Utilize o conteúdo da aula, designado por "Subsídio para o Evangelizador", para desenvolver palestras espíritas para jovens e adultos.

Aula 37 - Privação voluntária - O óbolo da viúva*

Ciclo 2 - História:  O álbum de figurinhas -  Atividade: ESE - Cap. 13 - 3- O óbulo da viúva.   

Ciclo 3 - História:  Prêmio ao sacrifício -  Atividade LE - L3 - Cap. 5 - 5 -  Privações voluntárias. Mortificações.   

Mocidade - História:  Exame de virtudeAtividade: 8 - Visitas assistenciais: Os adolescentes deverão discutir em sala de aula o que poderia ser feito aos idosos, antes de fazer a visita ao asilo e explicar por que esta atividade poderia ser considerada uma privação voluntária.

 

Dinâmicas:  Privação voluntáriaO óbolo da viúva; Privações voluntárias.

Mensagens Espíritas: Privação voluntáriaAlimentação.

Sugestão de vídeos: - História de Exercício do Amor (Dica: pesquise no Youtube)

-  História: Midinho - A oferta da viúva pobre (Dica: pesquise no Youtube)

Sugestão de livro infantil: Lili e Lolita. Regina Timbó. Editora Ide.

 

Leitura da Bíblia: Marcos - Capítulo 12  (Lucas 21:1- 4)


12.41   Assentado diante do gazofilácio (*), observava Jesus como o povo lançava ali o dinheiro. Ora, muitos ricos depositavam grandes quantias.


12.42   Vindo, porém, uma viúva pobre, depositou duas pequenas moedas correspondentes a um quadrante.


12.43   E, chamando os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta viúva pobre depositou no gazofilácio mais do que o fizeram todos os ofertantes.


12.44   Porque todos eles ofertaram do que lhes sobrava; ela, porém, da sua pobreza deu tudo quanto possuía, todo o seu sustento.


 

(*) No original, le tronc. Gazofilácio, do grego Gazophulakion, local reservado nos templos às oferendas e aos vasos sagrados, tesouro, cofre. Os textos bíblicos em português, tanto do Velho quando do Novo Testamento, trazem ora cofre das ofertas, ora arca do tesouro. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 13. Observação do item 5. Allan Kardec. N. do R. Tradução Salvador Gentile. IDE Editora). O Templo era sem dúvida o centro de Israel. É nele que todos os judeus, também os da Dispersão, devem se reunir para prestar culto a Deus. Segundo sua crença, no templo habita o Deus único, santo, puro, separado, perfeito.  (...) O homem se torna mais puro quanto mais perto estiver de Deus; quanto mais distante, mais impuro. Percebe-se, então, o poder dos sacerdotes, na sociedade judaica: são eles que estão mais perto de Deus e, consequentemente, cabe a eles decidir o que é puro e impuro e também o que fazer para se purificar. Essa autoridade dos sacerdotes sobre o povo acaba legitimando e reforçando o Templo, que se torna não só o centro religioso, mas também o centro econômico e político. E por isso que no tempo de Jesus o Templo possui imensas riquezas (o Tesouro) e toda cúpula governamental age a partir daí (o Sinédrio). Desse modo, a casa de oração e ofertas a Deus se torna um imenso banco e lugar de poder político. Em outras palavras, a religião se torna instrumento de exploração e opressão do povo. (Bíblia sagrada. Novo testamento.  A palestina do tempo de Jesus. Edição Pastoral. Paulus)

 

Tópicos a serem abordados:

- É nosso dever conservar o nosso corpo físico, alimentando-se para que fique saudável e para que possamos trabalhar (1). 

- Não devemos causar-nos sofrimentos voluntários, tais como: fazer voto de silêncio, fazer jejum (com exceção aqueles prescritos por um médico) ; caminhar sobre o fogo e deitar sobre pregos (práticas de rituais feitos pelos faquires na Índia), ou realizar outras ações que ocasionam prejuízo para o nosso corpo.

- O jejum é uma prática usual de muitas religiões antigas e modernas. Significa deixar de comer totalmente ou parcialmente certos tipos de alimentos. No tempo de Jesus, os fariseus e os escribas utilizavam-se muito desta prática,  pois fazia parte da sua  lei. Julgavam que a religião consistia em não comer e não beber isto ou aquilo. Jesus combatia esta prática e veio mostrar que não é isto que torna o homem puro. Para alcançar a verdadeira pureza, Jesus recomendava o jejum espiritual, que consiste na abstenção de todo mal, isto é, deixar de cultivar os maus pensamentos, pronunciar palavras más ou praticar atitudes que causem prejuízo ao nosso próximo. 

 - Não devemos enfraquecer o nosso corpo com privações inúteis. Realizar uma privação voluntária, ou seja, deixar de ter algo (por exemplo: alimentos, roupas, uma noite de sono, etc) pela sua própria vontade, só é bem visto aos olhos de Deus, quando beneficia alguém.  Se uma pessoa suporta o frio e a fome para agasalhar e alimentar aquele que necessita, e vosso corpo sofrer com isso, é um sacrifício que é abençoado por Deus. Se alguém se priva do sono para cuidar de um doente ou faz qualquer outra ação generosa em benefício do próximo é bem visto por Deus.

 - Quando Jesus disse: '' Eu garanto a vocês: essa viúva pobre depositou mais do que todos os outros que depositaram moedas no Tesouro''. Quis ensinar que não há merecimento quando se faz algo sem esforço e quando nada custe. Deus leva mais em conta o pobre que divide com outro o seu único pedaço de pão, do que o rico que apenas dá do que lhe sobra, ou seja, oferece o que não lhe faz falta.  O mérito do bem está na dificuldade em praticá-lo. A viúva se privou voluntariamente  de tudo que lhe restava para beneficiar alguém.

- Muitas pessoas dizem que não podem fazer todo o bem que desejaria, por falta de dinheiro ou outros recursos. No entanto, aquele que deseja sinceramente tornar-se útil para os seus irmãos, encontra mil ocasiões de fazê-lo. A prática da caridade não consiste apenas em dar esmola; fazer algum trabalho beneficente (tais como: ajudar a mãe a manter a casa arrumada, ensinar um conteúdo para um colega na escola, cuidar do irmão mais novo, visitar uma pessoa idosa e ter paciência em ouvi-la, reservar um tempo para um trabalho voluntário, etc.) consolar alguém ou diminuir um sofrimento físico ou moral, também pode ser considerado o óbolo da viúva.

- Quando o sofrimento voluntário é para satisfazer a sua vontade,  ou seja, apenas para seu próprio bem, é de egoísmo. Quando sofremos pelos outros, é caridade.

 

Comentários (1): LE. Questão 718. A.K.

 

Perguntas para fixação:

1. Por que é importante conservar o nosso corpo, alimentando-se para que fique saudável?

2. O que é privação voluntária?

3. Por que a prática do jejum material, sem um fim útil, não é agradável a Deus?

4. Devemos criar privações voluntárias que não tenham um fim útil?

5. O que é o jejum espiritual?

6. Por que a pobre viúva deu muito mais do que os outros?

7. Que tipo de privação voluntária podemos fazer em casa?

8. É possível fazer caridade sem ter dinheiro?

 

Subsídio para o Evangelizador:

            Seguno do dicionário aurélio o termo ''privar-se'' significa: Desapossar;  Tirar a si próprio o gozo de alguma coisa. (https://www.dicionariodoaurelio.com/privar). E o termo ''voluntário'' significa:  Que se faz de boa vontade e sem constrangimento; que faz parte de uma corporação por mera vontade e sem interesse. (https://www.dicionariodoaurelio.com/voluntario).

            Desde que Jesus disse: "Bem-aventurados os aflitos", há méritos em procurar as aflições, agravando as provas por meio de sofrimentos voluntários? A isso responderei muito claramente: sim, e há um grande mérito, quando os sofrimentos e as privações têm por fim o bem do próximo, porque se trata da caridade pelo sacrifício; não, quando eles só têm por fim o bem próprio, porque se trata de egoísmo pelo fanatismo. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 5. Item 26. Allan Kardec).

            São meritórias aos olhos de Deus as privações voluntárias, com o objetivo de uma expiação igualmente voluntária?

            Fazei o bem aos vossos semelhantes e mais mérito tereis. (O Livro dos Espíritos. Questão 720. Allan Kardec),

            É meritória, de qualquer ponto de vista, a vida de mortificações ascéticas (1) que desde a mais remota antigüidade teve praticantes no seio de diversos povos?

            Procurai saber a quem ela aproveita e tereis a resposta. Se somente serve para quem a pratica e o impede de fazer o bem, é egoísmo, seja qual for o pretexto com que entendam de colori-la. Privar-se a si mesmo e trabalhar para os outros, tal a verdadeira mortificação, segundo a caridade cristã. (O Livro dos Espíritos. Questão 721. Allan Kardec).

            Que se deve pensar das mutilações operadas no corpo do homem ou dos animais?

            A que propósito, semelhante questão? Ainda uma vez: inquiri sempre vós mesmos se é útil aquilo de que porventura se trate. A Deus não pode agradar o que seja inútil e o que for nocivo Lhe será sempre desagradável. Porque, ficai sabendo, Deus só é sensível aos sentimentos que elevam para Ele a alma. Obedecendo-Lhe à lei e não a violando é que podereis forrar-vos ao jugo da vossa matéria terrestre. ( O Livro dos Espíritos. Questão 725. Allan Kardec).

             Será meritório abster-se o homem da alimentação animal, ou de outra qualquer, por expiação?

            Sim, se praticar essa privação em benefício dos outros. Aos olhos de Deus, porém, só há mortificação, havendo privação séria e útil. Por isso é que qualificamos de hipócritas os que apenas aparentemente se privam de alguma coisa. (2) ( O Livro dos Espíritos. Questão 724. Allan Kardec).

            Jesus disse: ''Quando jejuardes, não vos ponhais tristes como os hipócritas, que desfiguram o semblante para que os homens vejam que eles estão jejuando. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. Vós, quando jejuardes, perfumai a cabeça e lavai o rosto,  a fim de que o vosso jejum não seja visível aos olhos dos homens e sim aos do vosso Pai, que tem presente a si o que haja de mais secreto; e vosso Pai, que vê o que se passa em segredo, vos recompensará''. (Mateus 6:16-18).

              Compreende-se, é mesmo justo, louvável, meritório que nos privemos de alimentos, que restrinjamos a nossa alimentação ao estritamente necessário, para socorrermos o nosso irmão a quem falte o indispensável; porém, que enfraqueçamos o nosso corpo, deixando de alimentá-lo, em obediência a um preceito supostamente religioso, é simplesmente absurdo.

            (...) Os judeus praticavam o jejum material; e Jesus, di­zendo o que consta nos versículos que estamos aprecian­do, visou evitar que essa prática continuasse a oferecer ensejo para a hipocrisia e incentivo ao orgulho, tornan­do-se uma causa de acréscimo de responsabilidades e de maior transviamento dos que a ela se entregavam. Ne­nhum mérito tem aos olhos de Deus o que a criatura faça por ostentação, para ser vista, apreciada e louvada pelos homens. Jesus aconselhava e os seus mensageiros presente­mente aconselham o jejum, mas o jejum espiritual, que consiste na abstenção de todo mal, isto é, de todo mau pensamento, de toda má palavra, de todo ato que nos degrade aos olhos do nosso Criador. Jamais façamos consistir a prática do amor a Deus e ao próximo, man­damento que encerra toda a lei e os profetas, como o disse o Mestre divino, na observância daquela e de outras formalidades idênticas, que nada valem, porque em nada concorrem para a melhora espiritual das criaturas. (Elucidações Evangélicas. Cap. 31. Antônio Luiz Sayão ).

            Quanto a vós, pessoalmente, contentai-vos com as provas que Deus vos manda, não aumenteis a carga já por vezes bem pesada; aceitai-as sem queixas e com fé, eis tudo o que Ele vos pede. Não enfraqueçais o vosso corpo com privações inúteis e macerações sem propósito, porque tendes necessidade de todas as vossas forças, para cumprir vossa missão de trabalho na Terra. Torturar voluntariamente, martirizar o vosso corpo, é infringir a lei de Deus, que vos dá os meios de sustentá-lo e de fortalecê-lo. Debilitá-lo sem necessidade é um verdadeiro suicídio. Usai, mas não abuseis: tal é a lei. O abuso das melhores coisas traz as suas punições, pelas conseqüências inevitáveis. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 5. Item 26. Allan Kardec).

            Uma vez que não devemos criar sofrimentos voluntários, que nenhuma utilidade tenham para outrem, deveremos cuidar de preservar-nos dos que prevejamos ou nos ameacem?

            Contra os perigos e os sofrimentos é que o instinto de conservação foi dado a todos os seres. Fustigai o vosso espírito e não o vosso corpo, mortificai o vosso orgulho, sufocai o vosso egoísmo, que se assemelha a uma serpente a vos roer o coração, e fareis muito mais pelo vosso adiantamento do que infligindo-vos rigores que já não são deste século. ( O Livro dos Espíritos. Questão 727. Allan Kardec)

            Visto que os sofrimentos deste mundo nos elevam, se os suportarmos devidamente, dar-se-á que também nos elevam os que nós mesmos nos criamos?

            Os sofrimentos naturais são os únicos que elevam, porque vêm de Deus. Os sofrimentos voluntários de nada servem, quando não concorrem para o bem de outrem. Supões que se adiantam no caminho do progresso os que abreviam a vida, mediante rigores sobre-humanos, como o fazem os bonzos (3), os faquires (4) e alguns fanáticos de muitas seitas? Por que de preferência não trabalham pelo bem de seus semelhantes? Vistam o indigente; consolem o que chora; trabalhem pelo que está enfermo; sofram privações para alívio dos infelizes e então suas vidas serão úteis e, portanto, agradáveis a Deus. Sofrer alguém voluntariamente, apenas por seu próprio bem, é egoísmo; sofrer pelos outros é caridade: tais os preceitos do Cristo. ( O Livro dos Espíritos. Questão 726. Allan Kardec)

            Haverá privações voluntárias que sejam meritórias?

            Há: a privação dos gozos inúteis, porque desprende da matéria o homem e lhe eleva a alma. Meritório é resistir à tentação que arrasta ao excesso ou ao gozo das coisas inúteis; é o homem tirar do que lhe é necessário para dar aos que carecem do bastante. Se a privação não passar de simulacro, será uma irrisão. (O Livro dos Espíritos. Questão 720. Allan Kardec)

            Estará subordinado a determinadas condições o mérito do bem que se pratique? Por outra: Será de diferentes graus o mérito que resulta da prática do bem?

            O mérito do bem está na dificuldade em praticá-lo. Nenhum merecimento há em fazê-lo sem esforço e quando nada custe. Em melhor conta tem Deus o pobre que divide com outro o seu único pedaço de pão, do que o rico que apenas dá do que lhe sobra, disse-o Jesus, a propósito do óbolo (5) da viúva. (O Livro dos Espíritos. Questão 646. Allan Kardec).

            Um homem se expôs a um perigo iminente para salvar a vida de um semelhante, sabendo que ele mesmo sucumbirá: isso pode ser considerado como suicídio?

             Não havendo a intenção de procurar a morte, não há suicídio, mas devotamento e abnegação, mesmo com a certeza de perecer. Mas quem pode ter essa certeza? Quem diz que a Providência não reservará um meio inesperado de salvação, no momento mais crítico? Não pode ela salvar até mesmo aquele que estiver na boca de um canhão? Pode ela, muitas vezes, querer levar a inesperada desvia o golpe fatal. (São Luís Paris, 1860. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 5. Questão 30. Allan Kardec).

            No livro '' Obreiros da vida eterna '' , André Luiz questiona o motivo pelo qual  havia tanta consideração para auxiliar um homem que havia desencarnado antes do tempo. O orientador espiritual esclareceu que ele não era um suicida inconsciente, havia desencarnado devido as privações voluntárias que se submeteu:

            ''A situação do amigo a que nos referimos, porém, é muito clara. Dimas não conseguiu preencher toda a cota de tempo que lhe era lícito utilizar, em virtude do ambiente de sacrifício que lhe dominou os dias, na existência a termo. Acostumado, desde a infância, à luta sem mimos, desenvolveu o corpo, entre deveres e abne­gações incessantes. Desfavorecido de qualquer vantagem material no princípio, conheceu ásperas obri­gações para ganhar a intimidade com as leituras mais simples. Entregue ao serviço rude, no verdor da mocidade, constituiu a família, pingando suor no sacrifício diário. Passou a vida em submissão a regulamentos, conquistando a subsistência com enorme despesa de energia. Mesmo assim, encon­trou recursos para dedicar-se aos que gemem e sofrem nos planos mais baixos que o dele. Rece­bendo a mediunidade, colocou-a a serviço do bem coletivo. Conviveu com os desalentados e aflitos de toda sorte. E porque seu espírito sensível encontrava prazer em ser útil e em razão dos ne­cessitados guardarem raramente a noção do equilibrio, sua existência converteu-se em refúgio de enfermos do corpo e da alma. Perdeu, quase inte­gralmente, o conforto da vida social, privou-se de estudos edificantes que lhe poderiam prodigalizar mais amplas realizações ao idealismo de homem de bem e prejudicou as células físicas, no acúmulo de serviço obrigatório e acelerado na causa do so­frimento humano. Pelas vigílias compulsórias, noi­te a dentro, atenuou-se-lhe a resistência nervosa; pela inevitável irregularidade das refeições, distan­ciou-se da saúde harmoniosa do estômago; pelas perseguições gratuitas de que foi objeto, gastou fosfato excessivamente e, pelos choques reiterados com a dor alheia, que sempre lhe repercutiu amar­gamente no coração, alojou destruidoras vibrações no fígado, criando afecções morais que o incapa­citaram para as funções regeneradoras do sangue. É verdade que não podemos louvar o trabalha­dor que perde qualquer órgão fundamental da vida fisica em atrito com as perturbações que com­panheiros encarnados criam e incentivam para si mesmos; no entanto, faz-se preciso considerar as circunstâncias em jogo. Dimas poderia receber, com naturalidade, semelhantes emissões destruti­vas, mantendo-se na serenidade intangível do le­gítimo apóstolo do Evangelho. Todavia, não se organiza de um dia para outro o anteparo psíquico contra o bombardeio dos raios perturbadores da mente alheia, como não é fácil improvisar cais se­guro ante o oceano em ressaca. Cercado de exi­géncias sentimentais, subalimnentado, maldormido, teve as reiteradas congestões hepáticas converti­das na cirrose hipertráfica, portadora da desinte­gração do corpo''.

            Interrompeu-se o orientador, e, como me sen­tisse fundamente envergonhado pelo paralelo que inadvertidamente estabelecera, Jerônimo acentuou:

            — Segundo observamos, há existências que perdem pela extensão, ganhando, porém, pela in­tensidade. A visão imperfeita dos homens encar­nados reclama o exame acurado dos efeitos, mas a visão divina jamais despreza minuciosas investi­gações sobre as causas...(Obreiros da vida Eterna. Cap. 13. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier).

            Os que aceitam com resignação os seus sofrimentos, por submissão à vontade de Deus e com vistas à sua felicidade futura, não trabalham apenas para eles mesmos, e podem tornar os seus sofrimentos proveitosos para outros?

             Esses sofrimentos podem ser proveitosos para outros, material e moralmente. Materialmente, se, pelo trabalho, as privações e os sacrifícios que se impõem contribuem para o bem-estar material do próximo. Moralmente, pelo exemplo que dão, com sua submissão à vontade de Deus. Esse exemplo do poder da fé espírita pode incitar os infelizes à resignação, salvando-os do desespero e de suas funestas conseqüências para o futuro. (São Luís

Paris, 1860. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 5. Questão 31. Allan Kardec).

             Se suportardes o frio e a fome para agasalhar e alimentar aquele que necessita, e vosso corpo sofrer com isso, eis um sacrifício que é abençoado por Deus. Vós, que deixais vossos toucadores perfumados para levar consolação aos aposentos infectos; que sujais vossas mãos delicadas curando chagas; que vos privais do sono para velar à cabeceira de um doente que é vosso irmão em Deus; vós enfim, que aplicais a vossa saúde na prática das boas obras, tendes nisso o vosso cilício, verdadeiro cilício de bênçãos, porque as alegrias do mundo não ressecaram o vosso coração. Vós não adormecestes no seio das voluptuosidades enlanguescedoras da fortuna, mas vos transformastes nos anjos consoladores dos pobres deserdados.

            Mas vós que vos retirais do mundo para evitar suas seduções e viver no isolamento, qual a vossa utilidade na Terra? Onde está a vossa coragem nas provas, pois que fugis da luta e desertais do combate? Se quiserdes um cilício, aplicai-o à vossa alma e não ao vosso corpo; mortificai o vosso Espírito e não a vossa carne; fustigai-o vosso orgulho; recebei as humilhações sem vos queixardes; machucai vosso amor-próprio; insensibilizai-vos para a dor da injúria e da calúnia, mais pungente que a dor física. Eis aí o verdadeiro cilício, cujas feridas vos serão contadas, porque atestarão a vossa coragem, e a vossa submissão à vontade de Deus. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 5. Item 26. Allan Kardec).

            Muita gente lamenta não poder fazer todo o bem que desejaria, por falta de recursos, e se querem a fortuna, dizem, é para bem aplicá-la. A intenção é louvável, sem dúvida, e pode ser muito sincera de parte de alguns; mas o seria de parte de todos, assim completamente desinteressados? Não haverá os que, inteiramente empenhados em beneficiares outros, se sentirão bem de começar por si mesmos, concedendo-se mais algumas satisfações, um pouco mais do supérfluo que ora não têm para dar aos pobres apenas o resto? Este pensamento oculto, talvez dissimulado, mas que encontrariam no fundo do coração, se o sondas sem, anula o mérito da intenção, pois a verdadeira caridade faz antes pensar nos outros que em si mesmo.  O sublime da caridade, nesse caso, seria procurar cada qual no se próprio trabalho, pelo emprego de suas forças, de sua inteligência, de sua capacidade, os recursos que lhe faltam para realizar suas intenções generosas. Nisso estaria o sacrifício mais agradável ao Senhor. Mas, infelizmente, a maioria sonha com meios fáceis de se enriquecer, de um golpe e sem sacrifícios, correndo atrás de quimeras, como a descoberta de tesouros, uma oportunidade favorável, o recebimento de heranças inesperadas, e assim por diante. Que dizer dos que esperam encontra para os secundar nessas buscas, auxiliares entre os Espíritos? É evidente que eles nem conhecem nem compreendem o sagrado objetivo do Espiritismo, e menos ainda a missão dos Espíritos, os quais Deus permite comunicarem-se com os homens. Mas justamente por isso, são punidos pelas decepções. 

            Aqueles cuja intenção é desprovida de qualquer interesse pessoal devem consolar-se de sua impotência para fazer o bem que desejariam lembrando que o óbolo do pobre, que o tira da sua própria privação, pesa mais na balança de Deus que o ouro do rico, que dá sem privar-se de nada. Seria grande a satisfação, sem dúvida, de poder socorrer largamente a indigência; mas, se isso é impossível, é necessário submeter-se a fazer o que se pode. Aliás, não é somente com o ouro que se podem enxugar as lágrimas, e não devemos ficar inativos por não o possuirmos. Aquele que deseja sinceramente tornar-se útil para os seus irmãos, encontra mil ocasiões de fazê-lo. Que as procure e as encontrará. Se não for de uma maneira, será de outra, pois não há uma só pessoa, no livre gozo de suas faculdades, que não possa prestar algum serviço, dar uma consolação, amenizar um sofrimento físico ou moral, tomar uma providência útil. Na falta de dinheiro, não dispõe cada qual do seu esforço, de seu tempo, do seu repouso, para oferecer um pouco aos outros? Isso também é a esmola do pobre, o óbolo da viúva. ( O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 13. Item 6. Allan Kardec).

           

Observação (1): O ascetismo ou asceticismo é uma filosofia de vida na qual são refreados os prazeres mundanos, onde se propõem a austeridade. Aquelas que praticam um estilo de vida austero definem suas praticas como virtuosa e perseguem o objetivo de adquirir uma grande espiritualidade. Muitos ascéticos acreditam que a purificação do corpo ajuda a purificação da alma, e de fato a obter a compreensão de uma divindade ou encontrar a paz interior. Isto também pode ser obtido com a automortificação, rituais, ou uma severa renúncia ao prazer. Entretanto, ascéticos defendem que essas restrições auto-impostas trazem grande liberdade em várias áreas de suas vidas, tais como aumento das habilidades para pensar limpidamente e para resistir a potenciais impulsos destrutivos. Asceticismo é muito associado com monges, yogis ou sacerdote, entretanto qualquer indivíduo pode escolher levar um vida ascética. (https://pt.wikipedia.org/wiki/Ascetismo_%28filosofia%29).

 

Observação (2): ''O Livro dos Espíritos '' afirma que:  Dada a vossa constituição física, a carne alimenta a carne, do contrário o homem perece. A lei de conservação lhe prescreve, como um dever, que mantenha suas forças e sua saúde, para cumprir a lei do trabalho. Ele, pois, tem que se alimentar conforme o reclame a sua organização.” (O Livro dos Espíritos. Questão 723. Allan Kardec).

 

Observação (3): Significado de Bonzo : Sacerdote budista. (https://www.priberam.pt/DLPO/bonzo)

 

Observação (4): Faquir  é um asceta que executa feitos de resistência ou de suposta magia, como caminhar sobre fogo, engolimento de espada ou deitar-se sobre pregos. (...) O primeiro relato sobre esta prática chegou ao Ocidente em 1691, pelo médico holandês Dopper, depois de retornar de sua viagem à Índia. (https://pt.wikipedia.org/wiki/Faquir)

 

Observação(5): Significado de Óbulo: Pequena moeda da antiga Grécia;  Soma insignificante com que se contribui; Esmola. (https://www.dicionariodoaurelio.com/obolo).

 

Bibliografia:

- O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 5, item 26 e questões 30 e 31. Cap. 13, item 6. Allan Kardec.

- O Livro dos Espíritos. Questões 646, 720, 721, 723, 724, 725, 726, 727. Allan Kardec.

- Obreiros da vida Eterna. Cap. 13. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier.

- Elucidações Evangélicas. Cap. 31. Antônio Luiz Sayão.

- Bíblia: Mateus 6:16-18.

- Sites: https://www.dicionariodoaurelio.com/privar; https://www.dicionariodoaurelio.com/voluntario; https://pt.wikipedia.org/wiki/Ascetismo_%28filosofia%29; https://www.priberam.pt/DLPO/bonzo; https://pt.wikipedia.org/wiki/Faquir; https://www.dicionariodoaurelio.com/obolo. Data da consulta: 07/12/14

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