Utilize o conteúdo da aula, designado por "Subsídio para o Evangelizador", para desenvolver palestras espíritas para jovens e adultos.

Aula 29 - O sono e os sonhos

Ciclo 1 - História: O sonho de João - Atividade: LE - L2 - Cap. 8 - 2 -Visitas espíritas entre os vivos.

Ciclo 2 - História: O sonho de Laurinho - Atividade: LE - L2 - Cap. 8 - 3 - Transmissão oculta do pensamento.

Ciclo 3 - História: A conta da vida - Atividade: LE - L2 - Cap. 8 - 1 - O sono e os sonhos.

Mocidade - História:  Atividade plena -   Atividade:   2 - Dinâmica de grupo:  Interpretação do sonho de Nabucodonosor.

 

Dinâmicas: Sono e sonhos; Interpretação dos sonhos.

Mensagens Espíritas: Sono e sonhos.

Biografia: Sigsmund Schlomo Freud.

Sugestão de vídeo: História infantil: A conta da vida (Dica: pesquise no Youtube).

Sugestão de livro infantil: O sonho de Patrícia. Vera Lucia Marinzeck De Carvalho. Editora Petit.

 

Leitura da Bíblia: Gênesis - Capítulo 28


28.10   Partiu Jacó de Berseba e seguiu para Harã.


28.11   Tendo chegado a certo lugar, ali passou a noite, pois já era sol-posto; tomou uma das pedras do lugar, fê-la seu travesseiro e se deitou ali mesmo para dormir.


28.12   E sonhou: Eis posta na terra uma escada cujo topo atingia o céu; e os anjos de Deus subiam e desciam por ela.


28.13   Perto dele estava o SENHOR e lhe disse: Eu sou o SENHOR, Deus de Abraão, teu pai, e Deus de Isaque. A terra em que agora estás deitado, eu ta darei, a ti e à tua descendência.


28.14   A tua descendência será como o pó da terra; estender-te-ás para o Ocidente e para o Oriente, para o Norte e para o Sul. Em ti e na tua descendência serão abençoadas todas as famílias da terra.


28.15   Eis que eu estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei voltar a esta terra, porque te não desampararei, até cumprir eu aquilo que te hei referido.


28.16   Despertado Jacó do seu sono, disse: Na verdade, o SENHOR está neste lugar, e eu não o sabia.


28.17   E, temendo, disse: Quão temível é este lugar! É a Casa de Deus, a porta dos céus.


28.18   Tendo-se levantado Jacó, cedo, de madrugada, tomou a pedra que havia posto por travesseiro e a erigiu em coluna, sobre cujo topo entornou azeite.


28.19   E ao lugar, cidade que outrora se chamava Luz, deu o nome de Betel.


 

Gênesis - Capítulo 37 (Vide: Gênesis 39: 15-28; 41:39-40; 42:6-17)


37.2   Esta é a história de Jacó. Tendo José dezessete anos, apascentava os rebanhos com seus irmãos; sendo ainda jovem, acompanhava os filhos de Bila e os filhos de Zilpa, mulheres de seu pai; e trazia más notícias deles a seu pai.


37.3   Ora, Israel amava mais a José que a todos os seus filhos, porque era filho da sua velhice; e fez-lhe uma túnica talar de mangas compridas.


37.4   Vendo, pois, seus irmãos que o pai o amava mais que a todos os outros filhos, odiaram-no e já não lhe podiam falar pacificamente.


37.5   Teve José um sonho e o relatou a seus irmãos; por isso, o odiaram ainda mais.


37.6   Pois lhes disse: Rogo-vos, ouvi este sonho que tive:


37.7   Atávamos feixes no campo, e eis que o meu feixe se levantou e ficou em pé; e os vossos feixes o rodeavam e se inclinavam perante o meu.


37.8   Então, lhe disseram seus irmãos: Reinarás, com efeito, sobre nós? E sobre nós dominarás realmente? E com isso tanto mais o odiavam, por causa dos seus sonhos e de suas palavras.


37.9   Teve ainda outro sonho e o referiu a seus irmãos, dizendo: Sonhei também que o sol, a lua e onze estrelas se inclinavam perante mim.


37.10   Contando-o a seu pai e a seus irmãos, repreendeu-o o pai e lhe disse: Que sonho é esse que tiveste? Acaso, viremos, eu e tua mãe e teus irmãos, a inclinar-nos perante ti em terra?


37.11   Seus irmãos lhe tinham ciúmes; o pai, no entanto, considerava o caso consigo mesmo.


 

Daniel - Capítulo 2


2.1   No segundo ano do reinado de Nabucodonosor, teve este um sonho; o seu espírito se perturbou, e passou-se-lhe o sono.


2.2   Então, o rei mandou chamar os magos, os encantadores, os feiticeiros e os caldeus, para que declarassem ao rei quais lhe foram os sonhos; eles vieram e se apresentaram diante do rei.


2.3   Disse-lhes o rei: Tive um sonho, e para sabê-lo está perturbado o meu espírito.


2.5   Respondeu o rei e disse aos caldeus: Uma coisa é certa: se não me fizerdes saber o sonho e a sua interpretação, sereis despedaçados, e as vossas casas serão feitas monturo;


2.6   mas, se me declarardes o sonho e a sua interpretação, recebereis de mim dádivas, prêmios e grandes honras; portanto, declarai-me o sonho e a sua interpretação.


2.10   Responderam os caldeus na presença do rei e disseram: Não há mortal sobre a terra que possa revelar o que o rei exige; pois jamais houve rei, por grande e poderoso que tivesse sido, que exigisse semelhante coisa de algum mago, encantador ou caldeu.


2.11   A coisa que o rei exige é difícil, e ninguém há que a possa revelar diante do rei, senão os deuses, e estes não moram com os homens.


2.12   Então, o rei muito se irou e enfureceu; e ordenou que matassem a todos os sábios da Babilônia.


2.13   Saiu o decreto, segundo o qual deviam ser mortos os sábios; e buscaram a Daniel e aos seus companheiros, para que fossem mortos.


2.14   Então, Daniel falou, avisada e prudentemente, a Arioque, chefe da guarda do rei, que tinha saído para matar os sábios da Babilônia.


2.16   Foi Daniel ter com o rei e lhe pediu designasse o tempo, e ele revelaria ao rei a interpretação.


2.19   Então, foi revelado o mistério a Daniel numa visão de noite; Daniel bendisse o Deus do céu.


2.20   Disse Daniel: Seja bendito o nome de Deus, de eternidade a eternidade, porque dele é a sabedoria e o poder;


 

Mateus - Capítulo 1


1.20   Enquanto ponderava nestas coisas, eis que lhe apareceu, em sonho, um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo.


1.21   Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles.


Capítulo 2


2.12   Sendo por divina advertência prevenidos em sonho para não voltarem à presença de Herodes, regressaram por outro caminho a sua terra.


2.13   Tendo eles partido, eis que apareceu um anjo do Senhor a José, em sonho, e disse: Dispõe-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito e permanece lá até que eu te avise; porque Herodes há de procurar o menino para o matar.


2.14   Dispondo-se ele, tomou de noite o menino e sua mãe e partiu para o Egito;


 

Tópicos a serem abordados:

- Segundo a Ciência, sono é o nome dado ao repouso que fazemos em períodos de cerca de 8 horas. Neste período o corpo se recupera das energias gastas durante o dia. Dormir é importante para fortalecer a saúde do corpo e da nossa alma.

- Enquanto dormimos, o nosso corpo repousa, mas o Espírito não precisa repousar. Durante o sono, o Espírito pode se afastar do corpo físico, ficando ligado a ele por um cordão fluídico (cordão de prata) e entrar em contato com mundo espiritual e outros Espíritos.  

- Neste período, o Espírito liberto parcialmente, procura os seus afins, e se liga àquilo que lhe interessa.

- Há  Espíritos que vão ao encontro de pessoas queridas desencarnadas (por exemplo,visitam o vovô e a vovó, caso seja permitido), cujo o encontro lhe proporciona grande consolo. Alguns compreendem que estão no mundo espiritual e dedicam estas horas a estudos e a trabalhos espirituais.

- Outros continuam durante o sono a se preocuparem com os seus problemas materiais, tais como o trabalho ou outros negócios, exatamente quando acordados.

-  Há Espíritos que não se afastam da cama onde repousam os seus corpos. E há também aqueles que vão a procura de lugares de vícios.

-  O sonho é a lembrança do que o Espírito viu durante o sono, enquanto dormia. O sonho pode ser a lembrança da nossa vida passada ou revelação do futuro;  pode ser as preocupações e vontades da vida presente ( por exemplo, estar preocupado em fazer um prova ou querer um brinquedo); pode ser também a lembrança do que foi visto no mundo espiritual ou de algum conselho que tenha recebido do seu protetor.

- No entanto, muitas vezes parecem que os nossos sonhos não possuem lógica. Isto acontece pois não nos recordamos completamente deles.  A incoerência dos sonhos pode ser explicada pelas lacunas que apresenta a recordação incompleta . É como se a uma narração se truncassem frases ou trechos ao acaso. Reunidos depois, os fragmentos restantes nenhuma significação racional teriam.

- Uma mesma idéia, uma descoberta, por exemplo, pode surgir em vários locais do mundo porque os Espíritos se comunicam entre si durante o sono e quando acordam se recordam do que aprenderam e julgam ter inventado (1).

- A atividade que o Espírito faz durante o sono pode o levar ao cansaço, porque o Espírito está ligado ao corpo, como o balão ao poste. Ora, da mesma maneira que as sacudidas do balão abalam o poste, a atividade do espírito reage sobre o corpo, e pode produzir-lhe cansaço.

- É importante nos prepararmos para dormir da seguinte forma: ler uma história agradável ou ouvir uma música suave,  não assistir desenhos ou filmes violentos,  cultivar bons pensamentos, fazer uma oração e pedir proteção ao nosso anjo da guarda.  Um bom sono concede maior liberdade para o nosso Espírito, permitindo-nos aproveitar melhor a estada no mundo espiritual.

 

Comentário (1): LE. Questão 419. A.K.

 

Perguntas para fixação:

1. Por que é importante dormir?

2. O Espírito repousa durante o sono?

3. Para onde o Espírito pode ir durante o sono?

4. Que tipo de lembranças o Espírito pode ter durante o sono?

5. Por que as lembranças que temos de alguns sonhos parecem não possuir lógica?

6. Podemos visitar nossos parentes durante o sono?

7. É possível uma mesma descoberta ocorrer, na mesma época, em locais diferentes do mundo? Por que?

8. Como devemos nos preparar para dormir?

 

Subsídio para o Evangelizador:

            Segundo a Ciência: Sono é o nome dado ao repouso que fazemos em períodos de cerca de 8 horas em intervalos de cerca de 24 horas. Durante esse período nosso organismo realiza funções importantíssimas com consequências diretas à saúde como o fortalecimento do sistema imunológico, secreção e liberação de hormônios (hormônio do crescimento, insulina e outros), consolidação da memória, isso sem falar no relaxamento e descanso da musculatura. (https://www.abcdasaude.com.br/odontologia/a-importancia-do-sono-e-as-principais-interferencias).

            Médicos recomendam que se durma cerca de 8 horas por dia, e estudos recentes feitos na Europa, Estados Unidos e Japão mostraram, inclusive, que quem cumpre a agenda tem maior expectativa de vida (1). (https://www.usp.br/espacoaberto/?materia=a-importancia-de-dormir-bem).

            Durante o sono, a alma repousa como o corpo?

            Segundo o Espiritismo: Não, o Espírito jamais está inativo. Durante o sono, afrouxam-se os laços que o prendem ao corpo e, não precisando este então da sua presença, ele se lança pelo espaço e entra em relação mais direta com os outros Espíritos. (O Livro dos Espíritos. Questão 401. Allan Kardec).

            O sono tem por fim dar repouso ao corpo; o Espírito, porém, não precisa de repousar. Enquanto os sentidos físicos se acham entorpecidos, a alma se desprende, em parte, da matéria e entra no gozo das faculdades do Espírito. O sono foi dado ao homem para reparação das forças orgânicas e também para a das forças morais. Enquanto o corpo recupera os elementos que perdeu por efeito da atividade da vigília, o Espírito vai retemperar-se entre os outros Espíritos. Haure, no que vê, no que ouve e nos conselhos que lhe dão, ideias que, ao despertar, lhe surgem em estado de intuição. É a volta temporária do exilado à sua verdadeira pátria. É o prisioneiro restituído por momentos à liberdade. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 28. Item 38.Allan Kardec).

            Durante o sono, a alma pode, segundo as necessidades do momento, aplicar-se a reparar as perdas vitais causadas pelo trabalho cotidiano e a regenerar o organismo adormecido, influindo-lhe as forças tiradas do mundo cósmico, ou, quando está acabando esse movimento reparador, continuar o curso da sua vida superior e pairar sobre a Natureza. ( O problema do Ser, do Destino e da Dor. Cap. 55. Léon Denis).

             Sabem os médicos terrenos que o sono é um dos ministros mais eficientes da cura. É que, ausente do corpo, muitas vezes consegue a alma prover-se de recursos prodigiosos para a recuperação do veículo carnal em que estagia no mundo. (Ação e reação. Cap. 13. Espírito André Luiz.  Psicografado por Chico Xavier)

             No livro " Entre a Terra e o Céu", o Espírito André Luiz,  quando estava na orla do mar, observou que ali haviam muitos encarnados doentes, desligados do corpo pelo sono e fez o seguinte relato:  

              "Desencarnados de várias procedências reencontravam amigos que ainda se demoravam na Terra, momentaneamente desligados do corpo pela anestesia do sono. Dente esses, salientava-se grande número de enfermos. Anciães, mulheres e crianças, compareciam ali sustentados pelos braços de entidades numerosas que os assistiam. (...)Serviços magnéticos de socorro urgente eram improvisados aqui e além...(...) Brisas refrescantes sopravam de longe, carreando princípios regeneradores e insuflando em nós delicioso bem-estar.

              - O oceano é miraculoso reservatório de forças - disse Clarêncio. Até aqui muitos companheiros de nosso plano trazem irmãos doentes, ainda ligados ao copo da Terra, de modo a receberem refazimento e repouso. Enfermeiros e amigos desencarnados desvelam-se na reconstituição das energias de seus tutelados. Qual acontece na montanha, arborizada, a atmosfera marinha permanece impregnada por infinitos recursos de vitalidade da Natureza". (Entre a Terra e o Céu. Cap. 5. Espírito André Luiz.  Psicografado por Chico Xavier)

            Como podemos julgar da liberdade do Espírito durante o sono?

            Pelos sonhos. Quando o corpo repousa, acredita-o, tem o Espírito mais faculdades do que no estado de vigília. Lembra-se do passado e algumas vezes prevê o futuro. Adquire maior potencialidade e pode pôr-se em comunicação com os demais Espíritos,  quer deste mundo, quer do outro. Dizes freqüentemente: Tive um sonho extravagante, um sonho horrível, mas absolutamente inverossímil.

            Enganas-te. É amiúde uma recordação dos lugares e das coisas que viste ou que verás em outra existência ou em outra ocasião. Estando entorpecido o corpo, o Espírito trata de quebrar seus grilhões e de investigar no passado ou no futuro. Pobres homens, que mal conheceis os mais vulgares fenômenos da vida! Julgais-vos muito sábios e as coisas mais comezinhas vos confundem. Nada sabeis responder a estas perguntas que todas as crianças formulam: Que fazemos quando dormimos? Que são os sonhos? O sono liberta a alma parcialmente do corpo. Quando dorme, o homem se acha por algum tempo no estado em que fica permanentemente depois que morre. Tiveram sonos inteligentes os Espíritos que, desencarnando, logo se desligam da matéria. Esses Espíritos, quando dormem, vão para junto dos seres que lhes são superiores. Com estes viajam, conversam e se instruem. Trabalham mesmo em obras que se lhes deparam concluídas, quando volvem, morrendo na Terra, ao mundo espiritual. Ainda esta circunstância é de molde a vos ensinar que não deveis temer a morte, pois que todos os dias morreis, como disse um santo.

            Isto, pelo que concerne aos Espíritos elevados. Pelo que respeita ao grande número de homens que, morrendo, têm que passar longas horas na perturbação, na incerteza de que tantos já vos falaram, esses vão, enquanto dormem, ou a mundos inferiores à Terra, onde os chamam velhas afeições, ou em busca de gozos quiçá mais baixos do que os em que aqui tanto se deleitam. Vão beber doutrinas ainda mais vis, mais ignóbeis, mais funestas do que as que professam entre vós. E o que gera a simpatia na Terra é o fato de sentir-se o homem, ao despertar, ligado pelo coração àqueles com quem acaba de passar oito ou nove horas de ventura ou de prazer. Também as antipatias invencíveis se explicam pelo fato de sentirmos em nosso íntimo que os entes com quem antipatizamos têm uma consciência diversa da nossa. Conhecemo-los sem nunca os termos visto com os olhos. É ainda o que explica a indiferença de muitos homens. Não cuidam de conquistar novos amigos, por saberem que muitos têm que os amam e lhes querem. Numa palavra: o sono influi mais do que supondes na vossa vida.

            Graças ao sono, os Espíritos encarnados estão sempre em relação com o mundo dos Espíritos. Por isso é que os Espíritos superiores assentem, sem grande repugnância, em encarnar entre vós. Quis Deus que, tendo de estar em contacto com o vício, pudessem eles ir retemperar-se na fonte do bem, a fim de igualmente não falirem, quando se propõem a instruir os outros. O sono é a porta que Deus lhes abriu, para que possam ir ter com seus amigos do céu; é o recreio depois do trabalho, enquanto esperam a grande libertação, a libertação final, que os restituirá ao meio que lhes é próprio.

            O sonho é a lembrança do que o Espírito viu durante o sono. Notai, porém, que nem sempre sonhais. Que quer isso dizer? Que nem sempre vos lembrais do que vistes, ou de tudo o que haveis visto, enquanto dormíeis. É que não tendes então a alma no pleno desenvolvimento de suas faculdades. Muitas vezes, apenas vos fica a lembrança da perturbação que o vosso Espírito experimenta à sua partida ou no seu regresso, acrescida da que resulta do que fizestes ou do que vos preocupa quando despertos. A não ser assim, como explicaríeis os sonhos absurdos, que tanto os sábios, quanto as mais humildes e simples criaturas têm? Acontece também que os maus Espíritos se aproveitam dos sonhos para atormentar as almas fracas e pusilânimes.

            Em suma, dentro em pouco vereis vulgarizar-se outra espécie de sonhos. Conquanto tão antiga como a de que vimos falando, vós a desconheceis. Refiro-me aos sonhos de Joana, ao de Jacob, aos dos profetas judeus e aos de alguns adivinhos indianos. São recordações guardadas por almas que se desprendem quase inteiramente do corpo, recordações dessa segunda vida a que ainda há pouco aludíamos.

            Tratai de distinguir essas duas espécies de sonhos nos de que vos lembrais, do contrário cairíeis em contradições e em erros funestos à vossa fé.

            Os sonhos são efeito da emancipação da alma, que mais independente se torna pela suspensão da vida ativa e de relação. Daí uma espécie de clarividência indefinida que se alonga até aos mais afastados lugares e até mesmo a outros mundos. Daí também a lembrança que traz à memória acontecimentos da precedente existência ou das existências anteriores. As singulares imagens do que se passa ou se passou em mundos desconhecidos, entremeados de coisas do mundo atual, é que formam esses conjuntos estranhos e confusos, que nenhum sentido ou ligação parecem ter.

            A incoerência dos sonhos ainda se explica pelas lacunas que apresenta a recordação incompleta que conservamos do que nos apareceu quando sonhávamos. É como se a uma narração se truncassem frases ou trechos ao acaso. Reunidos depois, os fragmentos restantes nenhuma significação racional teriam.( O Livro dos Espíritos. Questão 402. Allan Kardec).

           Na Revista Espírita de 1866, um médico relata que participou de reuniões de estudo no mundo espiritual e lembrou-se das suas existência passadas, este episódio foi descrito  da seguinte maneira:

            (...) há alguns dias senti uma espécie de torpor apoderar-se de meu Espírito e, a despeito de conservar a consciência do meu eu, senti-me transportado no espaço; chegado a um lugar que para vós não tem nome, encontrei-me numa reunião de Espíritos ...

             Lá, não fiquei pouco surpreendido ao reconhecer nesses antigos de todas as idades, nesses nomes de todas as épocas, uma semelhança perispiritual comigo. Perguntei-me o que tudo aquilo significava; dirigi-lhes as perguntas que me sugeria a minha posição, mas minha surpresa foi ainda maior, ouvindo-me responder a mim mesmo. Voltei-me, então, para eles e vi que estava só.

              Eis as minhas deduções...

               (...)Quando meu Espírito sofreu uma espécie de entorpecimento, eu estava, a bem dizer, magnetizado pelo fluido de meus amigos espirituais; por uma permissão de Deus...

               (...)Eu estava, pois, adormecido num sono magnético-espiritual; vi o passado formar-se num presente fictício; reconheci individualidades que haviam desaparecido ao longo do tempo, ou, melhor, que tinham sido apenas um indivíduo. Vi um ser começar uma obra médica; um outro, mais tarde, continuar a obra esboçada pelo primeiro, e assim por diante.

                Nesse sono vi os diferentes corpos que meu Espírito animou desde um certo número de encarnações, e todos trabalharam a ciência médica sem jamais se afastarem dos princípios que o primeiro havia elaborado. Esta última encarnação não era para aumentar o saber, mas simplesmente para praticar o que ensinava a minha teoria.

                (...) Um membro da Sociedade explica o fenômeno desta maneira:As diferentes encarnações do Dr. Cailleux, que seus guias espirituais queriam fazê-lo ver para sua instrução, puderam apresentar-se a ele como lembrança, da mesma maneira que as imagens se oferecem nos sonhos. (Revista Espírita. Junho de 1866. Visão Retrospectiva das Várias Encarnações de um Espírito. Dr. Cailleux/ Allan Kardec)

              Poderíamos modificar as ideias de uma pessoa em estado de vigília, agindo sobre o seu Espírito durante o sono?

              R: Sim, às vezes. Não estando o Espírito, no sono, ligado tão estreitamente à matéria, torna-se mais acessível às sugestões morais e estas podem influir sobre a sua maneira de ver no estado ordinário. Infelizmente acontece, quase sempre, que ao acordar a natureza corpórea o domina e o faz esquecer as boas resoluções que tinha podido tomar. (O Livro dos Médiuns. Cap. 25. Item 284. Questão 54. Allan Kardec)

               Os Espíritos dormem? No livro "Nosso Lar", há informações de que após os trabalhos nas Câmaras de Retificação, o Espírito André Luiz dormiu, deixando o seu corpo espiritual em repouso e faz o seguinte relato:

              "(...)Tobias pôs à minha disposição um apartamento de repouso, ao lado das Câmaras de Retificação, e aconselhou-me algum descanso. De fato, sentia grande necessidade do sono. Narcisa preparou-me o leito com desvelos de irmã. (...) Recolhido ao quarto confortável e espaçoso, orei ao Senhor da Vida agradecendo-lhe a bênção de ter sido útil. (...)Daí a instantes, sensações de leveza invadiram-me a alma toda e tive a impressão de ser arrebatado em pequenino barco, rumando a regiões desconhecidas. (...)Decorridos minutos, vi-me à frente de um porto maravilhoso, onde alguém me chamou com especial carinho:

              - André!... André!...

              Desembarquei com precipitação verdadeiramente infantil. Reconheceria aquela voz entre milhares. Num momento, abraçava minha mãe em transbordamentos de júbilo. Fui conduzido, então, por ela, a prodigioso bosque...O sonho não era propriamente qual se verifica na Terra. Eu sabia, perfeitamente, que deixara o veículo inferior no apartamento das Câmaras de Retificação, em "Nosso Lar", e tinha absoluta consciência daquela movimentação em plano diverso. "(Nosso Lar. Cap. 36. Espírito André Luiz.Psicografado por Chico Xavier)

             A espécie de fadiga que os Espíritos são suscetíveis de sentir guarda relação com a inferioridade deles. Quanto mais elevados sejam, tanto menos precisarão de repousar. (O Livro dos Espíritos. Questão 254. Allan Kardec)

            Podem dividir-se os sonhos em três categorias principais (2):

            Primeiramente, o sonho ordinário, puramente cerebral, simples repercussão de nossas disposições físicas ou de nossas preocupações morais. É também o reflexo das impressões e imagens arquivadas no cérebro durante a vigília; na ausência de qualquer direção consciente, de toda intervenção da vontade, elas se desenvolvem automaticamente ou se traduzem em cenas indecisas, destituídas de coordenação e de sentido, mas que permanecem gravadas na memória.

            O sofrimento em geral e, particularmente, certas enfermidades, facilitando o desprendimento do Espírito, aumentam ainda mais a incoerência e intensidade dos sonhos. O Espírito, obstado em seu surto, empuxado a cada instante para o corpo, não se pode elevar. Daí - o conflito entre a matéria e o princípio espiritual, que reciprocamente se influenciam. As impressões e imagens se chocam e confundem.

            No primeiro grau de desprendimento, o Espírito flutua na atmosfera, sem se afastar muito do corpo; mergulha, por assim dizer, no oceano de pensamentos e imagens, que de todos os lados rolam pelo espaço, deles se impregna, e ai colhe impressões confusas, tem estranhas visões e inexplicáveis sonhos; a isso se mesclam às vezes reminiscências de vidas anteriores, tanto mais vivazes quanto mais completo é o desprendimento, que assim permite entrarem em vibração as camadas profundas da memória. Esses sonhos, de infinita diversidade, conforme o grau de emancipação da alma, afetam sobretudo o cérebro material, e é por isso que deles conservamos a lembrança, ao despertar.

            Por último vêm os sonhos profundos, ou sonhos etéreos. O Espírito se subtrai à vida física, desprende-se da matéria, percorre a superfície da Terra e a imensidade, onde procura os seres amados, seus parentes, seus amigos, seus guias espirituais. Vai, não raro, ao encontro das almas humanas, como ele desprendidas da carne durante o sono, com as quais se estabelece uma permuta de pensamentos e desígnios. Dessas práticas conserva o Espírito impressões que raramente afetam o cérebro físico, em virtude de sua impotência vibratória. Essas impressões se gravam, todavia, na consciência, que lhes guarda os vestígios, sob a forma de intuições, de pressentimentos, e influem, mais do que se poderia supor, na direção da nossa vida, inspirando os nossos atos e resoluções. Dai o provérbio: "A noite é boa conselheira."  (No invisível. Cap.13. Leon Denis).

        Geralmente, o espírito protetor revela certos acontecimentos futuros para nos preparar para o evento...

       "O pressentimento é sempre um aviso do Espírito protetor?  É o conselho íntimo e oculto de um Espírito que vos quer bem. Também está na intuição da escolha que se haja feito; é a voz do instinto. Antes de encarnar, tem o Espírito conhecimento das fases principais de sua existência, isto é, do gênero das provas a que se submete. Tendo estas caráter assinalado, ele conserva, no seu foro íntimo, uma espécie de impressão de tais provas e esta impressão, que é a voz do instinto, fazendo-se ouvir quando se aproxima o momento de sofrê-las, se torna pressentimento. "(O Livro dos Espíritos.  Questão 522. Allan Kardec)

         "Servindo-no do direito que a Ciência Espírita concede ao seu  adepto, de procurar instruir-se com os seus guias e amigos espirituais, sobre pontos ainda obscuros da mesma, como o fenômeno das premonições, Yvonne A. Pereira, interroga o Espírito amigo Charles sobre a questão:   Podeis esclarecer-nos sobre o processo pelo qual somos avisados de certos acontecimentos, geralmente importantes e graves, a se realizarem conosco, e que muitas vezes se cumprem como os vimos em sonhos ou em visões?  

           E ele respondeu, psicograficamente: - "Existem vários processos pelos quais o homem poderá ser informado de um ou outro  acontecimento futuro importante da sua vida. Comumente, se ele fez jus a essa advertência, ou lembrete, pois isso implica certo mérito, ou  ainda certo desenvolvimento psíquico, de quem o recebe, é um amigo do Além, um parente, o seu Espírito familiar ou o próprio Guardião Maior que lhe comunicam o fato a realizar-se, preparando-o para o evento, que geralmente é grave, doloroso, fazendose sempre em linguagem encenada, ou figurada, como de uso no Invisível, e daí o que chamais «avisos pelo sonho», ou  seja, sonhos premonitórios». De outras vezes, é o próprio indivíduo que, recordando  os acontecimentos que lhe serviriam de testemunhos reparadores, perante a lei da criação, delineados no mundo Espiritual às vésperas da reencarnação, os vê tais como acontecerão, assim os casos de morte, sua própria ou de pessoas da família, desastres, dores morais, etc., etc. E os seus protetores espirituais, que, igualmente conhecem o programa de peripécias do pupilo, delineado no  evento da reencarnação, com mais razão  o advertirão no momento necessário, seja através do sonho ou intuitivamente." (Recordações da mediunidade. Cap. 9 - Premonições. Yvonne A. Pereira) 

           (...)Como é então  que certas pessoas são avisadas , por pressentimento, da época em que morrerão?"   As mais das vezes, é o próprio Espírito delas que vem a saber disso em seus momentos de liberdade e guardam, ao despertar, a intuição do que entrevia. Essas pessoas , por estarem preparadas para isso,  não  se amedrontam, nem se emocionam. Não vêem nessa separação da alma e do corpo mais do  que uma mudança de situação, ou, se o preferir de se para usarmos de um a linguagem mais vulgar, a troca de um a veste de pano grosseiro por uma de seda. O temor da morte irá diminuindo, à medida que as crenças  espíritas se forem dilatando. "(O Livro dos Médiuns.  Capítulo 26 . Item  289. Allan Kardec)     

            Na "Revue Spirite" de 1866, pág. 172, Allan Kardec fala do desprendimento do Espírito de uma jovem de Lião, durante o sono, e de sua vinda a Paris, em meio de uma reunião espírita em que se achava sua mãe:

            "O médium, em estado de transe, vai a Lião, a pedido de uma senhora presente, ao aposento de sua filha, que descreve fielmente. A moça está adormecida; seu Espírito, conduzido por um guia espiritual, se aproxima de sua mãe, a quem vê e ouve. Para ela um sonho, diz o guia do médium, de que, ao despertar, não guardará lembrança clara; conservará apenas o pressentimento do bem que se pode auferir de uma crença firme e pura.

            Ela faz sentir a sua mãe que, se pudesse recordar-se tão bem de suas precedentes encarnações, no estado normal, como se lembra agora, não permaneceria muito tempo na situação estacionária em que se encontra. Porque vê claramente e sente-se capaz de progredir sem hesitação; ao passo que no estado de vigília nós temos uma venda sobre os olhos.

            "Obrigada - diz ela aos assistentes - por vos terdes ocupado comigo." Em seguida, abraça sua mãe. O médium acrescenta, ao terminar: "Ela sente-se feliz com esse sonho, de que se não há de lembrar, mas que nem por isso lhe deixará de produzir salutar impressão." (No invisível. Cap.13. Leon Denis).

            Há  Espíritos que, parcialmente libertos do corpo pelo sono, conservam toda a lucidez; compreendem que estão no mundo espiritual e dedicam estas horas a estudos e a trabalhos espirituais; assim ganham tempo, porque quando desencarnados encontraram prontos estes trabalhos.

            Outros Espíritos continuam durante o sono a tratarem de seus negócios e a preocuparem-se com seus problemas materiais, exatamente quando acordados. Esses Espíritos em nada beneficiam dos momentos de liberdade espiritual que o sono lhes concede.

            Alguns Espíritos ficam perturbados, sonolentos e não se afastam do pé do leito onde repousam seus corpos.

            Enfim, há Espíritos que dão azo a seus instintos baixos e procuram os lugares do vício e mesmo do crime.

            O sono favorece o encontro dos Espíritos encarnados com os desencarnados. Assim o encarnado pode encontrar com o seus entes queridos já desencarnados, de cujo encontro lhe advém grande consolo.

            (....) A nós, Espíritos encarnados desejosos do progresso espiritual, o sono concede excelentes oportunidades. Instrutores espirituais mantém escolas onde congregam, todas as noites, um número considerável de espíritos  encarnados semi-libertos do sono, e lhes ministram lições, ensinamentos  e conselhos. (O Espiritismo Aplicado. Posição do Espírito Encarnado durante o sono. Eliseu Rigonatti).

            No entanto, no livro  "Missionários da Luz" , ditado pelo Espírito André Luiz, o instrutor espiritual Alexandre relata que são poucos os encarnados que conseguem, enquanto estão dormindo,  participar de grupo de estudos no mundo Espiritual:

           " Nem todos sabem valer-se das horas de sono físico, para o incentivo de semelhantes aquisições, mas se alguns lavradores mais corajosos não se dispuserem a cultivar algumas sementes, a fim de iniciar-se mais tarde a cultura intensiva, jamais a comunidade ruralista alcançará a lavoura farta.

           (...) Contamos, em nosso centro de estudos, com número superior a trezentos associados; no entanto, apenas trinta e dois conseguem romper as teias inferiores das mais baixas sensações fisiológicas, para assimilarem nossas lições. E noites se verificam em que mesmo alguns desses quebram os compromissos assumidos, atendendo a seduções comuns, reduzindo-se ainda mais a frequência geral. Em compensação, de quando em vez há o comparecimento fortuito de outros companheiros, como ocorre nesta noite, em face da lembrança do Irmão Francisco, que nos trará alguns amigos.

              (...) Quando encarnados, na Crosta, não temos bastante consciência dos serviços realizados durante o sono físico; contudo, esses trabalhos são inexprimíveis e imensos. Se todos os homens prezassem seriamente o valor da preparação espiritual, diante de semelhante gênero de tarefa, certo efetuariam as conquistas mais brilhantes, nos domínios psíquicos, ainda mesmo quando ligados aos envoltórios inferiores. Infelizmente, porém, a maioria se vale, inconscientemente, do repouso noturno para sair à caça de emoções frívolas ou menos dignas. Relaxam-se as defesas próprias, e certos impulsos, longamente sopitados durante a vigília, extravasam em todas as direções, por falta de educação espiritual, verdadeiramente sentida e vivida.

            (...) Entretanto, isto ocorre com aprendizes de cursos avançados do Espiritualismo?

            (...) - Como não? (...) - Com referência a essa probabilidade, não tenha qualquer dúvida. Quantos pregam a Verdade, sem aderirem intimamente a ela? Quantos repetem fórmulas de esperança e paz, desesperando e perseguindo, no fundo do coração? Há sempre muitos "chamados" em todos os setores de construção e aprimoramento do mundo! Os "escolhidos", contudo, são sempre poucos." (Missionários da Luz. Cap. 8. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier).

            Neste livro também relata o motivo pelo qual dois encarnados (Vieira e Marcondes) não compareceram ao trabalho de aprendizado no mundo espiritual, o auxiliar do instrutor Alexandre (Sertório) explica que um deles estava sofrendo pesadelo, devido à presença de um espírito obsessor, e o outro estava em posição de relaxamento, viciado no ópio, conforme vemos nos trechos a seguir :

            "Sertório acercou-se de mim e observou:

             - Vieira está sofrendo um pesadelo cruel.

              E indicando a entidade estranha:

             - Creio que ele terá atraído até aqui o visitante que o espanta.

              Com efeito, muito delicadamente, o meu interlocutor começou a dialogar com a entidade de luto:

              - O amigo é parente do companheiro que dorme?

              - Não, não. Somos conhecidos velhos.

               E, muito impaciente, acentuou:

         - Hoje, à noite, Vieira me chamou com as suas reiteradas lembranças e acusou-me de faltas que não cometi, conversando levianamente com a família.  Isso, como é natural, desgostou-me. Não bastará o que tenho sofrido, depois da morte? ainda precisarei ouvir falsos testemunhos de amigos maledicentes? Não poderia esperar dele semelhante procedimento, em virtude das relações afetivas que nos uniam as famílias, desde alguns anos. Vieira foi sempre pessoa de minha confiança. Em razão da surpresa, deliberei esperá-lo nos momentos de sono, a fim de prestar-lhe os necessários esclarecimentos.

             O estranho visitante, todavia, fez uma pausa, sorriu irônico, e continuou:

           - Entretanto, desde o momento em que me pus a explicar-lhe a situação do passado, informando-o quanto aos verdadeiros móveis de minhas iniciativas e resoluções na vida carnal, para que não prossiga caluniando-me o nome, embora sem intenção, Vieira fez este rosto de pavor que estão vendo e parece não desejar ouvir as minhas verdades. (...) Alexandre prosseguiu:

         - Retirar violentamente a visita, cuja presença ele próprio propiciou, não é tarefa compatível com as minhas possibilidades do momento. Mas podemos socorrê-lo, acordando-o.

        E, sem pestanejar, sacudiu o adormecido, energicamente, gritando-lhe o nome com força. Vieira despertou confuso, estremunhando, sob enorme fadiga, e ouvi-o exclamar, palidíssimo:

            - Graças a Deus, acordei! Que pesadelo terrível!... Será crível que eu tenha lutado com o fantasma do velho Barbosa? Não! Não posso acreditar!...

         (...)Sertório, porém, não me proporcionou ensejo a maiores reflexões. Convocando-me ao dever imediato, acrescentou:

         - Visitemos o Marcondes. Não temos tempo a perder. Daí a dois minutos, penetrávamos outro apartamento privado; todavia, o quadro agora era muito mais triste e constrangedor.

            Marcondes estava, de fato, ali mesmo, parcialmente desligado do corpo físico, que descansava com bonita aparência, sob as colchas rendadas. Não se encontrava ele sob impressões de pavor, como acontecia ao primeiro visitado; entretanto, revelava a posição de relaxamento, característica dos viciados do ópio. Ao seu lado, três entidades femininas de galhofeira expressão permaneciam em atitude menos edificante."(Missionários da Luz. Cap. 8. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)

               No livro "Os Mensageiros" , o instrutor espiritual Aniceto diz ao Espírito André Luiz:

               "Quando se efetua o sono dos encarnados, são mantidas obsessões inferiores, perseguições permanentes, explorações psíquicas de baixa classe, vampirismo destruidor, tentações diversas. Ainda são poucos, relativamente os irmãos encarnados que sabem dormir para o bem..."( Os Mensageiros. Cap. 38. Espírito André Luiz.  Psicografado por Chico Xavier)

               No livro "Libertação" , o orientador espiritual Sidônio relata o caso de uma médium trabalhadora que se sintonizou com entidades menos esclarecidas, inadvertidamente, pelos fios negros do ciúme e faz a seguinte explicação ao Espírito André Luiz:

               "(...) cada servo acordado para o bem, quando se projeta em determinada faixa de vibrações inferiores durante o dia, marca quase sempre uma entrevista pessoal, para a noite, com os seres e as forças que a povoam.

               Enquanto a criatura é vulgar e não se destaca por aspirações de ordem superior, as inteligências pervertidas não se preocupam com ela; no entanto, logo que demonstre propósitos de sublimação, apura-se-lhe o tom vibratório, passa a ser notada pelos característicos de elevação e é naturalmente perseguida por quem se refugia na inveja ou na rebelião silenciosa, visto não conformar-se com o progresso alheio." (Libertação. Cap. 16. Espírito André Luiz.  Psicografado por Chico Xavier)

             Os Espíritos obsessores, muitos deles, são altamente treinados na técnica de hipnotizar; quase sempre, eles hipnotizam as suas vítimas quando elas se retiram do corpo, no momento do sono... Por este motivo, muita gente acorda mal-humorada e violenta.  Se soubéssemos o que nos espera no Além, não dormiríamos sem recorrer aos benefícios da prece.  Os Espíritos nossos desafetos nos espreitam; se não tivermos defesa, eles farão conosco o que bem entenderem... Há obsessões terríveis que são programadas durante o sono; toda noite é uma sessão de hipnose... De repente, é uma agressão violenta dentro de casa, um crime inexplicável...(O Evangelho de Chico Xavier. Item 190. Chico Xavier / Carlos A. Baccelli)

             (...) o indivíduo, durante o dia, parece ativo e normal, mas tem a vontade dominada pelas sugestões feitas pelo obsessor durante o sono. Este aproveita as horas livres para exercer sua nefasta influência, considerando a estreita sintonia entre ambos. Durante o dia, as sugestões emergem no consciente sob a forma de impulsos e pensamentos que o obsedado obedece como se fossem seus. O indivíduo é um autômato crendo ser independente. Vejam a senhora que se indispôs com o marido por questões secundárias; durante a noite, entretém-se no umbral com os "seus amigos", que a aconselham constantemente a abandonar "aquele miserável indigno das suas atenções". Cada dia está menos disposta a tolerar as pequenas coisas que lhe desagradam. E o cavalheiro disposto à auto-reforma que à noite recebe sugestões menos dignas no sentido de certas inclinações suas, durante o dia, encontra grandes dificuldades em manter qual conduta dentro dos padrões de dignidade cristã. Só a vontade firme pode superar essa atuação disfarçada. Até ações físicas e desastres são produzidos por esse mecanismo. Yvonne Pereira (Devassando o Invisível) relata curiosa experiência pessoal nesse sentido. Estava em visita a um grupo de espíritos votados ao mal dos semelhantes, num botequim, em companhia de um guardião elevado, Um desses seres, desagradando-se dela, entrou a repetir, "Estás com o braço quebrado", "serás atropelada amanhã", "olha o teu braço, quebrou-se". E dona Yvonne começou a sentir fortes dores no braço (fluídico) que parecia realmente fraturado. Foi preciso que o guardião interviesse. Agora, vejam. Se o sujeito comum, sem guardião especial, recebe tais ordens, no dia seguinte acordará predisposto a sofrer o acidente, pois elas estarão agindo no inconsciente, escapará se cortar a sintonia ou se a Lei protegê-lo. (Evolução para o terceiro milênio. Parte 2. Cap. 5. Item 3. Carlos Toledo Rizzini)

                No livro "Nos Domínios da Mediunidade", vemos a história de uma família de 5 filhos, onde a jovem Laura, filha de Américo, um homem enfermo, penetra no quarto do pai, reanima-o e o leva para fora, o acontecimento é descrito da seguinte forma:

               "Uma jovem, de fisionomia nobre e calma, penetrou o quarto em Espírito, passou rente a nós sem notar-nos e, reanimando Américo, retirou-o para fora.

               Percebendo-nos a silenciosa indagação, o Assistente informou:

               - É Laura, a filha generosa, que ainda mesmo durante o sono físico não se descuida de amparar o genitor doente.

               - Então está domiciliada aqui mesmo? - perguntou meu colega, admirado.

               - Sim, dormindo em aposento próximo.

               E, depois de ministrar recursos vitalizantes ao enfermo em lágrimas, o Assistente acrescentou:

               - Quando o corpo terrestre descansa, nem sempre as almas repousam. Na maioria das ocasiões, seguem o impulso que lhes é próprio. Quem se dedica ao bem, de um modo geral continua trabalhando na sementeira e na seara do amor, e quem se emaranha no mal costuma prolongar no sono físico os pesadelos em que se enreda..."(Nos Domínios da mediunidade. Cap. 24. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)

            Pode a atividade do Espírito, durante o repouso, ou o sono corporal, fatigar o corpo?

            Pode, pois que o Espírito se acha preso ao corpo qual balão cativo ao poste. Assim como as sacudiduras do balão abalam o poste, a atividade do Espírito reage sobre o corpo e pode fatigá-lo. ( O Livro dos Espíritos. Questão 412. Allan Kardec).

            Das ocupações a que nós  nos entregamos durante a semiliberdade que o sono nos concede, depende nosso estado quando acordados. Nós ficamos impregnados com fluídos que encontramos nos lugares onde estivemos como Espíritos, durante o sono; se frequentamos lugares puros, ou se nos tivermos dedicado a trabalhos nobres, voltaremos impregnados de bons fluidos que nos darão ânimo, saúde, coragem e alegria de viver; porém se como Espíritos semilibertos, frequentamos antros de vícios ou se gastarmos o tempo na nossa satisfação de desejos inferiores, voltaremos com o nosso períspirito carregado de fluidos impuros que muito influirão sobre a nossa saúde corporal. (O Espiritismo Aplicado.Estado de entorpecimento. Eliseu Rigonatti).     

            Por que não nos lembramos sempre dos sonhos?

            Em o que chamas sono, só há o repouso do corpo, visto que o Espírito está constantemente em atividade. Recobra, durante o sono, um pouco da sua liberdade e se corresponde com os que lhe são caros, quer neste mundo, quer em outros. Mas, como é pesada e grosseira a matéria que o compõe, o corpo dificilmente conserva as impressões que o Espírito recebeu, porque a este não chegaram por intermédio dos órgãos corporais. (O Livro dos Espíritos. Questão 403. Allan Kardec).

            Por que os indivíduos sofrem limitação na lembrança das experiências que ocorrem durante o sono?

            Dizem os Amigos Espirituais que raros espíritos encarnados estão habilitados a guardar com proveito semelhantes recordações, de vez que as lembranças desse teor, na criatura despreparada para isso lhe criariam choques prejudiciais e desnecessários. (Entrevistas. Item 87 - Sonhos. Espíritos Emmanuel. Chico Xavier)

            Nos casos importantes, quando o cérebro vibra com demasiada lentidão para que possa registrar as impressões intensas ou sutis percebidas pelo Espírito, e este quer conservar, ao despertar, a lembrança das instruções que recebeu, cria então, pela ação da vontade, quadros, cenas figurativas das imagens fluídicas, adaptadas à capacidade vibratória do cérebro material, sobre o qual, por um efeito sugestivo, as projeta energicamente. E, conforme a necessidade, se é inábil para isso, recorrerá ao auxílio dos Espíritos mais adiantados, e assim revestirá o sonho uma forma alegórica. (No invisível. Cap.13. Leon Denis).

            Que se deve pensar das significações atribuídas aos sonhos?

            Os sonhos não são verdadeiros como o entendem os ledores de buena-dicha, pois fora absurdo crer-se que sonhar com tal coisa anuncia tal outra. São verdadeiros no sentido de que apresentam imagens que para o Espírito têm realidade, porém que, freqüentemente, nenhuma relação guardam com o que se passa na vida corporal. São também, como atrás dissemos, um pressentimento do futuro, permitido por Deus, ou a visão do que no momento ocorre em outro lugar a que a alma se transporta. Não se contam por muitos os casos de pessoas que em sonho aparecem a seus parentes e amigos, a fim de avisá-los do que a elas está acontecendo? Que são essas aparições senão as almas ou Espíritos de tais pessoas a se comunicarem com entes caros? Quando tendes certeza de que o que vistes realmente se deu, não fica provado que a imaginação nenhuma parte tomou na ocorrência, sobretudo se o que observastes não vos passava pela mente quando em vigília? ( O Livro dos Espíritos. Questão 404. Allan Kardec). 

            Acontece com freqüência verem-se em sonho coisas que parecem um pressentimento, que, afinal, não se confirma. A que se deve atribuir isto?

            Pode suceder que tais pressentimentos venham a confirmar-se apenas para o Espírito. Quer dizer que este viu aquilo que desejava, foi ao seu encontro. É preciso não esquecer que, durante o sono, a alma está mais ou menos sob a influência da matéria e que, por conseguinte, nunca se liberta completamente de suas idéias terrenas, donde resulta que as preocupações do estado de vigília podem dar ao que se vê a aparência do que se deseja, ou do que se teme. A isto é que, em verdade, cabe chamar-se efeito da imaginação. Sempre que uma idéia nos preocupa fortemente, tudo o que vemos se nos mostra ligado a essa idéia (3). ( O Livro dos Espíritos. Questão 405. Allan Kardec).

            Em 1900, Sigmund Freud (1856--1939), considerado o “pai da Psicanálise”,  lançou a obra A interpretação dos sonhos, que trouxe uma contribuição acadêmica importante ao estudo deste interessante fenômeno. Entretanto, Freud não levava em consideração o elemento espiritual, motivo por que as suas teorias psicanalíticas nem sempre explicam todos os fatos relacionados com os sonhos, apresentando, mesmo, diversas lacunas. (Artigo: Concepção Espírita dos sonhos. Christuabi Torchi. Revista Reformador 07/2008).    

            A interpretação freudiana encara o sonho como apontando para o passado, declarando que ele significa a satisfação fantasiosa e no plano mental de um impulso recalcado, que provém dos instintos primitivos com os quais o indivíduo nasce. Para Freud, o sonho satisfaz de algum modo desejos e intenções não expressos e serve para impedir  que o impulso acorde o adormecido. É como se fosse uma ''mensagem cifrada do inconsciente'', que, decifrada pela interpretação do sonho, revela um aspecto da personalidade. ( Evolução para o terceiro milênio. Parte II. Cap. 4. Item 3. Carlos Toledo Rizzini).

             No livro "Conduta Espírita", o Espírito André Luiz faz as seguintes recomendações:

             "Extrair sempre os objetivos edificantes desse ou daquele painel entrevisto no sonho. Em tudo há sempre uma lição.

             Repudiar as interpretações supersticiosas que pretendam correlacionar os sonhos com jogos de azar e acontecimentos mundanos, gastando preciosos recursos e oportunidades da existência em preocupação viciosa e fútil. "(Conduta Espírita. Cap. 30. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)

             Segundo Yvonne A. Pereira, "(...) existem sonhos que não passam de frutos do nosso estado mental, ou nervoso, esgotado ou preocupado com afazeres e peripécias cotidianos. Outros são reflexos que nossa mente conserva dos fatos comuns da vida diária, e agora repetidos como num espelho: fazemos então, durante o sono, os mesmos trabalhos a que nos habituamos durante a vigília; tornamos às mesmas conversações, discussões, etc., ou realizamos, por uma espécie de autossugestão, os desejos conservados em nosso íntimo, os quais não tivemos possibilidade de realizar objetivamente: viagens, visitas, posse de alguma coisa e, às vezes, algo nem sempre confessável.

               Esses sonhos são medíocres e, geralmente, se confundem com outras cenas, num embaralhamento incômodo, que bem atestam perturbações físicas: má digestão, excitação nervosa, depressão etc. São, pois, mais reflexos da nossa vida cotidiana reagindo sobre o cérebro do que mesmo acontecimentos oriundos da verdadeira emancipação da alma. Comumente, tais sonhos acontecem durante o primeiro sono, quando as impressões adquiridas durante a agitação do dia ainda vibram em nossa organização cerebral não tranquilizada pelo repouso.

           Os verdadeiros sonhos, porém, diferem bastante dessas perturbações.

           E pela madrugada, quando nossas vibrações, mais tranquilizadas, adquirem força de ação, que poderemos penetrar o campo propício às atividades reais do nosso Espírito.

            Uma vez o nosso Espírito emancipado, temporariamente, durante o sono, partimos em busca de antigas afeições, momentaneamente esquecidas pela reencarnação, e nos deleitamos com sua convivência. Visitaremos amigos da atualidade, dos quais estávamos saudosos. Poderemos mesmo fazer novas amizades até em países estrangeiros, alargando, assim, o círculo de nossas afeições espirituais. Ao desencarnarmos, novos amigos encontraremos à nossa espera, a par dos antigos, a fim de que o amor se estabeleça em gerações humanas futuras, melhorando o estado da sociedade terrena. Poderemos trabalhar para o bem do próximo, encarnado ou desencarnado, sob a direção de mestres da Espiritualidade, ou, voluntariamente, obedecendo aos fraternos pendores que poderemos ter.

             Poderemos estudar e fazer verdadeiros cursos disso ou daquilo, assim armazenando preciosos cabedais morais-intelectuais nos recessos do espírito, cabedais que poderão aflorar em nossa vida de relação através da intuição, auxiliando-nos o progresso, nosso ou alheio. Poderemos rever o próprio passado espiritual, levantando, por momentos, os véus do esquecimento para novamente vivermos cenas dos nossos dramas pretéritos etc. Mas, tais sonhos não são comuns. Trata-se mais de um transe anímico, uma crise, do que mesmo do sonho comumente compreendido. E poderemos ainda alçar-nos ao Espaço e assistir a acontecimentos, cenas, fatos pertinentes ao mundo espiritual, ou deles coparticipar. E como o Invisível normal é parecido com a Terra, embora superior a ela e muito mais belo, julgamos mil coisas, ao despertar, sem atinarmos com a verdade. Os médiuns, principalmente, logram sonhos inteligentes, de uma veracidade e precisão incomuns. São, frequentemente, revelações que recebem dos amigos espirituais, instruções ou aulas, avisos de futuros acontecimentos, planos para desempenhos melindrosos, às vezes mais tarde confirmados pelos acontecimentos. A estes poderemos denominar sonhos magnéticos, visto que são como que transes provocados pela ação sugestiva dos instrutores invisíveis, que trabalham usando como elemento o magnetismo, tal como acontece com os operadores encarnados. Nessas condições, a emancipação da alma será mais pronunciada." (À Luz do Consolador. Sonhos...Yvonne A. Pereira)

             No programa Pinga Fogo, fizeram a seguinte pergunta para Chico Xavier:

             Pergunta: Quando durmo me vejo fora do meu corpo. Não sei se é sonho. Já aconteceu duas vezes. Qual seria a explicação sobre o ponto de vista espírita?

              Resposta: A isto chamamos desdobramento. (Plantão de Respostas - Pinga fogo II. Emmanuel/ Chico Xavier)

             Desdobrando-se no sono vulgar, a criatura segue o rumo da própria concentração, procurando, automaticamente, fora do corpo de carne, os objetivos que se casam com os seus interesses evidentes ou escusos.

           (...)Nessa posição, sintoniza-se com as oscilações de companheiros desencarnados ou não, com as quais se harmonize, trazendo para a vigília no carro de matéria densa, em forma de inspiração, os resultados do intercâmbio que levou a efeito, porquanto raramente consegue conscientizar as atividades que empreendeu no tempo de sono. (Mecanismos da mediunidade. Cap. 21. Desdobramento. Psicografado por Chico Xavier/ Waldo Vieira)

               Segundo Martins Peralva, "Médium de desdobramento é aquele cujo Espírito tem a propriedade ou faculdade de desprender-se do corpo, geralmente em reuniões.

               Desprende-se e excursiona por vários lugares, na Terra ou no Espaço, a fim de colaborar nos serviços, consolando ou curando. (...)Há médiuns de desdobramento que recordam as ocorrências da excursão, enquanto outros, embora façam o relato durante o desdobramento, voltam ao corpo como se tivessem saido de prolongado sono. (...)  Alguns necessitam de auxílio magnético dos encarnados, para conseguirem o desdobramento, enquanto outros se desprendem facilmente, com a maior espontaneidade." (Estudando a mediunidade. Cap. 15 - Desdobramento mediúnico. Martins Peralva).

          Em uma entrevista, Chico Xavier fez o seguinte relato: "quando o Espírito de André Luiz começou a escrever por nosso intermédio senti grande estranheza com o que ele ditava e escrevia.

          Certa noite, tomadas as providências necessárias, segundo a orientação de Emmanuel, ele próprio e André Luiz me levaram a determinada parte, a determinado bairro da cidade de "Nosso Lar". Posso dizer que fui em desdobramento espiritual na chamada zona hospitalar da cidade. Foi para mim uma excursão espiritual inesquecível, como se eu desfrutasse os favores de um Espírito liberto.

          Mas, eu preciso explicar aos telespectadores que fui em função de serviço, naturalmente, assim como um animal - no tempo em que não tínhamos automóvel, locomotiva e avião - um animal que servia a professores para determinados tipos de viagem.

          Vi muita coisa maravilhosa sem compreender tudo ou entender muito pouco, porque fui em função de serviço, não por mérito."(Entrevistas. Assuntos humanos. Espírito Emmanuel/ Chico Xavier)

             Allan Kardec não utiliza o termo "desdobramento" (termo mais específico) para explicar este fenômeno, mas o descreve como sendo "emancipação da alma" (termo mais amplo), como vemos no trecho a seguir:

             "Embora, durante a vida, o Espírito se encontre preso ao corpo pelo perispírito, não se lhe acha tão escravizado, que não possa alongar a cadeia que o prende e transportar-se a um ponto distante, quer sobre a Terra, quer do espaço. Repugna ao Espírito estar ligado ao corpo, porque a sua vida normal é a de liberdade e a vida corporal é a do servo preso à gleba.

              Ele, por conseguinte, se sente feliz em deixar o corpo, como o pássaro em se encontrar fora da gaiola, pelo que aproveita todas as ocasiões que se lhe oferecem para dela se escapar, de todos os instantes em que a sua presença não é necessária à vida de relação. Tem-se então o fenômeno a que se dá o nome de emancipação da alma, fenômeno que se produz sempre durante o sono. De todas as vezes que o corpo repousa, que os sentidos ficam inativos, o Espírito se desprende.

               Nesses momentos ele vive da vida espiritual, enquanto que o corpo vive apenas da vida vegetativa; acha-se, em parte, no estado em que se achará após a morte: percorre o espaço, confabula com os amigos e outros Espíritos, livres ou encarnados também. "(A Gênese. Cap. 14. Item 23. Allan Kardec)


Observação (1): P – O Espírito encarnado, durante o sono, se abastece de energias espirituais que o auxiliam na manutenção de seu equilíbrio fisiológico? É por isso que as poucas horas de sono para algumas pessoas acarretam perturbações orgânicas?

R – Sim, mas os Benfeitores Espirituais nos afirmam que o território dos sonhos ainda é um continente imenso da vida humana que nos cabe pesquisar e estudar e de onde retiraremos, em ocasião oportuna, ensinamentos dos mais preciosos para a nossa permanência na Terra. (Entrevistas. Item 87 - Sonhos. Chico Xavier)

 Observação (2): Pode-se, acrescenta ele, dividir os sonhos em três categorias caracterizadas pelo grau da lembrança que fica no estado de despreendimento no qual se acha o Espírito. São:

1º - Os sonhos que são provocados pela ação da matéria e dos sentidos sobre o Espírito, isto é, aqueles em que o organismo representa um papel preponderante pela mais íntima união entre o corpo e o Espírito. A gente se lembra claramente e, por pouco desenvolvida que seja a memória, dele se conserva uma impressão durável.

2º - Os sonhos que podem ser chamados mistos. Participam, ao mesmo tempo, da matéria e do Espírito. O despreendimento é mais completo. A gente se recorda ao despertar, para o esquecer quase que instantaneamente, a menos que uma particularidade venha despertar a lembrança.

3º - Os sonhos etéreos ou puramente espirituais. São produtos só do Espírito, que está desprendido da matéria, tanto quanto o pode estar na vida do corpo. A gente não se recorda, ou resta uma vaga lembrança de que se sonhou. Nenhuma circunstância poderia trazer à memória os incidentes do sono. (Revista Espírita. Julho de 1865. Teoria dos sonhos. Allan Kardec).

 Observação (3): Necessariamente incompleta e imperfeita é a vista espiritual nos Espíritos encarnados e, por conseguinte, sujeita à aberrações. (...) Segundo o grau de desenvolvimento, as circunstâncias e o estado moral do indivíduo, pode ela dar, quer durante o sono, quer no estado de vigília: 1° a percepção de certos fatos materiais e reais, como o conhecimento de alguns que ocorram a grande distância, os detalhes descritivos de uma localidade, as causas de uma enfermidade e os remédios convenientes; 2° a percepção de coisas igualmente reais do mundo espiritual, como a presença dos Espíritos; 3° imagens fantásticas criadas pela imaginação, análogas às criações fluídicas do pensamento.(...) Os sonhos propriamente ditos apresentam os três caracteres das visões acima descritas. Às duas primeiras categorias dessas visões pertencem os sonhos de previsões, pressentimentos e avisos (2). Na terceira, isto e, nas criações fluídicas do pensamento, é que se pode deparar com a causa de certas imagens fantásticas, que nada têm de real, com relação à vida corpórea, mas que apresentam às vezes, para o Espírito, uma realidade tal, que o corpo lhe sente o contrachoque, havendo casos em que os cabelos embranquecem sob a impressão de um sonho. Podem essas criações ser provocadas: pela exaltação das crenças; por lembranças retrospectivas; por gostos, desejos, paixões, temor, remorsos; pelas preocupações habituais; pelas necessidades do corpo, ou por um embaraço nas funções do organismo; finalmente, por outros Espíritos, com objetivo benévolo ou maléfico, conforme a sua natureza. (A Gênese. Cap. 14. Itens 27 e 28. Allan Kardec). 

 

Bibliografia:

- O Livro dos Espíritos. Questões 254, 401, 402,403, 404, 405, 522. Allan Kardec.

- O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 28. Item 38.Allan Kardec.

- O Livro dos Médiuns.  Cap. 25 -item 284:Questão 54/ Cap.26-item 299. Allan Kardec.

- A Gênese. Cap. 14. Itens 23, 27 e 28. Allan Kardec.

- Revista Espírita. Julho de 1865. Teoria dos sonhos. Allan Kardec.

- Revista Espírita. Junho de 1866. Visão Retrospectiva das Várias Encarnações de um Espírito. Dr. Cailleux/ Allan Kardec.

- Missionários da Luz. Cap. 8. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier.

-  Entrevistas. Item 87 - Sonhos. Emmanuel. Chico Xavier.

- Os mensageiros. Cap. 38. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier.

- Libertação. Cap. 6 e 16. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier.

- Nos Domínios da mediunidade. Cap. 24. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier.

- Nosso Lar. Cap. 36. Espírito André Luiz.Psicografado por Chico Xavier.

- Ação e reação. Cap. 13. Espírito André Luiz.  Psicografado por Chico Xavier.

- Entre a Terra e o Céu. Cap. 5. Espírito André Luiz.  Psicografado por Chico Xavier.

- O Evangelho de Chico Xavier. Item 190. Chico Xavier / Carlos A. Baccelli.

- Conduta Espírita. Cap. 30. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier.

- Plantão de Respostas - Pinga fogo II. Emmanuel/ Chico Xavier.

- Mecanismos da mediunidade. Cap. 21. Desdobramento. Psicografado por Chico Xavier/ Waldo Vieira.

- Estudando a mediunidade. Cap. 15 - Desdobramento mediúnico. Martins Peralva.

- À Luz do Consolador. Sonhos...Yvonne A. Pereira.

- O problema do Ser, do Destino e da Dor. Cap. 55. Léon Denis.

- No invisível. Cap.13. Leon Denis.

- O Espiritismo Aplicado. Posição do Espírito Encarnado durante o sono. Estado de entorpecimento.  Eliseu Rigonatti.

- Artigo: Concepção Espírita dos sonhos. Christuabi Torchi. Revista Reformador 07/2008.

- Evolução para o terceiro milênio. Parte II. Cap. 4: item 3. Cap. 5: item 3. Carlos Toledo Rizzini.

Recordações da mediunidade. Cap. 9 - Premonições. Yvonne A. Pereira. 

- Sites: https://www.abcdasaude.com.br/odontologia/a-importancia-do-sono-e-as-principais-interferencias; https://www.usp.br/espacoaberto/?materia=a-importancia-de-dormir-bem. Data da consulta: 20/10/14.

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