O BATISMO É UMA TRADIÇÃO HUMANA OU UMA LEI DIVINA?

"Esta prática, que assinala períodos milenários, parece ter nascido na Grécia Antiga, logo após a constituição de uma seita que cultuava a Deusa da Torpeza, a quem denominavam Cotito e a quem os atenienses rendiam os seus louvores. Esta seita, constituída de sacerdotes que tinham recebido o nome de baptas, porque se banhavam e purificavam com perfumes antes da celebração das cerimônias, deixou saliente nas páginas da História esse ato como símbolo da purificação do Espírito.

O povo hebreu, contudo, não adotou esse ato religioso exaltado pelos gregos; usava, como característica da sua fé, a circuncisão, prática que consistia numa operação cruenta que Moisés, o grande legislador e diretor dos judeus havia decretado, levando em conta, sobretudo, uma necessidade higiênica, ditada pelo clima daquelas paragens.

Passados os tempos, a medida de profilaxia empregada por Moisés não tinha mais razão de ser, visto que a moléstia reinante na Palestina e no Egito havia cessado, e os povos se tornaram mais aptos para zelarem pelos seus corpos.

(...) João, profundo conhecedor dos mistérios e da ciência da Grécia, ao iniciar a sua elevada tarefa de Precursor do Cristianismo, para aparelhar devidamente o Caminho por onde as gentes deveriam aproximar-se de Jesus Cristo, tratou logo de pôr fim á circuncisão, desde que esta prática degenerara em cerimônia religiosa, sob a ação dos sacerdotes judeus. Difícil, porém, é extinguir uma idéia enraizada, bafejada, de há longo tempo, pela autoridade avoenga.

(...)E como é da sabedoria dos doutos substituir um grande mal por um mal menor, João Batista, procurando cancelar das almas a circuncisão, como cerimônia religiosa e destinada a purificar o Espírito, ciente como estava do ritual dos Sacerdotes Baptas, os Sacerdotes de Cotito, a cuja deusa os atenienses rendiam culto, deliberou substituir aquela prática cruenta da Igreja Hebraica - a circuncisão - pela imersão dos catecúmenos no Rio Jordão, ou seja, pelo batismo dos que ouvissem a sua palavra e julgassem de bom alvitre seguir os seus ensinamentos."  (O Batismo. Cap. 2. Cairbar Schutel).

Em face dos Evangelhos, pode-se afirmar peremptoriamente que o Batista batizou a Jesus?

Mas nós sabemos que esse ato se realizou, visto Mateus (3:13-17) tê-lo afirmado. (...) Mas com que fim? Será que o Espírito mais puro que veio à Terra ter-se-ia maculado, de modo a necessitar lavar-se dessas manchas? E julgava João ter o seu batismo virtude superior a do Cordeiro de Deus, como ele o chamou? Está claro que, sendo Jesus limpo e puro, não poderia: pedir asseio nem pureza a uma água como a do Jordão.

Os padres e ministros, afeitos ao batismo, dizem que Jesus assim procedeu para dar exemplo. Mas exemplo de que? No Evangelho nada consta dessa lição de exemplo. Exemplo de submissão? Mas João Batista era o primeiro a dizer que o seu batismo nenhum valor tinha, e que o fim a que foi destinada essa "prática" não foi outro que o de ficar conhecendo a Jesus e manifestá-lo, apresentá-lo às multidões.

Jesus não quis dar exemplo de espécie alguma, mas o seu fito foi dar-se a conhecer a João, o seu Precursor, para que ele se desempenhasse da missão de apresentá-lo como o Messias que devia vir. E o espírito testificou quando disse ao Batista: "Este é o meu filho dileto em quem me comprazo."

(...) Jesus não podia dizer a João: "Eu sou o Messias" porque mesmo naquele tempo muitos tratantes se diziam "messias" representantes de Deus.

Ele tinha de revelar-se como Messias e não se dizer Messias, e o Espírito precisava testificar, como aconteceu."(Parábolas e ensinos de Jesus. O Batismo de Jesus e o batismo das Igrejas. Cairbar Schutel).

"Alguns poderão indagar: neste caso o batismo ministrado pelas Igrejas não tem nenhum valor? Certamente que não, porque não consta dos Evangelhos que Jesus, ou qualquer dos seus apóstolos, batizassem crianças ou adultos pela forma que elas o fazem. Eles batizavam, sim, mas com os ensinamentos evangélicos, e não com água dos rios, dos mares ou das cisternas." (O Batismo. Cap. 5. Cairbar Schutel)

"Paulo disse: Certamente João batizou com o batismo de arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que após ele havia de vir, isto é, em Jesus Cristo. E os que OUVIRAM foram batizados em nome de Jesus." (Atos 19:4-5)

O Espírito Emmanuel esclarece: "Aí reside a sublime verdade. A bendita renovação da alma pertence àqueles que ouviram os ensinamentos do Mestre Divino, exercitando-lhes a prática.  Muitos recebem notícias do Evangelho, todos os dias, mas somente os que OUVEM estarão transformados." (Caminho, Verdade e Vida. Espírito Emmanuel.  Psicografado por Chico Xavier)

João Batista havia dito: "Eu, na verdade, vos batizo com água para o arrependimento; mas aquele que há de vir depois de mim, é mais poderoso do que eu, e não sou digno de levar-lhe as sandálias; Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo" (Mateus 3:11). (O Batismo. Cap. 5. Cairbar Schutel).

"O batismo de fogo, pois, com o qual Jesus nos batiza, é o esforço que ele nos convida a fazer para que nos livremos das paixões inferiores, que nos dominam; livres delas, estaremos batizados, isto é,puros diante de Deus, nosso Pai.

O Espírito Santo é a denominação dada à coletividade dos espíritos desencarnados, que lutam pela implantação do reino de Deus na face da terra.

Batizar-se no Espírito Santo significa receber-se a mediunidade. Todos os que recebem a mediunidade se colocam à disposição dos espíritos do Senhor para os trabalhos de evangelização que se desenvolvem no plano terrestre. É um batismo de renúncia, devotamento, abnegação e humildade. Todos são chamados para o sagrado batismo do Espírito Santo, porque todos podem trabalhar para o advento do reino dos céus. "(O Evangelho dos Humildes. O batismo de Jesus. Eliseu Rigonatti)

Jesus nunca batizou ninguém, apenas divulgava a Boa Nova,  curava com a imposição das mãos e  expulsava os demônios, ou seja, os Espíritos maus .

"Além disso, não podemos admitir que Jesus tivesse de se purificar, visto que o batismo, segundo as Igrejas, é para limpar a mancha do chamado pecado original. Jesus personificava a pureza e constituiu-se o Caminho, a Verdade e a Vida, não necessitando, portanto, de limpar a mancha do pecado original, porque Ele não tinha essa mancha!

A expressão pecado original foi sugerida pelas religiões que, não conhecendo a verdadeira finalidade do batismo, e para justificar o batismo de água, afirmam que o pecado, oriundo da desobediência de Adão e Eva, se transmitiu às gerações e só pode ser cancelado pelo batismo de água, invalidando, assim, a sentença divina: "A cada um será dado segundo as suas obras" (Salmos 62:12; Isaías 3:10; Jeremias 17:10; Mateus 16:27; Romanos 2:6; Apocalipse 22:12). (O Batismo. Cap. 5. Cairbar Schutel).

O mais ardoroso dos pregadores, Paulo de Tarso, apóstolo dos gentios, batizou poucas vezes, em atenção às injunções do momento. Ele mesmo afirmou que sua verdadeira missão era Evangelizar, dizendo:

"Dou graças [a Deus] porque a nenhum de vós batizei, exceto Crispo e Gaio; para que ninguém diga que fostes batizados em meu nome. Batizei também a casa de Estéfanas; além destes, não me lembro se batizei algum outro. Porque não me enviou Cristo para batizar, mas para pregar o evangelho. "(1 Corintios 1:10-17)         

Segundo Herculano Pires, "Batismo quer dizer iniciação e na época de Jesus foi usado  apenas como meio de despertar a atenção dos homens de então para a realidade da nova doutrina que o Messias trazia à Terra.

Essa prática foi deturpada por várias igrejas cristãs, que a converteram em simples interpretação sacramental de dogmas teológicos. " (O sentido da vida. J. Herculano Pires)

De acordo com o Espírito Emmanuel,  "Determinadas cerimônias materiais, nesse sentido, eram compreensíveis nas épocas recuadas em que foram empregadas.  Sabemos que o curso primário, na instrução infantil, necessita de colaboração de figuras para que a memória da criança atravesse os umbrais do conhecimento. "(Caminho, Verdade e Vida. Espírito Emmanuel.  Psicografado por Chico Xavier)

No entanto, hoje em dia, os Espíritas compreendem, através da fé raciocinada, que não há necessidade de se submeterem aos rituais antigos para obterem a salvação.

Considerando os ensinamentos do Cristo e dos Espíritos Superiores, que explicam que a união da alma e do corpo inicia-se na concepção, os Espíritas utilizam como base o raciocínio lógico de Allan Kardec, que faz a seguinte elucidação: "(...) a Igreja ensina que a alma só será salva pelo  batismo ; ora, como a morte natural intra-uterina é muito frequente, que aconteceria a essa alma que, segundo a Igreja, fosse privada do único meio de salvação, caso existisse no corpo antes do nascimento? Para ser coerente, seria necessário que o batismo fosse realizado, senão de fato, pelo menos intencionalmente, depois do momento da concepção." (Revista Espírita. Março de 1858. Palestras familiares de além-túmulo. Allan Kardec)

"Sendo reconhecida possível a salvação fora da Igreja, a eficácia do  batismo   é relativa, e não absoluta, pois ela se torna um símbolo. " (Revista Espírita. Julho de 1864.  A religião e o progresso.  Allan Kardec)          

Herculano Pires confirma esta teoria e diz: "A vida e a morte do verdadeiro espírita decorrem, portanto, sem qualquer espécie de sacramento. Ele nasce pela graça de Deus, e o simples conhecimento dessa verdade universal o liberta da obrigação religiosa do batismo. Ele vive para se aproximar de Deus e isso lhe basta para o livrar das penitências e outros atos exteriores que não mais o ajudam a alcançar os seus objetivos vitais. Ele morre na graça de Deus, terminado o prazo da sua encarnação, e volta para o mundo dos espíritos, onde receberá a recompensa natural das suas boas ações na vida física." (O sentido da vida. J. Herculano Pires)

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