor: "Juro pelo nome do Senhor que você não será punida por isso".
        "Quem devo fazer subir? ", perguntou a mulher. Ele respondeu: "Samuel".
        Quando a mulher viu Samuel, gritou e disse a Saul: "Por que me enganaste? Tu mesmo és Saul! "
        O rei lhe disse: "Não tenha medo. O que você está vendo? " A mulher disse a Saul: "Vejo um homem que sobe do chão".
        Ele perguntou: "Qual a aparência dele? " E disse ela: "Um ancião vestindo um manto está subindo". Então Saul ficou sabendo que era Samuel, inclinou-se e prostrou-se, rosto em terra.
        Samuel perguntou a Saul: "Por que você me perturbou? " Respondeu Saul: "Estou muito angustiado. Os filisteus estão me atacando e o Espírito do Senhor se afastou de mim. Então, disse Samuel: "Por que você me chamou, já que o Senhor se afastou de você e se tornou seu inimigo?
        O Senhor fez o que previu por meu intermédio: rasgou de suas mãos o reino e o deu a seu próximo, a Davi.
        O Senhor entregará você e o povo de Israel nas mãos dos filisteus, e amanhã você e seus filhos estarão comigo. O Senhor também entregará o exército de Israel nas mãos dos filisteus".
        Na mesma hora Saul caiu estendido no chão, aterrorizado pelas palavras de Samuel, que havia lhe revelado o futuro.
        Então, tempos depois, a profecia se cumpriu...No dia em que ocorreu a batalha contra os filisteus, os seus filhos foram perseguidos e morreram três deles. Saul foi ferido gravemente  e pediu para um dos seus escudeiros matá-lo, para que não fosse zombado, pois sabia que iria morrer nas mãos dos filisteus. Porém o escudeiro, sentiu medo e se recusou a fazer isto. Então, Saul sacou sua própria espada e atirou-se sobre ela, suicidando-se. Vendo Saul morto, o escudeiro também se suicidou e naquele dia todos os seus soldados morreram, conforme foi revelado pelo Espírito Samuel, por intermédio da pitonisa (médium vidente).

Obs.(1): Os Espíritos do Senhor se manifestaram e se manifestam para nos ajudarem a transformar os erros em verdades, estabelecendo a correlação poderosa entre o que foi e o que é. (Visão espírita da Bíblia. Cap. 32. J. Herculano Pires) . Javé (Jeová), Espírito Superior protetor da raça hebraica, que concedeu ao médium psicógrafo Moisés, em nome de Deus, o Decálogo, ou Os Dez Mandamentos da Lei de Deus, fenômeno Idêntico aos que se processam hoje entre os médiuns espíritas. Outro Espírito, da mesma categoria espiritual de Javé, revelava-se também protetor dos hebreus — Eloim, citado com o primeiro, várias vezes, no Velho Testamento. Os antigos povos de Israel atribuíam tais manifestações ao próprio Deus. (Dramas da Obssessão. Observação 27 do Cap. 2. Yvonne Pereira).  

Obs.(2):O azeite era empregado cerimonialmente por ocasião da consagração dos sacerdotes (Êx 29:2); por ocasião da purificação dos leprosos (Lv 14:10-18), durante os sacrifícios diários (Êx 29:40), e por ocasião do término do voto dos nazireus (Nm 6:15). (...)A parte do emprego de azeite por ocasião da consagração dos sacerdotes (Êx 29:2), o azeite era um importante elemento ritual na cerimônia do reconhecimento do ofício real (1Sm 10:1; 1 Rs 1:39). Na qualidade de remédio, o azeite de oliveira era empregado tanto externa como internamente. (...)O azeite era comumente usado para ungir o corpo depois do banho (Rt 3:3,; 2Sm 12:20), ou como parte de alguma ocasião festiva (cf. SL 23:5). No Egito antigo um servo geralmente ungia a cabeça de cada hóspede quando iam tomando seus lugares na festa. A unção dos enfermos (Tg 5:14), nos tempos do NT, se tornou um rito quase sacramental.  (...)A presença de azeite simbolizava regozijo (Is 61:3), enquanto que a sua ausência significava tristeza ou humilhação (JL 1:10). (Novo dicionário da Bíblia. Azeite. J. D. Douglas)

Obs.(3): O Espírito do Senhor ordenou que exterminasse todos os amalequitas, inclusive animais (1Samuel 15:3), porém Saul os atacou, mas poupou o rei e seus melhores animais, desobedecendo ao Espírito do Senhor(1 Samuel 15:9). Este trecho não foi incluso na história narrada acima pois está em contradição com os ensinamentos dos Espíritos Superiores. Deus, a Suprema Justiça, entregaria alguém aos seus inimigos para morrer, só porque simplesmente não cumpriu a ordem de matar todos os amelequitas, inclusive os animais ? Isto é absurdo, não tem lógica e nem bom senso...Segundo o estudioso espírita Paulo Neto, deve-se "concluir que os acontecimentos não ocorreram como narrados ou que eles são opiniões pessoais do autor desse texto bíblico. Aí cai por terra a ideia de que a Bíblia no seu todo é a palavra de Deus." (A Bíblia a moda da casa. Parte I. A Bíblia Católica. Paulo Neto)

Obs. (4): Naquele tempo, as evocações tinham por finalidade a adivinhação, e que se fazia comércio delas; estavam associadas às práticas da magia e da bruxaria, e mesmo acompanhadas de sacrifícios humanos. Moisés tinha portanto razão de proibir essas coisas, e de dizer que Deus as tinha em abominação. Essas práticas supersticiosas se perpetuaram até a Idade Média; mas hoje a razão lhes fez justiça, e o Espiritismo veio mostrar a finalidade exclusivamente moral, consoladora e religiosa das relações de além-túmulo; uma vez que os espíritas não “sacrificam as criancinhas e não espalham licores para venerar os deuses,” não interrogam nem os astros, nem os mortos, nem os augúrios para conhecer o futuro que Deus sabiamente escondeu aos homens; repudiam todo tráfico da faculdade que alguns receberam de comunicar-se com os Espíritos; não são movidos nem pela curiosidade, nem pela cupidez, mas por um sentimento piedoso e unicamente pelo desejo de se instruir, de se aperfeiçoar e de aliviar as almas sofredoras. (O Céu e o inferno. Primeira parte. Cap. 11. Item 4. Allan Kardec)
Por isso, Moisés não proibiu Eldad e Medad de profetizar, conforme exposto no livro de Números 11:26 a 30.
(Fabiana F. Freitas. Texto baseado na Bíblia: 1 Samuel 9:1 a 31:8)

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