O caminho oculto

   Leonardo era um garoto aparentemente devoto e crente, e maravilhado com os conhecimentos que adquiria - nas aulas de um curso evangélico que freqüentava - sobre Jesus; queria alcançar a felicidade plena e futura junto aos justos, conforme aprendia sobre os caminhos vividos por Jesus e sua história.

    Leo, no entanto, não era lá um garoto educado, respeitoso e gentil, não era lá muito simpático com ninguém e com nada.

    Mas, ele tinha uma vontade imensa de alcançar a felicidade total e, às vezes, no meio das brincadeiras, parava para pedir silenciosamente o ensinamento necessário para conviver com os Espíritos mais Puros e com Jesus.

    Certa noite, depois de mais uma fervorosa súplica, Leo dormiu e sonhou que se encontrava em um lugar super maravilhoso, cheio de paz e de felicidade e que ao se virar se deparou com Jesus , que estava em sua companhia.

    Mais que depressa, Leo pediu ao Amigo Jesus que o ensinasse o caminho para a felicidade, pois ele queria conhecer o Paraíso e receber as lições dos Sábios e estar com os Anjos...

    Jesus, sorrindo amorosamente, sondava-lhe o coração.

    Leo, impaciente por não ter uma resposta imediata, tornou a fazer o pedido, dizendo que queria ser um benfeitor devotado e fiel.

    Jesus, o abraçou e lhe disse , com um sorriso, respondeu que iria lhe dar as revelações necessárias.

    _ Mas, Senhor, como compreenderei e saberei que elas estarão me sendo dadas?

    _ Dar-te-ei o conhecimento da estrada celeste, por diversos sinais.

    _ Quando?

    _ Hoje mesmo!

    Conversado isto Leo se viu com dificuldades de ali permanecer e... acordou cheio de contentamento, pois guardava n'alma a certeza do encontro que mantivera com Jesus.

    Enquanto tomava café , aguardava a vinda de Jesus.

    Após, foi ao encontro de seu pai, que trabalhava na hora, onde seu pai o chamou para ajudar na lavoura; mas Leo orando as condições do serviço, concluiu que seria difícil cooperar, pois ficaria todo enlameado e cansado, e respondeu:

    _ Hoje, papai, não posso ajudá-lo, tenho muitas tarefas escolares.

    _ Então, filho, não perca tempo e volte para casa e estude.

    E Leo pensava: Nada de Jesus aparecer...

    Leo, só se afastou para gozar o nada fazer. Foi caminhando para uma fonte que ficava próxima e viu que várias formigas ameaçavam o laranjal; lembrou-se do quanto ele e seus amigos usufruíam de momentos alegres nos lanches da tarde que sua mãe preparava durante as brincadeiras com o suco de laranja; mas , pensando que seria incumbido de salvar as plantas, deixou de avisar seu pai sobre elas.

    E nada de Jesus chegar... pensava Leo

    Continuando seu passeio, chegou ao curral e viu que havia uma vaca com perna quebrada e que parecia estar com muita, mas muita sede e também parecia lhe olhar suplicantemente que a ajudasse; lembrou-se dos bons serviços que o animal lhes prestava: o leite fresquinho da manhã, os doces e o alimento que utilizavam com seu leite...embora a vaquinha parecesse lhe falar diretamente, não se animou a ajuda-la, ao contrário pensou até em atormentá-la com um chicote, apenas não achou um que pudesse usar.

    E nada de Jesus... refletia Leo.

    Prosseguindo pela estrada, de volta a casa, viu um passarinho ferido, cuja asa estava machucada e lhe impedia voar, a avezinha parecia suplicar ao Leo que lhe desse assistência e carinho, parecia dizer-lhe que tinha o ninho cheio de filhotes e que esperavam alimento, por favor ajude-me em nome de nosso Pai Celestial...     Mas, Leo ó, nadinha de se deixar sensibilizar , na realidade ele achou um ótimo momento para praticar tiro ao alvo e pegando uma pedra , sem qualquer reflexão, mirou e pimba, matou-a sem compaixão.

    E Jesus , nada de aparecer... pensava Leo. 

    Seguindo seu caminho, Leo encontrou antigo trabalhador de seu pai, um velhinho de cabelos brancos que caminhava com dificuldade e carregava um fardo pesado às costas. Leo se lembrou da bondade e do carinho com que o trabalhador sempre os serviu. O Velho bondoso, sorriu-lhe e falou-lhe:

    _ Leo, recebi este trabalho, mas ao iniciar a caminhada parece que algo ocorreu, tenho a cabeça a rodar, as pernas a bambear, poderia me ajudar e auxiliar dividindo a carga comigo?

    O menino pensou que ele era mero empregado e respondeu:

    _ O senhor acha que sou seu criado? Arrebente-se como puder.

    O Velhinho nada disse diante da ingratidão, e seguiu em silêncio.

    E Leo pensava: nada de Jesus aparecer...Quando será que ele chegaria?

    Chegando em casa, parou à porta, sentou-se e ficava observando o céu. Foi quando chegou Antonino, filho de outro empregado da casa, estava ele de pés descalços e camisa em remendos, e lhe pedia respeitoso o empréstimo de um livro escolar.

    Leo, tendo o prazer de exibir a posse, lhe respondeu com superioridade:

    _ O quê? emprestar meu livro? de modo algum! Se você quiser estudar, gaste o seu próprio dinheiro.

    Antonino se foi, abatido e com lágrimas nos olhos. E Leo pensava:

    _ Nada de Jesus chegar...

    E assim passou o dia, a cada oportunidade que o Leo tinha de fazer algo fraterno, de auxílio, ou ter um sentimento de respeito, compaixão m compreensão, ele tinha, ao contrário, atitudes negativas, contrárias ao Amor. E tinha ele , Leo, passado o dia todo, esperando por Jesus.

        À noite, quando sua mãe o chamou a orar, ele respondeu:

    _ Para que orar mais? O dia passou sem que Jesus cumprisse a promessa de vir. Esperei, ansioso, que viesse me revelar a estrada celestial e nada d'Ele vir.

    A  Mãe, respondeu afetuosa e consoladora:

    _ Não se aborreça, meu filho! O Mestre, certamente, espera que você melhore o coração.

    Dito isto , houve nova cena de desrespeito e vaidade por parte de     Leo.Sua Mãe a fim de acalma-lo disse que de nada o acusava, apenas que não podíamos esperar por Jesus sem aperfeiçoarmos o coração. Assim, mesmo de má vontade, Leo fez a oração da noite.

    Foi se deitar e ao dormir novamente sonhou novamente que estava no mesmo local da noite anterior.

    _ Veria Jesus, de novo? - pensava. E enquanto isso começou a recordar de todo o dia e todas as suas atitudes levianas, descuidadas, e sentiu vergonha, imaginando que Jesus diante disso esperara outra ocasião para lhe falar.

    Foi quando ouviu a mesma voz da noite anterior a lhe chamar.... Lá estava Jesus , mas não estava com a face alegre da noite anterior, embora o olhasse com doçura. Leo, então, lhe disse:

    _ Senhor, O esperei o dia todo e não apareceu...por que não me deste os sinais prometidos?

    _ Como assim? - exclamou Jesus, surpreendido. dei-te o caminho celeste e, por dez vezes, indiquei-te os sinais da revelação Divina. entretanto, não quiseste ver. Trabalhei contigo horas inteiras, insistindo para que visses e compreendesses...

    Leo, arregalou os olhos e disse :

    _ O quê?

    Jesus, então, passou a explicar-lhe que estivera com ele no convite ao trabalho junto ao pai, esteve com os laranjas atacados pelas formigas,  esteve com a vaquinha ferida, com o pássaro machucado, com Antonino, com o velho empregado e foi colocando situação a situação onde estivera a suplicar trabalho, ajuda, proteção, amparo, respeito, bondade e que em todas as ocasiões, uma a uma, Leo preferiu escolher outros caminhos e outras formas.

    Leo, surpreso e perplexo, entendia agora as visitas invisíveis do Amigo Jesus. Embora não compreendendo tudo, arriscou a pedir perdão por não ter reconhecido os sinais. E criando novas forças perguntou:

    _ Mas, Senhor, e o caminho para o Céu?

    Jesus, sorriu benevolente, e esclareceu que ele advém da prática do bem, do aproveitamento útil e bondoso de cada hora. E Leo, perguntava o que seria dele agora, ao que Jesus respondeu:

_ Esperarei por ti, amanhã...

(Adaptado do livro ''O caminho oculto''. Psicografado por Chico Xavier)

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