Utilize o conteúdo da aula, designado por "Subsídio para o Evangelizador", para desenvolver palestras espíritas para jovens e adultos.

Aula 21 - Justiça da reencarnação - Prova e expiação *

Ciclo 2 - História: Juca lambisca -  Atividade: PH - Os doze apóstolos - 3 - O amor.

Ciclo 3 - História: O pequeno herói anônimo -  Atividade: ESE - Cap. 5 - 2 - Causas atuais das aflições e ESE - Cap. 5 - 3. Causas anteriores das aflições.

Mocidade - História: Max, o mendigo - Atividade: 2 - Dinâmica de grupo: Expiação: Consequências do passado.

 

Dinâmicas: Lei da causa e do efeitoJustiça da reencarnação.

Mensagens Espíritas: Provas e expiações.

Sugestão de Vídeos: - História Espírita: Timbolão (Dica: pesquise no Youtube).

- História Espírita: Série Informação Espírita 11 - Juca Lambisca (Dica: pesquise no Youtube).

-  Música Espírita - Reencarnação (Dica: pesquise no Youtube).

- Música: Colherá o que semear (Dica: pesquise no Youtube).

Sugestão de livro infantil: O Jacaré Bom papo. Regina Timbó. Editora IDE.

 

Leitura da Bíblia: Mateus - Capítulo 26 (Vide: João 18:10-11)


26.51   Nesse momento, um dos que estavam com Jesus estendeu a mão, puxou da espada, e feriu o empregado do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha.


26.52   Jesus, porém, lhe disse: Guarde a espada na bainha. Pois todos o que usam a espada, pela espada morrerão.


 

1 Pedro - Capítulo 4


4.8   Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre multidão de pecados.


 

Tópicos a serem abordados:

- Deus não criou o mal. Ele estabeleceu leis, e estas são sempre boas, porque Ele é soberanamente bom e justo. Aquele que as observasse fielmente, seria perfeitamente feliz. No entanto , o homem , tendo o seu livre-arbítrio (possibilidade de escolha), nem sempre as observa e é dessa infração (violação da leis divinas) que provém o mal.  Portanto, o sofrimento não provém de Deus, ela é uma criação do homem.  

- Os sofrimentos da vida têm, pois, uma causa, e como Deus é justo, essa causa deve ser justa. Deus não castiga, o Seu objetivo é a correção. O Espírito sofre pelo mal que ele fez nesta ou em outras vidas.  Por meio da reencarnação se faz a justiça de Deus, pois Ele dá novas oportunidades para seus filhos se corrigirem.

-  O planeta Terra pertence à categoria dos mundos de expiações e de provas, e é por isso que nela o homem está exposto a tantos sofrimentos.

-  A expiação é a pena imposta (uma punição) ao criminoso que comete uma falta. Por exemplo, se ele foi duro e desumano, poderá ser, por sua vez, tratado com dureza e desumanidade; se foi orgulhoso, poderá nascer numa condição humilhante; se foi avarento, egoísta, ou se empregou mal a sua fortuna, poderá ver-se privado do necessário. Conforme a lei da causa e do efeito, o mal que fizermos retornará para nós, assim como o bem que tenhamos feito terá uma recompensa (1). 

- A duração do castigo depende da melhoria do Espírito culpado. O Espírito pode prolongar os sofrimentos pela persistência no mal, ou suavizá-los e anulá-los pela prática do bem.  O que Deus exige por fim aos seus sofrimentos é um melhoramento sério, efetivo, sincero, de volta ao bem.

- O Apóstolo Pedro disse: Mas, sobretudo, tende ardente amor uns para com os outros; porque o amor cobrirá a multidão de pecados  (1 Pedro 4:8).

 Ou seja, se praticarmos a caridade, o nosso sofrimento poderá ser amenizado.

- Para que se apaguem as faltas e o Espírito se purifique é necessário que ele se arrependa verdadeiramente, expie sua falta e repare o mal que tenha feito ,fazendo o bem àqueles a quem se havia feito o mal, sem reclamar.

- Entretanto, não se deve crer, que todo sofrimento porque se passa neste mundo seja necessariamente o indício de uma determinada falta: trata-se frequentemente de simples provas escolhidas pelo Espírito (antes de encarnar), para acabar a sua purificação e acelerar o seu adiantamento.

- As provas são situações que nos servem de aprendizado ou testam nossa capacidade. A Providência Divina nos faz passar por provas porque são necessárias ao nosso progresso intelectual e moral. Por exemplo, numa prova de matemática o professor testa o nosso conhecimento; da mesma maneira, Deus nos coloca em diversas situações (tais como: na riqueza, na pobreza, no trabalho, na família, na doença etc.), para exercitar a nossa inteligência, assim como a paciência e a resignação.

-   Em certos casos, a prova se confunde com a expiação, mas a expiação serve sempre de prova, mas a prova nem sempre é uma expiação.

-  Aqueles que não cumprirem suas provas ou não suportarem suas expiações terão de recomeçá-las de novo (2).

-  As provas da vida fazem progredir (evoluir), somente quando bem suportadas, ou seja, quando fazemos a vontade de Deus, sem reclamar.

 

Comentário (1): Evolução para o terceiro milênio. Parte 2. Cap. 4. Item 15-2. Carlos Toledo Rizzini. (2): 52 Lições de Catecismo Espírita. Lição 37. As provas e as expiações. Eliseu Rigonatti. 

 

Perguntas para fixação:

1. Qual é a causa do sofrimento?

2. Por que no planeta Terra há tanto sofrimento?  

3. O que são as expiações?

4. Como funciona a lei da causa e do efeito?

5. O que são as provas?

6. Como devemos agir diante das provas e expiações?

7. O que é a reparação?

8. Qual é o significado das palavras do apóstolo Pedro quando disse: '' o amor cobre a multidão de pecados''?   

9. O que terão que fazer os que não souberem cumprir suas provas ?

           

Subsídio para o Evangelizador:

            Será Deus o criador do mal?

            Deus não criou o mal; Ele estabeleceu leis, e estas são sempre boas, porque Ele é soberanamente bom; aquele que as observasse fielmente, seria perfeitamente feliz; porém, os Espíritos, tendo seu livre-arbítrio, nem sempre as observam, e é dessa infração que provém o mal. (O que é o Espiritismo. Cap. 3. O homem durante a vida terrena. Questão 129. Allan Kardec).

            Qual a causa dos males que afligem a humanidade?

            O nosso mundo pode ser considerado, ao mesmo tempo, como escola de Espíritos pouco adiantados e cárcere de Espíritos criminosos. Os males da nossa humanidade são a conseqüência da inferioridade moral da maioria dos Espíritos que a formam. Pelo contato de seus vícios, eles se infelicitam reciprocamente e punem-se uns aos outros. (O que é o Espiritismo. Cap. 3. O homem durante a vida terrena. Questão 132. Allan Kardec).

            A Terra pertence à categoria dos mundos de expiações e de provas, e é por isso que nela o homem está exposto a tantas misérias. ( O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 3. Item 4. Allan Kardec).

            Consideremos a Terra como um subúrbio, um hospital, uma penitenciária, um pantanal, porque ela é tudo isso a um só tempo, e compreenderemos porque as suas aflições sobrepujam os prazeres. Porque não se enviam aos hospitais as pessoas sadias, nem às casas de correção os que não praticaram crimes, e nem os hospitais, nem as casas de correção, são lugares de delícias.

            Ora, da mesma maneira que, numa cidade, toda a população não se encontra nos hospitais ou nas prisões, assim a humanidade inteira não se encontra na Terra. E como saímos do hospital quando Estamos curados, e da prisão quando cumprimos a pena, o homem sai da Terra para mundos mais felizes, quando se acha curado de suas enfermidades morais. ( O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 3. Item 7. Allan Kardec).

            As vicissitudes da vida têm, pois, uma causa, e como Deus é justo, essa causa deve ser justa. ( O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 5. Item 3. Allan Kardec).

            Quando sofremos uma aflição, se procurarmos sua causa, encontraremos sempre a nossa própria imprudência, nossa imprevidência, ou alguma ação anterior. Nesses casos, como se vê, temos de atribuí-la a nós mesmos. Se a causa de uma infelicidade não depende absolutamente de nenhuma de nossas ações, trata-se de uma prova para a existência atual, ou de uma expiação da falta cometida em existência anterior e, neste caso, pela natureza da expiação podemos conhecer a natureza da falta, desde que somos sempre punidos naquilo em que pecamos. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 28. Item 30. Allan Kardec).

            Qual a diferença entre provação e expiação?

            A provação é a luta que ensina ao discípulo rebelde e preguiçoso a estrada do trabalho e da edificação espiritual. A expiação é a pena imposta ao malfeitor que comete um crime (1). ( O Consolador. Questão 246. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier).

            Segundo o Livro '' Estude e Viva'' provas são lições retardadas que nós mesmos acumulamos no caminho, através de erros  impensados ou conscientes em transatas reencarnações, e que somos compelidos a  rememorar e reaprender. (Estude e viva. O Espiritismo em sua vida. Espíritos Emmanuel e André Luiz. Psicografado por Waldo Vieira e Chico Xavier).

            As provas têm por fim exercitar a inteligência, assim como a paciência e a resignação. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 5. Item 26. Allan Kardec).

            Remontando à fonte dos males terrenos, reconhece-se que muitos são a conseqüência natural do caráter e da conduta daqueles que os sofrem. Quantos homens caem por sua própria culpa! Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição! Quantas pessoas arruinadas por falta de ordem, de perseverança, por mau comportamento ou por não terem limitado os seus desejos!

            Quantas uniões infelizes, porque resultaram dos cálculos do interesse ou da vaidade, nada tendo com isso o coração! Que de dissensões, de disputas funestas, poderiam ser evitadas com mais moderação e menos suscetibilidade!     Quantas doenças e aleijões são o efeito da intemperança e dos excessos de toda ordem!

            Quantos pais infelizes com os filhos, por não terem combatido as suas más tendências desde o princípio. Por fraqueza ou indiferença, deixaram que se desenvolvessem neles os germes do orgulho, do egoísmo e da tola vaidade, que ressecam o coração. Mais tarde colhendo o que semearam, admiram-se e afligem-se com a sua falta de respeito e a sua ingratidão.

            Que todos os que têm o coração ferido pelas vicissitudes e as decepções da vida, interroguem friamente a própria consciência. Que remontem passo a passo à fonte dos males que os afligem, e verão se, na maioria das vezes, não podem dizer: "Se eu tivesse ou não tivesse feito tal coisa não estaria nesta situação".

            A quem, portanto, devem todas essas aflições, senão a si mesmos? O homem é, assim, num grande número de casos, o autor de seus próprios infortúnios. Mas, em vez de reconhecê-lo, acha mais simples, e menos humilhante para a sua vaidade, acusar a sorte, a Providência, a falta de oportunidade, sua má estrela, enquanto, na verdade, sua má estrela é a sua própria incúria.

            Os males dessa espécie constituem, seguramente, um número considerável das vicissitudes da vida. O homem os evitará, quando trabalhar para o seu adiantamento moral e intelectual. ( O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 5. Item 4. Allan Kardec).

            Mas se há males, nesta vida, de que o homem é a própria causa, há também outros que, pelo menos em aparência, são estranhos à sua vontade e parecem golpeá-lo por fatalidade. Assim, exemplo, a perda de entes queridos e dos que sustentam a família. Assim também os acidentes que nenhuma previdência pode evitar; os revezes da fortuna, que frustram todas as medidas de prudência dos flagelos naturais; e ainda as doenças de nascença, sobretudo a Ias que tiram aos infelizes a possibilidade de ganhar a vida pelo trabalho: as deformidades, a idiotia, a imbecilidade etc.

            Os que nascem nessas condições, nada fizeram, seguramente nesta vida, para merecer uma sorte tão triste, sem possibilidade compensação, e que eles não puderam evitar, sendo impotentes para modificá-las e ficando à mercê da comiseração pública. Por que, pois, esses seres tão desgraçados, enquanto ao seu lado, sob o mesmo teto e na mesma família, outros se apresentam favorecidos em todos os sentidos?

            Que dizer, por fim, das crianças que morrem em tenra idade só conheceram da vida o sofrimento? Problemas, todos esses, nenhuma filosofia resolveu até agora, anomalias que nenhuma região pôde justificar, e que seriam a negação da bondade, da justiça e da providência de Deus, segundo a hipótese da criação da alma ao mesmo tempo que o corpo, e da fixação irrevogável da sua sorte após a permanência de alguns instantes na Terra. Que fizeram elas essas almas que acabam de sair das mãos do Criador, para sofrerem tantas misérias no mundo, e receberem, no futuro, uma recompensa ou uma punição qualquer, se não puderam seguir nem o bem nem o mal?

            Entretanto, em virtude do axioma de que todo efeito tem uma causa, essas misérias são efeitos que devem ter a sua causa, e desde que se admita a existência de um Deus justo, essa causa deve ser justa. Ora, a causa sendo sempre anterior ao efeito, e desde que não se encontra na vida atual, é que pertence a uma existência precedente. Por outro lado, Deus não podendo punir pelo bem que se fez, nem pelo mal que não se fez, se somos punidos, é que fizemos o mal. E se não fizemos o mal nesta vida, é que o fizemos em outra. Esta é uma alternativa a que não podemos escapar, e na qual a lógica nos diz de que lado está a justiça de Deus.

            O homem não é, portanto, punido sempre, ou completamente punido, na sua existência presente, mas jamais escapa às conseqüências de suas faltas. A prosperidade do mau é apenas momentânea, e se ele não expia hoje, expiará amanhã, pois aquele que sofre está sendo submetido à expiação do seu próprio passado. A desgraça que, à primeira vista, parece imerecida, tem portanto a sua razão de ser, e aquele que sofre pode sempre dizer: "Perdoai-me, Senhor, porque eu pequei".

            Os sofrimentos produzidos por causas anteriores são sempre, como os decorrentes de causas atuais, uma conseqüência natural da própria falta cometida. Quer dizer que, em virtude de uma rigorosa justiça distributiva, o homem sofre aquilo que fez os outros sofrerem. Se ele foi duro e desumano, poderá ser, por sua vez, tratado com dureza e desumanidade; se foi orgulhoso, poderá nascer numa condição humilhante; se foi avarento, egoísta, ou se empregou mal a sua fortuna, poderá ver-se privado do necessário; se foi mau filho, poderá sofrer com os próprios filhos; e assim por diante.

            As tribulações da vida podem ser impostas aos Espíritos endurecidos, ou demasiado ignorantes para fazerem uma escolha consciente, mas são livremente escolhidos e aceitas pelos Espíritos arrependidos, que querem reparar o mal que fizeram e tentar fazer melhor. (Vide: O Livro dos Espíritos. Questão 262-a. Allan Kardec). Assim é aquele que, tendo feito mal a sua tarefa, pede para recomeçá-la, a fim de não perder as vantagens do seu trabalho. Essas tribulações, portanto, são ao mesmo tempo expiações do passado, que castigam, e provas para o futuro, que preparam. Rendamos graças a Deus que, na sua bondade, concede aos homens a faculdade da reparação, e não o condena irremediavelmente pela primeira falta.

            Não se deve crer, entretanto, que todo sofrimento porque se passa neste mundo seja necessariamente o indício de uma determinada falta: trata-se frequentemente de simples provas escolhidas pelo Espírito, para acabar a sua purificação e acelerar o seu adiantamento. Assim, a expiação serve sempre de prova, mas a prova nem sempre é uma expiação. Mas provas e expiações são sempre sinais de uma inferioridade relativa, pois aquele que é perfeito não precisa de ser provado. Um Espírito pode, portanto, ter conquistado um certo grau de elevação, mas querendo avançar mais, solicita uma missão, uma tarefa, pela qual será tanto mais recompensado, se sair vitorioso, quanto mais penosa tiver sido a sua luta. Esses são, mais especialmente, os casos das pessoas de tendências naturalmente boas, de alma elevada, de sentimentos nobres inatos, que parecem nada trazer de mau de sua precedente existência, e que: sofrem com resignação cristã as maiores dores, pedindo forças a, Deus para suportá-las sem reclamar. Podem-se, ao contrário, considerar como expiações as aflições que provocam reclamações elevam o homem à revolta contra Deus.

            O sofrimento que não provoca murmurações pode ser, sem dúvida, uma expiação, mas indica que foi antes escolhido voluntariamente do que imposto; é a prova de uma firme resolução, o que constitui sinal de progresso. ( O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 5. Itens 6, 7 , 8 e 9. Allan Kardec).

            Pela natureza dos sofrimentos e vicissitudes da vida corpórea, pode julgar-se a natureza das faltas cometidas em anterior existência, e das imperfeições que as originaram.

            A expiação varia segundo a natureza e gravidade da falta, podendo, portanto, a mesma falta determinar expiações diversas, conforme as circunstâncias, atenuantes ou agravantes, em que for cometida.

            Não há regra absoluta nem uniforme quanto à natureza e duração do castigo:  a única lei geral é que toda falta terá punição, e terá recompensa todo ato meritório, segundo o seu valor.

            A duração do castigo depende da melhoria do Espírito culpado. Nenhuma condenação por tempo determinado lhe é prescrita. O que Deus exige por termo de sofrimentos é um melhoramento sério, efetivo, sincero, de volta ao bem. Deste modo o Espírito é sempre o árbitro da própria sorte, podendo prolongar os sofrimentos pela pertinácia no mal, ou suavizá-los e anulá-los pela prática do bem.

            O arrependimento, conquanto seja o primeiro passo para a regeneração, não basta por si só; são precisas a expiação e a reparação. (Vide: O Livro dos Espíritos. Questão 999. Allan Kardec).  Arrependimento, expiação e reparação constituem, portanto, as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas conseqüências. O arrependimento suaviza os travos da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito destruindo-lhe a causa. Do contrário, o perdão seria uma graça, não uma anulação (Vide: O  Consolador. Questão 336. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier).

            O arrependimento pode dar-se por toda parte e em qualquer tempo; se for tarde, porém, o culpado sofre por mais tempo. Até que os últimos vestígios da falta desapareçam, a expiação consiste nos sofrimentos físicos e morais que lhe são conseqüentes, seja na vida atual, seja na vida espiritual após a morte, ou ainda em nova existência corporal. A reparação consiste em fazer o bem àqueles a quem se havia feito o mal (O Céu e o Inferno. 1ª Parte. Cap. 7. Código penal da vida futura. Itens 10 a 17.  Allan Kardec).

           O  Espírito culpado sofre, primeiro, na vida espiritual em razão do grau de suas imperfeições; depois, a vida corporal lhe é dada como meio de reparação; é por isso que nela se reencontra, seja com as pessoas que ofendeu, seja em meios análogos àqueles onde fez o mal, seja nas situações que são a contrapartida, como, por exemplo, estar na miséria se foi mau rico, em uma condição humilhante se foi orgulhoso ( O Céu e o Inferno. 1ª parte. Cap. 5. O Purgatório. Item 6. Allan Kardec). 

            Segundo Cairbar Schutel, "Cada um é julgado por suas obras, e cada qual tem o mérito ou demérito das mesmas obras. Ninguém pode ter salário superior ao serviço que fez; ninguém pode receber castigo maior do que o crime que cometeu. Não é preciso estudar Direito, nem Teologia, para compreender essa verdade que é intuitiva. E tão intuitiva é, que a nossa legislação suprimiu a pena de morte, assim como suprimiu as galés perpétuas que faziam parte do velho Código elaborado pelo elemento clerical, impregnado da idéia do Inferno Eterno. A TENDÊNCIA EVOLUTIVA DA LEI NÃO É MAIS PARA O CASTIGO, MAS SIM PARA A CORREÇÃO. POR ISSO É QUE AFIRMAMOS QUE DEUS NÃO CASTIGA, CORRIGE.

             (...) Se na Terra a lei é assim concebida, com atenuantes e indulgências, como poderá deixar de ser assim no Céu, onde a justiça não se pode afastar da misericórdia e do amor!

              Lei condenatória, eterna, inflexível, sem oportunidade de correção, mas puramente de vingança, é lei de infinita perversidade, de eterna maldade e que só pode ser concebida por gênios de igual jaez, perversos inquisidores, déspotas que não compreendem Deus, e se arvoram em senhores da inteligência, em escravizadores da razão para exercerem sua autoridade impunemente e manter o seu domínio no mundo." (O Espírito do Cristianismo. Cap. 22. Cairbar Schutel)

            No estado errante, antes de nova existência corpórea, o Espírito tem consciência e previsão do que lhe vai acontecer durante a vida?

            Ele mesmo escolhe o gênero de provas que deseja sofrer; nisto consiste o seu livre arbítrio. (O Livro dos Espíritos. Questão 258. Allan Kardec). 

            O que orienta o Espírito na escolha das provas?

            Ele escolhe as que lhe podem servir de expiação, segundo a natureza de suas faltas, e fazê-lo adiantar mais rapidamente. Uns podem impor-se uma vida de misérias e privações, para tentar suportá-la com coragem; outros, experimentar as tentações da fortuna e do poder, bem mais perigosas pelo abuso e o mau emprego que lhes pode dar e pelas más paixões que desenvolvem; outros, enfim, querem ser provados nas lutas que terão de sustentar no contato com o vício. (O Livro dos Espíritos. Questão 264. Allan Kardec). 

            Pergunto, agora, se é possível a um Espírito encarnado recuar diante de uma prova já começada.

            A esta pergunta respondemos: Sim. Os Espíritos recuam muitas vezes ante as provas que escolheram; não têm coragem de as suportar e, até mesmo, de as enfrentar, quando chegado o momento. Aí está a causa da maioria dos suicídios. Recuam ainda quando se lastimam e se desesperam, perdendo, assim, os benefícios da prova. Eis por que o Espiritismo, dando a conhecer a causa, o objetivo e as conseqüências das tribulações da vida, dá, ao mesmo tempo, tantas consolações e tanta coragem, desviando o pensamento de abreviar os dias. (Revista Espírita. Outubro de 1862. Pode o Espírito Recuar Diante da Prova?. Allan Kardec).

            A lei da prova e da expiação é inflexível? Os tribunais da justiça humana, apesar de imperfeitos, por vezes não comutam as penas e não beneficiam os delinqüentes com o “sursis” (2)?

            A inflexibilidade e a dureza não existem para a misericórdia divina, que, conforme a conduta do Espírito encarnado, pode dispensar na lei, em benefício do homem quando a sua existência já demonstre certas expressões do amor que cobre a multidão dos pecados.(O Consolador. Questão 247. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier). 

    No livro ''Missionários da Luz'', ditada pelo Espírito André Luiz,  Manassés (um irmão dos serviços informativos da casa) relata um caso de expiação amenizada:

          - Aqui temos o projeto de futura reencarnação dum amigo meu. Não observa certos pontos escuros, desde o cólon descendente à alça sigmóide? Isso indica que ele sofrerá uma úlcera de importância, nessa região, logo que chegue à maioridade física. Trata-se, porém, de escolha dele.

        E porque extrema curiosidade me vagueasse nos olhos, Manassés explicou:

        - Esse amigo, faz mais de cem anos, cometeu revoltante crime, assassinando um pobre homem: a facadas; logo que se entregou ao homicídio, como acontece muitas vezes, a vítima desencarnada ligou-se fortemente a ele, e da semente do crime, que o infeliz assassino plantou num momento, colheu resultados terríveis por muitos anos. Como não ignora, o ódio recíproco opera igualmente vigorosa imantação e a entidade, fora da carne, passou a vingar-se dele, todos os dias, matando-o devagarzinho, através de ataques sistemáticos pelo pensamento mortífero. Em suma, quando o homicida desencarnou, por sua vez, trazia o organismo perispiritual em dolorosas condições, além do remorso natural que a situação lhe impusera. Arrependeu-se do crime, sofreu muito nas regiões purgatoriais e, depois de largos padecimentos purificadores, aproximou-se da vítima, beneficiando-a em louváveis serviços de resgate e penitência. Cresceu moralmente, tornou-se amigo de muitos benfeitores, conquistou a simpatia de vários agrupamentos de nosso plano e obteve preciosas intercessões. Entretanto... A dívida permanece. O amor, contudo, transformou o caráter do trabalho de pagamento. O nosso amigo, ao voltar à Crosta, não precisará desencarnar em  espetáculo sangrento, mas onde estiver, durante os tempos de cura completa, na carne que ele outrora menosprezou, carregará a própria ferida, conquistando, dia a dia, a necessária renovação. Experimentará desgostos, em virtude do sofrimento físico pertinaz, lutará incessantemente, desde a eclosão da úlcera até o dia do resgate final no aparelho fisiológico; entretanto, se souber manter-se fiel aos compromissos novos, terá atingido, mais tarde, a plena libertação. Enquanto fixava no projeto minha melhor atenção, Manassés continuava:

            - Segundo observamos, a justiça se cumpre sempre, mas, logo que se disponha o Espírito a precisa transformação no Senhor, atenua-se o rigorismo do processo redentor. O próprio Pedro nos lembrou, há muitos séculos, que «o amor cobre a multidão dos pecados» (Missionários da Luz. Cap. 12 . Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier - Vide: Ação e Reação. Cap. 16. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier).

            É nas diversas existências corpóreas que os Espíritos se livram, pouco a pouco, de suas imperfeições. As provas da vida fazem progredir, quando bem suportadas: como expiações, apagam as faltas e purificam; são o remédio que limpa a ferida e cura o doente, e quanto mais grave o mal, mais enérgico deve ser o remédio. Aquele, portanto, que muito sofre, deve dizer que tinha muito a expiar e alegrar-se de ser curado logo. Dele depende, por meio da resignação, tornar proveitoso o seu sofrimento e não perder os seus resultados por causa de reclamações, sem o que teria de recomeçar. ( O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 5. Item 10. Allan Kardec).

 

Observação (1): Aqueles que por vezes di­versas perderam vastas oportunidades de trabalho na Terra, pela Ingestão sistemática de elementos corrosivos, como sejam o álcool e outros venenos das forças orgâ­nicas, tanto quanto os inveterados cultores da gula, qua­se sempre atravessam as águas da morte como suicidas indiretos e, despertando para a obra de reajuste que lhes é indispensável, imploram o regresso à carne em corpos desde a infância inclinados à estenose do piloro, à ulceração gástrica, ao desequilíbrio do pâncreas, à colite e as múltiplas enfermidades do intestino que lhes im­põem torturas sistemáticas, embora suportáveis, no de­curso da existência inteira. Inteligências notáveis, com sucessivas quedas morais, através da leviandade com que se utilizaram do esporte e da dança, espalhando de­sespero e Infortúnio nos corações afetuosos e sensíveis, pedem formas orgânicas ameaçadas de paralisia e reu­matismo, visitadas de achaques e neoplasmas diversos, que lhes obstem os movimentos demasiado livres. Companheiros que, em muitas circunstâncias, se deixaram envenenar pelos olhos e pelos ouvidos, comprometendo-se em vasta rede de criminalidade, através da calú­nia e da maledicência, imploram veículos fisiológicos castigados por deficiências auditivas e visuais que lhes impeçam recidivas desastrosas. Intelectuais e artistas que despedem sagrados recursos do espírito na perver­são dos sentimentos humanos, por intermédio da criação de imagens menos dignas, rogam aparelhos cerebrais com inibições graves e dolorosas para que, nas reflexões de temporário ostracismo, possam desenvolver as esque­cidas qualidades do coração. Homens e mulheres que abusaram de dotes físicos, manobrando a beleza e a per­feição das formas para disseminar a loucura e o sofrimento naqueles que lhes admitiam as falsas promessas, solicitam corpos vulneráveis às dermatoses aflitivas, quais o eczema e a tumoração cutânea, ou portadores de alterações da tireóide que os constranjam a reiteradas lutas educativas. Grandes faladores que escarnece­ram da divina missão do verbo, conturbando multidões ou enlouquecendo almas desprevenidas, suplicam doenças das cordas vocais, para que, atravessando afonias perió­dicas, desistam de tumultuar os espíritos por intermé­dio da palavra brilhante. E milhares de pessoas que transformaram o santuário do sexo numa forja de per­turbações para a vida alheia, arruinando lares e infeli­citando consciências, imploram equipamentos físicos ator­mentados por lesões importantes no campo genésico, ex­perimentando, desde a puberdade, inquietantes desequi­líbrios ovarianos e testiculares. A cegueira, a mudez, a idiotia, a surdez, a paralisia, o câncer, a lepra, a epi­lepsia, o diabete, o pênfigo, a loucura e todo o conjun­to das moléstias, dificilmente curáveis significam san­ções instituidas pela Misericórdia Divina, portas a den­tro da Justiça Universal, atendendo-nos aos próprios ro­gos, para que não venhamos a perder as bênçãos eternas do espírito a troco de lamentáveis ilusões humanas.   

        (...)A dor é ingrediente dos mais importantes na eco­nomia da vida em expansão. O ferro sob o malho, a se­mente na cova, o animal em sacrifício, tanto quanto a criança chorando, irresponsável ou semiconsciente, para desenvolver os próprios órgãos, sofrem a dor-evolução, que atua de fora para dentro, aprimorando o ser, sem a qual não existiria progresso. Em nosso estudo, porém, analisamos a dor-expiação, que vem de dentro para fora, marcando a criatura no caminho dos séculos, detendo-a em complicados labirintos de aflição, para regenerá-la, perante a Justiça. (Ação e Reação. Cap. 19. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier).

 

Observação (2): Sursis é uma suspensão condicional da pena, aplicada à execução da pena privativa de liberdade, não superior a dois anos, podendo ser suspensa, por dois a quatro anos, desde que:  o condenado não seja reincidente em crime doloso;  a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício; e  não seja indicada ou cabível a substituição por penas restritivas de direitos. (https://pt.wikipedia.org/wiki/Sursis).

 

Bibliografia:

- O que é o Espiritismo. Cap. 3. O homem durante a vida terrena. Questões  129 e 132. Allan Kardec.

- O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 3, itens 4 e 7. Cap. 5, itens 3,4, 5, 6,7,8,9 ,10 e 26. Cap. 28, item 30. Allan Kardec.

- O Céu e o Inferno. 1ª Parte. Cap. 5. O Purgatório. Item 6 / Cap. 7. Código penal da vida futura. Itens 10 a 17.  Allan Kardec

- O Livro dos Espíritos. Questões 258, 264 e  999. Allan Kardec.

- O Consolador. Questões 246, 247, 336. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.

- Estude e viva. O Espiritismo em sua vida. Espíritos Emmanuel e André Luiz. Psicografado por Waldo Vieira e Chico Xavier.

- Revista Espírita. Outubro de 1862. Pode o Espírito Recuar Diante da Prova?. Allan Kardec.

- Missionários da Luz. Cap. 12 . Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier

 - Ação e Reação. Cap. 16 e 19. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier.

- O Espírito do Cristianismo. Cap. 22. Cairbar Schutel.

- Site: https://pt.wikipedia.org/wiki/Sursis. Data da consulta: 04/09/14.

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