A POMBA-GIRA E OUTRAS ENTIDADES DA UMBANDA SÃO CONSIDERADAS ESPÍRITOS DE LUZ, CONFORME OS CONCEITOS DO ESPIRITISMO?

        Existe um texto falso atribuído a Chico Xavier, circulando na Internet, que diz assim:  
        "Certa vez Chico Xavier foi questionado sobre o que ele achava das Pombagiras.
        Chico respondeu que tinha o maior respeito por esses espíritos e que eles eram extremamente necessários.
        Segundo ele, as mães de filhos que cometeram suicídio ao desencarnarem ficam desesperadas à procura de seus filhos. Mas eles se encontram numa região de difícil acesso, chamada VALE DOS SUICÍDAS, e sob o comando de espíritos que não permitem que outros lá entrem.
        Segundo Chico, as Pombagiras são os únicos espíritos que conseguem transitar por esse local sem nenhum tipo de impedimento e elas, uma vez por ano, promovem o encontro desses filhos suicidas com suas mães desencarnadas."
        Não existe registro deste fato em nenhum livro de Chico Xavier ou em suas entrevistas. Isto é uma informação falsa, pois não está de acordo com as palavras do próprio Chico Xavier, quando respondeu uma pergunta sobre as entidades da Umbanda no programa Pinga Fogo e também não está condizente com os ensinamentos das obras de Allan Kardec e outras obras espíritas complementares.
        O Espiritismo não acredita em entidades, conforme a Umbanda e nem nas práticas ritualísticas empregadas nos terreiros. Aliás, em nenhum livro espírita há informações de que somente as pombas-giras  possam entrar no Vale dos suicidas para auxiliar os Espíritos desencarnados, mas pelo contrário, há relatos de que são os espíritos de luz, ou seja, espíritos já bem evoluídos, que conseguem ajudar os suicidas. No trecho retirado do livro "Memórias de um suícida", há informações de que os trabalhadores do Vale dos suicidas  precisam ter um certo grau de evolução e equilíbrio mental para conseguirem auxiliar aqueles que retiraram a sua própria vida, pois estes infelizes criam imagens deploráveis, alimentadas pelas recordações do crime praticado. A autora faz o seguinte relato:
        "Mas... aos trabalhadores especializados, iluminados por um excelente progresso, nada afeta!  São imunizados, dominam o próprio horror a que assistem com as forças mentais e vibratórias de que dispõem, e até as mais estranhas regiões do globo descem as lentes dos seus telescópios magnéticos, da sua televisão poderosa, assim como a solicitude dos seus elevados pensamentos de fraternidade cristã... E vão à procura da alma superatribulada dos desgraçados que se viram duplamente desviados da rota lógica do destino, pelo próprio ato do suicídio e pela afinidade inferior que os arrastou  à junção com o elemento da mais baixa espécie existente no  Invisível!" (Memórias de um suicida.  Yvonne do Amaral Pereira)
        Com relação as entidades da Umbanda, Chico Xavier faz o seguinte esclarecimento no programa Pinga Fogo:
        "Pergunta: Quem são os “pretos-velhos”, “exus” e “pombas-giras” que incorporam na Umbanda? Se são espíritos de luz, por que há necessidade de cigarro, cachaça e sons barulhentos?
        Resposta: Para espíritos de luz, ou seja, espíritos superiores e puros, não existem necessidades materiais. Os espíritos que trabalham nos terreiros, em sua grande maioria, são aqueles que ainda guardam grandes necessidades das sensações terrenas e por isso usam os médiuns para absorvê-las; quando não têm, fazem-no através dos despachos. São, na classificação da Doutrina Espírita, chamados de espíritos mais simples. É claro que existem aqueles outros que, mesmo tendo condição moral mais elevada, manifestam-se nos terreiros de Umbanda, guardando os procedimentos ali adotados. "( Pinga fogo  II.  Espírito Emmanuel/ Chico Xavier)
        A Umbanda considera a pomba-gira e outras entidades como espíritos de luz, porém nesta entrevista Chico Xavier deixou bem claro que as entidades da Umbanda, na sua grande maioria, são espíritos simples, ou seja, sem muita evolução, e ainda apegados aos fluidos do cigarro e do álcool (sensações terrenas). Grande parte deles não conseguem abandonar os seus vícios materiais,  pois há muitos espíritos na Umbanda que pedem para os médiuns usarem o cigarro e o álcool.
        Portanto, a explicação de Chico Xavier, durante a entrevista, está de acordo com as informações de diversos sites que descrevem as características de uma pomba-gira, um deles traz a seguinte definição:
        "Além de sensual e bonita, a Pomba-gira é extremamente dominadora e sincera. Aprecia todas as coisas ligadas ao universo feminino, como belas roupas, joias, perfumes, rosas e todo tipo de adorno. Também gostam de elementos que remetem à força como as bebidas (champanhe) e a cigarrilha." (https://www.astrocentro.com.br/blog/umbanda/tipos-pombagira/amp/)
        Aliás, os Espíritos Superiores sempre recomendaram aos Espíritas analisarem a condição evolutiva de cada Espírito pela sua linguagem e ideias. Os Espíritos evoluídos (superiores) não possuem vaidade, não são sensuais e não utilizam linguagem vulgar (por exemplo, não usam a expressão : “chutar o pau da barraca”).
        Segundo Allan Kardec, " Os Espíritos realmente superiores não só dizem unicamente coisas boas, como também as dizem em termos isentos, de modo absoluto, de toda trivialidade. Por melhores que sejam essas coisas, se uma única expressão denotando baixeza as macula, isto constitui um sinal indubitável de inferioridade; com mais forte razão, se o conjunto do ditado fere as conveniências pela sua grosseria. A linguagem revela sempre a sua procedência, quer pelos pensamentos que exprime, quer pela forma, e, ainda mesmo que algum Espírito queira iludir-nos sobre a sua pretensa superioridade, bastará conversemos algum tempo com ele para a apreciarmos."(O Livro dos Médiuns. 2ª parte. Cap. 24. Item  263. Allan Kardec)
        “Os Espíritos superiores nenhum outro sinal têm para se fazerem reconhecer além da superioridade das suas ideias e de sua linguagem. “ (O Livro dos Médiuns. 2ª parte. Cap. 24. Item  268. Allan Kardec)
        Com relação as manifestações de espíritos de pretos-velhos e índios (caboclos) na Umbanda,  Herculano Pires faz o seguinte esclarecimento:
        "No Brasil as manifestações de negros e índios são altamente consideradas no meio culto. Um episódio curioso deve ser lembrado como altamente significativo. O cirurgião-dentista católico, Dr. Urbano de Assis Xavier, começou a sofrer inesperadamente de ocorrências mediúnicas, que atribuiu a manifestações epileptóides. Um espírito de negro velho, que dava o nome de Pai Jacó, aconselhou-o a procurar em Matão (SP) o farmacêutico Cairbar Schutel, de origem alemã, diretor de um jornal e uma revista espíritas. Schutel resolveu submetê-lo a uma experiência mediúnica, mas disse: “Não me agrada a presença desse preto velho”. Realizada a experiência, Schutel disse a Urbano: “Nunca gostei dessas manifestações de negros e índios, mas o seu Pai Jacó encheu-me as medidas, revelando um conhecimento doutrinário que me assombrou.” Mais tarde Pai Jacó explicou a Schutel que ele havia sido um médico holandês em encarnação anterior, mas na última viera como negro. E como nela aprendera e desenvolvera a virtude da humildade, preferia manifestar-se como preto velho.
        A famosa médium Yvonne Pereira relata o caso de um índio brasileiro que a auxiliava em seus desprendimentos mediúnicos, salvando-a de dificuldades diversas. Um ilustre magistrado da Justiça Paulista recebia, ele mesmo, como médium em seus trabalhos regulares de Espiritismo, o espírito de um índio.
        (...)Negros e índios dotados de humildade, não apegados às suas religiões de origem selvagem, formam na linha humilde dos voluntários de boa-vontade que nada querem para si mesmos e tudo almejam de verdadeiro e bom, de legítimo e puro para toda a Humanidade. Igualam-se na simplicidade natural dos povos primitivos. "(Ciência espírita e suas implicações terapêuticas. Cap. 9. J. Herculano Pires)
        Portanto, há Espíritos evoluídos que se manifestam na Umbanda, como por exemplo, alguns pretos-velhos e índios (caboclos), que não são mais apegados aos seus rituais antigos e sensações terrenas, porém o Espírita jamais poderia considerar que a pomba-gira seja um espírito de luz, devido às suas características que denotam inferioridade. 

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