A epidemia

Ano de 1918. Nos campos da velha e cansada Europa, os homens empenhavam-se noutra guerra dolorosa.

Violência e ambição... Corpos insepultos, aos milhares contribuíam para o aparecimento de uma epidemia de gripe.

A gripe espanhola fazia suas vítimas. Os hospitais estavam superlotados. Mas a desencarnação era sempre certa. A gripe espanhola não poupava. Da Europa a epidemia atingiu o Brasil, ceifando vidas.

 

Um dia, no abrigo dirigido por Anália Franco:

- Anália, a Zizinha está ardendo em febre.

- Vamos vê-la, Bastos.

- Bastos! é a gripe espanhola.

- Não pode ser Anália...Temos cento e quarenta crianças aqui, no abrigo.

- Vou mantê-la isolada. Disse Anália.Quem sabe podemos amenizar o surto epidêmico.

- Vou procurar o médico. Disse Bastos.

 

Horas depois, Bastos volta desolado.

- Consegui apenas estes medicamentos, Anália, nada mais existe...

- E o médico...virá?

- O médico virá. Mas pelo que vejo nos lares de São Paulo... Deveremos ter poucas esperanças de salvar as meninas.

 

O médico afinal, chegou...

- Onde está a doentinha Anália?

- No dormitório.

- Por que não a isolou? Afinal, vocês têm um punhado de crianças aqui!

- Não havia espaço, nenhum quarto especial para isolamento, a casa está repleta de meu povo.

- Infelizmente é a gripe espanhola, Anália, as demais crianças serão atingidas.

 

Uma interna os interrompe.

- A Julianinha também está quente de febre.

- Calma! Disse Anália, o doutor está aqui, e veremos o que se faz.

- O senhor tem razão, doutor a gripe nos visita. Disse Anália. De que recursos podemos dispor doutor?

- Honestamente...Nenhum! Estamos de mãos vazias, diante da gripe epidêmica. 

 E o médico retira-se. 

 

Bastos estava abatido...

- Que faremos, Anália? Já todas as meninas estão enfermas.

- Apelaremos para os recursos espíritas, meu esposo.

- Como assim, Anália?

- Se nos faltam meios na ciência humana, a ciência Divina não nos desamparará. 

 

Anália falou:

- Minhas filhas, vamos orar a Jesus.

 

Senhor, ousamos apelar para Seu coração misericordioso,em benefício de nosso povo. Rogamos permitir que os mensageiros celestiais nos socorram através dos passes espirituais. E que a água fluída se torne o medicamento que não temos.

 

Anália iluminou-se nos passes espíritas.

- Envolve, Senhor a nossa Zizinha em Seu Santo Amor. É água fluída, filha. Beba, pensando em Jesus.

- Hum... que gosto amargoso!

De leito em leito, Anália e seu esposo distribuiram passes e água fluída.Socorriam as cento e quarenta doentes, com a medicação espiritual da hora.
 

Semanas após, o médico retornou.

- Espantoso, Anália! As meninas estão em recuperação. E não ocorreu um só falecimento.

- Graças a Jesus, doutor!

- Incrível! com a inexistência de medicamento, eu estava pronto para passar cento e quarenta atestados de óbito! Que fez você para salvá-las, Anália?

- Apliquei passes, dei água fluída e alguns chazinhos caseiro, doutor.

- Apenas com essas práticas espíritas, você substituiu a ciência!

- Jesus se revelou, mais uma vez, O Médico Divino.

Sua fé permitiu que, novamente, o abrigo fosse um lar de flores e esperança.

 

(Livro: Anália Franco - A benfeitora. Roque Jacintho)

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