O pequeno herói anônimo

         A situação não estava nada fácil. O pai, há muito tempo, tinha os abandonado; os irmãos mais velhos moravam nas ruas, vivendo cada um por si; a mãe, com uma doença que parecia não ter fim...
         Joãozinho, com 12 anos, é quem dava conta de tudo. Fazendo biscastes e pequenos serviços conseguia cuidar da mãe enferma e alimentar os dois irmãos menores, preocupando-se com seus estudos, já que ele próprio não podia mais ir à escola. Quem o conhecia não podia acreditar que este menino, tão frágil, tão franzino por causa da desnutrição na infância, tivesse tanta força e coragem para tudo suportar. Joãozinho não reclamava de nada: nem da infância perdida, nem da escola abandonada, nem do pai irresponsável; resignado, enfrentava a situação da melhor maneira, procurando estar sempre alegre e de bom ânimo.
         Do ponto de vista comum dos homens, Deus parecia injusto colocando tanta carga de responsabilidade sobre ombros tão frágeis e desprotegidos. Porém, do ponto de vista espiritual, a visão é bem diferente! Os benfeitores espirituais e Joãozinho sabiam que esse era o único caminho para a sua redenção.
         Joãozinho na reencarnação anterior havia sido Dr. João, filho de uma família nobre e abastada. Mas, ao invés de utilizar as facilidades e os recursos de que dispunha para fazer o bem e ajudar as pessoas a se tornarem melhores, empregou-os como instrumento de opressão e satisfação dos prazeres desenfreados.
         Com o poder e o dinheiro nas mãos, destruiu famílias, prejudicou pessoas, infelicitou muitas jovens. Após desencarnar, o Dr. João já não era mais famoso nem poderoso, mostrando quem realmente era: um Espírito amargurado, infeliz e arrependido do mal que provocara. Com o auxílio dos mentores espirituais, planejou uma nova vida com muitas dificuldades e sofrimento, privado de todas as facilidades materiais, onde receberia em seu lar, como familiares necessitados de seus cuidados, muitas pessoas que havia prejudicado na encarnação anterior.
         E lá vai Joãozinho, o menino que tinha tudo para ser triste e revoltado, feliz da vida, como um pequeno herói anônimo, amparado pelos amigos invisíveis, em busca de outro serviço para o sustento de sua família. Ele sabe, inconscientemente, que pediu e recebeu de Deus a oportunidade de resgatar débitos do passado e evoluir da melhor maneira possível: plantando e distribuindo sorrisos e amor por onde passar.

(Luis Roberto Scholl)
 

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