O DESDOBRAMENTO PODE SER PROVOCADO SEM ALGUMA FINALIDADE ÚTIL?

O desdobramento (sonambulismo ou dupla vista, expressão usada por Allan Kardec), é um tipo de faculdade natural, mas também pode ser mediúnica, no qual a alma se desprende do corpo físico. Geralmente a pessoa já nasce com esta predisposição orgânica, que existe em diversos graus, porém não deve ser provocado por um magnetizador ou utilizado sem finalidade útil.

O fenômeno a que se dá a designação de dupla vista tem alguma relação com o sonho e o sonambulismo?

"Tudo isso é uma só coisa. O que se chama dupla vista é ainda resultado da libertação do Espírito, sem que o corpo seja adormecido. A dupla vista ou segunda vista é a vista da alma." (O Livro dos Espíritos. Questão 447. Allan Kardec)

A expressão "desdobramento", que é usada também para designar estes fenômenos, foi utilizada pelo Espírito Emmanuel.

No programa Pinga Fogo, fizeram a seguinte pergunta para Chico Xavier:

"Pergunta: Quando durmo me vejo fora do meu corpo. Não sei se é sonho. Já aconteceu duas vezes. Qual seria a explicação sobre o ponto de vista espírita?

Resposta: A isto chamamos desdobramento." (Plantão de Respostas . Pinga fogo II. Emmanuel/ Chico Xavier)

O sonambulismo natural tem alguma relação com os sonhos? Como explicá-lo?

"É um estado de independência do Espírito, mais completo do que no sonho, estado em que maior amplitude adquirem suas faculdades. A alma tem então percepções de que não dispõe no sonho, que é um estado de sonambulismo imperfeito.

No sonambulismo, o Espírito está na posse plena de si mesmo. Os órgãos materiais, achando-se de certa forma em estado de catalepsia, deixam de receber as impressões exteriores. Esse estado se apresenta principalmente durante o sono, ocasião em que o Espírito pode abandonar provisoriamente o corpo, por se encontrar este gozando do repouso indispensável à matéria." (O Livro dos Espíritos. Questão 425. Allan Kardec)

"Que é, afinal, um sonâmbulo? Espírito, como nós, e que se encontra encarnado na matéria para cumprir a sua missão, despertando dessa letargia quando cai em estado sonambúlico. Já te temos dito, repetidamente, que vivemos muitas vezes. Esta mudança é que, ao sonâmbulo, como a qualquer Espírito ocasiona a perda material do que haja aprendido em precedente existência. Entrando no estado, a que chamas crise, lembra-se do que sabe, mas sempre de modo incompleto. Sabe, mas não poderia dizer donde lhe vem o que sabe, nem como possui os conhecimentos que revela. Passada a crise, toda recordação se apaga e ele volve à obscuridade." (O Livro dos Espíritos. Questão 431. Allan Kardec)

"Os fenômenos do sonambulismo natural se produzem espontaneamente e independem de qualquer causa exterior conhecida. Mas, em certas pessoas dotadas de especial organização física, podem ser provocados artificialmente, pela ação do agente magnético.
O estado que se designa pelo nome de  sonambulismo  magnético apenas difere do sonambulismo natural em que um é provocado, enquanto o outro é espontâneo.

O sonambulismo  natural constitui fato notório, que ninguém pensa em pôr em dúvida, não obstante o aspecto maravilhoso dos fenômenos a que dá lugar. Por que seria então mais extraordinário ou irracional o sonambulismo magnético? Apenas por produzir-se artificialmente, como tantas outras coisas? Os charlatães o exploram, dizem. Razão de mais para que não lhes seja deixado nas mãos. Quando a Ciência se houver apropriado dele, muito menos crédito terão os charlatães junto às massas populares. Enquanto isso não se verifica, como o   sonambulismo natural ou artificial é um fato, e como contra fatos não há raciocínio possível, vai ele ganhando terreno, apesar da má-vontade de alguns, no seio da própria Ciência, onde penetra por uma imensidade de portinhas, em vez de entrar pela porta larga. Quando lá estiver totalmente, terão que lhe conceder direito de cidade.

Para o Espiritismo, o sonambulismo é mais do que um fenômeno fisiológico, é uma luz projetada sobre a psicologia. É aí que se pode estudar a alma, porque é onde esta se mostra a descoberto. Ora, um dos fenômenos que a caracterizam é o da clarividência independente dos órgãos ordinários da vista. Fundam-se os que contestam esse fato em que o sonâmbulo nem sempre vê, e à vontade do experimentador, como com os olhos. Será de admirar que difiram os efeitos, quando diferentes são os meios? Será racional que se pretenda obter os mesmos efeitos, quando há e quando não há o instrumento? A alma tem suas propriedades, como os olhos têm as suas. Cumpre julgá-las em si mesmas e não por analogia.

De uma causa única se originam a clarividência do sonâmbulo magnético e a do sonâmbulo natural. É um atributo da alma, uma faculdade inerente a todas as partes do ser incorpóreo que existe em nós e cujos limites não são outros senão os da própria alma. O sonâmbulo vê em todos os lugares aonde sua alma possa transportar-se, qualquer que seja a distância.

No caso de visão à distância, o sonâmbulo não vê as coisas de onde está o seu corpo, como por meio de um telescópio. Vê-as presentes, como se se achasse no lugar onde elas existem, porque sua alma, em realidade, lá está. Por isso é que seu corpo fica como que aniquilado e privado de sensação, até que a alma volte a habitá-lo novamente. Essa separação parcial da alma e do corpo constitui um estado anormal, suscetível de duração mais ou menos longa, porém não indefinida. Daí a fadiga que o corpo experimenta após certo tempo, mormente quando a alma se entrega a um trabalho ativo.

A vista da alma ou do Espírito não é circunscrita e não tem sede determinada. Eis por que os sonâmbulos não lhe podem marcar órgão especial. Veem porque veem, sem saberem o motivo nem o modo, uma vez que, para eles, na condição de Espíritos, a vista carece de foco próprio. Se se reportam ao corpo, esse foco lhes parece estar nos centros onde maior é a atividade vital, principalmente no cérebro, na região do epigastro, ou no órgão que é, para eles, o ponto de ligação mais forte entre o Espírito e o corpo.

O poder da lucidez sonambúlica não é ilimitado. O Espírito, mesmo quando completamente livre, tem restringidos seus conhecimentos e faculdades conforme ao grau de perfeição que haja alcançado. Ainda mais restringidos os tem quando ligado à matéria, a cuja influência está sujeito. É o que motiva não ser universal, nem infalível, a clarividência sonambúlica. E tanto menos se pode contar com a sua infalibilidade, quanto mais desviada seja do fim visado pela natureza e transformada em objeto de curiosidade e de experimentação.

No estado de desprendimento em que fica colocado, o Espírito do sonâmbulo entra em comunicação mais fácil com os outros Espíritos encarnados, ou não encarnados, comunicação que se estabelece pelo contato dos fluidos que compõem os perispíritos e servem de transmissão ao pensamento, como o fio elétrico. O sonâmbulo não precisa, portanto, que se lhe exprimam os pensamentos por meio da palavra articulada. Ele os sente e adivinha. É o que o torna eminentemente impressionável e sujeito às influências da atmosfera moral que o envolva. Essa também a razão por que uma assistência muito numerosa e a presença de curiosos mais ou menos malevolamente lhe prejudicam de modo essencial o desenvolvimento das faculdades que, por assim dizer, se retraem, só se desdobrando com toda a liberdade num meio íntimo ou simpático. A presença de pessoas mal-intencionadas ou antipáticas lhe produz efeito idêntico ao do contato da mão na sensitiva.

O sonâmbulo vê ao mesmo tempo o seu próprio Espírito e o seu corpo, os quais constituem, por assim dizer, dois seres que lhe representam a dupla existência corpórea e espiritual, existências que, entretanto, se confundem mediante os laços que as unem. Nem sempre o sonâmbulo se apercebe de tal situação, e essa dualidade faz que muitas vezes fale de si como se falasse de outra pessoa. É que ora é o ser corpóreo que fala ao ser espiritual, ora é este que fala àquele.

Em cada uma de suas existências corporais o Espírito adquire um acréscimo de conhecimentos e de experiência. Esquece-os parcialmente, quando encarnado em matéria por demais grosseira, porém deles se recorda como Espírito. Assim é que certos sonâmbulos revelam conhecimentos acima do grau da instrução que possuem e mesmo superiores às suas aparentes capacidades intelectuais. Portanto, da inferioridade intelectual e científica do sonâmbulo, quando desperto, nada se pode inferir com relação aos conhecimentos que porventura revele no estado de lucidez. Conforme as circunstâncias e o fim que se tenha em vista, ele os pode haurir da sua própria experiência, da sua clarividência relativa às coisas presentes, ou dos conselhos que receba de outros Espíritos. Mas, podendo o seu próprio Espírito ser mais ou menos adiantado, possível lhe é dizer coisas mais ou menos certas." (O Livro dos Espíritos. Questão 455. Allan Kardec)

Porque então nem todos são sonâmbulos?
"É que ainda ignorais que todos vós o sois, mesmo sem sono e bem acordados, mas em graus diversos." (Revista Espírita. Março de 1859. Palestras familiares de além-túmulo. Sra. Reynaud / Allan Kardec)

É possível ser bom sonâmbulo  sem  possuir um Espírito de ordem elevada?
"Sim. As faculdades sempre estão em concordância. Apenas vos enganais quando pensais que essas faculdades requer em  boas disposições. Não, o que pensais ser bom, muitas vezes é ruim. Se não compreendeis, eu desenvolverei esta ideia. Há sonâmbulos que conhecem o futuro e contam fatos passados dos quais nenhum conhecimento possuem em estado normal. Outros há que descrevem perfeitamente o caráter das pessoas que os interrogam; diz em a idade exatamente, assim como a quantia que têm no bolso, etc. Isto não requer nenhuma superioridade real. É apenas o exercício da faculdade que o Espírito possui e que se manifesta nos sonâmbulos adormecidos. O que requer uma real superioridade é o em prego que podem fazer para o bem; é a consciência do b em  e do mal; é conhecer Deus melhor que os homens o conhecem; é poder dar conselhos aptos a fazer progredir no caminho do bem e da felicidade. " (Revista Espírita. Março de 1859. Palestras familiares de além-túmulo. Sra. Reynaud / Allan Kardec)

O desenvolvimento maior ou menor da clarividência sonambúlica depende da organização física, ou só da natureza do Espírito encarnado?

"De uma e outra. Há disposições físicas que permitem ao Espírito desprender-se mais ou menos facilmente da matéria." (O Livro dos Espíritos. Questão 433. Allan Kardec)

Se o desdobramento (ou sonambulismo) depende da organização física e do espírito encarnado, nem todas as pessoas conseguem com facilidade provocar o desdobramento em uma pessoa ou desenvolver esta faculdade, alguns podem ser refratários.

O desdobramento natural numa reunião de desobsessão, por exemplo, serve para o médium ver o que está ocorrendo no mundo espiritual e relatar para o doutrinador, pode receber a ajuda de um Espírito bom ou não. No entanto, é preciso ter cuidado, pois segundo Raul Teixeira: "O sono pode, ainda, ser provocado por entidades espirituais que nos espreitam e que não têm nenhum interesse em nosso aprendizado para o nosso equilíbrio e crescimento.  Muitas vezes, os companheiros questionam. 'Mas nós estamos no Centro Espírita, estamos num campo protegido e como o sono nos perturba?" Temos que entender que tais entidades hipnotizadoras podem não penetrar o circuito de forças vibratórias da Instituição ficam do lado de fora. Mas, a pessoa que entrou no Centro, na reunião não sintonizou-se com o ambiente, continua vinculada aos que se conservam fora, e através dessa porta, desse plug aberto, ou dessa tomada, as entidades que ficaram lá de fora lançam seus tentáculos mentais, formando uma ponte. Então, estabelecida a ligação atuam na intimidade dos centros neuroniais desses incautos, que dormem, que se dizem desdobrar: "Eu não estava dormindo... apenas desdobrei, eu ouvi tudo... "Eles viram e ouviram tudo o que não fazia parte da reunião. Foram fazer a viagem com as entidades que os narcotizaram." (Diretrizes de segurança. Item 53. Raul Teixeira)

Qual a causa do entorpecimento produzido pela ação magnética?
" A agitação produzida pela sobrecarga de fluido que o magnetizado acumula." (Revista Espírita. Março de 1859. Palestras familiares de além-túmulo. Sra. Reynaud / Allan Kardec)

"Induzidos pelo impacto de comando do hipnotizador, os hipnotizados produzem oscilações mentais com freqüência peculiar a cada um, oscilações essas que, partindo deles, entram automaticamente em relação com a onda de forças positivas do magnetizador, voltando a eles próprios com a sugestão que lhes é desfechada, estabelecendo para si mesmos o campo alucinatório em que lhe responderão aos apelos.

Cada instrumento, nesse passo, após demonstrar obediência característica, revelar-se-á em determinado grau de passividade.

A maioria estará em posição de hipnose vulgar, alguns cairão em letargia e alguns raros em catalepsia ou sonambulismo.

Nos dois primeiros casos (isto é, na hipnose e na letargia), as pessoas apassivadas, à frente do magnetizador, terão libertado, em condições anômalas, certa classe de aglutininas mentais que facultam o sono comum, obscurecendo os núcleos de controle do Espírito, nos diversos departamentos cerebrais. Além disso, correlacionam-se com a onda-motor da vontade a que se sujeitam, substancializando, na conduta que lhes é imposta, os quadros que se lhes apresentem.

Nos dois segundos (na catalepsia e no sonambulismo provocado), as oscilações mentais dos hipnotizados, a reagirem sobre eles mesmos, determinam o desprendimento parcial ou total do perispírito ou psicossoma, que, não obstante mais ou menos liberto das células físicas, se mantém sob o domínio direto do magnetizador, atendendo-lhe as ordenações."  (Mecanismo da Mediunidade. Cap. 13. Espírito André Luiz.  Psicografado por Chico Xavier)

" Bem sabemos, hoje, pelos informes da Doutrina Espírita, dos riscos que corre o Espírito desatento e desprevenido, em tais desdobramentos ". (Diálogo com as sombras. Cap. 38. Hermínio C. Miranda).

Segundo os Espíritos Superiores,  aqueles que se sintonizarem com as faixas inferiores, "esses vão, enquanto dormem, ou a mundos inferiores à Terra, onde os chamam velhas afeições, ou em busca de gozos quiçá mais baixos do que os em que aqui tanto se deleitam. Vão beber doutrinas ainda mais vis, mais ignóbeis, mais funestas do que as que professam entre vós. "(O Livro dos Espíritos .Questão 402 . Allan Kardec)

"Muitos ignoram como isso é autêntico, duma trágica e dolorosa autenticidade. Companheiros encarnados, até mesmo declaradamente espíritas, comparecem a esses núcleos de alucinação dos sentidos, ou aos centros de irradiação de doutrinas nefastas que tentam, aqui, entre nós, implantar, como "reformulações", "modernizações" e "atualizações" da Doutrina Espírita, ou fundam movimentos paralelos, tão logo  lhes seja possível apossarem-se de organizações terrenas que lhes forneçam a base de que necessitam para os seus propósitos. É lá, nessas regiões tenebrosas, que se praticam as mais lamentáveis formas de lavagem cerebral e hipnose." (Diálogo com as sombras. Cap. 38. Hermínio C. Miranda)

De acordo com o Espírito André Luiz, "Raros Espíritos encarnados conseguem absoluto domínio de si próprios, em romagens de serviço edificante fora do carro de matéria densa. Habituados à orientação pelo corpo físico, ante qualquer surpresa menos agradável, na esfera de fenômenos inabituais, procuram instintivamente o retorno ao vaso carnal, à maneira do molusco que se refugia na própria concha, diante de qualquer impressão em desacordo com os seus movimentos rotineiros." (Nos domínios da mediunidade. Cap. 11. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)

Quais as qualidades morais que podem ajudar o sonâmbulo no desenvolvimento de sua faculdade?
" As boas. Perguntastes quais as que podem ajudar."

Quais os defeitos que mais o prejudicam?
" A má-fé." (Revista Espírita. Março de 1859. Palestras familiares de além-túmulo. Sra. Reynaud / Allan Kardec)

Pois que a sua clarividência é a de sua alma ou de seu Espírito, por que é que o sonâmbulo não vê tudo e tantas vezes se engana?

"Primeiramente, aos Espíritos imperfeitos não é dado verem tudo e tudo saberem. Não ignoras que ainda partilham dos vossos erros e prejuízos. Depois, quando unidos à matéria, não gozam de todas as suas faculdades de Espírito. Deus outorgou ao homem a faculdade sonambúlica para fim útil e sério, não para que se informe do que não deva saber. Eis por que os sonâmbulos nem tudo podem dizer." (O Livro dos Espíritos. Questão 430. Allan Kardec)

"Necessariamente incompleta e imperfeita é a vista espiritual nos Espíritos encarnados e, por conseguinte, sujeita a aberrações. Tendo por sede a própria alma, o estado desta há de influir nas percepções que aquela vista faculte. Segundo o grau de desenvolvimento, as circunstâncias e o estado moral do indivíduo, pode ela dar, quer durante o sono, quer no estado de vigília: 1.º a percepção de certos fatos materiais e reais, como o conhecimento de alguns que ocorram a grande distância, os detalhes descritivos de uma localidade, as causas de uma enfermidade e os remédios convenientes; 2.º a percepção de coisas igualmente reais do mundo espiritual, como a presença dos Espíritos; 3.º imagens fantásticas criadas pela imaginação, análogas às criações fluídicas do pensamento . Estas criações se acham sempre em relação com as disposições morais do Espírito que as gera. É assim que o pensamento de pessoas fortemente imbuídas de certas crenças religiosas e com elas preocupadas lhes apresenta o inferno, suas fornalhas, suas torturas e seus demônios, tais quais essas pessoas os imaginam. Às vezes, é toda uma epopeia. Os pagãos viam o Olimpo e o Tártaro, como os cristãos veem o inferno e o paraíso. Se, ao despertarem, ou ao saírem do êxtase, conservam lembrança exata de suas visões, os que as tiveram tomam-nas como realidades confirmativas de suas crenças, quando tudo não passa de produto de seus próprios pensamentos. Cumpre, pois, se faça uma distinção muito rigorosa nas visões extáticas, antes que se lhes dê crédito. A tal propósito, o remédio para a excessiva credulidade é o estudo das leis que regem o mundo espiritual." (A Gênese. Cap. 14. Item 27. Allan Kardec)

"As pessoas dotadas de visão espiritual podem ser consideradas médiuns? Sim e não, conforme as circunstâncias. A mediunidade consiste na intervenção dos Espíritos. O que se faz por si mesmo não é um ato mediúnico. Aquele que possui a visão espiritual vê por seu próprio Espírito e nada implica a necessidade do concurso de um Espírito estranho. Ele não é médium porque vê, mas por suas relações com outros Espíritos. Conforme sua natureza boa ou má, os Espíritos que o assistem podem facilitar ou entravar sua lucidez, fazer-lhe ver coisas justas ou falsas, o que também depende do objetivo a que se propõe e da utilidade que possam apresentar certas revelações. Aqui, como em todos os outros gêneros de mediunidade, as questões fúteis e de curiosidade, as intenções não sérias, os pontos de vista cúpidos e interesseiros, atraem os Espíritos levianos, que se divertem à custa das pessoas muito crédulas e se alegram por mistificá-las. Os Espíritos sérios só intervêm nas coisas sérias, e o vidente melhor dotado pode nada ver se lhe não for permitido responder ao que perguntam, ou ser perturbado por visões ilusórias, a fim de punir os curiosos indiscretos. Posto possua ele sua própria faculdade, e por mais transcendente que ela seja, ele nem sempre tem a liberdade de usá-la à vontade. Muitas vezes os Espíritos dirigem o seu emprego, e se ele dela abusa, será o primeiro punido pela ingerência dos maus Espíritos." (Revista Espírita. Outubro de 1864. O sexto sentido e a visão espiritual. Allan Kardec)

"(...) Um sonâmbulo, tanto como os médiuns, pode ser assistido por um Espírito mentiroso, leviano, ou mesmo mau. Aí, sobretudo, é que as qualidades morais exercem grande influência, para atraírem os bons Espíritos". (O livro dos médiuns. Allan Kardec).

"Cumpre destacar, entretanto, a importância do estudo para quantos se vejam chamados a semelhante gênero de serviço, porque, segundo a Lei do Campo Mental, cada Espírito somente logrará chegar, do ponto de vista da compreensão necessária, até onde se lhe paire o discernimento." (Mecanismos da mediunidade. Cap. 21. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier) 

Segundo Allan Kardec, "O Espírito do sonâmbulo vê o mal, outro lhe indica o remédio. Essa dupla ação é às vezes patente e se revela, além disso, por estas expressões muito freqüentes: dizem-me que diga, ou proíbem-me que diga tal coisa. Neste último caso, há sempre perigo em insistir-se por uma revelação negada, porque se dá azo a que intervenham Espíritos levianos, que falam de tudo sem escrúpulo e sem se importarem com a verdade. "(O Livro dos Espíritos. Questão 431. Allan Kardec)

Os medicamentos prescritos por um sonâmbulo lhe são sempre indicados por outro Espírito ou o são também por instinto, como acontece com os animais que buscam a erva que lhes é salutar?
"São-lhe indicados, se ele pede conselhos, caso sua experiência não lhe baste. Ele os conhece por suas qualidades." (Revista Espírita. Março de 1859. Palestras familiares de além-túmulo. Sra. Reynaud / Allan Kardec)

Portanto, não há nenhuma orientação de Allan Kardec ou dos Espíritos Superiores para provocar o sonambulismo (ou desdobramento), em um doente para receber tratamento espiritual, assim como recomenda a prática da Apometria; mas pelo contrário, o Espiritismo ensina que o sonambulismo é uma faculdade natural que deve ser praticada com cautela, por aqueles que já a possuem espontaneamente, por causa dos enganos que podem sofrer. Jamais deve ser usada por questões fúteis e de curiosidades. Entretanto, os espiritualistas charlatões vendem cursos para o desenvolvimento desta faculdade, que denominam de "projeção astral", porém desconhecem que Deus pode lhes punir e retirar esta faculdade.

Saiba que Jesus Cristo curava os doentes apenas com a imposição das mãos (passe magnético) e afastava os maus espíritos através da prece e diálogo, sem a necessidade de provocar o desdobramento do doente. 

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