Saber e fazer I

 Em matéria de educação a nós mesmos, existe comumente um adversativo em nossas melhores definições.

 Via de regra, afirmamos, a cada trecho de nossa marcha espiritual:

   sei que a morte é apenas mudança e devo corrigir-me para a Vida Maior; entretanto, estou sob o cativeiro de inúmeras imperfeições, à maneira de árvore asfixiada pela erva-de-passarinho, e não consigo renovar-me;

   sei que é necessário praticar o bem para que o mal não me ensombre as horas; todavia, por mais que me esforce, não chego a vencer a preguiça que me entorpece;

  sei que é urgente estudar, melhorando conhecimentos, a fim de entender os desafios do mundo e solucioná-los com segurança; contudo, não tenho tempo;

  sei que é minha obrigação abraçar as boas obras, que as circunstâncias me indicam, em proveito de minha felicidade, mas receio entrar em choque com as alheias opiniões.

 Sei que é preciso… — é a nossa frase trivial, diante do serviço que nos compete; no entanto, habitualmente falha o motor da vontade, no momento da ação.

 Quase sempre, perdemos tempo precioso, empenhando-nos em saber o que ainda estamos muito longe de aprender, numa atitude, aliás, muito compreensível, porquanto, desejando saber dignamente, a curiosidade respeitável alenta o progresso; mas, se fizéssemos o melhor do que já conhecemos, transferindo ideais e planos superiores das linhas teóricas para o terreno da realização e da prática, desde muito estaríamos guindados à posição de numes apostolares das doutrinas redentoras que apregoamos, adiantando o relógio da evolução terrestre.
 Como é fácil de anotar, nós todos, coletivamente examinados, criamos muitas dificuldades na Terra, pela ânsia de fazer sem saber, mas agravamos consideravelmente, essas mesmas dificuldades, pelo atraso de saber e não fazer.

(Caminho Espírita. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)

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