Chico Mendes

        Chico Mendes nasceu no dia 15 de dezembro de 1944 no seringal Porto Rico, próximo à fronteira do Acre com a Bolívia, em Xapuri, estado do Acre. Filho de seringueiro passou sua infância e juventude ao lado do pai cortando seringa.
        A vida no seringal moldou no jovem seringueiro um sentimento de revolta contra a injustiça. A atividade econômica de extração da borracha, na Amazônia, foi sempre pautada por relações de grande exploração. O aviamento, sistema de troca de mercadorias industriais pelo produto extrativo, criou uma sociedade em permanente miséria e endividamento. Rebeliões eram sufocadas pela violência de forças policiais. E um rígido regulamento de subordinação aos seringalistas, os donos dos seringais, punia com castigos físicos aqueles que ousavam desrespeitar.
        Diferentemente dos outros seringueiros, porém, com 16 anos Chico aprendeu a ler, escrever e pensar com Euclides Fernandes Távora, refugiado político que morava próximo da colocação da sua família. Esse fato teve uma grande influência na sua vida. Quando começaram a ser formados os sindicatos no Acre, ele tinha consciência de que havia chegado a hora de mudar a realidade dos seringais. Em 1975 fez parte da diretoria do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Brasiléia (1), o primeiro criado no Acre, presidido pelo combativo líder Wilson Pinheiro.
        A situação do Acre era crítica na década de 1970. A política para a Amazônia implantada pelo regime militar gerou grandes conflitos fundiários. A substituição da borracha pela pecuária levou à especulação fundiária e ao desmatamento de grandes extensões de terras impedindo a permanência nos seringueiros na floresta.
        Em 1976, sob a liderança de Wilson Pinheiro, os seringueiros inventaram os “empates às derrubadas”: eles reuniam suas famílias, iam para as áreas ameaçadas de desmatamento, desmontavam os acampamentos dos peões e paravam os motosserras. Em decorrência desse movimento de resistência, em 1980 Wilson Pinheiro foi assassinado dentro da sede do Sindicato, em Brasiléia.
        Em 1983 Chico foi eleito presidente do STR de Xapuri e intensificou sua luta pelos direitos dos seringueiros, pela defesa da floresta e pela luta política contra a ditadura e pelos direitos dos trabalhadores.
        A convivência de Chico com a floresta e o conhecimento que adquiriu sobre como obter da natureza os meios de vida instigaram sua curiosidade e deram origem a uma teoria que seria, mais tarde, comprovada: a de que os benefícios derivados da manutenção da floresta são maiores do que o valor que se obtém com a sua derrubada.
        Foi essa matriz ideológica formada pelo sindicalismo, pela defesa dos direitos humanos, pelo respeito à floresta marcou a identidade de Chico Mendes como líder político e que transcendeu sua localidade e conquistou o respeito do internacional.
        Em 1985 Chico liderou a organização do primeiro Encontro Nacional dos Seringueiros.
        Mais de 100 seringueiros criaram o Conselho Nacional dos Seringueiros como entidade representativa e elaboraram uma proposta original de reforma agrária: as Reservas Extrativistas.
        Depois do Encontro Nacional, a luta dos seringueiros começou a ficar conhecida. Sua projeção internacional foi resultado do documentário produzido por Adrian Cowell, cinegrafista inglês que filmou o Encontro Nacional e decidiu acompanhar o dia a dia do trabalho do Chico. Em 1987 ele lançou internacionalmente o documentário “Eu Quero Viver” onde mostrou a luta de Chico para proteger a floresta e os direitos dos trabalhadores.
        Entre 1987 e 1988 Chico Mendes ganhou o Global 500, prêmio da ONU, na Inglaterra, e a Medalha de Meio Ambiente da Better World Society, nos Estados Unidos e deu entrevistas aos principais jornais do mundo. Jornalistas e pesquisadores o visitaram nos seringais e difundiram suas ideias pelo planeta.
        Mas ao mesmo tempo em que Chico conquistava o respeito internacional, era mais ameaçado em Xapuri. Os empates terminavam em prisão. As promessas de regularização dos conflitos fundiários não se concretizavam. A ideia de criação de reservas extrativistas se arrastava na burocracia federal.
        Em 22 de dezembro de 1988, em uma emboscada nos fundos de sua casa, ele foi assassinado a mando de Darly Alves, grileiro de terras com história de violência em vários lugares do Brasil.
Observação (1): Brasiléia - município brasileiro localizado no sul do estado do Acre.
(Fonte: https://www.memorialchicomendes.org/chico-mendes/)

O QUE É GRILAGEM?
        Segundo a pesquisadora associada do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Brenda Brito, não existe um conceito na legislação sobre grilagem. Com base na literatura especializada no tema, grilagem é todo ato que visa obter posse ou propriedade da terra por meio ilícito. “Normalmente, a forma mais conhecida é pela falsificação de títulos de terra que foram registrados em cartório. Outra forma é o desmatamento ilegal de terras públicas para simular uma ocupação e obter um título do governo ou lucrar com a venda da terra mesmo antes de obter um título”, afirmou.
        Quando se pensa na Amazônia, há propriedades que são particulares, como casas, fazendas e outros empreendimentos, e áreas protegidas, como terras indígenas e unidades de conservação. No entanto, cerca de 51 milhões de hectares de florestas, uma área equivalente a duas vezes o estado do Rio Grande do Sul ou do tamanho da Espanha, são as chamadas florestas públicas não destinadas. Essas florestas são terras da União, ou seja, de toda a sociedade brasileira, e ainda não receberam uma destinação específica. Por serem áreas mais vulneráveis, elas se tornam alvos de invasores de terras que derrubam as árvores, vendem a madeira com valor comercial e ocupam o território com gado, plantam capim e passam a dizer que são donos daquela área.
        No entanto, esses casos são de pessoas que estão nessas terras há 20 ou 30 anos, o que faz com que a situação seja muito diferente de criminosos que invadem terras públicas em 2021. Ao dar o título da terra a quem ocupou ilegalmente nos últimos anos, o governo mantém um sistema que prejudica toda a sociedade, dizem os especialistas. "A floresta é a grande fornecedora de insumo e matéria-prima para diversos setores da economia”, afirma Raul do Valle. ( Fonte: https://umsoplaneta.globo.com/sociedade/noticia/2021/08/25/o-que-e-grilagem.ghtml)

PRINCIPAIS CAUSAS DO DESMATAMENTO DA AMAZÔNIA:
        Entre as principais causas do  desmatamento da Amazônia,   podem-se destacar a impunidade a crimes ambientais, retrocessos em políticas ambientais, atividade pecuária, projetos de extração de madeira, mineração, estímulo à grilagem de terras públicas e a retomada de grandes obras.  (Fonte: https://www.ecycle.com.br/desmatamento-da-amazonia/#:~:text=Entre%20as%20principais%20causas%20do,a%20retomada%20de%20grandes%20obras.)

CONSEQUÊNCIAS DA DESTRUIÇÃO DA AMAZÔNIA:
        1. Devastação da biodiversidade  
        Com a derrubada da mata, o habitat de muitos animais torna-se escasso ou até mesmo inexistente. Por isso, diversas espécies endêmicas, ou seja, que só existem nesta determinada região, como Uacari-Branco (Cacajao calvus), mico-de-cheiro (Saimiri vanzolinii), ave Formigueiro-ferrugem (Myrmeciza ferruginea), etc., ficam sob risco de extinção à medida que o abate nas florestas da Amazônia avançam. Hoje, já existem  124   espécies endêmicas ameaçadas!
        2. Erosão e empobrecimento dos solos
        Sem cobertura vegetal, o solo fica desprotegido, sendo facilmente atingido por agentes erosivos como água da chuva, água do rio, vento, etc. Tal impacto ocasiona a erosão, que nada mais é do que o desprendimento, transporte e depósito de sedimentos de um local para o outro, trazendo e levando elementos indesejados, além de empobrecer consideravelmente o solo.
        3. Diminuição dos índices pluviométricos
        Se você acha que o desmatamento da Amazônia impacta apenas a vida no próprio bioma, está muito enganado. A ação humana sobre a natureza da região influencia a falta de água sentida em outras regiões mais populosas do país, incluindo o Sudeste!
        Estudos apontam que a diminuição da quantidade de árvores na Amazônia impede o fluxo de umidade entre o Norte e o Sul do país.
        4. Mudanças climáticas
        Muitas florestas contribuem para a formação de umidade no ambiente, além de absorver o calor do sol para fazer a fotossíntese, de forma que sua retirada pode prejudicar o equilíbrio climático do local. No caso da Amazônia, já existem alguns estudos prevendo que até o ano 2050, as temperaturas aumentarão entre 2º C e 3°C! Como se não bastasse, a diminuição das chuvas pode prolongar os períodos de seca, deixando-os ainda mais severos.
        O mais preocupante é que essas alterações trazem graves consequências, como mudanças substanciais na sazonalidade, com impactos sobre plantas, animais e seres humanos.
        5. Desertificação
        Estudos revelam que, se o desmatamento chegar a 50% da área original da Amazônia, o processo de desertificação pode transformar a região leste da floresta em savana. Tal feito estabeleceria um novo estado de equilíbrio, dando ao bioma uma configuração de destruição irreversível, ou seja, não teríamos chances de salvar o “ar condicionado” do país.
        6. Aumento de pragas e doenças
        A relação entre desmatamento e doenças já vem sendo debatida há algum tempo por cientistas e ambientalistas. Mas, recentemente, o  Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada   (Ipea) concretizou um estudo inédito relacionando o desflorestamento da Amazônia e doenças como   malária   e   leishmaniose .
        Repositora de serviços ecológicos e ambientais, a floresta Amazônica, quando conservada em volume e biodiversidade, é, para os pesquisadores Nilo Saccaro, Lucas Mation e Patrícia Sakowski, a forma de conter o aumento destas doenças.
(Fonte: https://greenbond.com.br/6-consequencias-do-crescente-desmatamento-na-amazonia/)


Referências Bibliográficas:

- https://www.memorialchicomendes.org/chico-mendes/

- https://umsoplaneta.globo.com/sociedade/noticia/2021/08/25/o-que-e-grilagem.ghtml

- https://www.ecycle.com.br/desmatamento-da-amazonia/#:~:text=Entre%20as%20principais%20causas%20do,a%20retomada%20de%20grandes%20obras

- https://greenbond.com.br/6-consequencias-do-crescente-desmatamento-na-amazonia/

- Data da pesquisa: 24-02-22

Nascimento/Morte: 1944 - 1988.
Nome: Francisco Alves Mendes Filho.
Conhecido por: Proteger a floresta Amazônica e defender os direitos dos trabalhadores.
Nacionalidade: Xapuri, Acre (Brasil).
Ocupação:  seringueiro, sindicalista, político e ativista ambiental.

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