Organização e funcionamento da escola de moral cristã

                A Escola de Moral Cristã constitui um dos trabalhos do programa de um Centro Espírita.

                É  de importância vital, a existência da Escola de Moral  caminhando paralelamente às inúmeras atividades  que normalmente os agrupamentos espíritas desenvolvem:  Escola de Aprendizes do Evangelho, Curso de Médiuns,  Curso Básico de Espiritismo, Assistência Espiritual, Cursos  para a Juventude, etc. Diríamos até que um Centro Espírita que não se interessa em proporcionar Escola de Moral  Crista às crianças, está deixando de lado um dos seus maiores objetivos: preparar as criaturas que construirão no amanhã, um mundo melhor.
                Cada agrupamento espírita apresenta características próprias, gravitando sua organização, ora em torno de uma única pessoa, ora em torno de uma equipe diretiva. Os agrupamentos que atendem a periferia, em pouco se assemelham às centrais, baseando-se tal afirmação nas características e necessidades dos frequentadores.
                Assim sendo, reuniremos aqui algumas normas que consideramos fundamentais na organização da EMC.


DA EQUIPE DIRETIVA

                A Escola de Moral Cristã deverá ser dirigida por uma equipe: Coordenador, Secretário e o Elaborador do Material
                O Coordenador deverá ser pessoa responsável, de extrema delicadeza de trato, pacifista (tem a tarefa de harmonizar os trabalhadores) e renovador. Deve lutar por proporcionar ambiente cristianizado aos evangelizadores e colaboradores, cheio de alegria e entusiasmo. Deve o Coordenador atender às atitudes indisciplinadas dos alunos, com eles mantendo orientações fraternas, sempre com o intuito de aproximar cada vez mais a criança da EMC, e não afastá-la. É importante que o Coordenador tome todas as medidas necessárias ao bom andamento das atividades, recebendo ele mesmo as matrículas, examinando as frequencias, e se possível, travando conversações com os pais e alunos, estendendo e aumentando o círculo de amizades em tomo da escola. Deve ainda o Coordenador reunir-se constantemente aos evangelizadores, acompanhando de perto seu trabalho, estimulando-os e ouvindo-os em suas necessidades e problemas. Levar os evangelizadores à frequência de cursos intensivos e extensivos, atualizando-os sempre.
                Cabe ao Secretário cuidar dos serviços de correspondência, fichas de alunos (nome, endereço, data de nascimento, filiação, sexo, ano escolar frequentado ou grau de instrução, profissão dos pais, etc.) arquivos, relatórios, elaboração de ilustrações e cópias de estórias.
                Cabe ao Elaborador de Material cuidar dos serviços didáticos relativos aos programas, aquisição e conservação de material didático, etc. Deve a EMC possuir um museu de meios didáticos, no qual serão arquivados todos os materiais utilizados pelos evangelizadores, para posterior uso.
                A EMC deverá registrar a frequência dos alunos em livros de chamada ou fichas, a fim de controlar as aulas assistidas. Desta forma, é encontrada a curva de aproveitamento e progressos dos alunos.
 

DOS CICLOS
            Sugerimos três: Jardim (4 a 6 anos) Primário (7 a 10 anos) Intermediário (11 a 14 anos). Entretanto, esta separação por idades não é rígida. É preciso levar em conta o fator idade mental ou capacidade de adquirir conhecimentos . Nem sempre todas as crianças acompanham o desenrolar da aprendizagem, possuindo a idade cronológica justa para tal. Aconselhamos a leitura do capítulo HOMOGENEIDADE DE CLASSE, para maior esclarecimento. Não é raro dar-se o fato em casas de periferia.
            Quando as classes possuem elevado número de alunos (70 a 100), é preciso que se utilize o crachá, com o nome da criança. Isto facilita a disciplina e o contato.. A criança gosta de ser chamada pelo próprio nome, e não "menino". O crachá deve ser distribuído após a frequência de 4 aulas. A cor do crachá deverá distinguir os ciclos:
                Ciclo Jardim - crachá amarelo
                Ciclo Primário- crachá azul
                Ciclo Intermediário - crachá rosa.
                Quando o Centro Espírita dispõe apenas de uma única sala para a Escola de Moral Cristã, poderão os ciclos serem atendidos em dias ou horários alternados. Assim:
                2a feira - Jardim
                4a feira - Primário
                Sábado - Intermediário
                Ou ainda, no mesmo dia: Ex: Sábado
                das 9:00 às 9:40 h - Jardim
                das 10:00 às 10:40 h - Primário
                das 11:00 às 11:40 h - Intermediário

            Deve ocorrer uma ou mais vezes por semana, na medida da possibilidade. Quanto maior o contato do evangelizador com as crianças, melhores serão os resultados. Normalmente nos Centros Espíritas, a aula é semanal. Porém, nos orfanatos e creches, poderão ocorrer duas ou três vezes por semana.
 

DOS EVANGELIZADORES
            É importante que o evangelizador tenha bons conhecimentos da Doutrina Espírita. Indispensável é que ele tenha cursado a Escola de Aprendizes do Evangelho e  se submetido ao esforço da reforma íntima.
            Não existe limite de idade para o evangelizador exercer sua tarefa. Jovens e maduros, desde que portem imensa vontade de realizar tarefas positivas na seara de Jesus, com abnegação, fraternidade e amor, estão aptos ao desempenho desse trabalho, próprio de idealistas.
            Deve o evangelizador desenvolver intimamente o Amor Crístico, amando as criaturas das mais variadas proveniências religiosas, não promovendo separatividades ou entrando em desacordo com outras doutrinas. Nunca fomentar discussões ou polêmicas sobre filosofias e religiões, aprendendo a receber com serenidade quaisquer agressões verbais que lhe sejam dirigidas. O contato com criaturas de diversos meios e credos será de grande valor para testemunhar sua fraternidade.
            É elevada e altruística a missão do evangelizador, e para o bom desempenho da mesma, a fim de alcançar "in totum'' o seu ideal, é preciso que ele tenha moralmente, uma conduta à altura. Como poderá ensinar à criança o que ele não pratica? Ao compromissar-se a dirigir uma turma da EMC, automaticamente, o ânimo, o entusiasmo e o fervor à consumação do grande ideal, deverão acompanhá-lo em todas as horas.
            Cada classe deverá ser dirigida por dois evangelizadores e que as crianças sejam devidamente auxiliadas em suas necessidades, interesses, disciplina, movimentação, etc. E mesmo nos imprevistos. A presença constante de dois evangelizadores permite que, na falta de um deles, o outro esteja ciente das atividades e aquisições daquela turma.   A presença de um evangelizador novato junto a um veterano, de maior experiência, permitirá que, em breve tempo, o novato possa assumir a responsabilidade de uma nova turma. Isso nada mais é que contribuir para a expansão que se faz necessária na presente época, da Escola de Moral Cristã.
            É imprescindível realizar-se reuniões mensais entre a equipe diretiva e os evangelizadores, programando-se nessas reuniões, o trabalho de todo o mês, não permitindo aulas mal conduzidas ou planejadas, trazendo com isso, prejuízo ao andamento normal da Escoła. Necessário se fazem nessas reuniões, as críticas construtivas ao trabalho executado no mês anterior, elaborando-se em relatórios, os resultados obtidos e feitas as devidas alterações.
            É  interessante que o evangelizador, após cada aula, preencha um relatório sobre a aula ministrada. Através do mesmo, constantemente arquivado, o evangelizador terá um quadro das atividades praticadas, num levantamento em que terá oportunidade de verificar falhas, repetições, atividades ainda não realizadas, etc.
 

ESCOLA DE MORAL CRISTÃ - RELATÓRIO DE AULA

 

Data ___________________

Ciclo __________________ Dia _______________________ Hora__________________
Frequência desta aula ___________________ alunos
Tema __________________________________________________________________

Incentivação utilizada _____________________________________________________
Material Didático ________________________________________________________

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Sugestões para introduzir melhoria __________________________________________

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O objetivo foi alcançado? __________________________________________________
A estória despertou a atenção dos alunos? ____________________________________

A aula esteve ao nível mental da turma? ______________________________________

A aula foi exposta integralmente, de acordo com o planejamento? _________________

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Qual foi a forma de avaliação? ______________________________________________
Atividades de fixação empregadas: __________________________________________

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O andamento da aula foi normal? ___________  Imprevistos______________________

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Jogos? __________ Quais? _________________________________________________

Observações: ____________________________________________________________

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Evangelizador : ___________________________________________________________
Evangelizador-Auxiliar: ____________________________________________________
 

REUNIÃO DE PAIS E EVANGELIZADORES

 

                Uma das grandes aspirações dos pais é que seus filhos sejam educados moralmente. Mas são bem poucos os pais que se esforçam para isso.
                Se o lar e a Escola de Moral Cristã se completam para o alcance do objetivo, o interesse dos pais na educação moral de seus filhos não deve cingir-se apenas ao ato da matrícula. Deve ir mais longe, estendendo os ensinamentos da EMC ao lar, porque não podem pretender os pais, por melhor que seja, possa a EMC encarregar-se inteiramente da educação moral da criança.
                O evangelizador conhece a criança como aluno, e os pais a conhecem como filho. E o que se pode inferir disso? Conclui-se que deve haver maior aproximação entre pais e evangelizadores, uma vez que o lar e a EMC visam o mesmo objetivo, isto é, a boa formação moral da criança.

            Esse entendimento mútuo entre pais e evangelizadores é necessário e importante. Necessário porque se estabelecerá um plano de ação comum, dentro de moldes sadios e certos. Importante, porque os resultados só poderão ser satisfatórios e contribuirão decisivamente na formação do caráter da criança.
            Esse entendimento tem uma finalidade altamente educativa e estamos certos, nos dias que correm ele se torna cada vez mais necessário em virtude do aparecimento constante de novos problemas, como ângulos negativos do homem milenar, de reações precoces, e o grande número de  modificações sociais que este século nos tem proporcionado.
            Insistimos, porém, que esse entendimento não pode e não deve ser apenas teórico. Deve ser real e afetivo. Se os pais apreciam atitudes sadias e cristãs em seus filhos, deverão esforçar-se para apreciar convenientemente as críticas sobre eles, se essas críticas forem salutares e construtivas.
            Entendendo e aceitando essas críticas, estarão contribuindo para que o filho, bem orientado, tenha uma vida ordenada e equilibrada, porque outro interesse não move o evangelizador senão de orientar essa criança que lhe foi confiada.

           Os pais não podem conhecer o evangelizador, valendo-se unicamente das informações de seus filhos, assim como o evangelizador igualmente não poderá conhecer os pais através dos alunos.
            Para que a obra de evangelizar atinja os objetivos almejados, é preciso unirmos o trabalho do evangelizador ao dos pais. É necessário que haja o mais perfeito entrosamento entre ambos, para que o aprendido na EMC não seja desaprendido no lar. Se a tarefa da evangelização não atingir o lar estará incompleta, apresentando deficiência onde deveria encontrar apoio.
            O evangelizando deve confiar plenamente naqueles que o orientam, sejam pais ou evangelizadores, para que haja segurança e firmeza na fixação dos ensinos em sua mente. A criança que aprende com o evangelizador um modo de vida cristão, choca-se ao perceber que o lar discorda com a ideia de modificação para melhor. Se a criança não encontra apoio no lar, os conselhos do evangelizador não encontrarão eco em seu espírito. É muito importante para a criança que seus pais se entrosem com os ensinamentos recebidos para o seu próprio bem estar psíquico.
            Quando os pais entram em desacordo com as ideias do evangelizador, automaticamente ficará o evangelizando com grande margem de insegurança, acabando por afastar-se da EMC.
            Paralelamente à evangelização da infância, deve existir a reunião de pais e evangelizadores, periodicamente.
            Esse intercâmbio deve iniciar-sé com a visita do evangelizador à casa do evangelizando, conhecendo de perto o modo de vida dos alunos, seu relacionamento com os pais e familiares, etc. Deve o evangelizador aproveitar a visita para mostrar aos pais o objetivo de seu trabalho de evangelização.

MODO DE ORGANIZAR A REUNIÃO DE PAIS E EVANGELIZADORES

            As reuniões poderão ser trimestrais, num dia e hora em que se possa reunir a maioria dos pais. Para tal, pesquisa-se com antecedência a preferência dos pais quanto ao dia e à hora.
            É  importante que o evangelizador faça a promoção desse contato, levando as crianças a elaborarem convites, e a insistirem com os pais pela sua frequência. Estas reuniões deverão ser assistidas apenas pelos pais, nunca pelas crianças, pois tratarão de assuntos e problemas relacionados com elas. Mesmo quando forem apresentados alguns números artísticos ao início da reunião, os alunos devem ser retirados do local.
            As reuniões deverão ser previamente planejadas e programadas pela equipe diretiva e evangelizadores da casa. Todos os evangelizadores devem participar, cada qual dirigindo-se aos pais dos alunos do seu ciclo. E também muito interessante a projeção de slides e filmes educativos, quando possível.


             Treze conselhos aos evangelizadores:
a. O planejamento da reunião deve ser cuidadoso: hora, local, assunto, convite, etc. Se a turma tiver mais de um evangelizador, o planejamento deverá ser em conjunto para que todos tenham a oportunidade de trocar experiência com os pais.
b. Sempre que possível, elogie a turma de um modo geral e não faça críticas citando nomes. Nenhum pai gosta de ouvir, publicamente queixas de seus filhos, e você, certamente, não contará com ele nas próximas reuniões.
c. Os casos que necessitarem de maior atenção poderão ser atendidos em outro horário, individualmente.
d. Esclareça os pais quanto a seu método de trabalho para evitar dúvidas, favorecendo dessa forma sua atuação
e. Receba os pais com atenção e cordialidade; a imagem que os pais fazem da escola de moral cristã reflete no aluno.
f. Além dos assuntos normais da turma, como aproveitamento, horário, etc., faça sempre o possível para levar algum tema interessante, relacionado ao educando em geral.
g. Procure estar sempre atualizado. Se surgir algum debate na reunião, mesmo não estando aprofundado no assunto, você usará de bom senso e poderá conduzir o debate.
h. Sempre que possível, leve elementos da Direção à reunião. Lembre-se que é preciso trabalhar em equipe.
i. Explique, se necessário, os objetivos da EMC; muitos pais podem ainda desconhecer esse tipo de trabalho.
j. A linguagem clara e acessível facilita a comunicação; às vezes perde-se o ouvinte por uma terminologia inadequada.
l. Saber ouvir é uma arte; a participação dos pais nas reuniões, depende muito do seu modo de conduzí-la. Sentindo-se ouvido, o pai sentir-se-á parte integrante do grupo.
m. Procure dinamizar a reunião, usando técnicas de grupo simples e de fácil compreensão. Avalie sua reunião. A avaliação serve de diagnóstico para o novo planejamento.
Finalmente, lembre-se: na Escola de Moral Cristã, onde trabalho é de equipe, todos colaboram, procurando dar o melhor de si mesmo e dando possibilidade aos outros de crescerem e serem elementos participantes desse grupo. Voсê, evangelizador, fortalecerá esse núcleo se fizer um círculo de pais, atuante e eficaz.

 Como conduzir a reunião:
1. Prece inicial (5 minutos)
2. Canto (5 minutos)
3. Exposição da palestra ou tema escolhido. Apresentação de slides ou filmes educativos, etc. (20 minutos).
4. Debates e perguntas sobre o tema exposto (10 minutos).

5. Hora de arte (teatros, coro orfeônico, poesias, etc.) (20 minutos).

6. Prece de encerramento (5 minutos)
7. Café (após a reunião, poderá ser servido aos pais, momentos em que os evangelizadores procurarão aproximar-se dos pais, conhecendo-lhes os anseios, problemas relacionados à criança, etc.) (25 minutos).
Total da duração: 1 hora e 30 minutos.
 

Sugestão para a primeira reunião:
1. Abertura e Prece
2. Exposição das finalidades da Escola de Moral Cristã. Apresentação da equipe diretiva e dos evangelizadores.
3. Canto- os pais aprenderão uma canção, da mesma forma que seus filhos aprendem na escola.
4. Apresentação de uma aula prática de educação moral, e do material didático empregado.
5. Teatro de sombras -cineminha ou ainda outra forma de recreação.
6. Prece de encerramento
7. Café.
 

Modo de conduzir as palestras:
            Para cada reunião deverá ser escalado um evangelizador com bons conhecimentos, de competência, para discorrer sobre um tema educativo, geralmente ligado à criança. É importante a escolha do tema com a devida antecedência, para que possa haver um bom e prévio preparo. Devem os evangelizadores aproveitarem essa oportunidade para progredirem nesse setor, pois é imprescindível a disseminação da EMC, tornando-se aptos a dirigirem novas escolas, e prepararem novos evangelizadores.
            Os temas devem ser desenvolvidos e apresentados sem quaisquer referências pessoais. Devem primar pela cortesia, gentileza e fraternidade, para que os pais sintam-se cercados de amigos e orientadores. Quando os pais são bem recebidos e atendidos, tendem a colaborar com os evangelizadores interessando-se por comparecer às reuniões participando ativamente das atividades da EMC, e muitas vezes integrando-se ao grupo, como colaboradores. Entretanto, quando falta entre os evangelizadores a simpatia, que deve ser sua característica, normalmente os pais se afastam, desinteressando-se.
            A fraternidade, a humildade, o respeito e o bom senso devem impregnar a apresentação do evangelizador. Apenas a instrução (intelectualidade) e o conhecimento da doutrina espírita, não fazem o bom evangelizador. É preciso ensinar com firmeza e simplicidade, pois a imposição e a arrogância não conquistam.
            Apesar de cada grupo Espírita ter suas características próprias, de acordo com o local onde se situa e ainda com a classe social que o frequenta, damos alguns títulos de temas educativos que poderão ser discorridos nas reuniões de pais e Evangelizadores. Entretanto, poderão ser apresentados outros temas, de acordo com as necessidades:
- Relacionamento entre pais e evangelizadores.
- Harmonia no lar - Influência sobre as crianças e jovens.
- Separações conjugais- Responsabilidades.
- Formação da Família - A função dos pais.
- Compreensão e estímulo: duas grandes necessidades da criança.
- Desentendimentos familiares - consequências.
- Formação de um ambiente elevado e agradável.
- O lar como escola - Pais e mestres.
- Como educar quando um dos cônjuges diverge.
- Vícios condenáveis - Individualmente e sociais.
- Maus costumes e maus hábitos - Reflexos nas crianças.
- Evangelho no lar - Sua influência moralizadora.

- Formação Religiosa - Sua necessidade - O certo e o errado.
- O que é Cristianismo e suas consequências na vida moral.
- Disciplina no Lar. Autoridade moral e legal dos pais.
- O amor e sua aplicação judiciosa na educação das crianças.
- Responsabilidade espiritual dos pais na direção da família.
- Punições corporais - Corretivos ligeiros na infância.
- Inconvenientes da violência com os filhos maiores.
- Trato pessoal no lar e na sociedade.
- Palavrões e gritos.
- Os pais são espelho dos filhos e seus responsáveis até a maturidade.
- Até que ponto podemos policiar, intervir e as atitudes da criança.
- Desobediência e desafio - Conhecer as causas para agir.
- Crianças que mentem. Evitar que se torne um hábito.
- Ciúmes. Distribuição equitativa de amor e de bens.
- Por quê a criança pergunta.
- Personalidade - Respeitar, encaminhar e corrigir excessos.
- Insegurança, ansiedade e revolta das crianças no lar.
- A transição dos sete anos. Integração no mundo material.
- Brinquedos que devem ser dados. Tudo o que ela pede?
- A Puberdade - Explicações e ensinamentos.
- Adolescência - Cuidados físicos e companhias.
- Educação Sexual.
- Orientar um filho de mãe solteira.
- Educação dos filhos. A base cristã é a mais segura.
- Filho único excessos de cuidados e concessões.
- Causa do medo na criança.
- Socialização. Selecionar ambientes.
- Alimentação e higiene de acordo com os recursos.
- Influência da literatura, rádio e TV.
- Doenças dos filhos.
- Morte dos filhos, irmãos ou progenitores.
- Viúva que quer se casar novamente: O que dizer ao filho sobre a situação e sobre o outro.


 Alguns temas desenvolvidos para as reuniões:
I - Educação Sexual - sua necessidade.
            A educação sexual, como parte que é da educação integral, deve começar praticamente desde o berço (desde que a criança, ao investigar o próprio corpo, descobre seus órgãos genitais). Tal descoberta, deve ser encarada pelos pais, com toda a naturalidade, nunca dizendo à criança: "Isto é feio", ou ainda castigando-a, ameaçando-a por sua natural manipulação.
            Mais ou menos pelos três anos de idade , o menino e a menina, percebendo que existe uma diferença entre ambos, entram a fazer indagações a respeito, inocentemente, dando ensejo a que lhes satisfaçamos a curiosidade, dizendo-lhes que, ele, como homem tem o jeito do pai, e ela, sendo mulher, se parece com a mãe.
            Nessa idade, ambas as crianças já podem saber que os bebês nascem da barriga das mães, bem como designar os respectivos órgãos sexuais por palavras que não sejam pejorativas, e nem complicadas.
            Na infância, via de regra, os esclarecimentos sobre questões sexuais são dados pela mãe, mas podem também sê-lo pelo pai, caso a criança a ele se dirija primeiro.
            Na adolescência, recomenda-se que o pai dê a orientação ao menino e a mãe à menina, por razões óbvias de melhor testemunho pessoal.
            Esses informes devem ser progressivos e proporcionais ao grau de desenvolvimento psicológico do educando, tendo em conta ainda, a sensibilidade de cada um. É de boa praxe que se espere pelas perguntas, para então respondê-las.
            Indagações como: "De onde eu vim?" Porque não sou igual ao meu irmãozinho?", e outras, raramente deixam de ser feitas, e se os pais as receberem sem escandalizar-se, dando-lhes as respostas tranquilamente, com a maior simplicidade possível, granjearão a confiança dos filhos, animando-os a que lhes façam outras, sempre que estejam em dúvida ou demonstrem estar maduros para novas revelações.
            O ambiente familiar, aqui, é de suma importância.

            Uma criança que se sente amada pelos pais, e que esteja acostumada a conversar com eles, fará tais perguntas com toda a espontaneidade, e chegando à fase da adolescência, quando o sexo deixar de ser simples curiosidade, para converter-se em inquietante vivência pessoal, não terá dificuldade em solicitar e obter deles a orientação correta e segura de que necessita.
            Entretanto, a criança que se ressinta de um clima afetuoso e comunicativo, ou cujos pais sejam daqueles que entendem erroneamente, que nada devem dizer aos filhos sobre o assunto 'para não destruir-lhes a ingenuidade", buscará na certa outras fontes de informação (colegas ou pessoas mais velhas) junto às quais receberá lições teóricas e práticas, vindo a saber de "tudo" quase sempre antes da hora, e muitas vezes, de forma deturpada, obscena e vil.
            A educação sexual, ao contrário do que algumas criaturas retrógradas ainda imaginam, não consiste em sufocar, combater, reprimir um instinto natural, injustamente malsinado como diabólico e vergonhoso. Consiste sim, em favorecer-lhe a evolução, amparando-o e guiando-o através das diversas fases do seu desenvolvimento, de modo a que atinja a maturidade sadiamente, sem o perigo de manifestações precoces e libertinas, incompatíveis com os códigos da moral e dos bons costumes.
            Lamentavelmente, muitos pais "atualizados" dão aos filhos mais informações sobre o sexo do que o grau de maturidade deles poderia suportar; favorecem-lhes a leitura de toda sorte de publicações que tratem do assunto, e dão-se por satisfeitos com isso, esquecidos de que o mais importante em educação sexual, não é informar, mas formar.
            Sem dúvida, a informação é necessária (acalma, equilibra e previne os riscos da ignorância), convindo se saiba que, em matéria de sexo "é preferível uma informação correta um ano antes do que cinco minutos depois"
            A formação, porém é de muito maior relevância, mormente diante da supervalorização do sexo, com que se defrontam os jovens de hoje.
            O cinema, a televisão, as agências de publicidade, as revistas e jomais, como que mancomunados, num total desrespeito à sacralidade do corpo humano, exploram ignobilmente a mulher, servindo-se dela qual mercadoria barata para satisfazer a uma clientela ávida de erotismo. Provocam com isso, uma verdadeira subversão dos princípios estabelecidos.
            A seu turno, pregoeiros de uma "nova moral" em que a virgindade, a honra e a felicidade conjugal, são tratados como coisas obsoletas e ultrapassadas, contribuem também para solapar os alicerces da família. Urge, portanto, que os pais, superando suas próprias deficiências nesse terreno, ou abandonando a "solução do avestruz" tomem a firme decisão de proteger seus filhos contra os enormes perigos que o cercam a todo instante e de todos os lados.
            Para isso, é preciso conduzí-los à autodisciplina no tocante à vida sexual, fazendo-os compreender, outrossim, que ser livre não é ser irresponsável, não é fazer o que bem entende, mas viver de acordo com as Leis Divinas, dominar os instintos pela razão, dizer não aos chamamentos dos prazeres desordenados.
 

II - Porque a criança pergunta
            Porque a criança pergunta? Porque é curiosa, dirão. E isso é bom ou mau? Vejamos. Se no adulto a curiosidade, sob certos aspectos, pode constituir um vício ou péssimo hábito, na criança ela se apresenta como reação natural. Ela, em sua inocência, não pode alcançar o verdadeiro sentido ou a relação entre as coisas, razão pela qual sente irresistível impulso para a novidade, para o inédito.
            Pergunta, quer saber, interroga, destrói brinquedos para saber como funcionam e porque funcionam, desfaz um rojão para conhecer as substâncias explosivas. Mas essa curiosidade, muitas vezes mal compreendida pelos pais, pode levar a criança a uma orientação ou educação errada ou mesmo diversa daquela que realmente deveria ter.
            Os pais se inquietam, diz Teobaldo Miranda Santos, se nos primeiros meses de vida, a criança não presta atenção às coisas, não dirige o olhar para a luz, não segura os objeto com as mãos, não faz movimento com as pernas. Mais tarde, desinteressam-se pela curiosidade de seus filhos, e quando esta se torna viva e palpitante, revelando um sadio desenvolvimento mental, os pais, ao invés de satisfazê-la e estimulá-la, procuram restringí-la ou sufocá-la. Diante das perguntas ávidas e insistentes da criança, surgem as respostas habituais: - "Você não pode compreender isto" - "Quando você crescer, saberá" - "Isto não é coisa para criança". E mandam os filhos para longe quando precisam falar sobre determinados assuntos.
            Devemos, contudo, atentar para o fato de que, se a tendência da criança para desmontar e danificar as coisas é muito acentuada, deve o pai proporcionar-lhe brinquedos adequados, desmontáveis, para que a criança se habitue a construir e não a destruir.
            Para satisfazer-se a curiosidade infantil não é necessário e nem se deve usar grandes e complicadas frases. Para perguntas inocentes, respostas simples e sinceras.
            A criança, levada pela sua incessante curiosidade, procura indagar a respeito da origem, constituição e finalidade das coisas que percebe, interessando-se principalmente pela utilidade dos objetos. As perguntas são frequentes e inumeráveis, chegando mesmo a aborrecer e irritar os mais velhos,  ainda que se contente com respostas muitas vezes, inócuas ou obscuras". E mais. "é preferível responder alguma coisa a não responder nada" (Claparéde).
            Pois bem, apesar de parecer um vício ou uma impertinência, a curiosidade da criança deve e precisa ser atendida. ''Deve desaparecer da lista de vícios, para ser inscrita no quadro das virtudes". E claro que nem sempre a verdade nua e crua pode ser dita à criança e, em se tratando de questões sexuais, por exemplo, a revelação direta dos fatos poderia produzir um trauma afetivo em seu espírito.
            É como diz Adler: "Tratando-se de criança, a verdade tem também os seus limites". Isso não significa que se deve mentir, e sim, que se deve explicar a verdade de maneira discreta e progressiva.
            É preciso compreendermos a infância.
            Para bem avaliarmos a infância, devemos reconhecer que ela constitui a fase mais preciosa de nossa existência, e que nós (que já fomos crianças), podemos pensar como a criança. A criança, porém, que ainda não foi adulta, evidentemente não poderá pensar como adulto. Assim só nos resta admitir que se não procurarmos acompanhar a evolução das crianças, jamais as entenderemos.
            Quantas e quantas vezes mandamos as crianças sairem da sala quando os assuntos não lhes dizem respeito, isto é, crimas passionais, casos de desquites, escândalos amorosos. Por outro lado, e lamentavelmente, muitos e muitos pais se esquecem da presença dos filhos quando discutem problemas ou dificuldades financeiras do lar ou do trabalho. Quantos pais brigam na presença dos filhos, esquecendo-se ou ignorando que isso poderá causar efeitos traumatizantes no espírito deles. Pais que brigam e discutem, frequentemente, na presença dos filhos, cometem verdadeiro crime, porque não raro essas explosões causam nos filhos um acentuado desequilíbrio emocional, e isso pode ocasionar neles, desajustamentos mais ou menos graves.
            Pais que não podem compreender porquê seus filhos, mocinhos, adolescentes, são petulantes, desobedientes, maldosos para com os próprios pais, esqueceram-se naturalmente que, doze a quinze anos antes o ambiente no lar não terá sido dos mais plácidos...
            E por isso, devem os pais meditar no seguinte: Não valeria a pena, por amor às crianças, um pouquinho mais de tolerância conjugal? Se a esposa tem defeitos, o marido certamente os terá também, e se assim é porque não se controlarem os dois, para que os filhos não venham a ficar prejudicados?
            Não podemos e nem devemos deixar de reconhecer que há filhos que dão enormes preocupações. E ainda, que somos obrigados a reconhecer que há filhos que põem à prova os mais modernos e avançados princípios da psicologia e da própria pedagogia. Todavia, como escreveu Adler, "quando os pais se queixam dos filhos, muito raramente o fazem por acharem que sejam obedientes em excesso"... O motivo mais comum das queixas é a desobediência. Contudo, o exame criterioso dos fatos nos poderá mostrar que essas crianças desobedientes são arrebatadas por uma torrente e as poderá tornar superiores ao seu ambiente; elas estão lutando por derribar: as paredes compressoras de sua vida. E, em virtude do modo errôneo porque as trataram em casa, tornaram-se inacessíveis à influência educativa"
            "A instrução seria praticamente impossível se não existisse a curiosidade. A criança deve ser curiosa; quanto mais curiosa, mais educável. A criança que não sente o aguilhão da curiosidade será tardia e mesquinha sob o ponto de vista do enriquecimento do seu patrimônio intelectual (Ingenieros). "Se por um lado, a curiosidade leva o indivíduo a espiar pelos buracos das fechaduras, por outro lado, o conduz à descoberta das estrelas" (Eça de Queiroz)


            III - Compreensão e estímulo: Duas grandes necessidades da criança.

            A primeira manifestação social que a criança tem é na sociedade doméstica. Aliás, esse primeiro contato social será importante para toda a sua vida.
            Não se pode esperar que uma criança, tendo no lar completa  e total liberdade, aceite prazeirosamente na escola, princípios de satisfatória disciplina, isto é, liberdade orientada.
            Vamos por isso, nos deter um pouquinho no lar, onde a criança passa a maior parte de seu tempo.
            Devemos dizer que é de suma importância a existência de um programa de atividades para a criança no lar. Esse programa, embora não deve ser muito rígido, também não deva ser excessivamente elástico a ponto de pôr a perder todo o seu caráter educativo e disciplinador.
            Dentro dos limites, deve haver horários para tudo: horário para brincar, horário para estudar e, inclusive, horário para ajudar nos afazeres domésticos. Os afazeres domésticos, além da colaboração propriamente dita, fortalecem o espírito de comunhão entre os diversos membros da família.
            Havendo espírito de equipe no lar, as tarefas se tornam agradáveis, por mais desagradáveis que sejam. Segundo Froebel, "o ser que cresce vê tudo através da reação familiar. Deve colaborar, quanto possível, na vida doméstica, jamais arrefecendo nele o entusiasmo de participar da atividade no lar"
            À visto disso, vamos despertar logo esse entusiasmo. Esse programa de atividades, isto é, esses horários todos de que falamos talvez não sejam cumpridos se não houver fiscalização. Se houver necessidade de fiscalização, fiscalize-se. Mas fiscalização leal, franca, para estimular, de modo a tornar agradáveis e normais essas tarefas. Quando isso parece castigo, visando única e exclusivamente cercear ou limitar a liberdade natural da criança, é certo que ela procurará burlar tal imposição.
            O que acontece em certos casos é o seguinte: chegando a hora de estudar ou ir para a escola, a mãe chama o filho e este, entretido no brinquedo e não querendo deixá-lo, procura esquivar-se. Sua mãe torna a chamá-lo uma, duas, vinte vezes e ele não para de brincar até que, perdendo a paciência, sua mãe diz: - "Já estou cansada. Todos os dias é a mesma coisa. Já não aguento mais". A resposta, invariavelmente é sempre aquela: - "Eu já vinha, vindo... Só estava guardando os brinquedos"..
            Em outros casos, a mãe, que é quem passa a maior parte do tempo com a criança, para se fazer obedecida vale-se e ameaças. E, assim procura incutir no espírito do filho que seu pai " muito bravo", e que para dar uma surra "daquelas", não cochilará... A noite, quando chega o pai, esfalfado, vêm as reclamações. Blá, blá, blá... etc. E esse pai,cansado e ainda não refeito de suas atribulações do dia, não terá a serenidade necessária para analisar os feitos do filho e aplicar-lhe o corretivo adequado ou seja,conselhos oportunos. Nesse caso, haverá duas reações diferentes. Poderá perder a paciência e o filho levará uma surra que tal vez pudesse evitar. Evitar, sim, mas não porque a mãe devesse encobrir as travessuras do filho. Isso, além de não ser indicado, não é prudente também. O relato de uma falta deve ser feito de modo sereno, mas incisivo, para que ambos, pai e mãe, possam melhor pensar na solução para reparar a falta. Não levando em conta as considerações da esposa, poderá o pai assumir uma atitude de displicência e sugerir que se deixe o caso para outra ocasião ou para outro dia. E a mãe, perdendo a autoridade, outra coisa não tem a fazer senão pôr no pai a culpa rebeldia do filho... É a outra reação.
            Tanto no primeiro como no segundo caso, a criança notará claramente que não há solidariedade entre os pais e essa falta de solidariedade poderá abalar a harmonia necessária entre os cônjuge. Aliás, a "harmonia entre adultos, cuja existência a criança começa a sentir muito cedo, é necessária ao seu desenvolvimento normal e essa harmonia há de ser verdadeira e espontânea ou mantida, apesar de divergências superficiais  ou profundas entre os pais". As antenas da criança permitem-lhe sentir, às vezes com grande antecedência, as tempestades afetivas que talvez não se desencadeiem
nunca, mas que criam nela um sentimento de angústia difusa. Uma querela superficial e passageira ou divergências espirituais graves entre seus pais serão mantidas por ela com a mesma intensidade. Nem sempre aprenderá a importância real dessas divergências: qualquer falha significa aos seus olhos ruptura, qualquer fenda ameaça transformar-se em abismo, qualquer dissensão entrevista, prefigura, segundo acredita, a dissolução do lar, condição primordial de sua segurança" (M. Porot)
 

IV - Desentendimentos familiares.
            Nem sempre, é claro, pequenas desavenças domésticas promovem a dissolução do lar. Analisemos, então, alguns aspectos dessa situação em que se colocam os pais no que tange a corrigir as faltas de seus filhos, para que eles se sintam realmente seguros em relação a seus pais.
            Quando a mãe chama o filho para estudar e o filho não atende, ela se desespera, levanta a voz, grita e o filho atende. O que se conclui disso é que, verdadeiramente, ele não está obedecendo, está apenas procurando eximir-se de um possível castigo físico. Acontece, porém, que essa cena, repetida muitas vezes, contrariamente ao que se possa supor, dará forças ao filho e não à mãe, porque ele, habituado que está a não obedecer de pronto, sabe que o castigo prometido não virá jamais. São simples ameaças que não se concretizam: ficam no terreno das ameaças. Nesse caso, é possível e também provável que essas ameaças passem para o terreno da defesa do filho. Isso não é raro quando se trate da punição do filho e um dos cônjuges quiser protegê-lo. O efeito disso é rápido e passageiro, livrando a criança de uma surra iminente. Mas por força de repetir-se dia a dia, desorientará a própria criança. Não saberá ela se a intervenção do pai ou da mãe, para livrá-la de uma surra, acontece porque julguem ser a surra desnecessária ou porque realmente não se entendem.
            Segundo M. Porot "é preciso que a criança não sinta ser mais o filho de seu pai que de sua mãe; ou vice-versa: o que vai orientar seu julgamento é a atitude recíproca dos pais e, por conseguinte, seu comportamento afetivo".
            Às vezes, há o caso de a mãe impedir maneirosamente que o filho pague pela travessura alegando que assim o faz porque seu marido é "meio violento". O que também não se justifica, porque violência não representa maior autoridade. Há pais que, embora não usando castigos corporais, sabem manter bem elevado o sentido da autoridade.
            Qual é o melhor remédio para disciplinar a criança? O remédio é simples, uma vez que as crianças sejam sadias, porque educar,ao mesmo tempo que exige compreensão e serenidade não dispensa, por outro lado, firmeza e intransigência no cumprimento às ordens dadas. Ressalte-se, porém, intransigência honesta e afetuosa, no sentido de bem orientar a criança.
            Firmeza e serenidade, devem andar juntas se o interesse é obter bons resultados. Disciplina ativa, como disse Maria Montessori, e que permita e não embargue manifestações espontâneas da criança. "Não é preciso partir de ideias dogmáticas concernentes à criança, mas ao contrário, de uma técnica que nos permita deixar-lhe liberdade, para tirar da observação de suas manifestações espontâneas sua verdadeira psicologia... A disciplina, fundada sobre a liberdade, deve necessariamente ser ativa. Não se pode dizer que um indivíduo seja disciplinado simplesmente porque o tornaram artificialmente imóvel, como um acorrentado, e silencioso como um morto; será um ser anulado, não disciplinado. Chamamos disciplinado àquele que pode dispor de sua pessoa e que desde cedo é dono de si mesmo, quando se trata de seguir uma regra de vida".

            Em abono disso tudo, podemos alvitrar uma pequena experiência para que as mães verifiquem os resultados de seus próprios processos educativos. A experiência é simples chegada a hora de estudar deve a mãe ir até onde o filho se encontra e, com firmeza e serenidade, dizer-lhe: - Meu filho, está na hora de estudar!
                Se a criança não estiver habituada a obedecer, procurará esquivar-se e acabará não atendendo. Entretanto, se essa mesma criança perceber que, desta vez, a atitude da mãe é serena e impassível, entenderá que o remédio é obedecer, e obedecerá.
                É de suma importância que se fale sempre com franqueza às crianças e os ensinamentos devem ser ministrados de modo claro e simples para que atinjam os resultados colimados. Isso fará com que elas se habituem à responsabilidade, porque seus atos e suas travessuras serão analisados (não castigados) por seus pais.
                Muito embora pareça paradoxal, a criança rebelde ou desobediente prefere situações dúbias, de gritarias, de promessas de surras, porque dessas situações ela se sai com mais facilidade, criando choque de autoridade entre os pais. Mas, quando o pai ou a mãe, com firmeza e serenidade lhe faça uma observação sobre uma travessura qualquer, frente a frente, exigindo uma resposta igualmente fraca e sincera, esse filho não terá a mesma facilidade de sair-se bem e, posteriormente, antes de obedecer ou praticar algo diferente, pensará um pouco mais.
                Tenhamos em vista que "os hábitos não nascem com a criança''; são frutos do meio - ela os aprende ou os adquire. Portanto, é tão fácil para ela adquirir os bons como os maus hábitos. Sendo natural que adote os que mais satisfação lhe proporcionem, aos pais compete vigiar e envidar esforços para que ache prazer na prática dos hábitos benéficos e não nos nocivos.
( Programa para a infância. Federação Espírita do Estado de São Paulo. Área da Infância, juventude e mocidade, 1998)

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