JESUS CRISTO NÃO PODERIA TER EVITADO O SACRIFÍCIO DA CRUCIFICAÇÃO?

Muitos perguntam: " Houve necessidade da crucificação de Jesus Cristo? Não poderia ter-se evitado a consumação desse sacrifício? Estando o Mestre investido de todo o poder, porque não fez mudar o rumo dos acontecimentos? Porque Deus não o atendeu quando, em efusiva prece no Horto, exclamou: "Pai, se queres, passa de mim este cálice, todavia não se faça a minha vontade, mas a tua?"

Vendo as coisas pelo prisma acanhado do convencionalismo humano, agravado pelas limitações peculiares às coisas da Terra, o homem formula essas indagações sem levar em consideração os superiores desígnios do Pai Celestial e sem analisar o problema em sua amplitude, com seus reflexos insondáveis no porvir.  Para que a semente produza fruto, é imprescindível o seu sacrifício: é preciso que morra, Se a semente não for plantada e não morrer, nada se pode esperar dela.

Para que uma verdade seja implantada entre nós, é quase indispensável que o sacrifício daquele que a veio revelar seja consumado. Para que as verdades enunciadas por Jesus Cristo fossem consolidadas, houve necessidade daquele sacrifício supremo: o martírio do Ungido de Deus foi o preço exigido para o triunfo da Boa Nova aqui no mundo.

A História nos dá conta dos inúmeros missionários que pagaram com a vida a ousadia de trazerem novas mensagens de vida e de luz ao gênero humano: a flagelação e a morte era o alto preço para que as verdades reveladas tivessem sucesso.

 Se Jesus não tivesse sido levantado na cruz, como diz João em seu Evangelho, não teria atraído todos para ele. Se o Mestre não fosse pregado no madeiro infamante, o sucesso da difusão da sua Doutrina teria sido problemático e periclitante, não conseguindo atrair a atenção das massas.

É bem verdade que o Messias poderia ter evitado o sacrifício do Gólgota.Bastava para tanto haver pactuado com os interesses do mundo, era só curvar-se diante da vontade de Caifás e de Herodes e fazer causa-comum com os escribas e fariseus. Nesse caso, em vez de tragar o fel amargo do Calvário, passaria a deleitar-se com o vinho alegre de Canaã, contudo, em decorrência, sua Doutrina não se teria implantado na Terra e a Humanidade ficaria privada desse manancial de luz e de consolação que são os Evangelhos..."(Os padrões evangélicos. Se a semente não morrer. Paulo Alves Godoy)

A realidade profunda é que o Cristo sabia, desde sempre, que gênero de morte teria nas mãos dos homens, conforme indicou claramente mais de uma vez, e nada fez para evitá-lo. Antes, dizia que assim teria de ser. Declarou a um discípulo, no momento da prisão, que poderia obter "mais de doze legiões de anjos" para sua defesa se desejasse escapar ao fim previsto, e diante de Pilatos, com quem pouco dialogou, manifestou decisivamente:
"Tu não terias sobre mim poder algum se ele te não fora dado lá de cima (João 19:11)"

Durante o tempo em que pregava quantas vezes não pretenderam os judeus agarrá-lo e liquidá-lo? Escorregava por entre as mãos deles porque "ainda não era chegada à sua hora...".

A morte de Jesus, como a de Sócrates, Paulo e Gandhi, por exemplo, tem a significação de um exemplo vitorioso para a Humanidade. É uma vitória do espírito missionário, que serve para exemplificar a coragem moral. A quem ensina sobre a vida espiritual não convém mostrar receio de transferir-se a ela, mesmo em condições penosas. Ora, estas condições causam profunda impressão no espírito do discípulo... (Evolução para o terceiro milênio.  Cap. 9. Carlos Toledo Rizzini)

(...) Jesus havia exemplificado o bem até à morte, ensinando que todos os seus discípulos deviam ter bom ânimo para vencer o mundo. (Boa nova. Maria de Magdala. Irmão X. Psicografado por Chico Xavier)

Segundo a filósofa Helena Blavatsky, " A mais importante de todas as obras é o exemplo da própria vida." (https://www.pensador.com/frase/MjIyNzg/)

"O Messias (...) coroando a sua obra com o sacrifício máximo, tomou a cruz sem uma queixa, deixando-se imolar, sem qualquer reprovação aos que o haviam abandonado, na hora última. (...)Exemplificando a sua fidelidade a Deus, aceitou serenamente os desígnios do céu, sem que uma expressão menos branda contradissesse a sua tarefa purificadora. Apesar da demonstração de heroísmo e de inexcedível amor, que ofereceu do cimo do madeiro, os discípulos continuaram subjugados pela dúvida e pelo temor, até que a ressurreição lhes trouxesse incomparáveis hinos de alegria. "(Boa nova. A oração do horto. Irmão X. Psicografado por Chico Xavier)

"Jesus veio trazer-nos a verdade. Fêz tudo quanto lhe competia fazer para o cabal desempenho dessa missão que o Pai lhe confiara. Não poupou esforços: foi até ao sacrifício.  (...)Jesus veio trazer-nos a redenção. É por isso nosso salvador: Mas só redime aqueles que amam a liberdade e se esforçam por alcançá-la. Os que se comprazem na servidão das paixões e dos vícios não têm em Jesus um salvador. Continuarão vis escravos até que compreendam a situação ignominiosa em que se encontram, e almejem conquistar a liberdade. Jesus não é mestre de ociosos. Jesus não é salvador de impenitentes. Para ociosos e impenitentes - o aguihão da dor. O sangue do Justo foi derramado no cumprimento de um dever que lhe fora imposto: não lava culpas nem apaga os pecados dos comodistas, dos preguiçosos, dos devotos de Epicuro e de Mamon."  (Nas pegadas do Mestre. Mestre e Salvador. Vinícius)

"Não, a missão do Cristo não era resgatar com o seu sangue os crimes da Humanidade. O sangue, mesmo de um Deus, não seria capaz de resgatar ninguém. Cada qual deve resgatar-se a si mesmo, resgatar-se da ignorância e do mal. Nada de exterior a nós poderia fazê-lo. É o que os Espíritos, aos milhares, afirmam em todos os pontos do mundo. Das esferas de luz, onde tudo é serenidade e paz, desceu o Cristo às nossas obscuras e tormentosas regiões, para mostrar-nos o caminho que conduz a Deus: tal o seu sacrifício." (Cristianismo e Espiritismo.  Cap. 7. Os dogmas - Os sacramentos, o Culto. Léon Denis)

O Querido Mestre sabia que estava sujeito a sofrer o martírio da cruz, devido a inferioridade moral da humanidade; muitos não compreenderiam as suas ideias renovadoras.

Segundo Lázaro, "Quando o Cristo veio destruir o costume bárbaro dos  sacrifícios; quando veio proclamar a igualdade e a fraternidade entre o saiote proletário e a toga patrícia, os altares, ainda vermelhos, fumegavam o sangue das vítimas imoladas; os escravos tremiam ante os caprichos do senhor e os povos, ignorando sua grandeza, esqueciam a justiça de Deus. Nesse estado de rebaixamento moral, as palavras do Cristo teriam sido impotentes e desprezadas pela multidão, se não tivessem sido gritadas pelas suas chagas e tornadas sensíveis pela carne palpitante dos mártires. Para ser cumprida, a misteriosa lei das semelhanças, exigia que o sangue derramado pela ideia resgatasse o sangue derramado pela brutalidade." (Revista Espírita. Abril de 1862. Os Mártires do Espiritismo. Lázaro. Médium: Sra. Costel / Allan Kardec)

"Jesus Cristo, no desenvolvimento do seu Messiado, deixou entrever claramente que as ideias novas não podem ser suportadas pelos Espíritos que vivem mergulhados no preconceito, no fanatismo e na observância das vãs tradições. A comprovação dessa assertiva está contida em Mateus, 9:16-17: "Ninguém deita remendo de pano novo, em vestido velho, porque semelhante remendo rompe o vestido, e faz-se maior rotura. Nem se deita vinho novo em odres velhos; aliás rompem-se os odres, e entorna-se o vinho, e os odres estragam-se, mas deita-se vinho novo em odres novos, e assim ambos se conservam", Somente criaturas de mentalidades arejadas podem assimilar, sem relutância, as novas verdades.

As verdades trazidas por Sócrates não puderam ser suportadas por muitos e o mais fácil foi obrigar o grande filósofo a beber cicuta. O Espiritismo surge na Terra, numa época em que a Humanidade está sequiosa em busca da Verdade. Uma vez que a nova doutrina está solidamente fundamentada na revelação cristã, é óbvio, como disse o seu Codificador, que "ela marchará com os homens, sem os homens ou apesar dos homens".

Sua progressão é lenta, mas segura, pois, no século da energia atômica e dos vôos espaciais, já não é possível que o ser humano continue esmagado sob o peso de doutrinas de contrafação. Do entrechoque das ideias surgirá a civilização espiritualizada do porvir. "(Os padrões evangélicos. Ideias novas. Paulo Alves Godoy)

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