O MÉDIUM ROBSON PINHEIRO PROMOVE A UNIÃO OU O SECTARISMO COM SUAS CRÍTICAS AOS ESPÍRITAS E SINCRETISMO DE IDEIAS EM SUAS OBRAS?

No livro "Aruanda" psicografado pelo médium Robson Pinheiro, o Espírito Ângelo Inácio, diz que a proposta dos seus ensinamentos é promover a "união sem fusão, distinção sem separação", ou seja, viabilizar a união das religiões da Umbanda e Espiritismo, sem misturar seus conceitos e fazer distinção das suas práticas, sem que haja conflitos que provocam o sectarismo entre os religiosos. Entretanto, não é isto que observamos nos seus livros, onde existem críticas destrutivas aos Espíritas, principalmente, chamando-os de arrogantes, ortodoxos e preconceituosos, incitando uma certa intolerância religiosa a crença dos Espíritas. Além disso, o autor de suas obras mediúnicas afirma que o Espiritismo deveria ser atualizado e aceitar os conceitos das Umbanda, pois é possível conciliar essas duas crenças. No entanto,  o Espiritismo é completamente diferente da Umbanda, não há dogmas e nem rituais, sendo, portanto,  impossível unificá-las. Além disso, os Espíritas possuem a recomendação de analisar as antigas ou novas revelações espirituais pelo crivo da razão e da lógica, utilizando a metodologia científica criada por Allan Kardec (CUEE), prática não utilizada pela Umbanda.

Vejamos o que o Espírito Ângelo Inácio diz em umdaobras do médium Robson Pinheiro: "Não há um departamento católico, outro espírita, umbandista ou evangélico. Os espíritos esclarecidos, que trabalham sob a orientação maior para a evolução do planeta, já estão além dos títulos e das preferências religiosas, bem como da arrogância de muitos religiosos. Para o enfrentamento da problemática obsessiva, com suas síndromes complexas, é essencial compreender, sobretudo, que a religião do amor está acima da religiosidade: que a espiritualidade de caráter universalista e cósmico está acima da atitude denominacional, partidarista, exclusivista ou sectarista, tão comum à ortodoxia dos movimentos espírita e umbandista. A palavra de ordem, como sempre costumo repetir, é fraternidade: união sem fusão, distinção sem separação." (Aruanda. Cap.10. Espírito Ângelo Inácio.  Robson Pinheiro)

No entanto, não é verdade que os Espíritos Superiores comparecem em todo templo religioso. "Os Espíritos sérios só comparecem nas  reuniões  sérias, para onde os chamam com recolhimento e para coisas sérias; não se prestam a responder a perguntas de curiosidade, de prova, ou com um fim fútil, nem também a experiência alguma." (O que é o Espiritismo. Cap. 1. Segundo diálogo. Allan Kardec)

"O Espiritismo afirma  expressamente que não se podem dirigir aos Espíritos toda sorte de  perguntas; que eles vêm para nos instruir e nos tornar melhores, e não para se ocuparem de interesses materiais; que é equivocar-se  quanto ao objetivo das manifestações nelas ver um meio de  conhecer o futuro, descobrir tesouros ou heranças, fazer invenções  e descobertas científicas para ilustrar-se ou enriquecer sem  trabalho; numa palavra, que os Espíritos não vêm ler a buena-dicha." (Revista Espírita. Abril de 1863. Suicídio falsalmente atribuído ao Espiritismo. Allan Kardec)

Portanto, os espíritos que respondem as perguntas sobre interesses materiais, e indicam práticas de misticismo, em desacordo com a ciência, são inferiores e enganadores, que não se importam com a verdade.

No caso dos templos religiosos que não são espíritas, onde há humildade e seriedade, os Espíritos Superiores " Quando julgam conveniente, para melhor convencer, exprimem-se de acordo com a época, o lugar e as pessoas, evitando entrar bruscamente em choque com ideias arraigadas. (...) Algumas vezes podemos parecer concordar com a maneira de ver das pessoas, a fim de pouco a pouco conduzi-las ao ponto que desejamos, quando possível, sem alterar as verdades essenciais." Não é evidente que se um Espírito quisesse levar um muçulmano fanático a praticar a sublime máxima do Evangelho: "Não façais aos outros aquilo que não quereríeis que vos fosse feito", seria repelido se dissesse que isto tinha sido ensinado por Jesus? Ora, o que mais vale: deixar o muçulmano no seu fanatismo ou torná-lo bom, induzindo-o momentaneamente a pensar que foi Alá quem falou? (...) Há verdades que, para serem aceitas, não podem ser lançadas em rosto sem cuidado. "(Revista Espírita. Agosto de 1858. Contradições na linguagem dos Espíritos. Allan Kardec)

Entretanto, segundo Allan Kardec, os Espíritos esclarecidos não apoiam condutas errôneas dos homens criadas por crenças equivocadas, que prejudicam o próximo: "Os Espíritos  superiores, os encarregados do progresso da humanidade, declararam-se contra todos os abusos que podem retardar esse progresso, qualquer que seja a natureza deles e quaisquer que sejam os indivíduos ou as classes que deles se aproveitem.  Ora, não se pode negar que a religião nem sempre esteve isenta de abuso." (O que é o Espiritismo. Cap. 1. Terceiro diálogo. Allan Kardec)

Em outrpartdlivro, o Espírito Ângelo Inácio também faz a seguinte afirmação: "Infelizmente, em virtude da grande carga de preconceito reinante no meio espírita, os médiuns, submissos às orientações de seus diligentes encarnados, não atualizam seus conhecimentos nem sua metodologia de desobsessão. Paralisaram-se nas intermináveis doutrinações; muitos deles desconhecem inclusive a existência e o funcionamento dos campos energéticos, que até a física quântica já revelou. (...)Precisamos urgentemente atualizar a metodologia de trabalho em nossas reuniões ou continuaremos andando em círculo, num círculo fechado de pensamentos exclusivamente religiosos, distante, muito distante da ciência espírita, que é dinâmica e progressista." (Aruanda. Cap.10. Espírito Ângelo Inácio.  Robson Pinheiro)

Não é verdade que a maioria dos dirigentes Espíritas desconhecem como funciona a reunião de desobsessão, isto é uma afirmação leviana. Além disso, como este Espírito pode considerar as revelações da física quântica, sendo que os próprios cientistas, tais como, Richard Phillips Feynman, ainda não sabem explicar muitos fenômenos?  O Espiritismo explica como funciona os mecanismos para afastar os maus Espíritos e as diretrizes para trabalhar neste tipo de reunião em várias obras de Allan Kardec , principalmente, em " O Livro dos Médiuns",  há também algumas obras ditadas pelo Espírito André Luiz,  psicografadas por Chico Xavier, tais como o livro "Desobsessão", e o livro prático " Diálogo com as sombras" de Hermínio C. Miranda,  que ditam instruções importantes. O método utilizado é bastante eficaz e não precisa ser atualizado.

Segundo o Espiritismo, "As causas da obsessão variam, de acordo com o caráter do Espírito. É, às vezes, uma vingança que este toma de um indivíduo de quem guarda queixas da sua vida presente ou do tempo de outra existência. Muitas vezes, também, não há mais do que o desejo de fazer mal: o Espírito, como sofre, entende de fazer que os outros sofram; encontra uma espécie de gozo em os atormentar, em os vexar, e a impaciência que por isso a vítima demonstra mais o exacerba, porque esse é o objetivo que colima, ao passo que a paciência o leva a cansar-se. "(O Livro dos Médiuns. Segunda Parte. Cap.23. Item 245. Allan Kardec)

"Se um Espírito quer agir sobre uma pessoa, dela se aproxima e envolve-a, por assim dizer, com o seu perispírito, como se fosse um manto. Os fluidos se penetram; os dois pensamentos e as duas vontades se confundem, e então o Espírito pode servir-se daquele corpo como se fora o seu próprio;  (...) se for perverso e maldoso, ele o constrange como numa armadilha; paralisa até mesmo a vontade e a razão, que abafa sob seus fluidos, assim como se apaga o fogo sob um lençol d'água; incita-o a pensar, falar e agir por ele, conduzindo-o, contra sua vontade, a atos extravagantes ou ridículos. Numa palavra, ele magnetiza o indivíduo e o leva a uma espécie de catalepsia moral, transformando-o em instrumento cego de sua vontade. Tal é a causa da obsessão, da fascinação e da subjugação, que se mostram em diversos graus de intensidade. "(Revista Espírita. Dezembro de 1862. Estudo sobre os possessos de Morzine. Allan Kardec)

" (...) a prece fervorosa e os esforços sérios por se melhorar são os únicos meios de afastar os maus Espíritos, que reconhecem seus mestres naqueles que praticam o bem, ao passo que as fórmulas lhes provocam o riso. A cólera e a impaciência os excitam. É preciso cansá-los, mostrando-se mais pacientes  do   que eles. Por vezes, entretanto, acontece que a subjugação atinge o ponto de paralisar a vontade do obsedado, e que deste não se pode esperar nenhum concurso valioso. É sobretudo então que a intervenção de terceiros se torna necessária, quer pela prece, quer pela ação magnética. Mas o poder dessa intervenção também depende  do  ascendente moral que o interventor possa ter sobre os Espíritos, porque, se não valerem mais, sua ação será estéril. Nesse caso, a ação magnética terá por efeito penetrar o fluido do obsedado por um fluido melhor, e desprender o fluido do Espírito mau. Ao operar, deve o magnetizador ter o duplo objetivo de opor uma força moral a outra força moral e produzir sobre o paciente uma espécie de reação química, para usar uma comparação material, substituindo um fluido por outro fluido. Assim, ele não só opera um desprendimento salutar, mas fortalece os órgãos enfraquecidos por uma longa e por vezes vigorosa dominação." (Revista Espírita. Dezembro de 1862. Estudo sobre os possessos de Morzine. Allan Kardec)

De acordo com Herculano Pires, "Não se pode curar obsessões com sal grosso, folhas de arruda, incenso ou  explosão  de pólvora, nem com medalhas, crucifixos ou  água benta. A obsessão é um processo inteligente desencadeado por espíritos - o que vale dizer por inteligências extrafísicas que não são atingidas por essas coisas. Pois eles vivem no plano espiritual, não no material e conhecem o problema da comunicação mediúnica e do envolvimento fluídico. Só podemos afastar uma entidade obsessiva pela persuasão e a prece, procurando esclarecê-la ao invés de dar-lhe ordens que só que fazem irritá-la." (O Centro Espírita. Cap. 9. J. Herculano Pires)

"(...) A Doutrina Espírita não chegou ainda a ser conhecida pelos seus próprios adeptos em todo o mundo. (...) Os que desejam atualizar a Doutrina, devem antes cuidar de se atualizarem nela." (O Centro Espírita. Introdução. J. Herculano Pires)

Outra alegação falsa que Espírito Ângelo afirmsobroEspíritas é:  "A Umbanda para muitos ainda é tabu; quando qualquer aspecto associado a esse tema é ventilado nos círculos espíritas, observamos reação imediata, que demonstra o preconceito enraizado. Será puro medo? E que espécie de medo acomete os companheiros espíritas ao abordarmos o assunto Umbanda? A maioria dos espíritas, ou pelo menos os mais ortodoxos, não admitem sequer a idéia de que pais-velhos, caboclos ou outras entidades espirituais semelhantes possam trabalhar nos centros ditos kardecistas. Porém, quando as coisas apertam, quando falham os recursos habituais consagrados pela ortodoxia, logo, logo pedem socorro ao primeiro pai-velho de que algum dia ouviram falar ou se ajoelham aos pés de alguma entidade num terreiro, escondidos não se sabe de quem. Postas de lado as observações quanto ao comportamento daqueles que ainda necessitam se esconder por detrás de tais máscaras, fiquei imaginando o que o mundo espiritual ainda reserva para todos nós." (Aruanda. Cap. 2. Espírito Ângelo Inácio.  Robson Pinheiro) "Os espíritas parecem ter criado um movimento tão cheio de preconceitos que dificilmente se interessam por algo a nosso respeito sem nos tachar de obsessores e acusar o médium de anti-doutrinário, como é seu costume. "(Legião: um Olhar Sobre o Reino das Sombras.  Cap. 2. Espírito Ângelo Inácio.  Robson Pinheiro)

Nenhum espírita verdadeiro possui medo ou preconceito com relação as entidades da Umbanda, apenas possui uma visão diferente, baseada nos fundamentos da Doutrina Espírita, que analisa os Espíritos pela sua linguagem e conteúdo. Aliás, quem possui convicção espírita, nunca precisará recorrer a um terreiro de Umbanda.

Com relação as entidades da Umbanda, Chico Xavier faz o seguinte esclarecimento no programa Pinga Fogo:
"Pergunta: Quem são os "pretos-velhos", "exus" e "pombas-giras" que incorporam na Umbanda? Se são espíritos de luz, por que há necessidade de cigarro, cachaça e sons barulhentos?
Resposta: Para espíritos de luz, ou seja, espíritos superiores e puros, não existem necessidades materiais. Os espíritos que trabalham nos terreiros, em sua grande maioria, são aqueles que ainda guardam grandes necessidades das sensações terrenas e por isso usam os médiuns para absorvê-las; quando não têm, fazem-no através dos despachos. São, na classificação da Doutrina Espírita, chamados de espíritos mais simples. É claro que existem aqueles outros que, mesmo tendo condição moral mais elevada, manifestam-se nos terreiros de Umbanda, guardando os procedimentos ali adotados. "( Pinga fogo  II.  Espírito Emmanuel/ Chico Xavier)

A Umbanda considera a pomba-gira e outras entidades como espíritos de luz, porém nesta entrevista Chico Xavier deixou bem claro que as entidades da Umbanda, na sua grande maioria, são espíritos simples, ou seja, sem muita evolução, e ainda apegados aos fluidos do cigarro e do álcool (sensações terrenas). Grande parte deles não conseguem abandonar os seus vícios materiais,  pois há muitos espíritos na Umbanda que pedem para os médiuns usarem o cigarro e o álcool.

Segundo Allan Kardec, " Os Espíritos realmente superiores não só dizem unicamente coisas boas, como também as dizem em termos isentos, de modo absoluto, de toda trivialidade. Por melhores que sejam essas coisas, se uma única expressão denotando baixeza as macula, isto constitui um sinal indubitável de inferioridade; com mais forte razão, se o conjunto do ditado fere as conveniências pela sua grosseria. A linguagem revela sempre a sua procedência, quer pelos pensamentos que exprime, quer pela forma, e, ainda mesmo que algum Espírito queira iludir-nos sobre a sua pretensa superioridade, bastará conversemos algum tempo com ele para a apreciarmos."(O Livro dos Médiuns. 2ª parte. Cap. 24. Item  263. Allan Kardec)  "Os Espíritos superiores nenhum outro sinal têm para se fazerem reconhecer além da superioridade das suas ideias e de sua linguagem. " (O Livro dos Médiuns. 2ª parte. Cap. 24. Item  268. Allan Kardec)
Com relação as manifestações de espíritos de pretos-velhos (antigos escravos) e caboclos (índios) na Umbanda,  Herculano Pires faz o seguinte esclarecimento:

"No Brasil as manifestações de negros e índios são altamente consideradas no meio culto. Um episódio curioso deve ser lembrado como altamente significativo. O cirurgião-dentista católico, Dr. Urbano de Assis Xavier, começou a sofrer inesperadamente de ocorrências mediúnicas, que atribuiu a manifestações epileptóides. Um espírito de negro velho, que dava o nome de Pai Jacó, aconselhou-o a procurar em Matão (SP) o farmacêutico Cairbar Schutel, de origem alemã, diretor de um jornal e uma revista espíritas. Schutel resolveu submetê-lo a uma experiência mediúnica, mas disse: "Não me agrada a presença desse preto velho". Realizada a experiência, Schutel disse a Urbano: "Nunca gostei dessas manifestações de negros e índios, mas o seu Pai Jacó encheu-me as medidas, revelando um conhecimento doutrinário que me assombrou." Mais tarde Pai Jacó explicou a Schutel que ele havia sido um médico holandês em encarnação anterior, mas na última viera como negro. E como nela aprendera e desenvolvera a virtude da humildade, preferia manifestar-se como preto velho.
A famosa médium Yvonne Pereira relata o caso de um índio brasileiro que a auxiliava em seus desprendimentos mediúnicos, salvando-a de dificuldades diversas. Um ilustre magistrado da Justiça Paulista recebia, ele mesmo, como médium em seus trabalhos regulares de Espiritismo, o espírito de um índio.
(...)Negros e índios dotados de humildade, não apegados às suas religiões de origem selvagem, formam na linha humilde dos voluntários de boa-vontade que nada querem para si mesmos e tudo almejam de verdadeiro e bom, de legítimo e puro para toda a Humanidade. Igualam-se na simplicidade natural dos povos primitivos. "(Ciência espírita e suas implicações terapêuticas. Cap. 9. J. Herculano Pires)

Portanto, os Espíritas reconhecem que há Espíritos evoluídos que se manifestam na Umbanda, como por exemplo, alguns pretos-velhos e índios, que não são mais apegados aos seus rituais antigos e sensações terrenas, porém o Espírita jamais poderia considerar que a pomba-gira e demais entidades sejam espíritos de luz, devido às suas características que denotam inferioridade. 

O Espírito Ângelo Inácio ainda exige que os Espíritas aceitem as convicções da Umbanda, demonstrando contraditoriamente que deseja a fusão de ideias das duas religiões, vejamos o ele que diz: "Quando o adepto toma o banho com a mistura de ervas, todo o magnetismo que está ali associado provoca, em alguns casos, um choque energético ou uma reconstituição das camadas mais externas de sua aura. Na verdade, isso não tem nenhuma relação com o misticismo; é científico. Sob a influência abençoada das ervas, muitos benefícios têm sido alcançados por inúmeras pessoas. Irmãos nossos de outras confissões religiosas, mesmo os espíritas, julgam que tais providências são um absurdo e recusam qualquer receituário que venha com tais indicações. Estão até indo contra os métodos empregados pelo mestre Allan Kardec, pois recusam-se a pesquisar, questionar, certificar-se cientificamente dos efeitos benéficos desses recursos da natureza. A própria essência do Espiritismo é a pesquisa, a comprovação dos fatos. Mas recusam-se a pesquisar, a comprovar, e muitos reputam como misticismo algumas práticas." (Tambores de Angola. Cap. 9. Espírito Ângelo Inácio.  Robson Pinheiro)

É preciso ressaltar, que nas obras de Allan Kardec não há nenhum relato de que banho com mistura de ervas tenha alguma eficácia ou comprovação científica, seja para curar, receber energia ou realizar limpeza de fluidos maléficos, métodos empregados pela Umbanda. Não vemos também isto sendo empregado pelos bons Espíritos nas obras psicografadas por Chico Xavier, o próprio médium, por exemplo, utilizava sua mediunidade receitista apenas para receitar medicamento homeopático no Centro Espírita.

Não devemos confudir o método empregado pela Umbanda com o poder curativo das águas termais, conforme foi descrito no Evangelho, quando Jesus curou um homem que estava doente há 38 anos, enquanto esperava ser curado na piscina de Betesba. (Vide: João, 5:1-17)

De acordo com Allan Kardec, " A piscina de Betesda, em Jerusalém, era uma cisterna, próxima ao Templo, alimentada por uma fonte natural, cuja água parece ter tido propriedades curativas. Era, sem dúvida, uma fonte intermitente que, em certas épocas, jorrava com força, agitando a água. Segundo a crença vulgar, esse era o momento mais propício às curas. Talvez que, na realidade, ao brotar da fonte a água, mais ativas fossem as suas propriedades, ou que a agitação que o jorro produzia na água fizesse vir à tona a vasa salutar para algumas moléstias. Tais efeitos são muito naturais e perfeitamente conhecidos hoje; mas, então, as ciências estavam pouco adiantadas e à maioria dos fenômenos incompreendidos se atribuíam uma causa sobrenatural." (A Gênese. Cap. 15. Item 22. Allan Kardec )

Atualmente, há pesquisadores, tais como, Samanta Nunes e Bhertha Miyuki Tamura que fazem maiores esclarecimentos sobre este assunto :  " No século XIX, as águas termais eram procuradas por sua capacidade de cura...

Várias foram as teses de medicina produzidas sobre as águas minerais. A primeira data de 1841 foi escrita por Antônio Maria de Miranda Castro, que enfatiza as potencialidades das águas...

No século XX as estações hidrominerais foram reconhecidas como lugares de cura e de turismo, o que se refletiu na publicação de alguns trabalhos técnico-científicos.

A água desempenha papel importante no tratamento dermatológico, através da sua hidratação, higienização e como veículo.

As águas utilizadas para tratar as doenças dermatológicas contêm vários produtos químicos e propriedades físicas específicas. Geralmente ricas em enxofre, sulfeto de hidrogênio e sulfatos, são utilizadas em muitos países que possuem uma variedade de fontes minerais e lamas que são consideravelmente diferentes umas das outras, em virtude de sua origem hidrogeológica, temperatura e composição química.

As principais doenças dermatológicas frequentemente tratadas por balneoterapia com elevada taxa de sucesso são a psoríase e a dermatite atópica, mas são assim tratadas também outras condições, como acne, alopecia areata, dermatite de contato, eczema, granuloma anular, ictiose vulgar, líquen plano, líquen escleroso e atrófico, micose fungoide, necrobiose lipóidica, queratose palmoplantar, pitiríase rubra pilar, prurido, rosácea, esclerodermia, sebopsoríase, dermatite seborreica, úlcera crônica, urticária pigmentosa, vitiligo e xerose. A água termal vem sendo proposta como agente anti-inflamatório e hidratante leve.

(...)Recentemente, estudos clínicos têm sido publicados revelando tais ações não apenas na dermatologia, mas também na reumatologia. " ( Revisão histórica das águas termais. Surgical & Cosmetic Dermatology, vol. 4, núm. 3, 2012, pp. 252-258. Sociedade Brasileira de Dermatologia)

Portanto, constata-se que há propriedades curativas nas águas minerais para algumas doenças, porém não há nenhum estudo dizendo que o banho com mistura de ervas possui alguma eficácia.

Há outro relato na Revista Espírita sobre o benefício de uma pomada feita com plantas medicinais receitada por um Espírito à médium de Allan Kardec, vejamos: "A senhorita Dufaux estava afetada de um mal na perna, muito grave e muito antigo, e que havia resistido a todo tratamento. Cansada do emprego inútil de tantos remédios, um dia perguntou a seu Espírito protetor se para ela não haveria cura possível.
─ Sim, ─ respondeu ele. ─ Serve-te da pomada de teu tio.
─ Mas vós sabeis que a receita se perdeu.
─ Eu vou te dar ─ disse o Espírito. Depois ditou o seguinte:
"Açafrão - 20 centigramas
"Cominho - 4 gramas
"Cera amarela - 31 a 32 gramas
"Óleo de amêndoas doces - uma colher
"Derreter a cera e depois juntar o óleo de amêndoas doces; juntar o açafrão e o cominho num saquinho de pano fino e ferver durante dez minutos em fogo brando. Espalhar a   pomada   num pedaço de pano e cobrir com ele a parte doente. Renovar diariamente o tratamento.
"Antes da aplicação do unguento é preciso lavar a ferida com água de malva ou outra loção refrescante. "
Tendo seguido a prescrição, em pouco tempo a perna da senhorita Dufaux estava cicatrizada, a pele restaurada e, desde então, não sobreveio qualquer acidente. Também sua lavadeira foi, felizmente, curada de mal idêntico."  (Revista Espírita. Novembro de 1862. Remédio dado pelos espíritos. Allan Kardec)

Outras pomadas feitas com plantas naturais, tais como por exemplo a arnica, também concentradas numa quantidade específica, possuem propriedades para curar inflamações, mas ainda não existem relatos de que banho com ervas há propriedades curativas.

Sabemos, na realidade, que a prática mais utilizada no Espiritismo para a cura das doenças  é o passe magnético, método muito utilizado  por Jesus Cristo e explicado pelos Espíritos Superiores. Segundo Allan Kardec, "Todo magnetizador pode tornar-se médium curador, se souber fazer-se assistir por bons Espíritos. (...) Como a todos é  dado apelar aos bons Espíritos, orar e querer o bem, muitas vezes basta impor as mãos sobre uma dor para acalmá-la; é o que pode fazer qualquer indivíduo, se ele estiver dotado de fé, fervor, vontade e confiança em Deus. " (Revista Espírita. Setembro de 1865. Da mediunidade curadora. Allan Kardec)

A água fluidificada, tomada por via oral, também é um outro método realizado para curar doenças recomendado pelos bons Espíritos: " A água pode ser fluidificada, de modo geral, em benefício de todos; todavia, pode sê-lo em caráter particular para determinado enfermo, e, neste caso, é conveniente que o uso seja pessoal e exclusivo. " (O Consolador. Questão 103. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier).

"Ora, desde que ele pode operar uma modificação nas propriedades da água, pode também produzir um fenômeno análogo com os fluidos do organismo, donde o efeito curativo da ação magnética, convenientemente dirigida. "(O Livro dos Médiuns. Cap. 8. Item 131. Allan Kardec)

Em resumo: "A substância fluídica produz um efeito análogo ao da substância medicamentosa, com esta diferença: sendo maior a sua penetração, em razão da tenuidade de seus princípios constituintes, age mais diretamente sobre as moléculas primeiras do organismo do que o podem fazer as moléculas mais grosseiras das substâncias materiais. Em segundo lugar, sua eficácia é mais geral, sem ser universal, porque suas qualidades são modificáveis pelo pensamento, enquanto as da matéria são fixas e invariáveis e não podem aplicar-se senão em determinados casos.

(...) Concebe-se que em semelhantes casos os medicamentos terapêuticos, destinados, por sua natureza, a agir sobre a matéria, não tenham eficácia sobre um agente fluídico; por isso a medicina ordinária é impotente em todas as moléstias causadas por fluidos viciados, e elas são numerosas. À matéria pode-se opor a matéria, mas a um fluido mau é preciso opor um fluido melhor e mais poderoso. A medicina terapêutica naturalmente falha contra os agentes fluídicos; pela mesma razão, a medicina fluídica falha onde é preciso opor a matéria à matéria; a medicina homeopática nos parece ser o intermediário, o traço de união entre esses dois extremos, e deve particularmente triunfar nas afecções que poderiam. "(Revista Espírita.  Março de 1868. Ensaio Teórico das Curas Instantâneas. Allan Kardec )

Sendo assim,  o Espiritismo e a ciência mostram que  o banho com ervas está vinculado ao misticismo, pois não há nenhuma comprovação científica.

Em outra parte do livro "Aruanda", há mais críticas aos Espíritas, quando  Pai João faz os seguintes apontamentos:

"- Meus filhos, se permitem a intromissão de nego velho, tanto a Umbanda, que é uma religião tipicamente brasileira, produto de influências diversas, quanto os cultos de origem propriamente africana são cultos que trazem elementos mágicos. Termos como feitiço, magia e encanto são comuns à Umbanda e ao Candomblé. Contudo, ainda hoje, a grande maioria dos espíritas ignora os mecanismos da magia: tanto a dita magia branca, quanto a magia negra.

- Alguns chegam ao disparate de afirmar, inclusive, que não existe magia negra - completei. Insinuando um leve sorriso, prosseguiu o pai-velho:

Acredito, Ângelo, que tanto você quanto eu perturbamos um pouco a tranqüilidade dos espíritas ortodoxos. (...)- É que nós abordamos, em nossos livros, temas desconcertantes para a turma apegada à ortodoxia doutrinária. Acho até que os demais espíritos que utilizam o mesmo médium que nós, cada um a sua maneira, estejam igualmente incomodando muita gente que aprecia a tão falada "pureza doutrinária"." (Aruanda. Cap. 8. Espírito Ângelo Inácio.  Robson Pinheiro)

Allan Kardec conhecia muito bem sobre o conceito de magia negra, não ignorava o seus efeitos, porém faz os seguintes esclarecimentos:

"A palavra  magia, que outrora significava ciência dos sábios, pelo abuso que dela fizeram a superstição e o charlatanismo, perdeu seu significado primitivo. Está hoje desacreditada com razão e cremos difícil reabilitá-la, por estar, desde então, ligada à ideia das operações cabalísticas, dos grimórios, dos talismãs e de uma porção de práticas supersticiosas condenadas pela razão sadia."(Revista Espírita. Outubro de 1864. O sexto sentido e a visão espiritual. Allan Kardec)

"Ali o sagrado e o profano estão indignamente confundidos; os mais venerados nomes são misturados às mais ridículas práticas de  magia negra, acompanhadas de sinais e termos cabalísticos, talismãs, tripés sibilinos e outros acessórios. Alguns adicionam, como complemento, e por vezes com objetivo de lucro, a cartomancia, a quiromancia, a borra de café, o sonambulismo pago etc. Espíritos complacentes, que aí encontram intérpretes não menos complacentes, predizem o futuro, leem a buena-dicha, descobrem tesouros ocultos (...)  e, caso necessário, indicam o curso da bolsa e os números premiados na loteria. Depois, um belo dia, a justiça intervém, ou a gente lê nos jornais a descrição de uma sessão espírita à qual o autor assistiu e conta o que viu; o que viu com seus próprios olhos."(Revista Espírita. Março de 1863. Falsos irmãos e amigos ineptos. Allan Kardec)

No entanto, Allan Kardec adverte: "Em todos os tempos, os Espíritos Superiores condenaram o emprego de  signos e de formas cabalísticas, e todo Espírito que lhes atribui uma virtude qualquer ou que pretende dar talismãs que denotam magia, por aí revela a própria inferioridade, quer quando age de boa-fé e por ignorância, levado por antigos preconceitos terrenos, de que ainda se acha imbuído, quer quando conscientemente se diverte com a credulidade, como Espírito zombeteiro. (...) Quem quer que tenha estudado a natureza dos Espíritos, não poderá racionalmente admitir sobre eles a influência de formas convencionais, nem de substâncias misturadas em certas proporções. Seria renovar as práticas do caldeirão das feiticeiras, dos gatos pretos, das galinhas pretas e de outras secretas maquinações."(Revista Espírita. Setembro de 1858. Os talismãs. Allan Kardec) 

Em "O Livro dos Espíritos", os Espíritos Superiores trazem outros esclarecimentos sobre este assunto:

551. Pode um homem mau, com o auxílio de um mau Espírito que lhe seja dedicado, fazer mal ao seu próximo?
"Não; Deus não o permitiria."

552. Que se deve pensar da crença no poder, que certas pessoas teriam, de enfeitiçar?
"Algumas pessoas dispõem de grande poder magnético, de que podem fazer mau uso, se maus forem seus próprios Espíritos, caso em que possível se torna serem secundadas por outros Espíritos maus. Não creias, porém, num pretenso poder   mágico , que só existe na imaginação de criaturas supersticiosas, ignorantes das verdadeiras leis da natureza. Os fatos que citam como prova da existência desse poder são fatos naturais, mal observados e sobretudo mal compreendidos."

Obs.: No entanto, em casos de hipnose, o Espírito  André Luiz explica que "para que haja sintonia nas ações que envolvam compromisso moral, é imprescindível que a onda do hipnotizador se case perfeitamente à onda do hipnotizado, com plena identidade de tendências ou opiniões, qual se estivessem jungidos, moralmente, um ao outro nos recessos da afinidade profunda." (Mecanismos da Mediunidade. Cap. 13. Espírito André Luiz.  Psicografado por Chico Xavier)

Os Espíritos Superiores afirmam: "DEUS NÃO ESCUTA A MALDIÇÃO INJUSTA e culpado perante ele se torna o que a profere. Como temos os dois gênios opostos, o bem e o mal, pode a maldição exercer momentaneamente influência, mesmo sobre a matéria. Tal influência, porém, só se verifica por vontade de Deus como aumento de prova para aquele que é dela objeto. Demais, o que é comum é serem amaldiçoados os maus e abençoados os bons. Jamais a bênção e a maldição podem desviar da senda da justiça a Providência, que nunca fere o maldito, senão quando mau, e cuja proteção não acoberta senão aquele que a merece." (O Livro dos Espíritos.  Questão 557. Allan Kardec)

" O Espiritismo e o magnetismo nos dão a chave de uma imensidade de fenômenos sobre os quais a ignorância teceu um sem-número de fábulas, em que os fatos se apresentam exagerados pela imaginação. O conhecimento lúcido dessas duas ciências que, a bem dizer, formam uma única, mostrando a realidade das coisas e suas verdadeiras causas, constitui o melhor preservativo contra as ideias supersticiosas, porque revela o que é possível e o que é impossível, o que está nas leis da natureza e o que não passa de ridícula crendice." (O Livro dos Espíritos. Questões 551 a 555. Allan Kardec)

Diante do exposto, concluímos o médium Robson Pinheiro desconhece a Doutrina Espírita, e, na realidade, é adepto da Umbanda. Infelizmente, foi usado por um falso espírito, para escrever tais livros psicografados, com intuito de prejudicar o Movimento Espírita Brasileiro com ideias distorcidas e levianas sobre os Espíritas e o Espiritismo. Ao aceitar misturar as crenças da Umbanda com os conceitos do Espiritismo, criou um sincretismo de ideias, que tem causado constantes conflitos entre os Espíritas e Umbandistas, excitando o ódio, ao invés de promover a união e a paz.

O próprio autor, o Espírito Ângelo Inácio, afirma que iria causar perturbações aos Espíritas com suas alegações, e, realmente, as suas críticas destrutivas publicadas nos seus livros, fez com que muitos dos seus seguidores desprezassem o estudo das obras publicadas por Allan Kardec, que contém a verdade, revelada pelos Espíritos Superiores .

Constata-se, portanto, que Ângelo Inácio é um falso espírito, pois de acordo com o Espiritismo, "Os bons Espíritos só prescrevem o bem. Toda máxima, todo conselho que não estiver estritamente conforme a pura caridade evangélica não pode ser obra de bons Espíritos. O mesmo acontece com toda insinuação malévola, tendente a excitar ou alimentar sentimentos de ódio, de ciúme ou de egoísmo." (Revista Espírita. Setembro de 1859. Processos para afastar os maus espíritos. Allan Kardec)

Obs.: Estes são alguns exemplos de críticas destrutivas do Espírito Ângelo Inácio aos Espíritas, porém há muito mais em seus livros. Observa-se também que faz algumas críticas brandas à Umbanda, pois seu objetivo é disfarçar que não toma partido algum, entretanto, a proposta dele é óbvia: defender a crença da Umbanda, desprezando os conceitos Espíritas.

Na sua época Allan Kardec já sofria ataques de adversários do Espiritismo e dizia: "Jamais uma doutrina filosófica dos tempos modernos causou tanta emoção quanto o Espiritismo. Jamais qualquer uma foi atacada com tanto encarniçamento. É a prova evidente de que lhe reconhecem mais vitalidade e raízes mais profundas que nas outras, pois não se toma de uma picareta para arrancar um capinzinho. Longe de se apavorar, os espíritas devem alegrar-se com isso, pois é prova da importância e da verdade da doutrina. Se ela não passasse de uma ideia efêmera e sem consistência, de uma mosca que voa, não a atacariam com tamanha violência; se fosse falsa, atacá-la-iam com argumentos sólidos que já teriam triunfado sobre ela. Entretanto, como nenhum dos argumentos que lhe opõem pôde detê-la, é que ninguém encontrou falha na couraça. Contudo, não faltaram nem boa vontade nem talento aos seus antagonistas.

(...)Deixemos, pois, essa oposição esgotar os seus recursos. Ele crescerá ainda mais quando ela tiver revelado sua própria fraqueza aos olhos de todos. O campo de combate do Cristianismo nascente era circunscrito; o do Espiritismo se estende por toda a face da Terra. O Cristianismo não pôde ser abafado sob ondas de sangue; ele cresceu por seus mártires, como a liberdade dos povos, porque era uma verdade. O Espiritismo, que é o Cristianismo apropriado ao desenvolvimento da inteligência e livre dos abusos, crescerá do mesmo modo sob a perseguição, porque também ele é uma verdade.

(...) Muitas vezes já tentaram, e tentarão de novo, comprometer a doutrina, impelindo-a por uma via perigosa ou ridícula para desacreditá-la. Hoje, semeando de forma sub-reptícia a divisão e lançando fachos de discórdia, eles esperam lançar a dúvida e a incerteza nos espíritos, provocar o desânimo verdadeiro ou simulado e fomentar a perturbação entre os adeptos. Mas não são  adversários   confessos que assim agiriam. O Espiritismo, cujos princípios têm tantos pontos de semelhança com os do Cristianismo, também deve ter os seus Judas, para que tenha a glória de sair vitorioso dessa nova prova.

(...) Como todas as ideias novas, a ideia espírita não podia deixar de ser explorada por gente que não tendo tido êxito em nada, por conduta errada ou por incapacidade, está em busca do que é novo, na esperança de aí encontrar uma mina mais produtiva e mais fácil. Se o sucesso não corresponde à sua expectativa, eles não assumem a responsabilidade, mas atribuem o insucesso à coisa, que declaram má. Essas pessoas têm apenas o nome de espíritas. 

(...) Esse conflito, embora provocado com má intenção, quer venha ele de homens, quer de maus Espíritos, é, contudo, necessário e deve trazer uma perturbação momentânea nalgumas consciências fracas, e mesmo que cause uma perturbação momentânea em algumas, terá como resultado definitivo a consolidação da unidade. Em todas as coisas não se devem julgar pontos isolados, mas ver o conjunto. É útil que todas as ideias, mesmo as mais contraditórias e as mais excêntricas, venham à luz; elas provocam o exame e o julgamento, e se forem falsas, o bom-senso lhes fará justiça: elas cairão forçosamente ante a prova decisiva do controle universal (CUEE), como já caíram tantas outras. Foi esse grande critério que fez a unidade atual; será ele que a concluirá, porque é o crivo que deve separar o bom do mau grão, e a verdade será mais brilhante quando sair do cadinho, livre de todas as escórias. O Espiritismo ainda está em ebulição; deixemos pois a espuma subir à tona e se derramar e ele apenas ficará mais depurado. 

(...)Não esqueçamos que o Espiritismo não está acabado. Ele ainda não fez senão plantar balizas, mas, para avançar com segurança, deve fazê-lo gradualmente, à medida que o terreno esteja preparado para recebê-lo e bastante consolidado para nele pôr o pé com segurança. Os impacientes, que não sabem esperar o momento propício, comprometem a colheita, como comprometem a sorte das batalhas.
Entre os impacientes há, sem dúvida, aqueles de muito boa-fé; quereriam ver as coisas irem ainda mais depressa, mas assemelham-se a essas criaturas que julgam adiantar o tempo adiantando o relógio. Outros, não menos sinceros, são levados pelo amor-próprio a chegar primeiro; semeiam antes da estação e só colhem frutos abortados. Ao lado desses, outros há, infelizmente, que empurram o carro por trás, esperando vê-lo tombar.

(...) O Espiritismo marcha a despeito de seus adversários  numerosos que não tendo podido tomá-lo pela força, tentam tomá-lo pela astúcia; eles se insinuam por toda parte, sob todas as máscaras e até nas reuniões íntimas, na esperança de aí flagrar um fato ou uma palavra que muitas vezes terão provocado e que esperam explorar em seu proveito. Comprometer o Espiritismo e torná-lo ridículo, tal é a tática com cujo auxílio esperam desacreditá-lo a princípio, para mais tarde terem um pretexto para interditar, se possível, o seu exercício público. É a cilada contra a qual é preciso manter-se em guarda, porque está armada por todos os lados, e à qual, sem querer, dão a mão os que se deixam levar pelas sugestões dos Espíritos enganadores e mistificadores.

O meio de evitar essas maquinações é seguir o mais exatamente possível a linha de conduta traçada pela doutrina; sua moral, que é a sua parte essencial, é inatacável; praticando-a, não se dá ensejo a nenhuma crítica fundada e a agressão se torna mais odiosa.  

(...) A doutrina não é ambígua em nenhuma de suas partes; ela é clara, precisa, categórica nos mínimos detalhes; só a ignorância e a má-fé podem enganar-se sobre o que ela aprova ou condena. É, pois, um dever de todos os espíritas sinceros e devotados repudiar e desautorizar abertamente, em seu nome, os abusos de todo gênero que pudessem comprometê-la, a fim de não lhes assumir a responsabilidade; pactuar com os abusos seria tornar-se cúmplice e fornecer armas aos nossos  adversários." (Revista Espírita. Junho de 1865. Nova tática dos adversários do Espiritismo. Allan Kardec)

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