EXISTEM SERES ELEMENTAIS QUE EXERCEM AÇÃO SOBRE OS FENÔMENOS DA NATUREZA, SEGUNDO O ESPIRITISMO?

Esta expressão "elementais" é utilizada por religiões espiritualistas, tais como a Umbanda, pois na literatura espírita não existem estes seres, do modo que são descritos.

No livro espiritualista "Aruanda", o espírito João Cobú, ou Pai João de Aruanda faz a seguinte explicação sobre a origem e função desses seres chamados de elementais:

"A existência dos elementais, meus filhos, segundo os antigos anciães e sábios do passado, explicava a dinâmica do universo. Como seres reais, eram responsabilizados pelas mudanças climáticas e correntes marítimas, ou precipitação da chuva ou pelo fato de haver fogo, entre muitos outros fenômenos da natureza. Apesar de ser uma explicação mitológica, própria da maneira pela qual se estruturava o conhecimento na época, eles não estavam enganados. (...)Os magistas e ocultistas estabeleceram uma classificação dos elementais sob o ponto de vista desses elementos, considerando-os como forças da natureza ou tipos de energia. (...) Os seres elementais, irmãos nossos na criação divina, têm uma espécie de consciência instintiva. Podemos dizer que sua consciência está em elaboração. (...) Podem-se classificar as famílias dos elementais de acordo com os respectivos elementos.

(...)Junto ao ar, por exemplo, temos a atuação dos silfos ou das sílfides, que se apresentam em estatura pequena, dotados de intensa percepção psíquica. (...) Muitas vezes apresentam-se como sendo feitos de luz e lembram pirilampos ou raios. (...)Muitos elementais da família dos silfos possuem uma inteligência avançada e, devido ao grau de sua consciência, oferecem sua contribuição para criar as correntes atmosféricas, tão preciosas para a vida na Terra. (...) Quanto à sua contribuição nos trabalhos práticos da mediunidade, pode-se ressaltar que os silfos auxiliam na criação e manutenção de formas-pensamento, bem como na estruturação de imagens mentais. Nos trabalhos de ectoplasmia, são auxiliares diretos, quando há a necessidade de reeducação de espíritos endurecidos.

(...)Duas classes de elementais que merecem atenção são as ondinas e as ninfas, ambas relacionadas ao elemento água. (...)Nas atividades mediúnicas, são utilizados para a limpeza de ambientes, da aura das pessoas e de regiões astrais poluídas por espíritos do mal. (...) Podemos dizer que as fadas sejam seres de transição entre os elementos terra e ar.

Note-se que, embora tenham como função cuidar das flores e dos frutos, ligados à terra, elas se apresentam com asas. (...)Como tarefa espiritual, adoram auxiliar na limpeza de ambientes de instituições religiosas, templos e casas espíritas. Especializaram-se em emitir determinada substância capaz de manter por tempo indeterminado as formas mentais de ordem superior. Do mesmo modo, auxiliam os espíritos superiores na elaboração de ambientes extra-físicos com aparências belas e paradisíacas.

(...)Temos ainda as salamandras, que são elementais associados ao fogo. Vivem ligados àquilo que os ocultistas denominaram éter e que os espíritas conhecem como fluido cósmico universal. Sem a ação das salamandras o fogo material definitivamente não existiria. (...) Nas tarefas mediúnicas e em contato com o comando mental de médiuns experientes, as salamandras são potentes transmutadores e condensadores de energia. Auxiliam sobremaneira na queima de objetos e criações mentais originadas ou associadas à magia negra.

(...)Os duendes e gnomos são elementais ligados às florestas e, muitos deles, a lugares desertos. Possuem forma anã, que lembra o aspecto humano. Gostam de transitar pelas matas e bosques, dando sinais de sua presença através de cobras e aves, como o melro, a graúna e também o chamado pai-do-mato. Excelentes colaboradores nas reuniões de tratamento espiritual, são eles que trazem os elementos extraídos das plantas, o chamado bioplasma. Auxiliam assim os espíritos superiores com elementos curativos, de fundamental importância em reuniões de ectoplasmia e de fluidificação das águas.

(...)  Os elementais - sejam gnomos, duendes, salamandras ou quaisquer outros - são seres que advêm de um longo processo evolutivo e que, segundo afirmara Pai João, estagiaram no reino animal em sua fase imediatamente anterior de desenvolvimento."(Aruanda. Espírito Ângelo Inácio. Robson Pinheiro)

O Espiritismo explica que existem Espíritos inferiores, comandados por Superiores, que agem sobre os fenômenos da natureza, porém de nenhum modo afirma que eles possuem formas mitológicas ou exercem alguns tipos de mediunidade, tampouco  conseguem realizar "limpeza fluídica nos ambientes ou nos indivíduos ou até mesmo magnetização das águas", conforme os Espiritualistas acreditam.

Allan Kardec explica que a "limpeza" dos ambientes ou dos indivíduos não ocorre como uma espécie de mágica, e são realizados por bons Espíritos. O Codificador explica que a higiene da atmosfera tem relação com o bom pensamento dos indivíduos encarnados e desencarnados.  Segundo Allan Kardec, "(...) se considerarmos que os pensamentos atraem pensamentos da mesma natureza; que os fluidos atraem fluidos similares, compreenderemos que cada indivíduo traz consigo um cortejo de Espíritos simpáticos bons ou maus, e que assim o ar é saturado de fluidos compatíveis com os pensamentos que predominam. Se os maus pensamentos forem em minoria, não impedirão que as boas influências se produzam, pois elas os paralisam. Se dominarem, enfraquecerão a radiação fluídica dos bons Espíritos, ou mesmo, por vezes, impedirão que os bons fluidos penetrem nesse meio, como o nevoeiro enfraquece ou detém os raios do sol.
Qual é, pois, o meio de se subtrair à influência dos maus fluidos? Esse meio ressalta da própria causa que produz o mal. Que fazemos quando reconhecemos que um alimento é nocivo à saúde? Rejeitamo-lo, substituindo-o por um alimento mais saudável. Levando-se em conta que são os maus pensamentos que engendram os maus fluidos e os atraem, devemo-nos esforçar para só ter pensamentos bons, repelir tudo o que é mau, como se recusa um alimento que nos torna doentes; numa palavra, trabalhar por nosso melhoramento moral e, para nos servirmos de uma comparação do Evangelho, "não só limpar o vaso por fora, mas, sobretudo, limpá-lo por dentro."

Melhorando-se, a humanidade verá depurar-se a atmosfera fluídica em cujo meio vive, porque não lhe enviará senão bons fluidos, e estes oporão uma barreira à invasão dos maus. Se um dia a Terra chegar a ser povoada apenas por homens que entre si pratiquem as leis divinas do amor e da caridade, ninguém duvida que eles não se encontrarão em condições de higiene física e moral completamente diferentes das que existem hoje." (Revista Espírita. Maio de 1867. Atmosfera espiritual. Allan Kardec )

Com relação aos Espíritos agirem sobre os fenômenos da natureza, veja algumas questões abaixo, retiradas das obras espíritas, que explicam sobre este assunto:

A mitologia dos antigos se fundava inteiramente em idéias espíritas, com a única diferença de que consideravam os Espíritos como divindades. Representavam esses deuses ou esses Espíritos com atribuições especiais. Assim, uns eram encarregados dos ventos, outros do raio, outros de presidir ao fenômeno da vegetação, etc. Semelhante crença é totalmente destituída de fundamento?

"Tão pouco destituída é de fundamento, que ainda está muito aquém da verdade."

Poderá então haver Espíritos que habitem o interior da Terra e presidam aos fenômenos geológicos?

"Tais Espíritos não habitam positivamente a Terra. Presidem aos fenômenos e os dirigem de acordo com as atribuições que têm. Dia virá em que recebereis a explicação de todos esses fenômenos e os compreendereis melhor." (O Livro dos Espíritos. Questão 537 e 537-a. Allan Kardec)

 Formam categoria especial no mundo espírita os Espíritos que presidem aos fenômenos da Natureza? Serão seres à parte, ou Espíritos que foram encarnados como nós?

"Que foram ou que o serão."

Pertencem esses Espíritos às ordens superiores ou às inferiores da hierarquia espírita?

"Isso é conforme seja mais ou menos material, mais ou menos inteligente o papel que desempenhem. Uns mandam, outros executam. Os que executam coisas materiais são sempre de ordem inferior, assim entre os Espíritos, como entre os homens. "(O Livro dos Espíritos. Questão 538. 538-a. Allan Kardec).

Segundo Allan Kardec, "os Espíritos vulgarmente designados sob os nomes de  duendes , diabretes, trasgos, gnomos. Eles estão sob a dependência de Espíritos superiores, que muitas vezes os empregam como nós o fazemos com os criados e os operários.

Eles parecem, mais do que os outros, ligados à matéria, e aparentam ser os principais agentes das vicissitudes dos elementos do globo, quer vivam no ar, na água, no fogo, nos corpos sólidos ou nas entranhas da Terra. Muitas vezes manifestam sua presença por efeitos sensíveis, tais como pancadas, movimento e deslocamento anormal dos corpos sólidos, agitação do ar, etc., o que lhes valeu o nome de Espíritos batedores. Reconhece-se que tais fenômenos não são devidos a uma causa fortuita e natural quando têm um caráter intencional e inteligente. Todos os Espíritos podem produzir esses fenômenos, mas os Espíritos elevados em geral deixam essas atribuições aos inferiores, mais aptos para as coisas materiais do que para as inteligentes.

Em suas comunicações com os homens, sua linguagem é por vezes espirituosa e alegre, mas quase sempre sem profundidade. Apreendem os caprichos e o ridículo, que exprimem em traços mordazes e satíricos. Se por vezes tomam nomes fictícios, é mais por malícia do que por maldade." (Revista Espírita. Fevereiro de 1858. Escala Espírita. Allan Kardec)

Segundo Allan Kardec, estes espíritos são classificados como levianos, pertencem a oitava classe e a terceira ordem.

 Compreendemos que os Espíritos superiores não se ocupam com coisas que estão abaixo deles; mas nos perguntamos se, por serem mais desmaterializados, teriam o poder de o fazer, caso quisessem?

"Eles têm a força moral, como os outros têm a força física. Quando têm necessidade dessa força, servem-se daqueles que a possuem. Não vos foi dito que eles se servem dos Espíritos inferiores como fazeis com os carregadores?"

"Nota. Foi dito que a densidade do perispírito, se assim se pode dizer, varia de acordo com o estado dos mundos; parece que também varia no mesmo mundo de acordo com os indivíduos. Nos Espíritos avançados moralmente, é mais sutil e se aproxima da dos Espíritos elevados. Nos Espíritos inferiores, ao contrário, se aproxima da matéria, e é o que faz com que os Espíritos de condições inferiores conservem por muito tempo as ilusões da vida terrestre; pensam e agem como se ainda estivessem vivos; possuem os mesmos desejos e se poderia dizer a mesma sensualidade. Essa grosseria do perispírito, que estabelece maior afinidade com a matéria, torna os Espíritos inferiores mais aptos às manifestações físicas. É pela mesma razão que um homem de educação refinada, habituado aos trabalhos da inteligência, de corpo frágil e delicado, não tem força para suportar um fardo pesado como um carregador. A matéria física para ele é de alguma maneira menos compacta, e os órgãos, menos resistentes; possui menos fluido nervoso. O perispírito é para o Espírito o que o corpo é para o homem, e sua densidade está na razão da inferioridade do Espírito. Tal densidade supre nele a força muscular, ou seja, lhe dá, sobre os fluidos necessários às manifestações, um poder e uma facilidade de manifestações maiores do que àqueles cuja natureza é mais etérea. Se um Espírito elevado precisar ou quiser produzir esses efeitos, fará como fazem, entre nós, as pessoas delicadas: encarregará um Espírito do ofício, um Espírito apto para isso." (O Livro dos Médiuns. Segunda parte. Cap. 4. Item 74. Questão 12. Allan Kardec).

 A produção de certos fenômenos, das tempestades, por exemplo, é obra de um só Espírito, ou muitos se reúnem, formando grandes massas, para produzi-los?

"Reúnem-se em massas inumeráveis." (O Livro dos Espíritos. Questão 539. Allan Kardec).

Os Espíritos que exercem ação nos fenômenos da Natureza operam com conhecimento de causa, usando do livre-arbítrio, ou por efeito de instintivo ou irrefletido impulso?

Uns sim, outros não. Estabeleçamos uma comparação. Considera essas miríades de animais que, pouco a pouco, fazem emergir do mar ilhas e arquipélagos. Julgas que não há aí um fim providencial e que essa transformação da superfície do globo não seja necessária à harmonia geral? Entretanto, são animais de ínfima ordem que executam essas obras, provendo às suas necessidades e sem suspeitarem de que são instrumentos de Deus. Pois bem, do mesmo modo, os Espíritos mais atrasados oferecem utilidade ao conjunto. Enquanto se ensaiam para a vida, antes que tenham plena consciência de seus atos e estejam no gozo pleno do livre-arbítrio, atuam em certos fenômenos, de que inconscientemente se constituem os agentes. Primeiramente, executam. Mais tarde, quando suas inteligências já houverem alcançado um certo desenvolvimento, ordenarão e dirigirão as coisas do mundo material. Depois, poderão dirigir as do mundo moral. É assim que tudo serve, que tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, que também começou por ser átomo. Admirável lei de harmonia, que o vosso acanhado espírito ainda não pode apreender em seu conjunto! "( O Livro dos Espíritos. Questão 540. Allan Kardec)

No livro "Libertação", André Luiz relata incursão a zonas inferiores, quando então o Instrutor Gúbio descreve como são estes Espíritos mais atrasados:

''Estamos numa colônia purgatorial de vasta expressão. Quem não cumpre aqui dolorosa penitência regenerativa, pode ser considerado inteligên­cia sub-humana. Milhares de criaturas, utilizadas nos serviços mais rudes da natureza, movimen­tam-se nestes sítios em posição infraterrestre. A ignorância, por ora, não lhes confere a glória da responsabilidade. Em desenvolvimento de tendências dignas, candidatam-se à humanidade que conhecemos na Crosta. Situam-se entre o raciocínio fragmentário do macacóide e a idéia simples do homem primitivo na floresta. Afeiçoam-se a personalidades encarnadas ou obedecem, cegamente, aos espíritos prepotentes que dominam em paisagens como esta. Guardam, enfim, a ingenuidade do selvagem e a fidelidade do cão. O contacto com certos indivíduos inclina-os ao bem ou ao mal e somos responsabilizados pelas Forças Superiores que nos governam, quanto ao tipo de influência que exercermos sobre a mente infantil de semelhantes criaturas.'' (Libertação. Cap. 4. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier).

Portanto, segundo o Espiritismo não há seres elementais, conforme descreve de forma fantasiosa o Espiritualismo.

"As almas ou Espíritos assim espalhados na imensidade constituem o mundo invisível que nos cerca e em cujo meio vivemos, de modo que esse mundo não é composto de seres fantásticos, de gnomos, de  duendes , de demônios chifrudos com pés bifurcados, mas dos mesmos seres que formaram a Humanidade terrena. Que há nisso de absurdo? O mundo visível e o invisível assim se acham em contato perpétuo, daí resultando uma incessante reação de um sobre o outro. Daí decorre uma porção de fenômenos que entram na ordem dos fatos naturais. O Espiritismo moderno não os descobriu nem os inventou. Ele os estudou melhor e melhor os observou. Ele procurou as suas leis e, por isso mesmo, as subtraiu da ordem dos fatos maravilhosos." (Revista Espírita. Maio de 1864. A vida de Jesus, de Renan. Allan Kardec)

Passatempo Espírita © 2013 - 2024. Todos os direitos reservados.

Desenvolvido por Webnode